quarta-feira, 12 de maio de 2010

Avatar Murilo

A "arte" de destruir bons filmes

Post escrito a quatro mãos com o Roberto

 

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O cinema americano está enfrentando a maior crise de criatividade da sua história. Já não bastam mais inúmeras seqüências só para encher o rabo de grana. Tem que fazer adaptações e mais adaptações de livros, HQs, games, e até brinquedos; e remakes, que tiram tudo o que havia de bom em clássicos do cinema e de filmes que marcaram uma geração em refilmagens sem propósito e imaginação. Tanto que hoje algumas pessoas se referem aos filmes que tiveram remake como vítima.

Depois que o Felipe Storino resenhou A Hora do Pesadelo tivemos a idéia (na verdade foi o Paulo Roberto que teve, mas tudo bem) de falar de alguns filmes que foram os mais ridículos remakes já feitos nos últimos tempos. Seja por ter alterado radicalmente a história e os personagens, ou por ter até cenas com o mesmo ângulo do original, ou simplesmente por fazer você se sentir um merda por ter gasto dinheiro com um filme que já imaginava ser ruim.

 

Sexta-Feira 13: Na realidade, nem chega a ser um remake de verdade. Quem viu o filme original (se não viu pule para o próximo, porque darei um baita spoiler agora), sabe que na verdade o assassino era a Sra. Voorhes, mãe do Jason. Os produtores preferiram avançar essa parte e transformaram a sequência dos acontecimentos do primeiro Sexta-Feira 13 em uma introdução de menos de 5 minutos tão corrida que quem nunca assistiu deve ter saído do cinema coçando a cabeça sem entender nada. Preferiram enfocar mais o Jason. Falando nele, ele deixou de ser um cara que sai de um lago para vingar a morte da sua mãe. Agora tem até esconderijo secreto! E ele corre (tá, aqui pode ser purismo meu), coisa que nunca fez em seus outros filmes! E uma das soluções mais bobas que já vi num filme: ele confunde uma garota desconhecida como sendo a sua mãe e a rapta. Mas como, se ele mesmo viu a sua mãe sendo morta?

Um adendo: Em filmes slashers como Sexta-Feira 13 os personagens sempre bebem, fumam e transam durante o filme. Neste remake optaram por mostrar isso de forma ainda mais exagerada. São longos minutos de cenas de sexo e os personagens bebem e se drogam tanto que até hoje eu me pergunto como eles aguentaram correr do Jason.

 

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Psicose: Só existe um motivo que legitima um remake. Uma nova visão da obra original. Sem isso nem vale a pena começar a pensar nos atores. E foi justamente o que fizeram na refilmagem de Psicose. São as mesmas cenas com os mesmos ângulos. Algumas das poucas diferenças são os atores e o fato do filme ser colorido. Falando sobre os atores, estes interpretaram tão mal que pareciam recitar suas falas, cientes de que elas marcaram o imaginário dos milhares de fãs de Hitchcock. Enfim, uma refilmagem dispensável.

 

O Sacrifício: Este filme já iniciou sua queda antes mesmo de começar. O filme clássico (de 1973) era intitulado de O Homem Espantalho, já em seu remake se chamou O Sacrifício. Mas isso não é tudo, na verdade é apenas o começo. A história traz de um policial escocês (Nicolas Cage), cristão devoto que se dirige a uma ilha isolada à procura de uma menina desaparecida. No decorrer das investigações o mesmo descobre que a ilha é povoada por pagãos que adoram rituais de fertilidade que logo de cara o deixa estupefato. 

Como adepto fervoroso da cultura cristã, Cage acredita que o sexo só pode ser praticado após o casamento, ou seja, o cara era cabaço. Indo cada vez mais fundo em suas investigações, ele descobre que não está ali por acaso, que no remake se torna engraçadíssimo com frases do tipo “alguma coisa ruim está para acontecer, estou sentindo” que lhe farão rolar de tanto rir.

Até então, seria um filme que você assistiria sem grandes pretensões, mas o que realmente se tornou um tiro no pé foi a total ausência do erotismo. A temática do filme original, tendo em vista se tratar de cultos a fertilidade explora a todo o tempo o erotismo, com cenas de mulheres peladinhas ao longo de toda a película.

Não preciso dizer que o filme foi um fracasso e quase acabou com a carreira de Nicolas Cage, que não fez outra coisa senão correr e gritar o filme inteiro enquanto mulheres peladinhas queriam sacrificá-lo para que houvesse fertilidade nos pomares da ilha. Esse também foi outro erro do remake: eles trocaram os pomares inférteis por abelhas inférteis. Agora eu pergunto o que tem a ver pomar com abelha?

 

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Karatê Kid: Todos nós, em nosso passado negro, quando crianças, curtimos Karatê Kid (pode dizer que não é verdade, mas eu aposto que depois de assistir o filme você ficou passando a cera no carro do seu pai ou pintando a cerca do jardim da sua mãe achando que seria um mestre em Karatê). Daniel Sam e suas poses espalhafatosas antes de efetuar os golpes e o  Sr. Miyagi sempre calmo, sereno e podando o seu Banzai. Com certeza você deve se recordar da história.

O remake do filme se passará em Pequim aonde Dre (interpretado pelo filho do Will Smith), juntamente com sua mãe se mudam para a populosa cidade chinesa com o intuito de começar uma nova vida. Dre, por ser diferente dos chineses, começa a ter dificuldades no colégio aonde estuda. Um grupo de alunos (aprendizes de karatê é claro) o açoitam constantemente, e nesse momento ele que ele conhece Mr. Man (Jackie Chan), o qual começa a ensiná-lo a arte do karatê (há controvérsias), para que assim venha desafiar os alunos e conseqüentemente ficar livre dos mesmos.

O que me chamou a atenção foi o seguinte: o filme não se chama Karatê Kid? Então por que raios o filme se passa na China? Deixe-me ser mais claro, o Karatê se originou no Japão (se não me engano em Okinawa), e Jackie Chan luta Kung Fu (originariamente uma arte marcial chinesa); como pode esse filme ter esse nome? Não preciso dizer mais nada sobre o filme, sem dúvida o Sr. Miyagi deve estar se contorcendo no caixão à essa hora.

 

Como vocês podem concluir existem inúmeros exemplos da falta de capacidade de Hollywood. Não só para criarem novas histórias, novos roteiros, mas no simples fato de fracassarem assustadoramente na produção de remakes. Não existe uma inovação nos temas, nem tão pouco no sentido de recontar histórias de forma fiel e inteligente, agregando novas tecnologias que outrora não existiam.

O Professor de escrita criativa, Robert McKee, que possui em seu currículo alunos como Peter Jackson, da trilogia O Senhor dos Anéis, e Akiva Goldsman, de Uma Mente Brilhante, afirma que “Hollywood continua à frente quando o assunto é desenvolvimento tecnológico, mas é muito convencional e com pouca criatividade” e continua dizendo que “O cinema norte-americano sabe vender ingressos e atrair público, pois têm star system e dinheiro”.

Por fim, o que nos resta agora é torcer para que haja esperança em Hollywood e assim o mesmo volte a se tornar “o grande cinema americano” de outrora, embora esta esperança esteja se esvaindo quando vejo Smurfs interpretando Pocahontas ou vampiros que viram fadas brilhantes ao contato com o sol, se tornando recordes de bilheteria.

17 Comentaram...

Paulo Roberto [Em Paralello] disse...

"Post escrito a quatro mãos" foi ótimo =D

Vlw pela parceria Murilo meu velho, show de bola!

Abraço.

Teste disse...

Cara eu tenho que concordar com você, eu assisti "O Sacrifício" com o Nicholas Cage e, embora não tenha assistido o original, posso dizer que o filme é muito ruim, um completo fracasso, não assusta ou estimula em nada, é entediante, assim como foi o rameke de "A hora do pesadelo", eu assisti o filme tomado de tédio, o filme não tem nada de assustador, eu esperava bem mais do remake, bem parece que a crise de hollywood não só vem impedindo o lançamento de "novos" bons filmes como também está destruindo obras primas que marcaram história.

Caer Itaobi disse...

"Sr. Miyagi sempre calmo, sereno e podando o seu "Banzai"" ?!? Não seria podando seu bonsai? Eu achei cretino manterem o nome de Karatê Kid num filme que é sim sobre Kung-fu, apenas para remeter à franquia original. É um insulto às duas Artes e seu praticantes, assim como à inteligência dos espectadores. Ainda assim, como filme, e esquecendo o título, pretendo pagar pra ver.

Thiago Berti disse...

Não.. os guris que batem no Dre lutam Kung Fu, e ele aprende Kung Fu, o nome é karate kid, porque tem uma hora que ele tenta revidar,e ele faz uma pose de karate.
Então os pirralhos falam "Look! It's the Karate Kid" e daí batem nele denovo. Claro que tem um pouco de querer pegar a fama do antigo..
Mas creio que seja isso mesmo, até acho que o filme pode ser bom.

Paulo Roberto [Em Paralello] disse...

@Mandos Fëantur

Meu caro obrigado pela correção. Realmente é Bonsai mesmo, mas até que ficou engraçado, quando li seu cometário pensei: "Putz, é mesmo!!!!". Rachei de rir aqui sozinho.

Abraço irmão.

Elvis disse...

Olá!
Como sempre não tenho o que reclamar do post. O único adendo que faço, meio correção, é que o filme karate kid, leva o nome(em um dos motivos), pelo fato do garoto "Dre", ter um certo conhecimento em karate, e tentando se defender dos chineses da escola, ele recebe o apelido de karate kid, aí entra Jackie Chan e tra-lá-lá... e também pra remeter à antiga franquia. Também estou esperando pra saber como será... abraço!

Marshall disse...

Existem milhares de outros exemplos é claro, mas um em especial me chateou recentemente. Vão refilmar a excelente comédia inglesa "morte no funeral"....americanos refilmando humor ingles. Preciso dizer mais alguma coisa?

guilherme.atencio disse...

Bom artigo, como sempre.
Só uma coisa: "o que tem a ver pomar com abelha?" TUDO! Sem abelhas, não há polinização, e sem polinização não há frutas e outros vegetais. :P

Cíntia Nogueira (cintiana2) disse...

O sacrifício é um filme ruim mesmo, nem sabia que era remake, mas uma coisa eu discordo do resumo, o Nicholas Cage não era um virgem contra o sexo antes do casamento, afinal ele tinha tido um caso com a mae da menina e era pai da menina.

patyozorio disse...

Concordo...Estava ontem mesmo comentando com minha mãe sobre isso... cdê os filmes bons?
Nem preciso dizer quantos remakes horríveis temos por ai,né?
No comments...

Anônimo disse...

Talvez essa onda de remakes seja falta de coragem dos produtores em criar algo diferente e perder muito dinheiro. Um roteiro original talvez não ofereça lucros (imediatos) para os estúdios, os produtores não querem um filme ignorado no início e na posteridade se transforme em cult. Eles querem - e precisam - de blockbuster que dê lucro imediato, batendo recordes de bilheterias, para isso, eles reciclam velhas fórmulas que sabem que dão certo.

Dolphin disse...

Não assisti o remake de O Homem de Palha, que é um filme muito bom por sinal.

E dupla de escrivinhadores, não rola mulé pelada o tempo todo, só meio tempo! =P

Remakes são sempre ruins. #fato

Ai Murilo, qualquer hora eu te conto como é de verdade fazer um ritual pagão "vestido de céu"! =D

Selecionado disse...

Há muito, Hollywood, faz filmes somente com segundas intenções.
Isto é,
Vender tênis Nike, carros da Ford, bolsas da Gucci. Fora disseminar a violência, que hoje impera nosso planeta. Graças a muitos filmes, hoje os filhos não respeitam mais os pais, consumem drogas "porque tá na moda"e comportam-se como marginais. A homosexualidade virou um "modismo", onde ser "emo" é legal, e a cada dia os pais perdem menos tempo, educando e explicando para os filhos "o que é certo", graças a Hollywood, e as novelas brasileiras.

Tudo tem seu porém,
Filmes como :
"Traffic" - Michael Douglas, Catherinne Zetta Jones, Benício del Toro e Dennis Quaid.
É um filme imperdível!!!!!!
Retrata a mais "pura" realidade, e devia ser obrigatário, todos os jovens entre 14 e 18 anos assistirem ao menos 02 vezes.

Porém, o cinema hoje, possui cerca de 5% de filmes excelentes, 10% de filmes bons, e 85% de filmes muito ruins.

Chaves Papel disse...

Nossa eu já não gosto dos filmes do Jason, mas este remake é uma bosta!

Tem uma cena em que ele acerta uma flecha num cara que estava andando numa lancha...PQP!

Já O Sacrifício é terrível!

Só mais duas observações:

1- WTF???

"Ai Murilo, qualquer hora eu te conto como é de verdade fazer um ritual pagão "vestido de céu"! =D"

2- Eu ri alto!

"Sr. Miyagi sempre calmo, sereno e podando o seu Banzai. Com certeza você deve se recordar da história."

Unknown disse...

O Jason deixou de correr na versão "zumbi" e imortal dele que começou no 6, antes disso teve algumas cenas que ele corre atrás das vítimas

Leandro Ilek disse...

No primeiro Karate Kid o Sr. Miyagi diz que o karate vem da China. Ele diz ter aprendido em Okinawa, sua terra natal, com seu pai.

Lucas Pessota disse...

O Kung Fu é a mãe de todas as artes marciais, mas não se trata disso, Karate Kid se tornou o símbolo de uma geração no fim dos anos 80, o filme leva esse nome simplesmente por ter o mesmo espírto do filme de 1984. Independente de ser kung fu ou karate, esse remake foi ótimo!

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