Por Synthzoid, do Nerdexploitation, Geekeria, Alucinação Coletiva
Recentemente a Nintendo voltou com o revival dos games de plataforma, gênero característicos da era 16-bits, que nos trouxe ótimas memórias através de títulos como Super Mario Bros, Sonic, Ninja Gaiden, Mickey Mania – que na época, Disney nos Vídeogames era sinônimo de qualidade - e Donkey Kong, que é objeto desta resenha.
O primeiro Donkeu Kong Country, lançado em 1995, foi uma febre não apenas por re-imaginar um personagem clássico dos primórdios da Nintendo, ou até mesmo por refinar ainda mais o gênero de plataforma, mas também por trazer uma direção artística incomum pra época, com gráficos em 3D pré-renderizados (algo inovador há 15 anos) e trilha sonora de categoria. O jogo trazia a dupla Donkey e Diddy Kong, personagens com uma personalidade marcante, estilo despojado e jogabilidade distinta, a dupla tirava onda, atazanava os inimigos e partia em uma jornada para resgatar suas bananas roubadas.
A série vingou, gerando duas seqüências diretas e um jogo estilo Banjo-Kazooie para o Nintendo 64, além de uma série de participações. O grande hiato, para a decepção dos fãs, ficou por conta da aquisição da Rare, a empresa responsável pelo desenvolvimento do jogo, por parte da Microsoft.
Claro, que pro deleite dos Nintendistas, a Rare, como subsidiária da Microsoft, nunca mais conseguiu produzir um jogo a altura dos sucessos que emplacaram as vendas do Super Nintendo e Nintendo 64, coisa que levou a Nintendo, em partes, a voltar com os investimentos em seu portfólio de personagens.
Na E3 desse ano, a exposição de um trailer sobre um novo jogo da série, com gráficos atuais e jogabilidade de plataforma, sob o título de Donkey Kong Country Returns, desenvolvido pelo Retro Studios, animou as esperanças dos fãs da série, e agora, quase um ano depois, nós podemos conferir o resultado deste jogo tão antecipado, e, cara, pra você que conheceu a época do Super Nintendo, o negócio não decepciona.
Jogabilidade
Para um game de plataforma, este é o quesito mais importante, repetindo o que nós vimos em New Super Mario Bros Wii, a interação com o controle é simples, virando o Wiimote na horizontal, você usa o direcional e dois botões, além de ocasionalmente sacudir o controle para executar ações especiais.
Os comandos são bem precisos e vão exigir do jogador precisão nos saltos e corridas, para não cair na monotonia, quase todas as fases trazem para você um artifício ou uma novidade inesperada para incrementar a situação, espere ser alvo de balas de canhão, krakens famintos, maremotos e etc. E para a nossa nostalgia, as fases envolvendo os carrinhos de trilho voltaram, ainda mais insanas e difíceis que as originais, exigindo reflexo e memorização dos caminhos. Outra coisa legal é a adição das fases onde Donkey Kong pilota um foguete pra lá de volátil, tendo que controlar a direção dele através de um só botão.
Por mais que todas essas novidades possam atrair novatos para o gênero plataforma, DKCR exige muito do jogador. Até mesmo os mais veteranos, forjados na época do Nintendinho, vão encontrar dificuldades (ou deleite masoquista) em algumas fases, espere perder mais de vinte vidas em algumas ocasiões, sério, eu passei por isso. Similar ao citado New Super Mario Bros Wii, o jogo apresenta uma opção de Super Guia, quando o jogador perde mais de oito vidas em uma fase, é oferecida a opção de ver a trajetória da fase através de um boneco controlado pelo computador, coisa que pode ajudar novatos e pessoas com dificuldade pra compreender as rotas na fase.
Cada fase apresenta colecionáveis, além das clássicas letras que formam a palavra “K-O-N-G”, o jogo tem peças de quebra-cabeças que quando completadas abrem novos itens no menu de extras, o que influi muito no fator replay.
A única coisa que senti falta foi a ausência de controlar Diddy Kong. Embora ele esteja presente no jogo, como o fiel parceiro de Donkey Kong, sua participação ficou limitada a servir como um Power-Up para o DK, quando você pula, apertando novamente o botão, Diddy Kong aciona um foguete que permite que o jogador plane por alguns instantes pela fase, caso morra, ou perca life o suficiente, Diddy Kong abandona a fase e só pode ser recuperado se o jogador encontrar seu barril.
Em termos de jogabilidade, DKCR não deixa a desejar, mostrando para a indústria de games que embora gráficos e roteiros sejam itens importantes, a jogabilidade e capacidade de inteiração que um usuário deve ter com o jogo também deve ser prioridade. Nota 9,5
Gráficos
Simples e bem feitos, não espere a saturação de luzes e as imagens fotogênicas da geração atual. Como o jogo é plataforma, as fases seguem um desenvolvimento de side-scrolling, porem isto não impediu os desenvolvedores de trazer riqueza em detalhes e cores, tudo ocorre em perfeita sincronia, os objetos balançam, a iluminação é presente e bem explorada e algumas fases são verdadeiros colírios para os olhos.
Logo no primeiro mundo temos uma fase que se passa durante o por do sol, e tirando detalhes em vermelho e dourado, tudo que nós podemos observar é a silhueta dos personagens e elementos na tela, fases depois, o mesmo efeito se repete através de névoa, demonstrando toque artístico por parte dos programadores.
Outro ponto legal é como o jogo trabalha com a noção de profundidade, deslocando o personagem pro fundo da tela e retomando a ação dali. No princípio isto pode causar estranheza, ainda mais em momentos de ação e correria, mas acaba adicionando uma surpresa a mais para o jogo!
Embora o Wii não possua o melhor processamento gráfico do mercado, isto demonstra que muitas vezes, o aspecto visual pode ser buscado de outras maneiras, muitas vezes, o que é limitação pode ser convertido em vantagem, e é isso que diversos jogos do Wii tem apresentado. Nota 10
Som
Uma informação legal, todas as trilhas do DKC original estão presentes nesse jogo, remixadas, uma pessoa mais atenta pode até sacar a semelhança durante uma partida, tirando isto, o game não apresenta diálogos – e na moral? Nem precisa... – e os SFX fazem jus ao caráter cômico do jogo, a ambientação sonora ajuda a envolver o jogador e não decepciona, em fases cujo a temática é floresta, podemos escutar pássaros e as folhas sacudindo com o impacto, nas cavernas, o som produz eco, uma coisa importante e que me agradou muito, é o que ritmo de algumas trilhas cresce/diminui conforme a ação na fase, ajudando a impactar emoção e reação no jogador. Poderia ser melhor? Não, pela própria proposta do jogo, onde se prioriza a diversão e jogabilidade e não uma experiência cinematográfica. Nota 9,0
História
É nesse momento que encontramos alguns problemas, embora discutir canonicidade em Donkey Kong seja algo patético, a proposta do jogo é um apelo nostálgico, não? Encontramos rostos familiares, jogabilidade familiar, mas e o resto? Com a troca da desenvolvedora, ocorreram algumas mudanças criativas. A primeira está na mudança em relação aos antagonistas da série, se no passado nos divertimos com os Kremlings, os jacarés bípedes dos jogos originais, agora nós temos a “Tik Tak Tribe”, que, sinceramente, falta com o carisma de seus antecessores. Alguns inimigos também estão ausentes, como a famosa abelha gigante, terror de algumas seqüências de pulos. Somado a isto, está a ausência de personagens secundários na série, da família do Kong, apenas o velhaco Cranky Kong comparece. Cadê os outros famosos, como Dixie, Candy e Funky Kong? Até mesmo os companheiros animais sumiram, embora as fases apresentem diversidade, a presença deles adicionava um “a mais”, destes, só sobraram o clássico Rhino e o papagaio Squawks.
Embora o jogo seja excelente, a experiência teria sido bem mais agradável com a presença de mais personagens do universo Donkey Kong, sabe a história de ir numa balada que você sempre curtiu e ao chegar lá não encontrar nenhuma face conhecida? É mais ou menos isso! Nota 7,5
Considerações finais
Donkey Kong Country Returns é uma ótima pedida para este fim de ano, entusiastas da época 16-bits e fãs de jogos difíceis vão amar, gráficos simples e bonitos, jogabilidade impressionante e o senso de humor característico da série estão por lá, recomendo, garanto que não vão se decepcionar!
Nota: 9,5