quinta-feira, 6 de maio de 2010

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Cem Anos de Solidão

Por Diego Jordan

 

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A história dos Buendia é narrada durante gerações, com filhos de sangue e adotados, que se foram com tiros na cabeça ou subindo aos céus, em um paredão por serem revolucionários ou fazendo xixi ao pé de uma arvore. Absurdos fantásticos e realismos coexistem no passar dos anos dessa família e do vilarejo onde moram, Macondo.

É exatamente em um emaranhado de acontecimentos improváveis que se tece um dos maiores e mais importantes - se não o maior e mais importante - romance latino do século XX (abro aqui propositadamente um parêntese para esboçar minha opinião sincera: ainda não li até hoje, um livro escrito por homem ou mulher das Américas melhor que este, para mim então ele é o melhor dentre os melhores). Seu nome? Cem Anos de Solidão.

Se você é uma pessoa que lê com um mínimo de freqüência e vez por outra se detêm lendo algo sobre literatura, já deve ter escutado falar deste livro. Se você é um ser que lê muito e não perde seu tempo de leitura APENAS com vampiros purpurinados ou romances água-com-açúcar, já deve tê-lo lido ou o mesmo encontra-se na sua lista.

 

Em um vilarejo afastado de qualquer civilização, no princípio visitado apenas por ciganos em seus tapetes voadores, e mais tarde por companhias bananeiras norte-americanas, se desenvolve uma pequena população. Macondo é o nome desse vilarejo, e seu principal fundador é José Arcádio Buendía, marido de Úrsula Iguaram, mãe do Coronel Aureliano Buendía, pai de dezessete filhos de dezessete diferentes mulheres. Estes mesmos filhos foram mortos um a um, justamente por serem filhos do coronel. Mas o coronel não foi o único filho de José Arcádio e Úrsula. Eles tiveram outros, que tiveram mais filhos, e esses filhos, assim como os pais e os avôs geraram mais filhos, e a história de cada um desses filhos é descrita e narrada até sua morte, ou até a sua estádia na terra, pois um deles sobe ao céu como um Anjo, talvez por ser a criatura mais racional que já existiu.

Cada um desses filhos tem sua partida descrita de uma maneira muito distinta uma da outra. Assim como Remédios, a Bela subiu ao céu; também tivemos o próprio coronel que morreu fazendo xixi ao pé da arvore onde seu pai outrora fora acorrentado por ficar louco, e onde literalmente vegetou até a morte. Tivemos ainda aquele que foi levado ao paredão por ser revolucionário, fim semelhante ao que foi dizimado em praça publica juntamente com outros manifestantes e dele ninguém nunca soube o verdadeiro fim, apenas o leitor. Uma das mortes que mais gostei, ou pelo menos a que mais me marcou, foi a de José Arcadio, o filho, que após tomar as terras dos vizinhos foi alvejado com um tiro de espingarda na testa e o sangue que verteu do buraco feito pela bala escorreu as ruas de Macondo, chegando à casa dos pais e anunciando a sua mãe, que pressentia, a fúnebre notícia.

Embora eu tenha me detido falando um pouco da morte dos personagens não é apenas de morte que fala o livro. Entre a narrativa serão percebidos temas como política, amor, família, amizade, misticismo, folclore e principalmente solidão. O titulo do livro não é em vão, a própria condição de Macondo, um povoado isolado e sem vias, tanto de saída quanto de acesso conhecidas ao mundo exterior (isso não quer dizer que ninguém tenha saído ou chegado a Macondo), já o fazem um lugar solitário por si só.

Porém, ainda mais Solitário que Macondo é cada um dos Buendía. A família parece sofrer de um problema crônico de solidão, e isso não ocorre pelo fato da pessoa estar sozinha fisicamente. Na realidade isso é até um tanto impossível para uma família tão grande. Poucos, ou apenas um personagem é realmente isolado, os demais sofrem de uma solidão intima, de uma solidão que acompanha cada ser humano, principalmente aqueles que são mais inquietos, que tentam sempre chegar a algum lugar e jamais chegam à lugar algum. Que querem mais por achar que a solução para o vazio está no volume material, ou naqueles que esbanjam todo este falado volume na tentativa de saber se são as farras, as festas e as bebedeiras que irão arrastá-los para fora do vazio em que se encontram.

Por fim, Garcia Marquez nos fala, nas próprias palavras do autor, das maravilhas da solidão compartilhada, de compartilhar o isolamento com alguém, mas não qualquer alguém, é o alguém com quem seu coração se isola e deixa-se solitário propositadamente, para esquecer-se do mundo, para ser egoísta. No fim, o livro fala tanto da solidão quanto de amor e família.

 

Nesse texto me detive falando da morte e da solidão dos personagens, porém, poderia ter me detido falando dos momentos cômicos, como o quando Macondo sofre de uma epidemia de insônia onde os moradores, além de não dormirem, passam a esquecer a utilidade das coisas, esquecendo até mesmo da utilidade das vacas. Do amor que Úrsula Iguaram dedicava aos filhos, sendo eles de sangue ou não, alguns tão rebeldes e outros tão frágeis. Da fantasia tão latina e tão bela, ou quem sabe do realismo, por vezes impiedoso a que está sujeito todo ser humano. Juntando os dois poderia falar do Realismo Fantástico, estilo literário que Garcia Marquez é mestre.

 

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Gabriel Garcia Marquez, o homem por traz de toda a genialidade do livro, é colombiano, jornalista e velho. Para escrever Cem Anos de Solidão, submeteu-se a uma rotina de ferro, escrevendo mais de oito horas por dia, jogando papel para todos os lados do quarto que fez de escritório. Em 1967, finalmente pariu um livro com mais de um ano de gestação, que o tornaria reconhecido e o colocaria entre os maiores escritores do século XX, ao lado de Franz Kafka, Virginia Woolf, Ernest Hemingway e Albert Camus.

Deixando as contas e à administração da casa nas mãos da esposa, Gabo, como é conhecido, dedicou-se a lembrança da avó, cujas histórias fantásticas que lhe contava quando era criança serviram de inspiração e ponto de partida para a criação do livro. Então, tentando aproximar-se ao máximo do estilo de narrativa da avó, ele contou fatos absurdos com a maior naturalidade do mundo, com a maior cara-de-pau. Acertou em cheio, o resultado disso foi um livro genial.

 

“Resolvi escrever Cem Anos de Solidão contra os produtores mexicanos. Tive ódio do cinema. Achei que devia escrever um livro genial, ficar rico e abandonar de vez os países subdesenvolvidos.”

Gabriel Garcia Marquez

Por fim, posso dizer apenas que fui extremamente mal-sucedido, Cem Anos de Solidão é um romance tão magnífico que não existe somatório de adjetivos capaz de descrevê-lo.

 

Autor: Gabriel García Márquez

Páginas: 384

Nota: 10

9 Comentaram...

Paulo Roberto [Em Paralello] disse...

Nâo conhecia a obra, mas esse final de semana ainda vou procurar para comprar. Realmente aparenta ser um excelente livro.

Excelente post.

Adir disse...

Esse Livro é sem dúvida uma obra que pode servir como exemplo da enorme criatividade que um ser humano pode chegar.
Cem Anos de Solidão é como algo que está muito acima de críticas de qualquer espécie
não é um livro de cabeceira, é um livro pra vida.
qualquer um que lê, vai se lembrar dele pro resto da vida
e faço um desafio que já fiz a varios amigos a quem indiquei esse primor.
Leiam e enquanto lêem façam a árvore genealógica da FAmilia Buendía
num vou dizer que duvido, mas acho muito dificil alguem conseguir.

Abraço a todos
Esse Blog é o Melhor

Ivã disse...

Não discordo de nada que tá escrito aí, mas pergunto se você conhece a escritora chilena Isabel Allende e o livro "A Casa dos Espíritos".

Harley Coqueiro disse...

Um belo post sobre um dos maiores escritores mundiais.

Cem Anos de Inspiração!

Unknown disse...

A América Latina é pródiga em escritores fantásticos. Recomendo Jorge Luis Borges e Adolfo B. Casares.

Joelma Alves disse...

Acabei de ler esse livro na semana passada e adorei.Realmente é um dos melhores livros que já li,e recomendo muuuito.Eu não gostei da morte do Jose Arcádio,não.Achei tão sem propósito,ele era tão feliz com a Remedios...Gostei mais foi do Aureliano ficando com a Amaranta Úrsula no final,e do fim q levou o filho deles.Essse livro é genial!E como o Adir falou aí em cima,acho quase impossível fazer uma árvore genealógica da Família Buendía!!

Anônimo disse...

Sensacional!

Um dos melhores livros da minha vida!

Achei altamente psicodélico e enteógeno!

O final é de um surrealismo transcedental. Nasci e renasci inúmeras vezes ao longo da obra.

Faltou na postagem uma menção a Melquiades, um dos melhores personagens do livro e que não é membro sanguíneo da família.

No verbete da Wikipedia há uma árvore genealógica da família e dos agregados.

Abração
Gabi Dread

Unknown disse...

Dexter – A Mão Esquerda de Deus e a sombra do vento!!! essas duas historias mim atrairam muito !! esse site é um dos meus prediletos todo dia entro e leio as das varias coisa q tem aqui vc quem fez tem muita criatividade em criar um site amooo ♥♥ esse site by:anne caroline e justin bieber ♥♥♥

Unknown disse...

eu gostei desse filme e muito desse site:Morte de um Dissidente.by stefhany crossfox

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