domingo, 7 de junho de 2009

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[Liberdade] A luta dos Cubanos para se expressarem

 

generaciony

Fidel Castro saiu de cena e os liberais acharam que a coisa ia mudar. No seu lugar assumiu o irmão dele, Raul Castro, igualmente velho, porém com menos experiência. Ele permitiu aos cubanos terem celulares, antes proibidos, para não darem a oportunidade dos cubanos se comunicarem a distância sem a intermediação do governo. Logo depois foi a vez da internet, que gerou filas em cybercafés públicos, que somente permitem a utilização de emails – que funcionam como uma espécie de intranet, só com emails de dentro da ilha, ficando desconectada da internet.

Mas o governo restringe (e não são só eles, como você lerá num post dessa série que fala sobre a ditadura das empresas), e torna difícil para seus habitantes até mesmo uma coisa trivial e corriqueira como criar um blog. Os cubanos reclamam do que chamam de ciberguerra, mas pouco podem fazer, já que o governo controla todos os órgãos de comunicação e transmite o que bem quiser por eles. Para piorar a situação, os cubanos sofrem pesados embargos, o que impede a entrada de produtos eletrônicos e softwares (os servidores dos EUA estão autorizados a bloquearem downloads para IPs que vêm de Cuba).

Caso realmente esteja dispostos a isso, moradores da ilha, como Yoani Sánchez (acusada pelo governo de “ser uma garota infeliz que se vende como vítima de uma implacável perseguição”), que escreve no blog Generacion Y, têm que ir escondidos até hotéis para estrangeiros (geralmente com notebooks comprados no exterior) e pagarem preços abusivos como US$ 8 por hora (o salário de um cubano fica na média de US$ 17 por mês). Métodos alternativos envolvem o envio de textos por email a amigos que moram fora de Cuba, e hospedagem em blogs em servidores americanos.

Mesmo assim os blogs se proliferam vertiginosamente, e hoje já estão em número três vezes maior do que no último ano de governo de Fidel. Alguns deles, como próprio Generácion, e o Retazos, tratam exclusivamente sobre o dia-a-dia difícil de Cuba. Problemas na saúde, educação e prisioneiros políticos, estão entre as pautas.

O governo não se contenta em apenas restringir a liberdade de informação e expressão. Ele também se põe a pressionar redes de hotéis a não permitirem mais o uso de seus pontos de internet por cubanos. Algumas já aderiram, como a rede espanhola Meliàs. Domínios oficiais do país (o duplo sentido .cu) também não podem ser comprados pelos próprios cubanos, ficando restritas a páginas oficiais do governo.

Para piorar, a própria infra-estrutura da internet do país e fraca. Cuba utiliza um satélite emprestado da Venezuela. O plano para o futuro é estender um cabo de fibra ótica do país de Chavéz até a ilha de Fidel, para deixar a rede deles mais robusta. Mas isso adiantaria? Será que não deve partir dos “revolucionários” a vontade de mudar, já que o povo está de joelhos com 50 anos de revolução, que melhoraram os indicadores sociais, mas isolou a ilha?

O povo reage como pode. Um amigo meu de Cuba, que conheci em curso de jornalismo literário e troca emails quando pode, diz que um mercado secreto de itens tecnológicos contrabandeados prospera em Havana. Antenas parabólicas clandestinas acessam o sinal do único satélite que opera na ilha. Ou ainda compram senhas para logarem em redes estatais ou de empresas estrangeiras, o que só é permitido de madrugada. A Universidade de Ciências de Havana também opera um centro clandestino de downloads, baixando programas de televisão, jornais e revistas estrangeiras, distribuindo tudo através de pen drives e cartões de memória.

Em entrevista ao New York Times, um professor de ciência da computação da maior Universidade do país, afirmou que os cursos têm ministrado técnicas avançadas para burlar os sistemas de bloqueio do governo. Ele prevê que, se tudo continuar nesse pé, em menos de cinco anos, o processo será irreversível, tornando as medidas restritivas do governo ineficazes.

Abaixo está um dos vídeos mais famosos da ilha no que concerne a liberdade digital. Vários estudantes de computação da ilha foram até a Assembléia Nacional (o parlamento unicameral da ilha) para pedirem explicações para Ricardo Alarcón, o presidente da Casa. Como tudo que ocorre por lá, o vídeo foi passando por diversos meios físicos de armazenamento até chegar as mãos da BBC, que o espalhou para o mundo a raiva dos estudantes cubanos pela repressão.

 

[Via Geek]

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