As coisas não estão fáceis para o supremo aiatolá Khamenei. Depois de apoiar a vitória do candidato Ahmadinejad, e levar o povo a explosão que o mundo está presenciando, existe até mesmo um rumor que a Assembléia de Especialistas, que elege o novo aiatolá (entenda: aiatolá é um líder xiita, não necessariamente o supremo líder, que é chamado no Irã de Velayat-e-Faghi, ou Supremo Guardião da Lei Islâmica. Mas, para fins didáticos, usarei o título aiatolá para designar Khamenei) e é comandada pelo principal opositor de Khamenei, Rafsanjani, se reunirá para, supostamente, decidir o destino dele.
Teoricamente ela tem poder para tal, mas realisticamente é bem improvável. Pode não passar de blefe de Rafsanjani para tentar mostrar a Khamenei que ele não está tão seguro no poder assim. Nas ruas a situação continua a mesma: centenas (alguns dizem 100 mil, outros 500) de milhares de pessoas saem dia após dia de suas casas para poderem protestar. Não são somente eles. Jogadores da seleção iraniana usaram faixas verdes no pulso, cor símbolo da campanha do reformista derrotado, Mir Hossein Mousavi, que rejeitou a contagem parcial de votos proposta pelo Conselho de Guardiães.
É improvável que uma guerra civil ocorra, até porque não existem forças militares para se oporem ao Aiatolá e a Guarda Revolucionária. Mas é inegável que existe um clima de racha. O governo teocrático do país não mais aparentará a unidade que parece ter depois desses eventos. Os protestos também tiveram outro fim: lamentar a morte de sete manifestantes! E eles continuarão. Para hoje existem protestos marcados. Para amanhã também. Parece que a política de cansaço que o governo esperava obter não funcionará desta vez. Ao menos não tão cedo.
E não é só no campo político que o governo enfrenta problemas. No cyber espaço, hackers deram um jeito de burlar o bloqueio que o governo decretou na internet, usando proxies e ligações clandestinas com satélites, e conseguiram fazer diversas transmissões para o mundo exterior, principalmente usando o Twitter. Com 140 caracteres, eles indicavam sites que continham listas de proxies para serem usados por iranianos, além de mostrarem sites de vídeo alternativos, como o Metacafe, para burlar o bloqueio do YouTube.
Após isso, começaram a atacar sites do governo, usando novamente o Twitter (quem disse que essa bagaça não tem utilidade? Agora é berço de revoluções), com mensagens do tipo: NOTA aos HACKERS – ataquem www.farhang.gov.ir – por favor tentem hackear todos os sites do governo iraniano. Está muito difícil para nós. #Iranelection. Logo alguns sites caíram ante o poder desses ataques. O leader.ir, ahmadinejad.ir e iribnews.ir já estão fora do ar desde segunda-feira, e agora as forças se concentram nos sites estatais de notícias. E tudo usando os velhos exploits e DDOS.
O Boing Boing deu algumas aulas de cyber guerra, com o intuito de evitar problemas para quem está contribuindo para o processo. São dicas como o incentivo da troca de localidades de várias pessoas para Teerã, para dificultar as buscas por verdadeiros iranianos no Twitter; não revelar as fontes caso ela esteja no Irã, e distribuir informações de forma discreta, usando tags menos chamativas, como #gr88.
Para se ter idéia de como o Twitter está no centro de tudo isso, o governo americano mandou uma mensagem especial para Biz Stone, um dos fundadores do serviço, pedindo que ele adiasse a manutenção programada do serviço.
Nada como um pouco de internet para sacudir um pouco o mundo…
PS: Como imagens valem mais que mil palavras (nem sempre, nem sempre…), o blog Big Picture fez uma cobertura fotográfica dos protestos. É perfeita, em todos os sentidos.
[Via Huffington Post, Pedro Doria, Danger Room e Geek]
4 Comentaram...
sinceramente, obrigado pelas fotos, mas acho que vcs se saem meçlhor quando escrevem sobre games,pq nesse caso do irã vcs estão caindo na grande mentira que a midia sionista inventou de "guerra virtual " e fraude na eleição
o que há amiguinhos, é tentativa de golpe da cia, 400 milhoes de dolares ja foram despejados no irã com esse objetivo, ces tão por fora!
O governo dos estados unidos controla a grande mídia, logo desconfio de qualquer informação acerca do Irã. O que eles querem é legitimar um golpe como ocorreu na Venezuela.
http://informationclearinghouse.info/article22844.htm
dem uma lida nisso ai
A situaçao no Irã é mais complexa do que essa dicotomia infantil, em que tudo que é anti-americano é simbolo de resistência e deve ser enaltecido. Nem todos os inimigos de meus inimigos são meus amigos. O regime iraniano é vil simplesmente por ser de carater religioso e submeter as pessoas contra sua vontade. O direito a vida,a liberdade, e a busca da felicidade são direitos inalienáveis do ser humano. Egualite,Fraternite, Liberte...
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