quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Avatar FiliPêra

[Preview] Besouro, o provável filme brasileiro do ano

 

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O fato é que assim que vi o trailer de Besouro logo me veio a mente clássicos do cinema nacional, como Cidade de Deus e Tropa de Elite. O primeiro motivo para isso foi devido ao fato do filme ousar, não só visualmente, mas em sua temática. Enquanto Cidade e Tropa tiveram como pontos fortes um roteiro apurado e personagens poderosos, além de bons efeitos cinematográficos, Besouro já se mostra grande por ser um filme de fantasia, com elementos brasileiros, fora que não usou contos do nosso folclore já devidamente desgastados nas telas.

Sim, o filme, apesar de basear na vida do capoeirista baiano, está mais para um filme de fantasia fantástica - com bem-vindos elementos visuais a là cinema chinês - do que para uma reconstituição histórica pendendo para o didatismo de um Discovery Chanel.

O personagem surgiu por acaso na vida do diretor do longa-metragem, João Daniel Tikhomiroff. Após fazer um de seus tradicionais passeios às estantes mais escondidas das livrarias, ele se deparou com o livro Feijoada no Paraíso, de Marco de Carvalho, com o capoeirista como personagem principal.

Quatro anos foi o tempo que João levou para fazer a concepção do filme para as telas; do roteiro a filmagem do filme em si, passando pela contratação do chinês Dee Dee para coreografias das cenas de ação, que fez coisa similar em filmes como Matrix, Kill Bill Vol. 1 e O Tigre e o Dragão.

O filme se passa na Bahia, nos anos 20, e narra a jornada de Manoel Henrique, órfão desde bebê, que ainda cedo inicia seus treinamentos na Capoeira, guiado pelo Mestre Alípio. Porém, o manda-chuva da região, o Coronel Venâncio, assassina Alípio, e Manoel se vê obrigado a ir para a mata. Com o exílio ele aprende segredos da natureza… e se torna Besouro. Munido do seu clássico amuleto, o Cordão de Ouro - que o impedia de ser ferido por tiros e facadas, ele decide sair do mato e enfrentar o algoz do seu mestre.

O contexto onde rola o filme também é outro: apesar de Manoel ter nascido quase dez anos depois do Brasil ter libertado os escravos (sim, foi o último país do mundo), a situação dos negros na época não era muito diferente da vivida no período da escravatura. Como era muito corajoso - há poucos registros oficiais de sua trajetória, ficando para a tradição oral o perpetuamento de seu mito - não é de espantar que tenha enfrentado a polícia, que na época nada mais era do que um instrumento dos senhores de engenho, por diversas vezes ao longo de sua curta vida. Os relatos sobre fugas espetaculares, e brigas violentas com policiais (das quais ele nunca perdia) logo começaram a aparecer.

Os habitantes da região apelidaram Manoel de Mangangá, que é a denominação local para uma espécie de besouro. Daí para integrar mitos e lendas baianos foi um vôo, além de vestir o manto da luta pelos negros. Até mesmo sua morte é cercado de controvérsias e versões contraditórias. Uns dizem que foi morto pela polícia, enquanto os registros policiais apontam que foi morto por uma emboscada preparada pelo filho de um fazendeiro que era desafeto de Besouro. A parte lendária da coisa diz que ele foi morto por um punhal feito de ticum, que era a única capaz de matar alguém que tinha o corpo fechado.

 

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De cara, espere muita ação no filme, além de cenas primorosas, como você já deve ter idéia depois de ter visto o excelente trailer, que me trouxe de volta a magia de ter visto O Tigre e o Dragão na época de seu lançamento. As cenas de ação grandiosas, assim como as de lutas são apenas mais um fato para reforçar a frase proferida por muitos: Nem parece filme brasileiro. O tempo elevado gasto com efeitos visuais - cabos, chroma key e computação gráfica - e com o restante do trabalho da pós-produção também o diferenciam ainda mais de outros filmes daqui.

A estréia do filme está marcada para o dia 30 de outubro e abaixo você vê o trailer!

No site oficial da produção existe uma das campanhas de marketing mais legais que já vi (já conferiu as promoções legais que estão rolando?), além de um completíssimo blog que cobre todos os aspectos do filme.

Site Oficial - Blog - Orkut - YouTube - Facebook - Twitter - Flickr

 

6 Comentaram...

Anônimo disse...

Odeio esses filmes onde os personagens "voam", flutuam, tira todo o prazer de ver uma cena de luta ou sei lá, estraga tudo.

Anônimo disse...

Eu achei interessante, um dos filmes brasileiros mais diferentes que já vi.Os efeitos, para os atuais padrões brasileiros, estão bons. Vou conferir.

MrVallence disse...

Realmente tem tudo para entrar nos clássicos brasileiros.
To com altas espectativas para esse filme.

Guilherme disse...

Acredito que vale tudo para mostrar o cinema brasileiro ao mundo. Se é ação que os 'gringos' querem... Toma capoeira! (zum-zum, zum-zum... capoeira mata um! rssss...)
E sobre os 'efeitos' e 'eteceteras' que quebrem a 'realidade' do filme... ora! a proposta é exatamente se fixar num clima de fantasia! No Brasil, nosso 'folclore' é isso mesmo! Quem já viu um Exu, Pomba-Gira ou Iara? Quem foi que disse que eles não podem fazer o que se mostra nesse filme? Enfim, um 'conto fantástico' (de fantasia) quando contado ao redor da fogueira, faz a gente imaginar uma porção de coisas... Então, o cinema já isso desde os clássicos chineses... cada um com seu 'folclore'... Vamos relaxar, assistir e nos divertir! E que venham outros nessa linha! Fico imaginando como seria um filme que bebesse na fonte 'pesada' da mitologia brasileira... Quem foi que os 'contos de fadas' são infantis? Quem foi que disse que as entidades da natureza são 'dóceis'? 'A Dama da Água' (M. Night Shyamalan) é um exemplo disso. Por que a 'mitologia só funciona se for européia'? No Brasil tem muuuita coisa 'estranha' que daria bons filmes... de ação, suspense etc. Esse já mostra o potencial. Eu quero é mais!

Orc Bruto disse...

Besouro parece ter tudo para ser o "Tigre e o Dragão" brasileiro!

Agora... de onde você tirou que o Brasil foi o último país do mundo a abolir a escravidão? Até hoje a escravidão é legalizada em parte do mundo árabe, norte da África, sudeste asiático e China... Sendo que em países como na Mauritânia há até mesmo mercados de escravos.

Akira Mistika disse...

Eu assisti o trailer no cinema e fiquei surpresa com o filme. Achei interessante, envolve luta, aspectos da tradição-religiosa africana-brasileira, aspectos historicos e alguns toques de efeito à lá "Tigre e o Dragão".
Parece ser bacana....

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