terça-feira, 30 de novembro de 2010

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David Lynch em dose dupla

 

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David Lynch tem um estilo ame ou odeie bem peculiar: demora pra você decidir se gosta dos trabalhos do cara ou não! Eu definitivamente gosto, ele no mínimo é bem criativo no que faz, e ainda cria climas pesados como ninguém. Estranho é uma palavra que geralmente pode definir o trabalho dele. E a estranheza está presente na tal dose dupla do título!

Em primeiro lugar devo dizer que nunca pensaria em Lynch fazendo música. Ainda mais música linear, para usar um termo que não combina com ele. Mas assim ele o fez, lançando duas músicas ontem de excelente qualidade e sem o progressivo estilo punheteiro que todo o mundo devia tá esperando de uma composição dele - se bem que pela composição de seus filmes dava pra saber que isso não rolaria. São duas pérolas eletrônicas de estilos razoavelmente diferente. Good Day Today parece um synthpop no estilo Ladytron, e I Know já puxa pro lado mais pesado de um Portishead mais pesado e climático. Coisa fina.

As duas foram colocadas à venda na iTunes Store, o que significa que você tá de fora da jogada e não pode compra-las. Mas é só dar o play abaixo e ser feliz. Segundo informações do Omelete as duas músicas fazem parte de um álbum que será lançado em janeiro de 2011.

 

Good Day Today
I Know

A outra notícia relacionada ao diretor topetudo diz respeito a um desafio que o Warren Ellis fez na comunidade dele: os membros do fórum deveriam fazer postêres do filme Homem-Aranha caso ele tivesse sido dirigido por David Lynch. Algumas artes você vê abaixo:

 

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[Via Omelete e Comics Alliance]

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O que o tráfico e Justin Bieber têm em comum?

 

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Os policiais do BOPE na maior correria invadiram a casa do chefe do tráfico do Complexo do Alemão, vitória depois de tanto tempo e correria, um deles entra num cômodo e… OH WAIT! Sim, traficante não ouve só funk, aparentemente, mas música afeminada também. E outra: que pintura mal feita, o grafiteiro do meu bairro faria melhor.

 

[Via Extra]

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Alfabeto gamer

O brasileiro Maicon Costa resolveu mostrar o talento designerístico dele e fez um alfabeto gamer realmente foda! O desafio de descobrir todos é fácil, mas podem postar aí nos comentários (clique para ver maior).

 

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[Via Kotaku]

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

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Muse no Brasil e ponto final!

 

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Eu sei que os fãs do U2 vão gritar heresia, mas não tô nem aí: o que importa na notícia abaixo é que o Muse vem ao Brasil de novo (e como perdi o primeira passagem deles por aqui, pra mim o evento vale ainda mais). A confirmação do mega evento apareceu no site da produtora Time For Fun (T4F), e faz parte da turnê 360 Graus, do U2. O show vai rolar no dia 9 de abril do ano que vem, no Morumbi, em São Paulo. A venda de ingresso começa no dia 4 de dezembro em pré-venda para membros do cartão Citibank e do fã-clube da banda, e na terça-feira (7) para o público geral (Eu).

Os preços são os seguintes:

Pista - R$180,00
Cadeira Inferior A - R$ 340,00
Cadeira Inferior B - R$340,00
Cadeira Superior Azul 1 - R$380,00
Cadeira Superior Azul 2 - R$380,00
Cadeira Superior Azul Premium - R$380,00
Cadeira Superior Vermelha - R$380,00
Cadeira Superior Amarela (Visão parcial) - R$  70,00
Cadeira Superior Laranja - R$380,00
Arquibancada Azul - R$240,00
Arquibancada Vermelha - R$240,00
Arquibancada Vermelha Especial - R$240,00
Arquibancada Amarela - R$220,00
Arquibancada Laranja - R$240,00

 

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Foto da estrutura da turnê 360 Graus.

Como deu pra perceber, nada das infames pistas VIP. O U2 exige por contrato que os ingressos mais baratos sejam justamente os mais próximos do palco (excluindo, claro, os com visão parcial). Os ingressos serão vendidos no site da Tickets For Fun, pelo telefone 4003-0806 (válido para todo o país), na bilheteria do Credicard Hall (Av. das Nações Unidas, 17955 - São Paulo/SP) e nos pontos de venda autorizados.

Quando os ingressos para esse primeiro show acabarem, provavelmente a T4F anunciará um segundo show em São Paulo. Rolaram rumores sobre um show em Porto Alegre, mas nada foi confirmado.

Nos vemos lá!

 

[Via Shuffle e CifraNews]

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Na Holanda, artistas apóiam os downloads

 

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Não pensei em como buscar foto pra essa matéria… mas de acordo com o Google Imagens essa é uma modelo holandesa

 

Quando proponho um debate sobre o que seriam os Direitos Autorais (provavelmente farei de forma mais ampla no meu TCC, que escreverei ano que vem) questiono o quanto desse dinheiro ganho pelas gravadoras realmente vai para os artistas. Vejo a questão como extremamente importante, mesmo que esse tipo de pergunta seja usada como “desculpa” por quem realmente pirateia música para livrar a própria consciência. Reconheço a importância das gravadoras e dos publishers no crescimento das carreiras de artistas, mas aparentemente a internet está mostrando que eles não eram tão importantes assim. E pior: mostrou que eles é que eram predadores da música, vide a profusão de artistas independentes surgindo, e que também vivem da música… ganhando mais, em vários casos!

Então, no mínimo, pediria que as gravadoras mostrassem a verdadeira face e renomeassem “direitos autorais” como “direitos editoriais” para mostrar a verdadeira face dessa luta desesperada delas. Assim Eu respeitaria os executivos dessas gravadoras. Berrar conceitos como “os compartilhadores estão matando a arte” é como um exército que está sendo dizimado berrar para o mundo que as bombas atiradas pelo inimigo estão matando os bebês do país deles, e não só eles. Mas expor a verdade não faz parte dos negócios de empresas multibilionárias que estão afundando em areia movediça. E muitos acabam caindo nesse joguinho armado por eles.

 

Na Holanda, um caso bizarro parece quebrar um pouco as regras desse jogo. Sindicatos de artistas se uniram para protestar contra um projeto de lei que torna crime os downloads de músicas e filmes. Para ser mais exato, eles vêem com bons olhos o fato do público ter acesso às obras deles através do download pessoal (não-comercial), inclusive via redes de Torrent e outros protocolos de compartilhamento P2P.

Em troca dessa mamata de baixar à vontade, eles defendem que exista uma taxação sobre as vendas de MP3 players (tô livre, nem tenho um), cujo dinheiro arrecadado seria usado para compensar os artistas. Eles foram além e deram a idéia de taxação de conexões com a internet, cuja a grana serviria para os mesmos fins. Pareceu bizarro pra você (para mim não, pago a quantia com o maior prazer se não for abusiva), mas saiba que a idéia não é inédita, pois taxações semelhantes rolaram com gravadores de fita cassete. Só vejo com maus olhos a possibilidade de praticamente nada desse dinheiro ir pros artistas (tipo a grana do IPVA que é usada em tudo, menos pra consertar estradas).

Nos planos dos sindicatos holandeses, um valor de €5,00 seria acrescentado no valor de todos os modelos de MP3 players… e todo o mundo fica feliz! Quer mais: defendo a mesma taxação para Kindles e e-readers para cessar o falatório de editoras - que supostamente falam em nome dos escritores.

Alguns irão gritar que esse tipo de liberação pode matar negócios gigantes e já estabelecidos de venda de música, tipo o Sonora e o iTunes, mas vejo a questão de modo diferente. Acho que a taxação livra a cara de todo o mundo. Os artistas seriam compensados por supostas perdas em arrecadação por causa de download ilegal - pesquisas de um grupo alemão apontam que uma cobrança de R$ 3 em cada conta de internet brasileira levariam a uma arrecadação de R# 450 milhões, suficiente para compensar os artistas - e os usuários acostumados com a comodidade de uso desses serviços continuarem usando-os. Não creio que os que usam esses serviços pagos o fazem por medo de fazer download “ilegal”, mas sim pela comodidade e qualidade do serviço. E assim a vida continuaria, com o pequeno efeito colateral de que mesmo as pessoas que não fazem qualquer download ilegal pagariam a taxa.

Se na sua cabeça você possui uma solução “melhor”, os comentários estão aí pra isso!

 

Agradecimento a Cristiane Biazin por enviar o link da notícia por email.

[Via Yahoo! News]

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Segunda instância do caso do Pirate Bay: eles continuam condenados

 

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Pra quem acompanhou a cobertura que fizemos do julgamento dos fundadores do Pirate Bay (AQUI, AQUI e AQUI), já sabe que eles foram condenados em primeira instância. Como os caminhos da Justiça são tortuosos, eles entraram com recurso contra a decisão primária… e agora saiu a decisão em segunda instância! Bom, e ela praticamente repete a primeira. O anúncio saiu na sexta e os condenou mais uma vez.

A grande diferença entre as sentenças parece mostrar o caráter monetário de todo o processo: as penas deles foram reduzidas, mas as multas aumentaram. O quadro das penas ficou assim: 10 meses para Fredrik Neij (TiAMO), 8 meses para Peter Sunde (brokep), ambos fundadores do site; e 4 meses para Carl Lundström (uma espécie de braço econômico do grupo), que financiou a hospedagem do site. O valor da grana agora é 6,5 milhões de dólares, a serem divididos em partes iguais entre os condenados. Anteriormente, eles haviam sido condenados a um ano de prisão e receberam uma multa de 905 mil dólares cada.

O quarto acusado - Gottfrid Svartholm (anakata) - estava doente e será julgado depois. Pela declaração do tribunal:

 

O Pirate Bay tem facilitado a partilha ilegal de ficheiros de forma que resulte em responsabilidade criminal para quem executar o serviço. O tribunal de recurso considera provado que os três réus participaram destas atividades de diferentes formas e em diferentes graus.

Do outro lado do front, Rick Falkvinge, líder do Partido Pirata disse em resposta:

 

Este foi um julgamento político desde o início e deve ser resolvida politicamente. O público perdeu toda a confiança no sistema de justiça quando ele julga estas questões, e é triste que os tribunais continuam a persistir na execução de justiça de interesse especial.

Os acusados, através do frontman Peter Sunde, declararam que vão apelar para a próxima (e última) instância - a Suprema Corte Sueca - o mais rápido possível. Caso você tenha se preocupado com o futuro do Pirate Bay, fiquei tranquilo: oficialmente nenhum dos quatro acusados tem ligações com o site; toda a responsabilidade sobre ele está nas mãos da empresa Reservella (não me pergunte nada sobre isso), que tem uma suposta sede nas ilhas Seychelles.

 

[Via Torrent Freak]

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RIP Leslie Nielsen =(

 

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Acho que tinha uns 14 anos quando vi pela primeira vez uma comédia com Leslie Nielsen - foi um dos Corram que a Polícia Vem Aí. Eu tinha uma idéia vaga e completamente equivocada do que me esperava. Passava por uma fase de ser metido a ver só “filme bom”, e argumentava de forma irritante que o besteirol não me agradava. Leslie Nielsen mandou isso embora com horas de uma gargalhada desconcertante. Dentro do filme tinha um velho anárquico (é, ele nasceu velho creio Eu) que não tinha problema em emendar piadas sexuais (meu pai fingia que não, para manter a imagem de chefe religioso, mas morria de rir delas), um pouco de sujeira no palavreado e outros tipos de humor subversivo.

Depois acabei vendo toda a série de filmes com gags policiais dele e mais Aperte  os Cintos, o Piloto Sumiu, e puta merda, ele deve ter sido uma das pessoas que mais me fez rir na face da Terra. Só os trejeitos do Velho já eram motivos suficientes para umas boas risadas. Hoje ele morreu (ontem, dirão os mais certinhos com o tempo), aos 84 anos na Flórida, durante um tratamento de pneumonia. Durante a avalanche de comentários sobre a morte dele, descobri que ele não nasceu comediante, era um ator sério, coisa que provavelmente morreria sem saber. Leslie parecia o típico cara que nasceu para fazer todos os públicos se despirem dos mais variados preconceitos e somente rir descontroladamente durante algum tempo. Ver um filme dele era como alcançar uma felicidade escapista plena com (infelizmente) pouca duração.

Fazer sátiras era a especialidade dos filmes mais famosos dele… e agora vemos como ele fará falta. Basta ver a série de idiotices que se tornou Todo o Mundo em Pânico (cujo capítulo 4 recebeu a atuação dele), bem como Espartalhões e toda a sorte de filmes dessa natureza: um pastiche sem graça deles próprios. Definitivamente a sátira cinematográfica se tornará um amontoado de baboseiras forçadas sem a presença de Leslie.

 

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Além de ser um baita ator, ele era carismático, coisa cada vez mais em falta na Hollywood plástica dos dias de hoje. Com certeza uma perda que será sentida (e uma das poucas mortes de ator que Eu realmente lamentei… ainda estou novo para ver meus ídolos morrerem), Leslie era um ícone e representava uma época de comédias que não mais voltarão… infelizmente! Eu era fã dele, ele era como aquele tiozão abobado e sacana que toda família deveria ter… e creio que você se sente da mesma forma!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

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[Pipoca e Nanquim] Artes Marciais

Por Pipoca e Nanquim 

 

46- Artes Marciais - Pipoca e Nanquim - Cinema e HQs por pipocaenanquim no Videolog.tv.

O Pipoca & Nanquim desta semana fala sobre um assunto que todos adoramos (ou quase todos): artes marciais! Contamos um pouco sobre a história de Bruce Lee (o que, nunca viu o 'pequeno dragão' em ação?) e a filosofia por trás de seus filmes. Não poderiam faltar também Jet Li, Jackie Chan e a maior sensação do mundo das artes marciais do momento, o tailandês Tony Jaa. Se você curte filmes de luta e não o conhece, pare tudo o que está fazendo e corra para a locadora mais próxima!

Nos quadrinhos, os medalhões Mestre do Kung Fu e Punho de Ferro dividem espaço com lançamentos fenomenais, como Samurai (da Devir). Também encontramos tempo para relembrar o Judoka (grande herói brasileiro) e falar sobre o mestre da HQ nacional, Claudio Seto. E não se esqueçam de visitar nosso site para conferir as matérias que temos por lá, além do podcast e vídeos exclusivos.

Um abraço a todos e até a semana que vem.

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Recados de sexta-feira. Promoções e Arkade nova

 

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Sexta-feira, fim de semestre, editor atarefado e com preguiça-monstro… mas vamos lá. O primeiro recado é pra informar que a nova edição da Arkade, nossa e-magazine de games favorita já saiu, é a de número 17. A lista de coisas legais pra ler nela tá abaixo:

 

Reviews: Call of Duty: Black Ops (PS3, X360, PC, Wii), Rock Band 3 (PS3, X360, Wii), GoldenEye 007 (Wii, DS), Assassin’s Creed: Brotherhood (PS3, X360), Fable III (X360), Star Wars: Force Unleashed II (PS3, X360, PC, Wii)
Bitbox: Tudo sobre o Microsoft Kinect!
Personagem: Duke Nukem
E ainda: Bionic Commando, Costume Quest, Super Meat Boy, Osmos e muito mais!

Clique AQUI e seja feliz lendo a revista no seu browser, ou AQUI pra baixar em PDF.

 

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E o outro recado é a promoção da galera do Linux Mall, com 25% de desconto graças a Black Friday. Leia o release:

A Linux Mall está participando nessa sexta-feira, dia 25/11 a partir da 0:00hs da onda mundial de SUPER DESCONTOS nas lojas virtuais de tecnologia espalhadas pelo mundo. É uma data imperdível para aproveitar! TODO o site estará com desconto de 25%. São mais de 3.000 produtos que vão de camisetas geeks, canecas, powerballs, toys, e um amplo catálogo de livros técnicos (java, ruby, php, mysql, linux, redes, segurança, e muito mais).

Site da loja | Twitter

Quem tiver/conhecer mais lojas com bons descontos hoje, coloque nos comentários que faço updates nesse post. Aproveitem e comprem! Aproveitem a sexta de vocês que aproveitarei a minha!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

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[Preview] Trailer e imagens de Cowboys & Aliens

 

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Alguns traumatizados com a porcaria que foi As Loucas Aventuras de James West logo devem ter gelado a espinha quando viram conceitos parecidos - tecnologia e western - inundando Cowboys & Aliens. Mas as similaridades terminam por aí, pois Cow & Ali promete mais que aquele lixo que Will Smith estrelou. O filme é baseado numa série de HQs que narra a saga da união entre cowboys e índios apache na luta contra aliens que invadiram o Velho Oeste. No elenco temos o trio Daniel Craig (James Bond. Ponto final), Olivia Wilde (a Thirteen, de House) e Harrison Ford (--- se não souberem quem ele é, Alt+F4 é serventia da casa). A direção é de Jon Favreau (Homem de Ferro).

 

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Pelo trailer, parece que vai render um bom blockbuster de verão. A estréia está marcada para o dia 29 de julho!

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Mais imagens de Tintin

Bom, Eu tava viajando e certas coisas que mereciam posts por aqui acabaram sendo colocados de lado. Então, encare esse fim de semana como um despejo desses posts que talvez vocês tenham lido por aí. Passada a explicação… lembra DESSE post? Então, Eu disse que haveriam mais imagens da adaptação de Tintin nos cinemas, que o povo escanearia aa revista Empire… e aí estão elas. Ponto final!

 

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Estão fiéis até o limite, vai ser o tipo de obra que vai agradar a marmanjos que cresceram lendo as HQs e vendo os desenhos… e os que nem sabem que Tintin é um repórter escoteiro que viaja o mundo resolvendo casos misteriosos!

The Adventures of Tintin: The Secret of the Unicorn estréia 23 de dezembro de 2011 nos EUA.

 

[Via Judão]

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

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O “Poeta da Libertinagem” em São Paulo

 

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Manara trocando uma idéia com alguns brasucas!

Por volta de cinco da tarde da quinta-feira (dia 18), uma fila respeitável, com umas oitenta pessoas, já se aglomerava no interior da  Oficina Cultural Oswald de Andrade,  onde em duas horas Milo Manara participaria de um bate-papo com fãs, curiosos e outros tipos de pessoas interessadas em ouvir as palavras de um mestre das HQs eróticas. Na entrada da Oficina, a Conrad havia montado um estande onde as obras mais recentes do autor - Kama Sutra e um especial com quatro volumes de Clic - e tava vendendo igual água, graças a um anúncio que dizia que Milo faria uma sessão de autógrafos às 21h.

Ainda na fila conheci dois viciados em quadrinhos - desses que me lembram que não posso me enquadrar na categoria de viciados em quadrinhos -, que despejaram vários relatos interessantes de eventos similares de bate-papo que eles participaram. Desde a petulância e arrogância de Robert Crumb na passagem dele por São Paulo - o que, segundo os Viciados, pode ser encarado como uma coisa boa, no caso dele -, até a descrição de um desenho que Will Eisner fez, mostrando The Spirit parabenizando a Mônica (da Turma da Mônica) por entrar no hall dos grandes personagens dos quadrinhos… tudo entrou no papo dos três. E Eu só ouvindo, enquanto aguardávamos a distribuição das senhas.

Com as senhas em mão, fomos para outra saga: conseguir fones de ouvido com traduções simultâneas, já que Manara só fala em italiano. A mulher encarregada da distribuição dos fones tava mais acelerada do que hamster eletrificado, repetindo as mesmas instruções a cada três segundos e ainda tentando manter o sorriso de atendente de telemarketing. Conseguimos os fomes e vimos o debate se iniciar… para a imprensa. Tínhamos duas opções: continuar a conversa, ou ficar ouvindo toda a papagaiada da imprensa pelos fones. Obviamente desligamos os fones, não queríamos ouvir perguntas como “De onde você tira sua inspiração?” que os caros jornalistas insistiam em perguntar a cada segundo.

Com uns parcos quinze minutos de atraso, a imprensa começa a se retirar da sala de debate e nos preparamos pra entrar, e foi só aí que percebemos que uma enorme fila havia se formado e que éramos os primeiros dela.

 

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Uma foto ruim da mesa. Manara ao lado de Claudio Curcio

Logo de cara, já mandam um anúncio que faz a platéia exclamar um “ahhhhhh”: Manara estava com problemas de saúde e não participaria da sessão de autógrafos marcada para às 21 horas. Tudo culpa do ar condicionado alto por dois dias seguidos. Ele explicaria mais detalhadamente o problema logo que começou a falar.

Manara não é um qualquer. Apesar de ser primordialmente conhecido por suas HQs eróticas, com mulheres possuidoras de uma anatomia mignon bem característica, ele fez inúmeros outros trabalhos, como sua conhecida parceria com Federico Fellini. Esse ecletismo já foi deixado claro na apresentação do evento, feito pelo jornalista Gonçalo Júnior, provavelmente o maior pesquisador de HQs do Brasil, e autor do livro Tentação à Italiana. Gonçalo descreveu de forma sucinta - e sintetizada, por causa do tempo - diversas influências e os primórdios das primeiras manifestações gráficas de erotismo provindas da Itália. Na mesa também estava Claudio Curcio, organizador da Napoli Comicon - que se tornaria meu desafeto minutos depois.

Após as falas iniciais, que resumiram bem a trajetória de Manara, vieram as perguntas, surpreendentemente inteligentes. A primeira disse respeito a questão aventura das histórias de Manara, que misturam muito bem o erotismo com um espírito desbravador, na maioria das vezes. Manara disse que essa influência é de Hugo Pratt, provavelmente o melhor roteirista de histórias essencialmente aventureiras que conheço. Muito das histórias de Pratt pode ser reparado nos roteiros de Manara, principalmente na construção de paisagens complexas, fruto de pesquisas extensas. Ele aproveitou o tema para fazer uma reflexão sociológica, dizendo que a sociedade (que Eu defino como Sociedade Ocidental, ou mais amplamente como Sociedade Urbana) em que vivemos não incentiva a Aventura, simplesmente pra manter as pessoas tensas e obedientes. Seria a consolidação da Cultura do Medo contra a Cultura Lúdica. Tirando das pessoas o máximo de opções para escapar de uma rotina entediante, a Aventura se vai e o que fica são os mesmos grupos de poder no controle, amparados por por pessoas presas a rotinas entediantes e estafantes e com medo de perderem aceitação social e sustento. A Ficção, para Manara, seria mais do que o puro escapismo, seria um incentivo ao retorno desse espírito aventureiro, da busca pelo prazer - não só sexual.

Uma outra pessoa perguntou justamente sobre as paisagens que ele compõe para integrar seus desenhos eróticos. Ele respondeu que a questão tem muito a ver com verossimilhança, de criar imagens críveis. As paisagens seriam complementos que inserem a beleza dos corpos femininos numa construção que ocupa um espaço real. Para ele, os cenários são tão importantes quanto a anatomia feminina, mesmo passando praticamente despercebidos na maioria dos olhares dos leitores.

As outras perguntas foram quase todas relacionadas ao processo criativo dele, principalmente aos desenhos da série Bórgia, feita em parceria com o gênio Alejandro Jodorowsky. Manara descreveu o detalhamento dos roteiros dele, que tornavam desnecessárias explicações posteriores sobre aspectos da arte. O resultado é uma das obras mais interessantes e que melhor retratam a luxúria e corrupção do período de influências da poderosa Família Bórgia - outra obrigatória é o livro Os Bórgias, de Mario Puzo.

 

Após o fim do bate-papo, infelizmente abreviado, fui para a abertura da exposição - os nerds com que Eu tava trocando idéia foram conversar com personalidades dos quadrinhos, tipo Sidney Gusman, Maurício de Souza e o próprio Gonçalo Júnior. Após umas taças de champanhe e de vinho, e de ver as várias fotos belíssimas da exposição - algumas mostrando a parceria de Manara com Federico Fellini, por exemplo - uma estranha movimentação se agigantou num dos cantos do salão. Sim, o Velho Tarado resolveu dar alguns autógrafos antes de ir embora e o fato espalhou um pequeno Caos. Coloquei nas mãos minha edição de Encontro Fatal que estava debaixo do braço e começo a persegui-lo e tentar passar por cima da multidão que começava a crescer em volta dele.

Quando Manara estava a ponto de pegar minha revista pra autografar, Claudio Curcio, que além de curador do Napoli Comicon é um gigantão dos maiores, colocou o braço no meio e exclamou algo que entendi como SEM MAIS! Sabendo que ele entende inglês - e Manara não - mandei logo um Son of a bitch que ele com certeza ouviu. Fora da exposição, no pátio principal do salão, no caminho pra pegar um táxi, outra multidão fica na frente de Manara. Minha chance! Eu berro um É per un amico, que ele entende e para pra olhar de olhar de onde veio. Estou bem de frente a ele. Donna? ele pergunta. Si, respondo… ele esboça um sorriso, mulher é com ele mesmo. Ele pergunta o nome da amiga… Eu digo e ele não entende. Eu soletro! Ele pergunta meu nome e entende quando digo Filipi! Depois escreve os dois nomes e autografa a obra.

Com a missão cumprida, volto para o albergue e na volta ainda encontro o Alessio no metrô. Vamos para um bar qualquer na rua Augusta, nos encontramos com um povo acima de qualquer suspeita e a minha primeira noite em São Paulo termina ali…

 

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Eu e o Alessio, numa foto classificada de semi-gay

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E o resto do povo… com meninas lindas, que é isso que importa!

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Kinect pode ser uma porta para a espionagem corporativa

 

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Em todo o produto/serviço/outro bem monetário, existe um contrato que regula seu uso. Eles geralmente são longos e entediantes, cheios de jargões inúteis e chatos, com repetições e essas coisas, justamente para serem pouco lidos. Em outras palavras: somadas ao pouco tempo que temos para lê-los antes de assinar um desses, praticamente ninguém lê um contrato ou termos de uso. No entanto, esses contratos podem esconder certos abusos e perigos para o consumidor.

Parece ser o caso do contrato de uso do Kinect, o badalado acessório que transforma seu corpo num joystick (sem piadas, galera). Bem, no contrato - chamado nos EUA de End User License Agreement (EULA) - do Kinect, em letras miúdas está escrito:

 

Você não deve esperar qualquer nível de privacidade sobre o uso dos recursos de comunicação ao vivo (por exemplo, chat de voz, vídeo e comunicações em sessões de jogos hospedadas na Live), oferecida através do serviço.

Parece quase um se lascou amigo, te espionarei, para mim. Na minha interpretação, o fato de um gamer comprar um Kinect dá a Microsoft o direito de gravar ou monitorar conversas e outro tipo de interação ou atividade do jogador que faça uso do acessório ou do Xbox 360. Não sei exatamente se isso será usado, mas parece-me claro que poderá ser usado, a Microsoft tem esse direito - e se você é do tipo conspiratório, já imaginou a NSA por trás de tudo…

 

[LazyGamer Via Geek]

terça-feira, 23 de novembro de 2010

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Concorra a um ingresso para a Campus Party 2011!

 

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Quem acompanha o NSN desde o início do ano, provavelmente leu os textos que fiz sobre a minha participação na Campus Party (se não leu, clique AQUI). E também deve ter percebido que o evento é um dos ápices de diversão no mundo nerd/geek/whatever. É a chance de ver pessoalmente aquela galera que com quem você interage no Twitter, e ainda conhecer uma cacetada de outras pessoas parecidas com você. Além disso - e de uma conexão animal de 10 GB - ainda existem palestras das mais diversas áreas, com personalidades e gente que saca do que tá falando. Resumindo: é o tipo de evento que você não pode perder, fora o fato que Eu e o HumberTêra estaremos lá (essa informação é só para as mulheres)!

Mas os ingressos pra Campus Party acabaram (bem rápido… esse ano só acabou poucos dias antes do início do evento), e se você não comprou tá de fora, amigo! Mas, como somos pessoas benevolentes (e a organização do evento gosta da gente), e taí uma promoção para que todos os nossos leitores concorram a um ingresso para a edição nacional do maior evento de tecnologia do planeta. Leia o release abaixo e seja feliz!

 

 

Você ainda têm uma última chance para garantir seu ingresso para a quarta edição do maior evento tecnológico do mundo.

Mais uma vez a Campus Party Brasil faz história. Em menos de dois meses, foram vendidos 6.500 ingressos para quarta edição do maior acontecimento de tecnologia, inovação e entretenimento digital do Brasil, um número 97% maior que os 3.300 do primeiro ano da Campus Party (2008). As inscrições tiveram início no dia 20 de setembro e foram todas comercializadas com a participação de campuseiros de todos os estados brasileiros.

Entretanto, neste ano, a organização estabeleceu parcerias com blogs e comunidades importantes do mundo geek, aproximando cada vez mais o evento de seu público-alvo. Desta maneira, mesmo com os ingressos comuns esgotados, este blog/comunidade foi escolhido para dar a você a oportunidade de ir ao maior evento de tecnologia do mundo!!!

Para participar é fácil: Basta clicar no banner [à direita e logo abaixo nesse post] e participar do concurso respondendo a pergunta. Corra! O concurso termina dia 30/11.

Atrações

Para a Campus Party Brasil 2011, já estão confirmadas as participações do ex-vice-presidente norte americano Al Gore, do editor especial da Wired UK, Ben Hammersley, do co-fundador da Apple, Steve Wozniak, do diretor da Linux International, Jon “Maddog” Hall, dos blogueiros do Jovem Nerd e de outros grandes nomes da tecnologia.

SERVIÇO:

Campus Party Brasil 2011

4ª Edição

De 17 a 23/01/2011

Centro de Exposições Imigrantes

Rodovia dos Imigrantes, km 1,5

São Paulo - SP

Acompanhe!

Site | Blog | Twitter | Youtube | Facebook | Orkut | Flick.r

 

Sobre a Campus Party

Criada na Espanha em 1997, a Campus Party transformou-se, em 13 anos de existência, no maior evento mundial que integra tecnologia, conteúdo digital e entretenimento em rede. Os participantes mudam-se com seus computadores, malas e barracas para dentro de uma arena, onde se conectam a uma rede super veloz e convivem em torno de oficinas, palestras, conferências, competições e atividades de lazer. Atualmente a Campus Party é realizada na Espanha, Brasil, Colômbia e México, e conta com o patrocínio da Telefônica.

Informações para Imprensa

Comunicação Campus Party Brasil 2011

Comunicacao.cpbr[at]futuranetworks.com

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

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[Pipoca e Nanquim] Magia

 

45- Magia - Pipoca e Nanquim - Cinema e HQs por pipocaenanquim no Videolog.tv.

Demorou mas a normalidade voltou para nossas vidas. Depois de duas semanas conturbadas gravando fora do estúdio e devido ao lançamento do site Pipoca e Nanquim (Já viu?? Demorou hein! Clique aqui), voltamos para nosso canto e aproveitando a onda e furor trazido pela estréia do novo Harry Potter, decidimos falar sobre: MAGIA.

Na conversa rolou muita coisa boa, indicamos quadrinhos como Mandrake, Aria (da Devir), Dr. Estranho, Bruxaria e falamos também sobre duas musas dos quadrinhos (adivinha quem? Uma é da DC outra da Marvel). Como não podia deixar de ser, vários filmes foram discutidos, entre eles, merecem destaque, Labirinto, Fantasia, Willow e Feitiço de Áquila, quatro clássicos no gênero, além de Warlock, Xuxa Contra o Baixo Astral (duvida?), O Grande Truque e por ai vai.  

Olha, tem mais uma novidade do Pipoca para vocês lá no site, nosso Podcast, no qual essa semana falamos sobre Adaptações de Quadrinhos para o Cinema. Ouça aqui.
É isso ai, grande abraço e até semana que vêm!

 

Podcast | Site

Avatar FiliPêra

Comunicado

 

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Como vocês devem saber, o Editor-Chefe desse blog (no caso, Eu) viajou pra São Paulo pra ver o bate-papo com o Manara e pra Jedicon. Por esse motivo, só teremos posts de novo segunda-feira, provavelmente. Até lá, revirem nossos arquivos aí ao lado, e sejam felizes!

Acima, uma foto do Manara, que me deu um trabalhão pra conseguir autógrafo dele e está com a cara mais marota possível.

É NOZES!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Avatar Colaborador Nerd

Natal solidário CJPR

Por World RPG Fest

 

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O Fã-Clube de Star Wars Conselho Jedi Paraná (CJPR), procura através de parcerias e doações, apoiar entidades beneficentes que atendam crianças com necessidades especiais ou em tratamento de doenças. Você pode fazer um criança feliz doando para o CJPR qualquer quantia clicando no botão do PagSeguro ao lado. No dia 15/12, o CJPR estará distribuindo presentes para entidades beneficentes.

Nós da World RPG Fest, apoiamos esta iniciativa. Se você quiser apoiar, seja com doação ou divulgação, e quiser divulgar sua ajuda aqui no blog, entre em contato com eraldo[at]worldrpgfest.com.br, que estaremos colocando os nomes dos contribuintes e o logo dos blogs que ajudarem nesta divulgação.

 

Apoio:

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Importante: todo o valor arrecadado será convertido em presentes para as entidades beneficentes, que será entregue pelo Conselho Jedi do Paraná. No post oficial da campanha existe um ícone onde é possível clicar e fazer doações!

Avatar FiliPêra

Trailer legendado de Lanterna Verde… ASSISTAM!

 

Bom, depois de rumores (velhos e) bizarros sobre a adaptação de Lanterna Verde, que envolveria Jack Black usando o Anel no melhor estilo Jim Carrey em O Maskara, é bom constatar que a Warner colocou o filme nos trilhos e parece que será tão bom quanto um Homem de Ferro - da “Maravilhosa” Concorrência (fanboys gritando SACRILÉGIO nesse instante). Sábado passado rolou um preview no Entertaiment Tonight que havia me deixado previamente preocupado, graças ao foco nos momentos canastrões do filme e no pouco cuidado com o acabamento dos efeitos visuais (provavelmente por causa da baixa qualidade do vídeo). Esse trailer novo mostra um pouco mais de refinamento, e o clima heróico esperado de um filme do Lanterna. Um pouco de galhofada ainda tá lá, mas ficou balanceado ao ponto de poder ser classificado de bom humor.

Vamos aos finalmente logo, até porque nem sei se alguém tá lendo isso. Como vocês devem saber, o filme conta como Hal Jordan se tornou um Lanterna, é dirigido por Martin Campbell e tem estréia prevista pra 17 de junho de 2011.

 

[Via Omelete]

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Avatar FiliPêra

Império dos Sonhos

 

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Quem já viu os filmes mais peculiares de David Lynch sabe: ele não está nem aí para qualquer tipo de amarra ou convenção narrativa a que estamos acostumados. Seus trabalhos são um mergulho profundo em pesadelos e nas camadas psíquicas pessoais de seus personagens. Por esse motivo a máxima “ele faz cinema pra ele mesmo” se encaixa com perfeição nele. Com exceção dos ótimos A História Real e Homem-Elefante, seus filmes são misturas de momentos “reais” com inserções oníricas, que servem como um vasto aprofundamento psicológico de pessoas específicas, coisa que poucos sabem fazer. O resultado não é para todos, mas não num sentido elitista de falta de bagagem cultural, como é comum no uso dessa frase, mas unicamente pelo fato de serem poucas pessoas as dispostas a se submeterem a experiências tão perturbadoras e estranhas.

De uma forma geral, Império dos Sonhos forma uma trilogia de Hollywood feita por Lynch, juntamente Cidade dos Sonhos e A Estrada Perdida. Da mesma forma que houve uma amplificação dos temas, Lynch, ao longo desses três filmes, se pôs a explorar e aumentar ainda mais o desconforto com relação a quebra de linearidade narrativas de modo único. Se em Cidade dos Sonhos o fator sonho era integrante do mistério da trama, em Império dos Sonhos ele é a trama, quebrando qualquer chance de se desenvolver algum tipo de interpretação geral para tudo que ocorre por lá. E por isso o filme é caótico e gera visões completamente pessoais quanto a algum tipo de sentido existente por trás de tudo.

Alguns motivo para tamanha maluquice são puramente técnicos. Lynch abraçou a tecnologia digital, o que excluiu os custos quanto o uso de películas. Erros de gravação deixaram de ser dispendiosos e ele se permitiu viajar, filmando e refilmando à vontade, o que também lhe proporcionou a facilidade de acrescentar efeitos e cortar o orçamento. Soma-se a isso o roteiro do filme, quase inexistente, o que estendeu as filmagens e produção por quase três anos. Lynch parava a produção por semanas, esperando algum momento de inspiração pra poder retomar as filmagens. A aparente desconexão extrema das coisas que rolam na tela - o que não é inédito na filmografia do cineasta desde… bom, desde Eraserhead - surge exatamente por esse motivo, embora com algum esforço mental seja possível encontrar uma linha geral para boa parte do que rola na tela.

 

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A idéia e essência da história de Império dos Sonhos já pode começar a ser desvendada já em seu título, que cria uma conexão entre acontecimentos “reais” e uma complementação onírica dos mesmos acontecimentos. Mas não é o simples “tava sonhando… agora acordei” daqueles finais babacas em que o roteirista precisa de alguma desculpa para invalidar tudo de estranho que rolou no filme. David Lynch vai no limite e leva a um questionamento da própria realidade, ao invés de separar esses dois campos da percepção humana de forma mecânica e reducionista. Em seu título original - Inland Empire - o filme faz referência a uma área rural e semi-desértica de Los Angeles. Também pode ser entendido como uma referência a paisagem mental subconsciente humana. Juntando esses dois conceitos, podemos classificar o estado dos protagonistas de Império dos Sonhos de Deserto Mental, um lugar maluco onde o real se confunde com o não-real, que para alguns ramos da psicologia seriam interpretações criativas feitas pelo inconsciente.

Preso a isso, Lynch - para o bem ou para o mal - se liberta, inclusive de amarras rígidas como o próprio Espaço-Tempo. Nikki é uma atriz que foi famosa que está na torcida para conseguir um papel num filme importante, ao mesmo tempo que é visitada por uma vizinha aparentemente cigana que despeja várias metáforas sobre caixas de Pandora e a chegada do Diabo ao mundo. Além disso, a tal cigana traça um importante paralelo sobre como funciona as amarras espaço-temporais do filme, colocando tudo num nível próximo do da mágica. Nikki é casada com um marido ciumento e possessivo, que não vê com bons olhos o fato dela possivelmente contracenar com Devon, ator bem conhecido por transar com as atrizes que atuam ao lado dele.

Além desses personagens principais, outros orbitam ao redor, gerando linhas narrativas estranhas e que se complementam e referenciam. Logo de cara um casal com os rostos borrados entra num apartamento, numa cena erótica que contém uma frase que serve como chave para uma espécie de portal onírico do filme: “AXXoN N., a peça teatral radiofônica mais longa da história...”  Todo momento que AXXoN aparece, principalmente em alguma porta, a personagem acaba se transportando subjetivamente pra outra dimensão. Pode parecer maluco, mas não é diferente da orelha decepada de Veludo Azul, ou da arma de Cidade dos Sonhos. Quando esses elementos apareceram nesses filmes, podemos vislumbrar uma outra realidade, bizarra, estranha, um submundo… mas ainda assim palpável, e até entendível sob alguma espécie de lógica fortemente abstrata. Aqui em Império dos Sonhos as realidades abertas são múltiplas, mostrando que Lynch colocou no filme um aumento da capacidade dele de abstração, conectando o filme com a psique e a forma de nós pensarmos, de forma desconexa, não-linear.

Também existe uma similaridade desses filme com os anteriores de Lynch na forma como ele abre as portas de seu mundo mental. Em Veludo Azul é o momento em que Jeffrey fica no armário observando, em Cidade dos Sonhos é quando Betty encomenda a morte de Rita. Em Império dos Sonhos o momento é duplo: uma cena de sexo entre Nikki e Devon, logo após a revelação de que o filme que eles estão participando ser o remake de um filme jamais terminado e baseado numa lenda cigana polonesa, porque os atores acabaram assassinados como seus personagens. Esses momentos são chave, e a partir daí nada mais é convencional, Nikki se confunde com sua personagem Susan Blue e passa a chamar Devon por seu nome no filme: Billy.

 

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Essa forte metalinguagem é o primeiro fator de confusão, mas Lynch não se dá por satisfeito e mistura essas duas realidades com o psicológico de Nikki, e só aí já são três realidades praticamente distintas. Existem ainda outras linhas narrativas para embaralhar ainda mais. Parte desses elementos são puramente metafóricos. A derrocada psicológica de Nikki pode ser interpretada como a jornada de construção de personagens levada a cabo pelos melhores atores, e isso é escancarado quando descobrimos Nikki como como atriz e protagonista de seu próprio filme, mostrando visualmente o caráter dualista das melhores interpretações. Em alguns momentos isso vai tão longe que vemos ela se observando, participando duplamente da mesma cena, como protagonista e uma estranha observadora que embaralha o desenrolar dos acontecimentos.

Fora isso Lynch ainda espalhou cacos de outras projeções em seu filme. Vemos uma novela polonesa - que são possíveis conexões com o fato do roteiro ser baseado numa lenda polonesa -, uma garota assistindo a tal novela, uma sitcom com personagens com orelhas de coelho que mais se assemelha a um purgatório, algo no estilo da Sala Vermelha de Twin Peaks. Essas camadas se interpõem e se misturam. A garota é assistida e interage com o filme de Nikki, que entra na novela polonesa. Personagens observam outros por frestas e telas - Lynch gosta desse conceito de visualização interpretativa da realidade, no melhor estilo da Psicologia da Percepção.

Além desse joguete puramente psicológico que pode ser interpretado de uma infinidade de formas - embora o próprio Lynch diga que os espectadores devem fugir de qualquer tipo de interpretação racional, “real” -, existem outras formas de analisar Império dos Sonhos. Tecnicamente ele é bem diverso, o que casa de forma magistral com a imposição climática que David buscava. O peso do noir, bastante aparente em Cidade dos Sonhos, aqui retorna em algumas camadas exploradas pela narrativa. A típica aura de terror com suspense psicológico dos filmes do cineasta, com o peso das trilhas sonoras, aqui está em tudo, a loucura crescente de Nikki é nossa loucura, não somos meros espectadores da mesma forma que ela não é uma simples atriz interpretando um papel. Existe também no filme uma pesada crítica ao modus operandi hollywoodiano, que descarta atrizes que terminam se prostituindo nas imediações barra-pesada do lugar, e isso fica claro com o contato de Nikki com várias prostitutas e mendigos na calçada da fama.

 

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Analisando Lynch como um filho das artes plásticas, é de se julgar Império dos Sonhos como a obra-prima dele, pois é a que mais aproxima cinema da abstração que ele pretende alcançar com suas narrativas estranhas e inserções oníricas no meio do filme. Mas como puro cinema, o filme é unicamente três horas de um amontoado de coisas praticamente sem sentido quando confrontado com nossa visão racionalista cartesiana e mecânica. Para os que odeiam essa mistura de linguagens artísticas, o filme é uma merda inominável, para outros um exemplar de cinema-arte genuíno. No fim das contas ele é uma experimentação extrema de Lynch, que com certeza ficou feliz com o resultado alcançado. Para mim, é um meio termo desses extremos. Os últimos resquícios de roteiro convencional que David possuía - que tornaram A Estrada Perdida e Cidade dos Sonhos razoavelmente interpretáveis - foram definitivamente abandonados, e seus filmes parecem caminhar na direção da pura viagem mental, tornando a experiência ainda mais inacessível e única, no melhor estilo Fellini e Buñel.

Eu gosto, embora pareça forçação de barra, pois leva o cinema a seus limites, escapando do convencional e nos obrigando a absorver o filme de formas um pouco diferente. Mas quem achar um filme descartável Eu até entendo, afinal, como disse Carl Jung, nossa percepção se divide em pensamento, sentimento, sensação e intuição… duas delas dispensando a racionalização. E Lynch usa o cinema pra explorar essas nossas faculdades pouco usadas.

 

Inland Empire (France | Poland | USA, 2006)

Diretor: David Lynch

Duração: 180 min

Nota: 8

Avatar Voz do Além

Transformando favelas em obras de arte

 

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JR não é um artista qualquer. Ele é um fotógrafo francês que chama seu trabalho de a maior galeria de arte do mundo. Bom, creio estar ele certo! Após tirar as fotos que deseja, ele as imprime em stickers e cola em edifícios - geralmente sem a permissão oficial. O tema da sua última exposição foi 28mm - Women Are Heroes, e consistiu de fotos gigantescas de rostos femininos de moradoras do Morro da Providência, no Rio de Janeiro. 

Essa etapa brasileira foi a terceira do projeto 28 milímetros, feita depois de levar JR a África das guerras civis e ao Oriente Médio das mulheres reprimidas pela pesada carga religiosa.

Pelo conjunto da obra ele ganhou o prêmio Technology Entertainment Design (TED), e 100 mil doletas em dinheiro!

 

Site oficial do projeto | Site oficial dele | Canal do YouTube | Entrevista com JR na Folha

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Abaixo uma arte que ele fixou próximo ao Muro das Lamentações:

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[Via Wooster Collective]

Avatar Voz do Além

Sydney, eis a sua cara

 

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O Projeto Face of Sydney fez uma experiência interessante: fotografar milhares de moradores da cidade e unir todos os rostos para conhecer… a face de Sidney. Mais de 60 mil pessoas foram fotografadas no processo, de recém-nascidos a idosos de mais de 90 anos. Etnicamente falando, 50% das pessoas se definiu como anglo-saxônica (ou celta), e cerca de 3% como indígenas. O restante se dividiu entre outras etnias, com destaque para os chineses.

O resultado você vê acima, um rosto masculino e outro feminino - abaixo a junção dos rostos somente do bairro Haymarket, de maioria chinesa.

 

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[Via io9]


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