sexta-feira, 12 de junho de 2009

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[Dia dos Namorados] Final Feliz

Por Ana Recalde*

 

casal-a-chuva

Crônica

Eles se conheceram em uma convenção de quadrinhos. E como bons autores em começo de carreira foram ao bar, com a galera dos fanzines, todos jovens e cheios de vigor. Até hoje eles não sabem se foi o álcool, se foi puro desejo, mas mal conseguiam ficar sem se tocar. Mas ambos tinham namorado e namorada na cidade natal, e não queriam ferir ninguém.

Num momento ela levantou da mesa para ir ao banheiro. Ele não perdeu a chance, foi atrás dela e ficou esperando no corredor. O olhar e o beijo que se seguiram, sem palavras, sem frescura, foi o melhor da vida de cada um deles. E na despedida as mãos demoraram a se largar, e quando largaram doeu. Mas afinal era apenas um beijo. Que mal poderia fazer?

A segunda vez que se viram, na mesma cidade cinzenta, longe da vida real de cada um, foram 6 horas seguidas dentro de um quarto imundo, do qual eles apenas saíram para outro evento. Agora, mais maduros, os dois não tinham mais tantas ilusões românticas quanto antes. Tinham se magoado à distancia, mas nada parecia diminuir o fogo entre eles.

Ainda não conseguiam parar de se tocar, ainda precisaram estar juntos no evento, entre os amigos, e depois, de noite. Foram apenas 24 horas, mas foi mágico.

 

- Como assim, você não vem?

- Eu não consegui dinheiro, meu lindo.

- Mas essa era nossa chance! Eu estou sem namorada, você está sozinha também, feriado... Seria perfeito!

- E você fala isso pra mim? Sabe quanto tempo eu espero por uma oportunidade dessa?

- Mas, talvez essa seja a última chance.

- Olha, não fala assim que eu vou chorar.

- Não queria te fazer chorar, é só que, queria muito que você viesse. Só isso!

- ...

- Bom, eu tenho que desligar agora, tem outra chamada na linha.

- Tudo bem, quem sabe uma próxima vez, né?

- Quem sabe...

Faziam 7 anos desde o primeiro beijo. E lá estava ele, parado na frente dela. Mesmo hotel, mesma cidade cinza. Mas dessa vez por puro acaso. A mesma sensação de não poder evitar se tocar.

Agora os dois estavam mais velhos, profissionais, vidas estáveis, muito diferente dos dois jovens sonhadores e quadrinistas. Mas uma coisa permanecia a mesma, o olhar.

Agora eles sabiam, tinham certeza que era o momento deles. Não uma relação utópica, não algo do mundo das idéias. Uma felicidade real, palpável, de um desejo que nunca morreu, o de estarem juntos.

_______________________________________________________________

*Ana Recalde foi Editora-Associada do (She) Nerds Somos Nozes especialmente convidada para o Dia dos Namorados

1 comentário

Murius disse...

Meu Deus, as moças formam uma Máquina de fazer Posts!
de início achei meio "off-topic", mas ficaram tão legais que acabei não conseguindo deixar de ler.

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