sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Avatar Colaborador Nerd

[Pipoca e Nanquim] Coleções

Por Pipoca e Nanquim

 

43- Coleções de Quadrinhos - Pipoca e Nanquim - Cinema e HQs por pipocaenanquim no Videolog.tv.

Programa ideal para todos que colecionam quadrinhos! Damos algumas dicas de como conservar e guardar sua coleção, demos risadas apontando manias e coisas que irritam um colecionador e discutimos se atualmente vale mais a pena comprar os mensais nas bancas ou esperar os albuns de luxo nas livrarias. Vários causos nesse programa, um de bate-papo super gostoso que mais do que nunca fez o programa parecer menor do que já é. Ah o Alexandre também finalmente levou algumas de suas revistas ultra-raras para mostra-las a vocês!
 
Não se esqueçam que o PDF com todas as dicas dadas no programa anterior, Rock Parte2 já está disponível. Tá esperando o que para baixar e começar a correr atrás desses filmes e quadrinhos?

BAIXE AQUI A PUBLICAÇÃO DO PIPOCA E NANQUIM

Avatar FiliPêra

Um pouco sobre Batman 3

 

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Entre Batman Begins e O Cavaleiro das Trevas, Christopher Nolan fez O Grande Truque, filmaço em todos os sentidos. Então temos uma linha aí: Batman Begins > O Grande Truque > O Cavaleiro das Trevas. Depois de Cavaleiro, Nolan fez A Origem… o que me faz pensar que se essa linha ascendente continuar, veremos um filme pra mudar nossas vidas.

Agora, depois dessa conversa mole, as tais informações que o título do post dá a entender que existam: Nolan confirmou o título do filme, e ele será… The Dark Knight Rises (A Ascenção do Cavaleiro das Trevas). A data de estréia tá mantida (por enquanto) pra 20 de julho de 2012, mas ao contrário do que se especulava, ele não será 3D. E Nolan explicou porque, em uma entrevista ao blog Hero Complex. Segundo Nolan, o terceiro filme é como um fechamento de tudo que ele começou em Begins e continuou em Cavaleiro, e por isso não quer mudar o visual e o clima, o que com certeza rolaria se ele optasse pelo 3D. No entanto, as câmeras com alta definição e cenas capturadas em IMAX continuarão.

Quanto ao vilão, esqueçam Charada! Nolan foi taxativo ao dizer que ele não é o vilão do terceiro filme. Boatos já dizem que tão rolando testes pra escolher uma Selina Kyle (Mulher-Gato, para os leigos).

Simples assim… as filmagens começam em abril do ano que vem.

 

[Via Hero Complex]

Avatar Voz do Além

Nova categoria de assassina de bebê: mãe jogando FarmVille

 

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Já escrevi por aqui alguns casos bem bizarros envolvendo pessoas desequilibradas e videogames - tipo ESSE, ESSE e ESSE. O caso de Alexandra Tobias, 22 anos, é mais um desses tristes acontecimentos fatais. Ela confessou ter matado seu filho Dylan Lee Edmondson, de três meses. O motivo foi: “Ele estava chorando demais enquanto eu tentava jogar FarmVille”. Daí ela foi até onde o bebê estava, o chacoalhou, fumou um cigarro e continuou a chacoalhar. Ela acha que ele bateu a cabeça em algum canto.

A Justiça considerou o crime assassinato em segundo grau, e Alexandra pode pegar perpétua, chacoalhando grades de prisão pelo tempo que quiser.

 

[Via Gizmodo]

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Avatar FiliPêra

Possíveis imagens do PSP Phone

 

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A boataria tá comendo solta e ao que tudo indica a Sony tá preparando uma segunda geração do seu portátil - o PSPGo é uma versão 1.5… que falhou. E mesmo que a Nintendo já mostrado ao mundo sua nova máquina de fazer dinheiro seu 3DS, a casa do PlayStation ainda guarda mistério sobre o sucessor do PSP. Mas, de qualquer forma, a Sony deve dar detalhes de seu novo console em breve.

Mas, antes disso, o Engadget colocou as mãos em imagens que eles juram de pés juntos que são de um protótipo do novo aparelho. Tanto que nem logomarca da empresa possui, além de exibir um visual meio bruto demais, sem acabamento ou refinamento. Conceitualmente, o visual lembra bastante o design do PSPGo misturado com a linha Xperia, o que não deve trazer os melhores pensamentos à memória dos gamers.

Mas nem só de games vive o novo aparelho da Sony: ele é um telefone também (não falem N-Gage, por favor), e com uma configuração de primeira. Ele teria um Android 3.0, com uma acesso a uma loja da Sony com games, filmes, músicas e outros conteúdos exclusivos pra ele. A tela fica entre 3.7” e 4.1”, processador Qualcomm MSM8655 de 1GHz, e 512MB de RAM - o PSP primeira geração possui 64MB de RAM e 333MHz.  Além disso ele (supostamente) terá cartões microSD no lugar de Memory Stick e uma área touchpad que parece ser um Dual Shock. Tem também uma câmera com flash e 1GB de ROM. Além do mais, ele deve ter a tela toda touchpad e rodará games do PSOne e PS 2.

Tempo depois das imagens rodarem a net, um executivo da Sony afirmou que elas são fakes… e o Engadget retrucou, dizendo que são reais. Só resta esperar, mas achei meio feinho, embora as configurações sejam de respeito. Mas, se a Sony não tiver uma arma secreta na manga, vai tomar uma surra homérica do 3DS!

 

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[Via Engadget]

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Avatar FiliPêra

Carnivàle [Parte II]: O Fim da Era da Magia

[Primeiramente, meus mais sinceros agradecimentos a minha amada Nane Ulsan, pelas explicações acerca do Tarô, e pelas nossas conversas sempre elucidativas sobre Filosofias Orientais. Sem ela esse texto não seria o mesmo; ganhou o cargo de Consultora Editorial para Assuntos Transcendentais. E agradeço também ao Rodrigo "Lorde Velho", por ter me indicado a série depois da minha decepção com a última temporada de Lost e ter me incentivado a escrever esse texto]

 

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Tudo é impossível até não ser mais.

Ben Hawkins, Avatar da Luz

Como avisei, esse texto será cheio de spoilers, resultantes de uma análise da mitologia e das referências da série. Portanto, se pretendo assistir a série, não leia agora. Para quem não assistiu a série, será um pouco difícil entender o que escrevi, já que é necessário um conhecimento dos acontecimentos do programa para associa-los as referências mitológicas. Mas, mesmo se não tiver visto, fique à vontade pra ler, visto vários conceitos empregados na série serem universais. Eu fiz o possível pra tornar o texto coeso, explicativo e linear, mas em alguns momentos vou citar elementos da série que só explicarei mais abaixo. Portanto, é só ler o texto completo.

A grande atração de Carnivàle, como já exposto no outro texto, é o confronto entre o Bem e o Mal e a vasta mitologia arraigada a essa luta. Aqui esse confronto existe através de Avatares da Luz e das Trevas que a cada geração entram em combate. Na personificação mostrada na série eles, são justamente Ben (da Luz) e Justin (das Trevas). Toda a narrativa joga pistas bastante importantes acerca da fusão mitológica e alegórica de Carnivàle, mas muito disso termina por passar despercebido graças às múltiplas camadas narrativas que Knauf construiu - fora alguns não totalmente explicados por causa do prematuro cancelamento da série. Sonhos, visões dentro de sonhos, tarô, profecias, ordens secretas... vários dos elementos presentes no programa exigem um certo background por parte de quem assiste pra não ficar no escuro a todo o momento. A diferenças da série para um filme de vampiro e zumbi, por exemplo, é que as mitologias expostas ali não são integrantes do Inconsciente Coletivo, sendo necessários certos estudos para compreendê-las em sua totalidade. É de se igualar Carnivàle ao arco Arcádia, de Os Invisíveis (inclusive existe uma referência ao contexto desse arco no meio da segunda temporada, quando Henry Scudder revela que o segredo dos templários se encontra na igreja de Rennes-le-Château), onde uma gama de tramas e subtramas míticas e literárias de difícil compreensão leva o leitor/espectador a entrar num dilema bem drástico: ou mergulha de cabeça no universo da série e tenta compreender o que tá rolando ali, ou simplesmente desiste e conclui que aquilo não é pra ele. Muitos desistem, é natural (e triste) que não queiram gastar um pouco de energia mental para escrutinar uma trama densa, mas ao mesmo tempo bem gratificante; enquanto os que se propõe a isso se tornam fanáticos conhecedores de detalhes. Meios termos pra esses pólos são bem raros.

Na frase inicial proferida por Samsom na abertura da série está a chave pra compreender muito do caráter da luta: "E a cada geração nascia uma criatura de luz e uma criatura de trevas". Aqui fica clara a natureza básica de como os embates se localizam no Espaço-Tempo, com cada Avatar distinto lutando por seu lado. Avatar é um termo hindu que significa a encarnação de um ser supremo, divino. Por isso é tão natural dentro do Hinduísmo que se adorem crianças e adultos com deformidades, encarando-as como dádivas e reencarnações de deuses - o que me remete a uma das passagens mais geniais de Do Inferno, obra prima de Alan Moore, quando Willian Gull diz a John Merrick que se ele tivesse nascido na Índia, seria adorado como reencarnação de Ganesh.  O escrito indiano Vedas provavelmente possui a melhor definição do termo: "Avatara, ou a encarnação da Divindade, descende do reinado divino pela criação e manutenção da manifestação em um corpo material. E essa forma singular da Personalidade da Divindade que então se apresenta é chamada de encarnação ou Avatara. Tais Personalidades estão situadas no mundo espiritual, o reinado divino. Quando Eles transcendem para a criação material, Eles assumem então o nome Avatara". Não sei até onde a aplicação absoluta dessa definição é correta em relação aos personagens antagônicos da série, pois aqui os Avatares são humanos com poderes a serem desenvolvidos - cura, profecia, matar e controlar pessoas com o pensamento - além de representações de forças opostas, mas dotados de personalidade e livre arbítrio. Em resumo, não são necessariamente deuses, mas sim possuidores de uma essência divina.

Os nomes dos personagem também retratam essa dualidade: Hawkins remete a falcão, ave nobre, do dia; e Crow remete a corvo, ave sombria, necrófaga. O que diferencia a série do contexto aristotélico de oposição positivo-negativo é a sobreposição da personalidade dos Avatares sobre a própria missão deles. Geralmente, em narrativas desse estilo, os personagens agem inconscientemente, são meras marionetes da encarnação deles, sujeitos a um Determinismo extremamente reducionista, resumindo a trama a um embate de entidades poderosas, como vimos na conclusão de Matrix Revolutions. Em Carnivàle, Scudder quebra essa escrita, e torna sua condição de Avatar das Trevas - que deveria ser instintiva, inconsciente - consciente, o que o leva a abandonar sua missão, desfigurar o próprio rosto e sumir, tornando-se peça-chave da busca da penúltima geração de Avatares (já falo sobre a linha sucessória da Dinastia Avatárica). Por outro lado, é fácil constatar que os dois Avatares da geração focada na série não tomaram essa consciência, principalmente Justin, que parece sem rumo e controlado por seu inconsciente das Trevas, enquanto Ben recebe a ajuda do Avatar da Luz anterior, Lucius Belyakov, a Gerência.

A hereditariedade dos Avatares é outro conceito a ser explicado, pois não necessariamente o filho de um Avatar da Luz vai ser um da Luz, por exemplo. Esse tipo de troca ocorreu na geração de Avatares da série: Justin, das Trevas, é filho de Belyakov; enquanto Ben, o da Luz, é filho de Scudder, que era das Trevas. Os poderes deles são diversos, embora não descritos totalmente ao longo da série. Pelo fato da série ter sido cancelada apenas com um terço dela lançado, Knauf fez declarações acerca dos poderes deles: somente os Avatares das Trevas sofrem dores físicas quando os Avatares da Luz usam suas habilidades; os dois podem transmitir ou receber visões de outros, bem como localizar a proximidade do seu oponente de modo físico, o que contribui para a inevitabilidade do confronto deles.

Abaixo está uma genealogia de uma linhagem avatárica, mostrando o Alfa, que dá origem a toda a linhagem, os Profetas, os Príncipes Ascendentes e o Ômega - só Alfa e Ômega são obrigatoriamente mulheres, os Avatares são obrigatoriamente homens (é por uma interpretação do Vedas, que muitos consideram Jesus Cristo uma divindade feminina, após ele ter dito que é o Alfa e o Ômega).

 

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No contexto da série, o Alfa, segundo Daniel Knauf (como a série não se desenvolveu o bastante, muito do descrito aqui é derivado de escritos que ele mandou pra HBO buscando a aprovação da série), seria uma mulher pré-diluviana e todas as informações sobre ela se perderam com a destruição de Alexandria e sua vasta biblioteca. Em Alfa, a matriarca da linhagem avatárica, estariam os dois poderes antagônicos unidos e equilibrados, e a passagem deles para um próximo integrante seria como obra ocasional. O parto de Alfa é obrigatoriamente de gêmeos, cada um deles representando um lado da luta, além de serem os primeiros Profetas da Luz e das Trevas. A sucessão de nascimentos daria origem a duas Dinastias (ou Casas) distintas, que poderiam perdurar por séculos ou morrer em uma geração. O próprio poder avatárico impede que mais de um sucessor seja gerado, pois a mãe de cada um dos avatares se torna estéril e insana após o parto, como bem prova o estado da mãe de Ben Hawkins, a mãe de Scudder - que arrancou os próprios olhos - e a mãe de Sophie, eternamente vegetalizada depois de dar a luz a uma filha de um Avatar das Trevas.

Sophie é o elemento Ômega da linhagem, fechando-a completamente, por ser filha de um Avatar das Trevas e ter feito sexo com um Avatar da Luz. Ela contém as duas Dinastias dentro de si. O Profeta é o possuidor do sangue azul, também chamado de Vitae Divina. Ele seria o Avatar atuante, e mesmo que exista um sucessor dele nascido, somente através de um ritual que veremos logo abaixo ele abandona essa condição e seu sucessor deixa de ter sangue vermelho pra ter sangue azul. Os Vectori são integrantes (geralmente) femininos intermediários da Dinastia, e mesmo inseridos na genealogia avatárica, não possuem os poderes dos Profetas, mas podem desenvolver pequenos poderes e níveis diferentes de insanidade.

A sucessão de Profetas ocorre com a benção, quando o sucessor já nascido - chamado de Príncipe Ascendente - mata seu antecessor. Mas existem certos requisitos para essa morte ocorrer da forma correta. O Profeta assassinado pelo Príncipe deve ser pego de surpresa para evitar que ative defesas psíquicas. Ele não pode estar drogado, pois drogas trazem confusões mentais que estragam a benção. Caso o Príncipe assassine o Profeta fora dessas condições, se tornará completamente insano. Se o Profeta morrer por qualquer outro fator, o Príncipe se torna Profeta, mas com deficiência de poderes, que jamais atingirão seu auge. Knauf, em um fórum de fãs de Carnivàle, faz insinuações sobre a sucessão avatárica ao longo da história, apontando Buda, Maomé e Jesus como Avatares da Luz, e grandes conquistadores como César, Alexandre, Vlad como Avatares das Trevas. Além disso, Rasputin seria o início de uma das Dinastias sendo levada pra Rússia. Só é importante frisar que boa parte desses conceitos e nomes não chegaram a ser inseridos na série, pelo seu prematuro cancelamento. 

 

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Imagens da abertura da série

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Cartas Lua e Sol

Na abertura da série encontra-se outra pista sobre a natureza dos personagens, já que ao final da sequência as duas cartas (lâminas) de tarô que sobram são a Sun e Moon - ambos os símbolos representam a dualidade presente no próprio logotipo do circo, que possui um sol e uma lua -, ou Deus e o Diabo. Toda a abertura da série mostra uma sucessão de acontecimentos pós-Fim da Última Era da Magia, com a associação de cartas de tarô com símbolos modernos da Era da Razão - a Torre com o Capitólio, a Morte com criminosos em massa, como Stalin e os líderes da Ku Klux Klan, o Mago com os grandes representantes dos circos modernos, como músicos, esportistas e celebridades -, mostrando como a degradação da existência humana se acentuou com o triunfo Iluminista-Materialista. E é nos sonhos e visões que os personagens (e nós) descobrem várias coisas relativas a própria natureza da missão deles. Essa sobreposição de camadas de realidade - realidade misturada com sonhos, onde os sonhos e visões geralmente são mais importantes do que os fatos - é um dos principais motivos pelas quais os espectadores, e mesmo os críticos de TV experientes, reclamaram do modo como Carnivàle é narrada. O crítico de TV do site The Midway admitiu isso, afirmando que a primeira temporada de Carnivàle é "muito artística e esotérica, e a sua falta de envolvimento o impediu de compreender o que diabos estava acontecendo, o que pode ser um problema para uma série dramática da televisão".

É durante os sonhos/visões, por exemplo que conhecemos a história dos dois soldados que se enfrentam durante a I Guerra Mundial. E nesse exemplo é fácil perceber como a série se utiliza desse tipo de elemento para fisgar um público mais sofisticado. É possível sentir que o embate é importante, embora a narrativa não nos diga como - ao menos não da forma fácil. O roteiro ainda faz pior e relaciona esse embate com personagens misteriosos à Justin e Ben, ao colocar Ben sem pernas e somente com um braço ao lado de um vitorioso reverendo Justin. Para piorar, nessa altura dos acontecimentos pouco conhecemos a respeito de Avatares e embates históricos.

Carnivàle usa fartamente desse modo de construção dramática. E quando as revelações chegam, elas vêm de forma nada fácil. É durante uma das experiências oníricas de Ben, por exemplo, que lemos a palavra repetida TARAVATARAVA repetida a exaustão no interior de uma mina. Mais tarde, durante uma tentativa de suicídio, Ben é capaz de rearranjar a palavra e perceber que é AVATAR (o que mata o questionamento que alguns podem ter a respeito da associação de Avatares com a sucessão genealógica dos personagens da série). A partir daí, a série não se presta a explicar como se comporta uma linhagem avatárica, somente expondo algum conceito que difere da mitologia estabelecida pelo hinduísmo. Então, a iniciativa de buscar conhecimento é de quem assiste - e mesmo que não o busque compreenderá tudo, ainda que de forma menos ampla. Dessa mesma forma, ouvimos várias vezes durante a série a frase Todo Profeta em sua casa. Como a série possui um vasto conteúdo religioso, é de se imaginar que seja algo relacionado a Bíblia, mas a frase logo pode ser ligada ao conceito de Dinastia, onde Ben e Justin, como Príncipes Ascendentes, devem se tornar o Profeta de sua geração, realizando o ritual da benção.

Nesse ponto, alguns (principalmente os que viram a série, já que para mim seria bastante custoso dissecar a mitologia e ao mesmo tempo explicar toda a sucessão de eventos das duas temporadas) devem estar se perguntando a relação dos Avatares com os sonhos e visões acerca do Condutor, o Homem Tatuado (mesmo com a revelação de que Justin seria ele). Dentro da série, a árvore da tatuagem seria a famosa Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, que foi morada do Diabo incorporado de serpente no Jardim do Éden, palco da primeira tentação da história da humanidade. A Árvore, como seu nome deixa claro, representa conhecimento, representa abrir os olhos, como explicou a Serpente para Eva. Ela seria o ponto-chave do coração do Condutor, que é o Avatar das Trevas da última geração, prenunciando a destruição que viria através do Falso Sol. Justin é o Condutor, o prenúncio do Armagedom vindouro, e como tal só pode ser morto por um golpe num dos ramos da árvore tatuada dado por uma faca banhada com Vitae Divina - assim como pode ser visto no último episódio da segunda temporada (só lembrando que a faca de Hawkins havia sido banhada pelo Vitae após ele matar Belyakov). O Condutor daria origem também ao Anticristo, que na série é Sophie, como prenunciou Lodz depois de possuir o corpo de Ruthie e escrever com batom num espelho que Sophie é o Ômega.

Então, resumindo tudo que vimos até agora, pra facilitar. Os Avatares da série fazem parte de duas Dinastias distintas com uma matriarca em comum (Alfa). Os gêmeos patriarcas dessas dinastias que Alfa gerou foram os primeiros Profetas. Profeta é o Avatar atuante, possuidor do sangue azul, o Vitae Divina. Uma Dinastia pode gerar Avatares das Trevas e da Luz. O sucessor do Profeta é o Príncipe Ascendente, que deve matar o Profeta para se tornar o Avatar atuante. Vectori são outros filhos nascidos de mães de Avatares - nascidos antes, já que depois de parir um Avatar, a mãe enlouquece -, e geralmente possuem pequenos poderes ou algum nível de insanidade. O fim da linha de sucessão avatárica - que é o evento narrado na série - é o nascimento do Ômega, uma mulher que possui ligações com as duas Dinastias antagônicas. No caso, é Sophie, que é filha de Justin e fez sexo com Ben. Para anunciar o fim dessa linhagem, existe a figura do Condutor, que é o genitor do Ômega. Agora continuando...

 

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O Condutor

Na fala inicial de Samson no primeiro episódio da segunda temporada podemos entender melhor como a geração de Avatares Scudder-Belyakov foi de fato única: "Usando roupas de um combatente e chamando ‘a guerra de todas as guerras’, aquele das trevas tentou enganar seu destino, vivo como um mortal. Então, ele fugiu através do oceano, até um império chamado América. Mas com sua mera presença, um câncer corrompeu o espírito da terra, pessoas ficaram submissas a tolos que falavam muito e não diziam nada... para que a opressão e covardia eram virtudes... e liberdade uma obscenidade. E nesta terra de trevas, o profeta perseguiu seu inimigo até que, subjulgado pelos ferimentos, ele se voltou para o próximo na antiga fileira de luz. E foi assim que o destino da humanidade acabou por repousar nos ombros fracos do mais relutante dos salvadores".

A fala remete a trajetória de Belyakov e de Scudder, que transferiram os confrontos das Dinastias para os EUA. Henry Scudder combateu na I Guerra Mundial - que foi chamada de "a guerra para acabar com todas as guerras" - e estava sendo caçado por Belyakov. Numa dessas caçadas, Belyakov foi surpreendido pelo urso Bruno, que pertencia a Lodz. O ataque o deixou sem as pernas e um braço e Scudder aproveitou e fugiu após conhecer Lodz. Poucos anos antes, Belyakov havia tomado consciência de ser membro de uma dinastia avatárica e tentou matar seu próprio filho após ter estranhas visões depois do nascimento dele - mas ele e a irmã Iris (que é uma Vectorus) foram resgatados pelo reverendo Norman e passaram a viver nos EUA. Scudder combatia na Europa porque havia sido condenado por pequenos crimes nos EUA e no pós-guerra acabou se juntando ao circo de Lodz - que logo percebeu os poderes dele - em apresentações pela Europa devastada. Belyakov, por outro lado, lentamente se recuperou de seus ferimentos e se pôs a estudar manuscritos antigos até entender completamente a essência dele. Scudder podia sentir que Belyakov o procurava e se mudava constantemente.

De um atrito com Lodz resultantes dessas andanças, ele fez a troca: deu poderes paranormais a ele em troca da visão dele. Essa concessão de poderes resultou numa ligação mental entre eles, que Belyakov compreenderia quando encontrou Lodz em Veneza, prometendo a ele restaurar a visão caso o ajudasse a encontrar Scudder. Scudder, por sua vez, retorna para a América, se casa e tem um filho, mas volta a fugir e morar em diversas cidades diferentes quando pressente a chegada de Belyakov. Em Babylon, mora numa mina por um tempo, e acaba se unindo ao circo Hyde & Teller Company, onde trabalha por quase um ano e conhece Samson e vários outros freaks presentes na série. Belyakov usa a ligação mental de Lodz para chegar ao paradeiro de seu inimigo e compra o Hyde & Teller Company, mas Scudder escapa dias antes. Como novo dono, Belyakov muda o nome do circo para Carnivàle (e o dele próprio para a Gerência) e passa a rodar uma série de cidades em busca do seu oponente espiritual, substituindo Samson por Lodz como co-gerente. Quando Lodz falha ao prever que Scudder entrou na Ordem dos Templários, Samson retorna a seu antigo emprego. Dezoito anos depois de comprar o circo, Belyakov sente que Ben Hawkins tem idade suficiente para se juntar a ele, e o aborda, dando início a primeira temporada de Carnivàle.

 

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Símbolo dos Cavaleiros Templários na série

Outros conceitos inerentes a série merecem explicação. A Ordem dos Templários é descrita no documento inicial de Knauf entregue a HBO - o Carnivàle: The Pitch Document - como uma "fraternidade de companheiros de viagem, um desdobramento contemporâneo de uma antiga ordem de monges guerreiros inicialmente ligados a Igreja Católica Romana, com a missão de localizar e auxiliar o Avatar [da Luz]. No final do dia 14 século, a ordem foi injustamente acusada de heresia em massa, a maioria de seus membros foram presos, torturados e queimados na estaca. Os poucos sobreviventes da Inquisição se esconderam, e formaram uma sociedade secreta assegurada por juramentos de sangue, cimentados por rituais misteriosos". O documento continua descrevendo-a, dizendo que seus membros esqueceram da missão original da Ordem, passando a simplesmente desempenhar serviços comunitários. Mas um círculo de poderosos membros se mantinham fiéis na busca de novos Avatares, embora a falta de estudos destes acabou por minar sua capacidade de ação e terminando por ajudar Avatares das Trevas, como é o caso de Scudder. Knauf afirmou depois que os Templários apareceriam novamente em temporadas posteriores, e a importância deles seria levemente aumentada.

O Tarô é um elemento bastante importe a mitologia da série - como expliquei ao descrever um pouco a abertura do programa -, prenunciando vários acontecimentos importantes. As leituras de Sophie no primeiro episódio, por exemplo, revelaram fatos passados da vida de Ben relacionados ao poder de cura dele, enquanto no quinto episódio da segunda temporada, Sophie repete a visão de Ben acerca da explosão de Trinity, dessa vez observando ela mesma inserida na visão, beijando Ben em meio ao cogumelo atômico. O baralho usado por Knauf para estruturar o esoterismo de grande parte da primeira temporada é o Rider-Waite, um dos mais usados no meio místico. Em alguns episódios posteriores ele fez certas misturas de baralhos, inserindo elementos do Tarô de Marselha - o mais conhecido e usado no Brasil -, enquanto na abertura ele uniu pinturas clássicas aos Arcanos do Tarô.

No primeiro episódio da segunda temporada, Ben se revolta com a armação de Belyakov para matar Lodz e fazê-lo compreender o mecanismo de transferência de vida que é a base do poder curativo dele. Para fazê-lo entender sua missão, ele induz uma visão, colocando Hawkins no meio de um deserto onde soa um alarme e uma gigantesca explosão ocorre. Essa visão se liga diretamente a fala inicial de Samson - "E foi assim até o dia em que um falso sol explodiu sobre Trinity, e o homem trocou para sempre a magia pela razão" - sendo o "falso sol" a bomba atômica. Aparentemente, a missão dos Avatares das Trevas é justamente preparar o caminho para esse evento, que seria o prenúncio de uma Era particularmente sangrenta (Guerra Fria, isso logo após as explosões atômicas no Japão). A missão deles seria justamente acabar com a Era da Magia. Reforçando isso, temos a fala de Justin proferida no meio da explosão, durante a visão dele: "Seu filho de serpentes, quem lhe mandou fugir da fúria que está por vir?", dando uma idéia de inevitabilidade da explosão de Trinity. Em várias legendas, o termo Trinity foi traduzido como "trindade" ou "todos nós", o que é uma pequena incoerência. O mais correto seria manter o termo, pois é uma clara referência a Experiência Trinity, o primeiro teste nuclear da história, feito em Novo México.

 

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Bom, isso é o que consegui identificar vendo a série uma única vez e pesquisando um pouco os roteiros de Knauf. Naturalmente existe bem mais para se achar ali, e outras coisas que com certeza seriam inseridas nas outras quatro temporadas. Mas a série fica como exemplo de bom uso temático para a criação de um Universo único, coeso e original. Pena que o público não esteja muito preparado para absorver algo com tamanho nível de complexidade. No mais, Carnivàle é uma mostra de como alta sofisticação narrativa e temática está intimamente ligada a qualidade.

 

[Referências]

Rennes-le-Château

Dust Bowl

[PDF] Carnivàle: The Pitch Document

Experiência Trinity

Vedas

Tarô

Avatar FiliPêra

Blogs capixabas no Em Movimento

 

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O Programa Em Movimento, que vai ao ar todo sábado pela TV Gazeta ES, é um daqueles que praticam jornalismo jovem, e explora o universo capixaba, com matérias sobre música, arte, moda, comportamento, esportes, ecologia, cidadania e outros temas diversificados. O tema de uma das matérias do último sábado foi o universo de blogs capixabas, e Eu fui um dos entrevistados, assim como os donos do Style-a-Holic, Oh My Rock, Adriana Jenner e Babado Certo.

Abaixo o vídeo da matéria:

 

Caso queira assistir com qualidade melhor, abra o Windows Media Player, Arquivo > Abrir URL (ou Ctrl+U) e cole o seguinte endereço:

http://wm.globo.com/webmedia/windows.asx?usuario=gazetaes&tipo=ondemand&path=/tvgazeta/emmovimento_201010_05.wmv&ext.asx=

 

É NOZES!

Avatar Murilo

Quão perigoso é um zumbi

 

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Ainda me lembro da época dos zumbis lerdos, mais burros que uma porta, tomando as ruas, do nada, em busca de carne humana. Com o tempo até eles evoluíram. Simplesmente, os produtores de cinema acharam que aqueles zumbis antigos não tinham mais graça nenhuma e injetaram mais ação na coisa toda. Os zumbis estão cada vez mais rápidos, fortes e alguns chegaram até mesmo a adquirir inteligência. Na imagem acima, cortesia do Yahoo! Movies, você pode ver o grau de periculosidade de cada tipo de zumbi e começar a se preparar para um vindouro apocalipse zumbi.

 

[Via Sedentário]

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Avatar FiliPêra

Carnivàle [Parte I]: Despertando os que dormem

[Essa primeira parte do meu texto sobre Carnivàle se concentra nos aspectos narrativos e técnicos da obra. A segunda parte, que sai amanhã, focará os aspectos mitológicos e será recheada de spoilers]

 

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Antes do início, depois da grande guerra entre o Céu e o Inferno, Deus criou a Terra e a entregou ao ardiloso macaco chamado homem. A cada geração nascia uma criatura de luz e uma criatura de trevas e grandes exércitos se digladiaram na noite da antiga guerra entre o bem e o mal. Era um tempo de magia, nobreza e inimaginável crueldade. E foi assim até o dia em que um falso sol explodiu sobre Trinity e o homem trocou para sempre a Magia pela Razão.

Samson, dono do circo Carnivàle

 

As pessas nessas cidades estão dormindo... nós as acordamos.

Sophie, cigana leitora de tarô

 

O Bem e o Mal são conceitos profundamente arraigados na mentalidade humana - principalmente no pensamento ocidental. Enquanto os orientais possuem o Yin Yang, que prega a idéia do equilíbrio entre forças opostas, e o i Ching, com seus hexagramas de diferentes estados; os ocidentais se atém a Filosofia aristotélica de bem e mal em luta de forma inteiramente separada e não-complementar. No Aristotelismo não existe meio termo, dúvida, complemento, o cinza e nem qualquer tipo de equilíbrio: é sim ou é não - enquanto a filosofia do Tao abarca todos os estados naturais e intuitivos da natureza e da humanidade< mesclando mais de um ao mesmo tempo. Correlata a essa visão de estados da principal corrente de pensamento grega - mesmo que derivada de uma interpretação essencialmente exagerada e errônea - surgiu o maniqueísmo fundamentalista que conhecemos hoje. Todas as religiões monoteístas se baseiam na visão aristotélica da oposição de forças e da necessidade de seguir um dos dois lados que existem no mundo. O grande problema dessa filosofia surge justamente ao traçar de forma cimentada o que seria o caminho "certo", absoluto a se seguir. A visão de uma única pessoa - ou um grupo pequeno - acabaria se estendendo a toda uma população. As próprias bases da computação se baseiam nessa dualidade dicotômica - o que é zero não é um e daí se deriva toda a infinidade de funções digitais.

Se analisarmos a Bíblia facilmente entenderemos como esse conceito é errôneo se aplicado de forma tão generalista e absoluta. Todos os 66 livros da Bíblia narram a luta da Trindade Divina contra Satanás para resgatar a humanidade do Pecado, e para isso Jesus desce dos céus e se sacrifica pela humanidade com o objetivo de cumprir uma lei que ele mesmo havia imposto - e que sabia que seria quebrada antes mesmo de criá-la. Durante essa saga milenar podemos ver com certo nível de detalhes - ignoremos que os escritores da Bíblia não são exímios em qualquer tipo de linguagem literária mais apurada... embora Eu tenha consciência que esse tipo de comparação não é lá muito correta - que Deus, mesmo sendo o Todo-Poderoso, Fonte de Todo o Amor, Luz do Mundo... tem falhas e desejos humanos. Em alguns momentos ele age como uma criança birrenta. Durante a adoração ao bezerro de ouro, Deus fala a Moisés que destruirá seu próprio povo escolhido e que fará dele um patriarca. Moisés diz que se destruir o povo, terá que destruir a ele próprio e arranjar outro patriarca e Deus desiste da idéia - sim, Deus sucumbiu a uma chantagem emocional, além de ter-se arrependido de uma maldade que fizera (Êxodo 32: 8-14). Esse é apenas um dos inúmeros episódios bíblicos - livro que deveria não deixar dúvida quanto ao supremo amor de Deus - que mostram como o conceito dicotômico de Aristóteles é falho em sua própria concepção. Não existe perfeição na Terra nem no Céu, assim como não existe maldade pura. O mundo e a existência humana é recheada de áreas cinzentas, um monge shaolin extremamente bondoso pode matar um guarda que se atreve a entrar em seu templo, assim como um estuprador pedófilo pode dar a vida para salvar a própria filha. O mais correto seria dizer que uma pessoa possui uma forte tendência para o mal, e outra possui o mesmo para o bem. Boa índole e má índole, sem nada absoluto - por motivos óbvios não vou analisar possíveis estruturas psicológicas humanas para tentar lançar um pouco de luz sobre o assunto.

No geral, quando uma obra propõe mostrar essa dualidade - que em maior ou menor grau influencia praticamente todos os filmes americanos - ele se atém a jornada heróica de algum personagem falho que toma consciência de seu poder e missão. É assim com Matrix, por exemplo, onde Neo aos poucos vai aprendendo sobre seus poderes e sobre o que ele deve combater. Desde o início conhecemos a personalidade de Neo, o que ele representa e as metáforas inerentes a construção do personagem, assim como reconhecemos Smith como amoral, a máquina contra o humano, a destruição contra a vida. Não existem muitos meios termos a serem analisados nesse embate. Então, Matrix é uma obra muito mais aristotélica e cristã do que a própria Bíblia, pois não vemos nos métodos e ações de Neo & Cia traços que refletem ações análogas às de Smith. Eles são inteiramente dicotômicos, os objetivos dos dois são maiores do que qualquer resquício de personalidade que possuam. Para reforçar essa visão, na última luta é exposto o modo como Neo mata seu oponente: simplesmente com Luz, que fisicamente sempre vence as trevas, só dependendo de intensidades.

Um modo um pouco diferente de construção dessa jornada de herói pode ser vista em Os Invisíveis. Mesmo que Jack Frost represente o Bem (ou algo próximo a isso), e seja o herói na narrativa, é possível enxergar o que é chamada de guerra suja, indistinta nos métodos dele. Existem momentos em que os heróis estão paranóicos, não sabem exatamente o que estão fazendo ou mesmo se somente são parte de engrenagens dentro de um sistema maior. Perguntam a si próprios porque participam de verdadeiras carnificinas. E a partir disso, questionam se realmente estão do lado certo, se a missão deles é válida. Pouco desse aprofundamento surgiu em Matrix - Grant Morrison, que escreveu Os Invisíveis, insiste que Matrix é um plágio descarado de sua série, e bem, muitos conceitos escritos por ele estão por lá - tendo o herói dúvidas somente em relação ao que vem ser o sistema a ser destruído, principalmente quanto à confiança dos rebeldes com a Oráculo. O final, que podia ser bastante consistente, acabou sendo palco de um desvio narrativo que colocou Smith como o centro do Mal na trama, o que dentro dos conceitos iniciais da trilogia pode ser visto como falho - embora muitos aplaudam pela mensagem pacifista, chegando a compara-la a de Watchmen.

 

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E daí surge a beleza e uma inovação na apresentação de Bem e Mal de Carnivàle. A série se apropria de todos esses clichês envolvendo lutas entre o Bem e o Mal, e de certa forma os distorce ao máximo. Somos lançados nos EUA em tempos depressivos, mais precisamente em 1934, quando os efeitos do Crack da Bolsa de 1929 estão estremecendo a nação. No meio de áreas atingidas pelo Dust Bowl - uma série de tempestades de areia devastadoras que atingiram os EUA durante toda a década de 1930 -, conhecemos o circo itinerante Carnivàle, comandando pelo misterioso anão Samsom - que recebe ordens da Gerência, um estranho ser que vive atrás de uma cortina e é dono do circo. Em uma parada num ponto qualquer, eles encontram Ben Hawkins, um fugitivo da lei que está enterrando a própria mãe e esconde poderes paranormais, além de ter acabado de ficar sem casa, destruída por tratores. Ao mesmo tempo conhecemos o reverendo Justin, um metodista obcecado pela obra de Deus, a colocando acima de tudo, e tendo estranhos sonhos proféticos que ele interpreta como o caminho que deve seguir. Ao longo da série, as duas linhas narrativas paralelas aos poucos - e sutilmente - vão se unindo, dando sinal de um inevitável embate entre as partes. O caminho de Ben e Justin parece se encontrar num mistério central: descobrir o paradeiro do misterioso Henry Scudder, um ex-integrante do circo que guarda estranhos poderes e desapareceu depois de um tempo.

Basicamente é esse antagonismo que é o tema central da série, o que parece mostrar uma certa simplicidade excessiva da parte de Daniel Knauf, escritor por trás de tudo. Como disse no começo, dicotomia entre bem e mal é um assunto manjado e Carnivàle usa essa premissa somente como mote para apresentar uma série de camadas quase sempre complexas. Aos poucos descobrimos que o fato de Ben ter entrado por circo foge do mero acaso, assim como uma sucessão de acontecimentos na vida de Justin, principalmente relacionados ao passado dele e a missão que ele acredita que Deus o deu: criar uma congregação com imigrantes fugindo do Dust Bowl e demitidos pela crise econômica. Logo Ben se envolve num jogo parapsiquíco com Lodz, o cego leitor de mentes do circo, além de apresentar uma estranha ligação com Ruthie, a encantadora de serpentes. Justin, por outro lado, tem dificuldades com seus superiores eclesiásticos, e logo depois com a própria lei, precisando tornar-se maior que ela.

A visão de Ben do circo é a nossa (na verdade, é bem clássico esse artifício de começar narrativa com a chegada de um Escolhido ao grupo, o que tem também a função de nos contextualizar no universo ficcional da obra), e felizmente a série foca no dia-a-dia do espetáculo circense - alguns com certeza não irão gostar, principalmente pela pegada meio Freaks de certos momentos - e dá a esses personagens a profundidade necessária para inseri-los na trama, não recorrendo somente ao trio Ben-Justin-Samson. Os outros personagens circenses são mais do que meros extras na série, e possuem motivações e são parte de subtramas geralmente interessantes, constituindo teias dramáticas às vezes não relacionadas à história central da série. A família das stripers, bem como a relação dela com Jonesy, o manco braço direito de Samson, é um desses personagens, assim como os problemas de Sophie - que lê cartas de tarô - com sua mãe em estado vegetativo.

 

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Apesar de ser uma série de alta qualidade, ganhadora de cinco Emmys e nove outros prêmios importantes da TV, ela não é de fácil assimilação, e mistura temas pesados como manipulação, religião, sistemas mágicos, psicologia, religiões orientais... tudo entrecortado de cenas de nudez explícita e violência. Como disse Matt Roush, do TV Guide, Carnivàle é o "show perfeito para aqueles que pensavam que Twin Peaks era muito acessível". Em primeiro lugar ela não possui qualquer tipo de cliffhanger ou grandes momentos de ação, baseando sua continuidade nas descobertas dos dois personagens principais a respeito de sua própria natureza. Dessa forma, o que você não sabe se torna tão importante quanto o que você sabe, e isso subverte várias regras áureas da ficção. O ritmo é essencialmente lento, vai te fisgando aos poucos, e essa soma de fatores acaba por minar um pouco a adequação de Carnivàle como série de TV - ao menos do modo como o público a absorve - sendo mais adequada para se assistir em maratonas (como Eu fiz, e sempre faço com todas as séries que vejo).

Foi esse tipo de crítica que se fez quase onipresente quando a série alcançou seus primeiros capítulos: focava-se na qualidade inigualável dela, mas ao mesmo tempo identificavam uma inadequação de ritmo e um excesso de hermetismo que minava a experiência do público médio. Basear a série em mistérios e altas doses de esoterismo dava a impressão que nada acontecia para os que não se punham a decifra-la. James Poniewozik, da revista Time disse que os "três primeiros episódios são frustrantes... mas ao mesmo tempo fascinantes". Já Joseph Adalian, editor de TV do Daily Variety, pontuou que "a série vai ser positivada na maior parte revisões, mas algumas pessoas vão ficar estarrecidas com estranheza geral do show". Com o pack da primeira temporada lançado, as críticas melhoraram. Duas delas merecem ser citadas: "Carnivàle pode exigir mais de seu público do que muitos estão dispostos a investir. [...] Sem prestar muita atenção, é tentador assumir que o show é desnecessariamente pretensioso", "Carnivàle tem uma história longa e complexa, e se você não começar bem do início, estará completamente perdido".

O problema talvez tenha sido o excesso de ambição de Knauf ao conceber a série. Bom, a culpa não é exatamente dele já que encaro ambição narrativa como mérito, mas sim da falta de visão comercial ao estruturar sua cria. Com um custo de quase 50 milhões de dólares por temporada - 4 milhões por capítulo, 12 episódios por temporada -, e se fixando em temas não tão comuns assim do público médio norte americano, a série acabou por perder parte da sua audiência na segunda temporada - de uma média de 3,54 milhões de espectadores da primeira temporada, para 1,7 milhões na segunda -, o que minou sua longevidade e provocou um cancelamento prematuro demais. A idéia de Knauf era fazer seis temporadas e a cada duas temporadas fechar um arco, até chegar a "explosão do falso sol sobre Trinity" (falo sobre isso depois), que representaria o fim da Era da Magia e a consolidação da Era da Razão Materialista na Terra.

 

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O básico da história concebida por David Knauf surgiu da insatisfação dele com o emprego de corretor de seguros, o que o levou a escrever uma primeira versão do script da série entre 1990 e 1992. Seu interesse por circos na época foi projetado para a trama, e a parte freak vem da pouca aceitação que tinha seu próprio pai deficiente na sociedade. Era seu primeiro roteiro, que se destacava porque mesmo em sua fase mais inicial continha inúmeros detalhes e um plano bem elaborado para um fechamento. Seu tamanho era de 180 páginas, o que é mais ou menos o dobro da maioria dos roteiros completos de longa metragem. E mesmo com esse tamanho, ele chegou a conclusão que o roteiro ainda não fazia jus a sua história e decidiu engavetá-lo e só retoma-lo a sua escrita quando tivesse mais experiência. Após não conseguir emplacar nenhum roteiro significativo em colaboração com alguns escritores de Hollywood, um amigo dele dá a idéia de montar seu roteiro de Carnivàle para a TV, no formato de uma série episódica. Após conversas com Chris Albrecht, um dos chefões da produção da HBO, ele obtém sinal verde e liberdade quase total, tendo 21 dias para produzir o episódio piloto e estabelecer os rumos definitivos da história das primeiras temporadas. Foi durante esse período inicial que o papel de Justin cresceu, assim como o da irmã dele, Iris. Também foi acrescentada a família de strippers - a mãe e duas filhas, além do pai, que apresenta o show - que se tornaria de grande importância pra série - e que só seria concebida graças a extensas pesquisas de Knauf acerca dos clubes burlescos.

Tecnicamente a série é impecável, como praticamente tudo que sai da HBO. Os atores estão na ponta dos cascos, com destaque para Michael J. Anderson, como o anão Samsom - na verdade, rolou uma sincronicidade quando comecei a escrever esse texto: no exato dia em que iniciei essa resenha, assisti, minutos depois de concluir a introdução, um episódio de Twin Peaks onde Anderson aparece pela primeira vez na sala vermelha dançando e falando ao contrário -,  e Nick Stahl como Ben Hawkins. Não existe um ator sequer que não dê profundidade ao seu personagem. Até os vilões causam a antipatia necessária. Não se surpreenda se odiar a petulância e a obsessão de Justin - sendo acobertado e incentivado por Iris -, a irritação de Lila (a mulher-barbada, que protagoniza uma cena de sexo especialmente repugnante com o Lodz), e outros personagens propositalmente irritantes. Aliás, Linda Hunt também merece destaque, por dublar a Gerência (dublagem não creditada), com uma voz andrógina e metálica como pedia o papel. A ambientação é perfeita, com cenários bem detalhados, figurinos bem feitos - cheios de terra e surrados, pra dar o ar da Depressão do período - e uma extensa pesquisa musical e de gírias da década de 1930, o que complementa o clima (clima que é ajudado pela decisão da HBO de não inserir comerciais entre os episódios).

Falar mais de Carnivàle sem leves spoilers é complicado, principalmente porque o que sustenta a série é justamente o mistério. Existe um clima de horror e suspense no ar a todo o tempo, no melhor estilo dos longas sonho-realidade de David Lynch. Aliás, muito da concepção de Carnivàle se deve a outra série de cheia mistérios famosa, na verdade uma das pioneiras nisso: Twin Peaks. A narrativa aposta num certo sentido instintivo de quem assiste: é fácil sentir que algo está acontecendo - algo ruim, geralmente - mesmo não sabendo exatamente o que é. É uma inversão interessante da importância consciente-inconsciente dentro de uma construção ficcional, e isso é muito constante também no modo de agir dos próprio personagens, que têm que confiar em habilidades que nem eles entendem. O modo de contar a história abusa de momentos oníricos - sempre representativos e importantes pra trama... aliás, as camadas oníricas chegam a ser mais importantes do que as reais em vários momentos - e da não-linearidade, e cria uma conexão densa com o mundo circense e religioso do presente. É uma forma pouco usada de apresentar as coisas, deixando claro que a jornada de Ben-Justin é apenas um ponto de um contexto grandioso envolvendo gerações, algo bem diferente do propósito de várias séries.

Essa forma de narrativa não-linear pode parecer pouco amigável para muitos, mas em suma é superior na maioria dos casos. Imagine um grande quebra-cabeças do quadro Escola de Atenas. Caso te dessem as peças de forma linear e ordenada, o processo de montá-lo seria extremamente mecânico, drenando sua atenção quanto a própria figura. Como você sabe a ordem exata e o lugar em que as peças se encaixam, vai se concentrar unicamente em colocá-las no lugar e pronto, dispensando observações mais atentas da figura. Mas se as peças chegassem de forma completamente não-linear - como um quebra-cabeças de verdade - sua atenção quanto ao objeto a ser montado seria redobrada, tudo precisaria fazer sentido e você a todo o momento precisaria olhar a figura total para saber o que já foi montado e onde mais peças precisam ser encaixadas. Montando o quebra-cabeça de forma não-linear você teria mais possibilidade de saber onde está Platão e Sócrates no quadro.

 

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Carnivàle é uma das melhores série de TV que assisti nos últimos tempos, não fazendo concessões narrativas e não necessitando se ater a estruturas comuns de séries americanas. Se estiver disposto a mergulhar num universo mitológico rico, profundo e difícil, ela é obrigatória. Mas, como toda obra de arte, é necessário realmente ir a fundo nos temas propostos, pesquisando temas e destrinchando mistérios. Definitivamente não é para qualquer um, mas o resultado é recompensador. Uma pena ter sido cancelada na segunda temporada - mas existe um fechamento, um final -, pois a tendência era ficar cada vez melhor. A única esperança que resta é o fato da HBO ter recusado vender o roteiro para Knauf, que pretendia escrever graphic novels para completá-la. Então, quem sabe um dia eles não resolvam retomá-la? Seria um novo marco na TV americana!

 

Carnivàle (EUA, 2003–2005)

2 temporadas, cada uma com 12 episódios de cerca de 60 minutos

Criação: Daniel Kauf

Nota: 9,5

sábado, 23 de outubro de 2010

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Anna Chapman na Maxim. Quem disse que espionagem não compensa?!

Lembra de Anna Chapman, a espiã russa que foi pega nos EUA recentemente e logo depois deportada? Então, a Maxim Rússia gostou do fator beleza e fez um ensaio com a lindinha. O resultado você vê abaixo!

 

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[Via English Russia]

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

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[Pipoca e Nanquim] Rock ‘n Roll Parte 2

 

42- Rock'n'Roll: Parte 2 - Pipoca e Nanquim - Cinema e HQs por pipocaenanquim no Videolog.tv.

Atendendo pedidos, trouxemos a segunda parte do programa sobre Rock’n’Roll! Claro que aqueles que ainda não assistiram a primeira parte podem ver essa numa boa, mas aproveite para assistir os dois logo de uma vez!

Só que antes de qualquer coisa, atentem para nossa novidade. Ao final desse post você vai encontrar um link que irá levá-lo até um download. Isso mesmo, um download. Trata-se do informativo do programa Pipoca e Nanquim. Chega daquele negócio de assistir o videocast com o bloco de notas anotando todas as dicas que passamos, pois agora nós fazemos isto por você! Criamos um PDF com cada uma das indicações passadas pelo programa. A publicação de hoje reúne tudo que foi comentado no tema da semana passada, “Baseado em Fatos Reais” (se ainda não, clique aqui). Será sempre assim: o PDF sai uma semana depois do programa, ok?

O tema de hoje é pra balançar os esqueletos (essa frase ficou ridícula, mas beleza). Nessa segunda parte do tema, não nos esquecemos de falar de The Wonders, Velvet Goldmine, Quanto Mais Idiota Melhor, Escola de Rock, Alta Fidelidade e mais uma porrada de filmes. Em quadrinhos, alguns lançamentos recentes, como Mondo Urbano e Xampu, e também coisa antiga, com o brazuca Golden Guitar!

Assistam aí, baixem o PDF, sigam o programa no twitter, adicionem no facebook, e divirtam-se!

BAIXE AQUI A PUBLICAÇÃO DO PIPOCA E NANQUIM.

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Novas edições das nossas revistas digitais favoritas

O FARRAZINE e a revista Arkade estão com novas edições. Sem perda de tempo, vamos a elas:

 

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Para o aniversário de 3 anos do FARRAZINE, trouxemos um convite para nossos leitores, contamos um pouco de nossa história e temos também:

A primeira parte da matéria sobre a história do game King's Quest (por Jacarandá); uma análise coerente sobre Os Invisíveis (por FiliPêra), de Grant Morrison; resenha sobre a banda Charme Chulo (por Josi Woodstock); a HQ Manuela, feita a seis mãos (Jluismith, Dias e Snuckbinks); as tirinhas comoventes de A Vida com Logan (de Flávio Soares); contos e muito mais...Publicado em 20.10.2010. Abaixo os links!

RAR | PDF | Online | Orkut

 

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A guerra entre luz e sombra domina a edição 16 da Revista Arkade. Castlevania: Lords of Shadow é o destaque desta edição, trazendo um novo descendente do clã dos Belmont em sua eterna luta contra as forças do mal. Não deixe de conferir também as análises de Civilization V, Enslaved: Odyssey to the West, Guitar Hero: Warriors of Rock, Kirby's Epic Yarn, F1 2010 e Final Fantasy XIV. Esta edição ainda traz tudo que você precisa saber sobre o novo e excelente periférico da Sony, o PlayStation Move - tecnologia, preço, jogos, novidades. Relaxe e aproveite. Seja bem-vindo à Arkade!

Nº 16

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Suprema diferença entre Twitter e Facebook

 

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"O Twitter faz eu gostar de pessoas que nunca vi, o Facebook faz eu odiar as que eu conheço." @shaylamaddox

Eu não uso Facebook pra confirmar, mas achei válida a observação sobre o Twitter!

 

[Via Gizmodo]

Avatar FiliPêra

Ganhadores das camisetas LoL

 

Direto ao ponto: os premiados foram o @Sophos_S  e o @alaiRc. Ambos seguem tanto o @BlogNSN e o @mundolol! Agora é só eles se cadastrarem no site para receberem os prêmios. Parabéns aos dois.

É NOZES!!!

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Avatar FiliPêra

The Event… confidencial

 

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Estreou dia 18 passado The Event, a série (mais uma) que tem por missão substituir Lost, com aquela pegada de mistério e quebra-cabeças espalhados pro tudo. Para aumentar esse clima meio paranóico, o Universal Channel - que está exibindo a série no Brasil - me enviou um dossiê com segredos ligados a trama da série.

Pode-se dividir o dossiê em dois: a Evidência A, um papel com mensagens pela metade, mas que pode ser lido com uma caneta de luz UV, enviada junto com o material; e a Evidência B, um pendrive com um vídeo de 521 MB que contém um trailer e vídeos de bastidores da série e outros extras, além de 30 fotos pra divulgação. Com a caneta é possível ler (catei do Pink Vader):

 

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“A namorada de um jovem rapaz desaparece durante um cruzeiro. A busca por seu paradeiro provoca um enorme impacto em um eclético grupo de pessoas que inclui o recém-eleito presidente americano, numa série de acontecimentos extraordinários e aparentemente inexplicáveis.

Mistério envolvendo instalações militares secretas, informações acobertadas pela CIA, suspense e intriga sobre um grupo de prisioneiros até então desconhecidos. Estes são alguns dos ingredientes escolhidos pelo time de roteiristas para envolver o público numa teia de acontecimentos que nos leva à maior e mais bem guardada conspiração na história americana, que pode mudar o destino de toda a humanidade.

Isso é tudo que se sabe sobre esta surpreendente trama. O que não é segredo para ninguém é que THE EVENT, a série mais disputada e aguardada nos EUA chega ao Brasil pela Universal Channel, no dia 18 de outubro às 22h.

Assista ao conteúdo exclusivo disponível no pendrive anexo. São trechos inéditos, entrevistas com o elenco e imagens dos bastidores. Acesso também www.qualasuateoria.com.br, onde encontrará mais informações sobre a série e poderá compartilhar sua própria teoria sobre qual é o grande evento.”

O vídeo do trailer você pode ver abaixo - as entrevistas são meio longas, mas interessantes, só que não achei vídeos delas - e me lembrou um pouco Heroes e (bate na madeira) Flash Foward.

 

Na pasta ainda é possível encontrar fichas (no melhor estilo serviço secreto) dos personagens, sinopses e rápidas explicações sobre como será o andamento da série. Entre as fichas, descobrimos que o namorado que busca a desaparecida no cruzeiro é Sean Walker e Leila Buchanan é a desaparecida, descobrimos também uma ficha do presidente dos EUA Elias Martinez,  e outra do chefe da CIA Blake Sterling, além de uma da prisioneira Sophia Maguire.

 

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O material é de primeira - parabéns pra Universal - e dá uma boa instigada pra ver a série. Resta saber se ela merece esse hype aí. Como só vejo séries com temporadas completas, vai demorar pra Eu assistir, mas se vocês postarem comentários razoavelmente explicativos com as impressões do primeiro episódio aí embaixo, faço um post compilando-os.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Avatar FiliPêra

Eleições e Imparcialidade

Devido a um monte de coisas que estou vendo com relação a essas eleições, principalmente em como a mídia está repercutindo diversos fatos relacionados a ela, pensei em fazer uma série de textos relacionando isso com um pouco de psicologia e a mentalidade de parte do povo brasileiro - que se repete em todos os lugares do mundo. Mas abandonei a idéia, por uma série de motivos. Talvez Eu faça depois que o furacão passar - e parar de receber emails com difamações envolvendo terrorismo e satanismo, que só cegos de marca maior levam em conta.

Mas, fiquem com dois exemplos claros de como a dualidade política existe de forma bem clara e não-declarada, mas muita gente não enxerga. No primeiro exemplo, temos a capa da Veja x a capa da Istoé dessa semana. Não vou discutir aqui o alinhamento político das duas publicações, mas quem tiver a oportunidade, dê uma olhada nas capas anteriores da Veja, principalmente as várias que continham um polvo nelas. São vergonhosas (estética e simbolicamente), e representam o pior do jornalismo brasileiro na minha humilde opinião, pegando indícios jornalísticos e transformando em matérias de capa (nada mal pra quem já disse que os EUA salvaram a gente da Crise Econômica). Um dos problemas da capa da Veja é principalmente o momento em que ela entrou em cena, justo quando as suspeitas contra a campanha de José Serra estouravam, eles mostraram falas da Dilma sobre o aborto - e aposto que não investigaram a suspeita de um aborto feito pela mulher dele - se alinhando a própria campanha de José Serra, com santinhos feitos exclusivamente para evangélicos. Enfim, fiquem com as imagens. Eu não sou especialmente fã da Istoé, mas nessas eleições, entre as principais revistas semanais, foi ela que fez a cobertura mais equilibrada - e não é só pela tentativa de contraposição a capa da Veja.

 

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Abaixo, dois vídeos que mostram melhor o ponto sobre imparcialidade que quero apontar com esse post. Primeiro um que mostra a cobertura feita pela Record da agenda de José Serra, e o segundo que mostra o mesmo evento mostrado pela Globo. A diferença é bem clara.

 

Logicamente não existe imprensa imparcial, e existe a possibilidade de aquele tal protesto não ter sido mais que uma pequena confusão, mas omiti-lo totalmente me parece um tanto quanto oportuno. Mas, cada um vê o que quer!

 

[Via Treta & Treta]

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Promoção Nerds Somos Nozes e Camisetas LoL

 

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A LoL e o NSN irão sortear duas camisetas do World's Greatest Boss. Para participar é fácil, basta seguir o @mundolol e retuitar a frase: @BlogNSN eu quero uma camiseta do @mundolol http://goo.gl/rbMR

Faremos o sorteio no dia 21 de outubro às 22 horas, por meio do site Sorteie.me. Os ganhadores serão divulgados nos dois sites e no Twitter.

Boa sorte!

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Cidade de Deus é o 6º melhor filme de ação de todos os tempos, segundo o Guardian

 

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Dos mainstream, o Guardian é o jornal que mais respeito, junto com o Le Monde. Na verdade, tenho uma certa tendência a gostar de jornais ingleses ao invés dos americanos. Isso é só pra mostrar porque dei importância pras listas que os críticos de cinema do Guardian estão fazendo, relacionando os melhores filmes de cada gênero cinematográfico. Ontem foi a vez da lista dos 25 melhores filmes de ação e de guerra. Olha os 10 mais aí abaixo:

1. Apocalypse Now (1979)
2. Intriga Internacional (1959)
3. Era Uma Vez no Oeste (1968)
4. Meu Ódio Será Sua Herança (1969)
5. Amargo Pesadelo (1972)
6. Cidade de Deus (2002)
7. Glória Feita de Sangue (1957)
8. O Salário do Medo (1953)
9. O Tigre e o Dragão (2000)
10. Além da Linha Vermelha (1998)

Reparem o fato de Cidade de Deus ser o único filme da década aí (década pra mim começa em 01, só pra constar) e o único brasileiro. A classificação é Merecida, junto com Tropa de Elite 2, provavelmente é o melhor filme nacional dos últimos 25 anos, com o melhor roteiro, também. Mas Eu tiraria Era Uma Vez no Oeste e colocaria Três Homens em Conflito, que é muitíssimo melhor.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

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Novo aliado da contra-inteligência americana (e dos chefes marrentos): impressoras Canon

 

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Quem já viu filme de espionagem, provavelmente já conhece uma cena clássica: um espião infiltrado numa corporação senta no computador do chefe de algum departamento secreto e escolhe entre enviar arquivos secretos desse computador pra uma rede ainda mais secreta pertencente ao serviço dele, ou imprimir tudo e sair com os papéis na mão. A internet do departamento geralmente falha e ele - suando mais as cataratas do Iguaçu - escolhe a impressora (esse nunca trabalhou em escritório e não tem medo das HP, com certeza). Ele imprime tudo rapidamente (mais fácil um espião transar em gravidade zero do que imprimir uma papelada de primeira, mas ignoremos) e sai com os documentos na mão, tudo no esquema!

Bom, se depender da Canon, isso nunca mais vai rolar. A empresa apresentou o sistema uniFLOW 5 - destinado ao gerenciamento de impressões de grandes empresas com dinheiro sobrando -, que tem como principal mudança a inserção de um esquema que bloqueia a impressão de documentos com palavras proibidas. A impressão simplesmente não rola se nomes de clientes importantes, a palavra confidencial, projetos secretos e mais um monte de palavras dentro de um sistema configurável… estiverem nele. E pior: tudo será arquivado e uma cópia será enviada ao administrador do sistema. De sacanagem, o computador de quem tentou imprimir ainda receberá um email escrito "desculpe, você não pode publicar isso".

O mesmo rola com scaneadas e xerox que estiverem gerenciadas pelo sistema: colocou pra copiar um documento com palavras proibidas, o sistema faz uma leitura ótica de tudo e caso ache alguma coisa não-adequada, faz uma cópia em PDF e também envia ao administrador do sistema.

Tudo muito lindo e seguro, se não fosse a inteligência humana que consegue fazer leves alterações nas palavras e burlar isso. Exemplo: Confidencial tá proibido? Troque pra C0nfid3ncial e tá tudo limpo. Ou simplesmente coloque uma _ em alguma letra da palavra para o sistema deixar passar. Ou manda pro email, melhor ainda, o que demonstra bem que me parece um gasto bem inútil.

PS: No fim das contas, acho que nem [NSFW] ISSO vai acabar!

 

[Via Download Squad]

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Como veríamos o mundo, se tivéssemos um super zoom de 10 mil vezes

Já que hoje é Dia das Imagens por aqui, vamos a mais uma seleção. O jornal Telegraph fez uma galeria de imagens do livro Microcosmos, Brandon Broll, com curiosas fotos captadas por microscópios eletrônicos. O resultado é bastante interessante visualmente!

 

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Formiga carregando um microchip

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Chip de silício modelo EPROM (Erasable Programmable Memory Read-Only)

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Cílios humanos grudados na pele

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Esperma humano

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Velcro

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Piolho se agarrando a cabelo em cabeça humana

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Cabelos e espuma entre as lâminas de aparelho de barbear

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Cabeça de mosquito

[Via O Buteco da Net]

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Fotos históricas de Star Wars

A Vanity Fair passou a semana embasbacando fãs de Star Wars e publicou trechos e fotos do livro The Making of Star Wars: The Empire Strikes Back, de J.W. Rinzler. O filme considerado o melhor da trilogia, completou 30 anos no dia 21 de maio (18 de setembro, no Brasil).

 

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Essa vai destruir corações…

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Veja mais fotos e legendas na referência abaixo!

 

[Via Vanity Fair]


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