Se você quer saber, tive esse problema com Huckleberry Finn. Quer dizer, li, é é bom em tudo. A viagem, a América e tudo. Mas, só que me fez sentir paradão.
É com essas geniais e simples frases, casadas com imagens de um garoto indo pra escola em uma cidade quase bucólica, que tem início The Go-Getter. É um início singelo, que mostra a veia indie (rótulo mais na moda do cinema, porém muito mal utilizado) do filme. Como as palavras apontam, está para começar a viagem de um garoto que se sente paradão. O garoto em questão é Mercer. Ele não tem nada de especial, é só um adolescente-quase-jovem que está terminando o ensino secundário. Mas uma coisa muda profundamente sua vida: a morte de sua mãe. E, impulsionado por esse acontecimento, ele vai fazer a viagem de descoberta que todo o personagem bacana do cinema faz, ou já fez.
Mas, a viagem de Mercer é um pouco diferente. No geral esse tipo de viagem soa como uma aventura de auto-descoberta, no estilo do clássico adolescentes-se-tornando-jovens Conta Comigo. Com Mercer o conhecimento também vem. Mas não é sobre si mesmo, mas sim do mundo que o rodeia. Na verdade, o principal motivo da sua viagem é avisar ao seu irmão, há muito desaparecido, do já citado falecimento da mãe. Ele então põe o pé na estrada, mas não sem antes roubar um carro, para não precisar se deslocar a base de carona.
E daí o fio condutor da história se divide em dois… e melhora. Enquanto Mercer colhe pistas para descobrir o paradeiro do irmão, ele recebe uma ligação da dona do carro, Kate (interpretada por Zooey Deschanel em toda a sua beleza fora dos padrões), cujo celular estava no painel do mesmo. Os dois desenrolam uma conversa e, após algumas ligações, ela promete não contar a polícia do roubo, desde que periodicamente ele ligasse para ela contando sobre a viagem que ele estava fazendo. Mas, ao mesmo tempo em que vai descobrindo que Kate é uma moça bacana, com o seu irmão as coisas estão indo de pior para péssimas: TODOS os que o conheceram que ele encontra pelo caminho são unânimes em afirmar que o cara é escroto, desses que vão até o limite.
Nesse momento já beirando o turbulento, surge um antigo amor de Mercer, Joely (Jena Malone, a cuti-cuti Gretchen, de Donnie Darko). Ela é caliente, uma presença desestabilizante na jornada do garoto. Com ela, ele dá um passeio pela Cidade do Pecado, inicia sua vida sexual (para quem é fã dela, tipo o BruNêra, vale a pena somente por essa cena)… de um modo abrupto, se é que me entende, e acaba dando carona para uns tipos estranhos que são amigos dela, em uma direção completamente oposta. No meio dessa bagunça toda, o carro que ele roubou, é roubado pelos amigos de Joely, rompendo assim seu elo de ligação com a sua maior amiga no momento, Kate.
The Go-Getter (O Ambicioso, em tradução minha) é um filme bonito. Não faz questão de apelar para trucagens tão em uso (devido a saturação, quase em desuso) do cinema independente, como montagem invertida, acelerada, cores chapadas e movimentos de câmera bruscos. Aqui nada disso é necessário. Somente pelos seus belos enquadramentos, que vão mudando de estilo cada vez que ele chega mais perto de seu irmão, e pela trilha sonora modernete na medida certa, a técnica precisa do filme já é válida. As atuações são outro ponto alto. Simplesmente não parecem atuações. Parece a vida de alguém passando bem diante dos seus olhos tamanha a entrega dos atores aos papéis.
E essa é uma das características que me fazem cada vez mais gostar de cinema independente (ou indie como muitos gostam de chamar, Eu não excluído). É claro, não sou daqueles chatos por opção que vêem Hollywood como o demônio devorador do verdadeiro cinema, renegando tudo que sai de lá (afinal, Hollywood ainda tem David Fincher e Darren Aronofsky). Mas é inegável que a cena independente não dá sinais de falta de criatividade, e rebentos como esse, com simplicidade imperando surgem com bastante regularidade.
The Go-Getter não vai (e nem quer) mudar sua vida. Não é um filme que vai ficar na sua memória para sempre, e provavelmente só deve entrar em listas de 10+ do circuito independente, mas, com certeza, mostra que cinema não pode ser paradão. Não são só orçamentos inchados, egos conflitantes e dezenas de remakes, reboots e adaptações de quadrinhos. Só por isso, merece ser visto.
The Go-Getter (2007)
Diretor: Martin Hynes
Duração: 93 min
Nota: 8,0
2 Comentaram...
Pô me deu a maior vontade de ver este filme..pode não mudar a vida mas parece instigante hehe
Princess by Dawn? Mas qeu nick mais feinho e colonizado. Para ficar pior só falta usar a palavra "Eu sou popular" (pronuncie pópiular), que no Brasil "popular é povão (....Diario Popular, Notícias Populares) e aqui os mocréios andam usando.....
Sobre o filme, vai passar onde?
Protesto
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