Colaborou Elena Filatova*, da Ucrânia
"A radiação gama é cumulativa, vai somando-se com o tempo. Humanos podem se expor a uma quantidade X de raios gama durante sua existência. É como se você recebesse dinheiro suficiente para gastar durante toda a sua vida"
Elena Filatova
Tschernobyl/Harrisburg/Sellafield/Hiroshima
Stop Radioactivity/Is in the air for you and me
Stop Radioactivity/Discovered by Madame Curie
Chain Reaction and Mutation/Contaminated the Population
[código Morse]
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... --- .../S.O.S
Kraftwerk, na música Radioactvity
“Antes de começar a nossa viagem, temos que aprender alguma coisa sobre radiação. É mesmo muito simples, e o aparelho que usamos para medir os níveis de radiação chama-se contador Geiger. Se o ligarmos em Kiev, poderemos medir entre 12-16 microroentgen por hora. Numa cidade típica da Rússia ou América, teremos 10-12 microroentgen por hora. No centro de muitas cidades européias registam-se 20 microR por hora, a radioatividade da pedra.
1,000 microroentgens são iguais a um miliroentgen e 1,000 miliroentgens são iguais a 1 Roentgen. Portanto um Roentgen são 100,000 vezes a radiação média de uma cidade normal. Uma dose de 500 Roentgens é fatal para humanos em 5 horas. Interessante, é que é preciso cerca de 2,5 vezes essa dose para matar uma galinha e mais de 100 vezes isso para matar uma barata.
Estes níveis de radiação já não se conseguem encontrar em Chernobyl nos dias que correm. Durante os primeiros dias depois da explosão, alguns pontos em volta do reactor estavam a emitir 3,000-30,000 Roentgens por hora. Os bombeiros que foram enviados para apagar o fogo no reactor foram fritos no local pela radiação gama. Os restos do reator foram selados dentro dum enorme sarcófago de aço e betão, por isso é relativamente seguro viajar pela zona – desde que não se saia da estrada e não se vá aos sítios errados...”
Elena Filatova
“Boa tarde, meus camaradas. Todos vocês sabem que houve um inacreditável erro – o acidente na usina nuclear de Chernobyl. Ele afetou duramente o povo soviético, e chocou a comunidade internacional. Pela primeira vez, nós confrontamos a força real da energia nuclear, fora de controle.”
Mikhail Gorbachev, em pronunciamento internacional após o acidente
Chernobyl hoje é uma cidade fantasma. Não se vêem mais vestígios de vida humana, restando apenas construções envelhecidas, datadas de meados da década de 80. A vegetação começa a florescer novamente, invadindo antigas casas, e até instalações ao redor da Usina Nuclear de Chernobyl. As estradas estão vazias - e utilizáveis, já que o asfalto não absorve radioatividade - e em muitos casos nem podem mais ser chamadas de estradas, visto que dificilmente conseguem se destacar em meio ao mato que se acumula ao seu redor. Mas não faz diferença, até porque elas não são usadas. Os únicos habitantes da cidade são alguns espécimes animais - como cervos - que aproveitam a liberdade proporcionada pela cidade fantasmagórica para correrem livres; fora alguns guardas do exército, que vigiam pontos estratégicos, dando banhos químicos em viajantes incautos. A natureza, mesmo esfacelada por índices absurdamente altos de radioatividade, começa a absorver o mundo "civilizado" e a voltar ao seu estado natural.
Chernobyl está no assentamento de Prypiat, que servia basicamente para abrigar as famílias dos funcionários da Usina, seguindo o padrão das construções científicas soviéticas. Dentro da cidade está a Floresta das Madeiras Vermelhas, que ficou famosa na noite do acidente, ganhando esse nome porque, segundo relatos, ela brilhou muito devido aos altos índices de radioatividade liberados (somente certas películas fotográficas conseguem captar a radiação). As casas desses trabalhadores também estão abandonadas, e gerações de sobreviventes estão nascendo deformadas.
A Zona Morta, como é chamada a região de 30 Km² que cobre parte da Ucrânia e da Bielorrússia que contém radiação em níveis astronômicos, hoje não recebe mais os costumeiros turistas. Eles pagavam até US$ 400 para dar um passeio pela região que durasse um dia, reativando bizarramente a economia da região, composta quase que com exclusividade de guias turísticos que cobravam preços estratosféricos. No centro da Zona Morta, está uma imensa construção de concreto, que sepulta o que foi o reator da Usina, e também local mais radioativo da história. O Sarcófago, como é chamado, foi concluído em novembro de 86, previsto para durar de 20 a 30 anos. O medo é que sua construção apressada possibilite a ocorrência de ferrugem, o que poderia vazar raios gama para a região novamente. A região não se chama Zona Morta à toa: existe cem vezes mais radioatividade ali do que Hiroshima e Nagasaki juntas, e isso não deve mudar pelo menos pelos próximos 100 mil anos.
"A idade das pirâmides do Egito é entre 5,000 a 6,000 anos. Cada época cultural deixou algo à humanidade, algo imortal, como a época Judaica, que nos deixou a Bíblia, a cultura Grega - filosofia, os Romanos contribuíram com a lei, os Portugueses deram novos mundos ao Mundo com os seus Descobrimentos e nós vamos deixar o Sarcófago, a construção que vai sobreviver a todos os outros sinais da nossa época e poderão durar mais que as pirâmides.", relata Filatova.
Há 23 anos Chernobyl mostrou, em seu mais extremo limite, que os quatro integrantes robóticos do Kraftwerk estavam certos desde 1975 (o nome Tchernobil, primeira palavra dita na música, foi acrescentada nas apresentações ao vivo em 87): "Parem com a radioatividade!" Após o reator atômico ter explodido, os bombeiros foram chamados para conter o incêndio que se propagava. Os primeiros que chegaram próximos ao reator praticamente fritaram, ainda no local, mostrando que o governo soviético não tinha tratamentos médicos - eles se limitavam a usar o isolamento - adequados para tentar dar alguns anos a mais para pessoas que foram infectadas com a tecnologia que eles mesmos ajudaram a propagar pelo mundo. Os bombeiros pouco puderam fazer. O incêndio durou 9 dias e só foi contido graças a 5.000 toneladas de areia, boro, dolomite, argila e chumbo largadas de helicópteros para apagar o incêndio. Os pilotos que jogavam esses compostos sobre as chamas também morreram anos depois, contaminados pela radiação extrema do local.
Imagens de uma escola nos arredores de Chernobyl…
A noite de sexta-feira, 25 de abril de 1986, começou tranquila para os funcionários do reator Chernobyl-4, da usina nuclear da cidade homônima. Tão tranquila que resolveram fazer, indo contra todas as regras de segurança, um teste para ver quanto o gerador aguentava caso todas as fontes externas de energia fossem perdidas. A idéia era saber até onde os sistemas de segurança iriam suportar caso tivessem apagões na cidade. Como a usina não tinha geradores ativados automaticamente em caso de situações como essa, um teste como esse se fazia necessário para ver se as turbinas do reator aguentariam tempo suficiente para os geradores começarem a funcionar. Todo esse rebuliço porque o reator seria desligado para manutenção rotineira. Testes anteriores já haviam sido feitos e a usina foi reprovada, o que não impediu que ela continuasse funcionando. Parte do processo desse teste incluía desligar todos os sistemas de detecção de superatividade e desligamento de segurança.
Após o início do teste em si, começou uma verdadeira sucessão de erros humanos. A demora no início das operações fez com que o reator diminuísse pouco de sua capacidade, ficando com superatividade para um teste desse tipo, embora em um nível normal de operações. Como as hastes de segurança do reator necessitavam absorver a energia liberada e a potência estava em baixa, essas mesmas hastes foram puxadas – rápido demais, segundo as regras de segurança – para dar início ao bombeamento de água para o reator e diminuir a liberação de energia. Porém a água também absorve nêutrons, que precisavam estar no gerador para absorver o xenon-135 que estava sendo liberado pelas operações de geração de energia.
Resumindo: o gerador precisava de água, para diminuir o calor, mas essa água absorvia os nêutrons que precisavam estar lá para absorver o xenon-135, substância liberada pelas operações. Era problema, ou problema; tudo pela não-observação de normas de segurança da Usina.
Precisamente 1:23h o teste começou. Como os sistemas de alarme estava desligados, todos esses problemas com a água e o xenon não foram detectados, e os operadores achavam que estava na mais completa paz. A turbina do gerador, que funciona como um cooler, resfriando o reator, foi desligada, e a água presente no gerador começou a superaquecer e aumentar o fluxo, enchendo o interior do reator de vapor, suprimindo as unidades de resfriamento. Ainda sem saberem da instabilidade do reator, foram inseridas todas as hastes de controle, como medida final, pois o reator estava quase que completamente desligado.
Como o reator estava superaquecido, e o sistema era demorado, gastando em torno de 20 segundos para inserir as hastes completamente, a reação não foi boa. As hastes travaram, nem chegando na metade do caminho, além de começarem um processo de deformação. Isso, somado a parada do reator, causou um aumento violento da atividade em seu interior. Menos de 50 segundos depois do início do teste, o reator aumentou em mais de dez vezes a potência de saída de energia de seu interior, ficando impossível para a estrutura suportar.
Imagem do reator quatro destruído…
Solo nos arredores da Usina, completamente contaminado com plutônio…
Uma explosão acontece, e um buraco no teto é aberto. Depois desse episódio, nada mais podia ser feito: o oxigênio da atmosfera entrou em reação com o combustível, e um incêndio de grandes proporções começou. Após o acidente, o governo soviético começou a sua clássica jornada de prisões, que não duraram muito tempo, visto que os 25 cientistas do turno daquela noite morreram em consequência de contaminação. O governo central da URSS, em plena época da Glasnost tentou abafar o caso, mas logo a nuvem radioativa pôde ser detectada por serviços estrangeiros, e o caso veio a público, obrigando Mikhail Gorbatchev a se pronunciar.
Os trabalhos de contenção do incêndio e construção do Sarcófago foram conduzidos do modo soviético: os envolvidos não faziam a mínima idéia de onde estavam se metendo. Antes de pisarem lá, tiveram a opção de escolher entre servirem dois anos no Afeganistão, ou ajudar nas obras do Sarcófago. Não faltaram voluntários, que não receberam qualquer roupa de proteção para radioatividade, ou muito menos instruções de como proceder. Achavam que era uma obra comum… Ao todo foram utilizados em torno de 650.ooo trabalhadores nos serviços de limpeza. A primeira opção envolveu robôs, que obviamente não suportaram os níveis de radiação. Após eles marcharam, foi a vez dos humanos, que tocaram em pedaços de grafite mais radioativos que qualquer área do Japão.
Trabalhadores indo para a limpeza do reator quatro…
O Sarcófago, construído para conter a radiação…
Antiga fazenda ucraniana…
Até o momento, a ONU contabilizou em seus relatórios 56 mortes diretamente ligadas ao acidente: 47 trabalhadores e 9 crianças. Porém, segundo o mesmo relatório, existe um cálculo que prevê a morte de 4000 pessoas por causa de doenças relacionadas ao acidente (há controvérsias, como a do Greenpeace). Na época, 200 mil pessoas precisaram ser evacuadas, e 2 mil cidades e vilas foram “mortas” pelo acidente, transformando-o no maior acidente da história mundial. Segundo estudos de cientistas ucranianos, se levará 600 anos para que se possa voltar a repopular a região. Pode cair para 300, caso se invista em tecnologias para descontaminação. Entretanto, outros são mais pessimistas e apontam 900 anos.
Assim como o Vietnã, Chernobyl entrou para a história por um erro. Não uma guerra, como aconteceu no embate entre americanos contra vietcongues, porém o maior acidente nuclear da história - acidente, exclua Hiroshima e Nagazaki). A energia nuclear é considerada segura, mas potencialmente destrutiva. Não exige inundações em áreas gigantes e um complexo estudo de ecossistemas de uma região como as hidroelétricas; não espalha toneladas de gás carbônico na atmosfera todo o dia e tão pouco exige condições climáticas e naturais favoráveis. O mais trabalhoso é conseguir obter a tecnologia de enriquecer urânio, assim como autorização internacional, visto que teoricamente quem faz isso, já tem 70% de uma bomba atômica em mãos. Isso pode até ser o mais difícil para os engenheiros responsáveis, mas a natureza não concorda. O lixo tóxico que resulta dos processos para obtenção de energia demoram, segundo cálculos, dezenas de milênios para desaparecerem em meio a natureza, e exigem containers de chumbo para serem vedados, medidas essas nem sempre observadas, existindo cidades que servem como verdadeiros depósitos de lixo nuclear (os prefeitos com os bolsos cheios agradecem).
Elena, fazendo uma medição, em frente ao Sarcófago…
Chernobyl, e suas consequências, é a prova do poder destrutivo da tecnologia nuclear, que enriquece alguns ao custo de vidas humanas e exploração de países como o Sudão. Mesmo que tenha trago inúmeros avanços, principalmente na medicina, seu custo é maior que o benefício. E olha que nem é preciso citar o poder dissuasivo das armas atômicas (que voltaram a pauta recentemente com a Coréia do Norte e suas pirraças).
Mas, mesmo com milhares de vidas já tendo sucumbido a tecnologia nuclear continuará avançando, principalmente depois que o petróleo acabar, o que não deve demorar muitas décadas. Chernobyl não foi a primeira vítima da tecnologia nuclear mal empregada, e nem será a última!
Só resta torcer…
Abaixo estão dois vídeos e uma galeria de fotos. O primeiro vídeo, chamado Ghost Town, foi feito por Elena em Chernobyl, mostrando de perto como está a situação por lá. O segundo mostra o trabalho dos pilotos de helicóptero no combate ao incêndio. A reportagem fotográfica, brilhantemente feita por Mark Nelson, mostra as crianças que nasceram deformadas devido a radiação na região de Prypiat (mais AQUI).
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*Elena Filatova é ucraniana e entre 2003 e 2005 fez uma viagem de moto por todas as áreas contaminadas pela radiação de Chernobyl. Em 2004/2005, seu site foi um dos mais visitados do mundo, recebendo retaliações do governo ucraniano e bielorrusso, que acusaram suas fotos de terem sido manipuladas e sua viagem jamais existido. Ela voltou a região em 2007 e 2008 para fazer duas reportagens fotográficas na região.
Nota do Voz: Agradeço a ela por ter gentilmente colaborado comigo (apesar do meu inglês macarrônico surgirem em todos os emails) na elaboração desse post, cedendo o seu precioso conteúdo sobre o assunto, assim como as imagens, todas de sua autoria.
10 Comentaram...
Caracas, acabei de ler e fiquei abismado. Excelente post, foi o melhor da seção Glaspost que eu li. Trabalho incrível.
Eu que sou vidrado no assunto em particular por ter nascido um mês antes não conhecia muitos fatos do que tu postou. Duro é acreditar que os operários foram para morrer. As crianças, puts, nem sei o que comentar assustador e lamentável ao mesmo tempo.
Meus parabéns. e Já retwittei...
Muito bom o texto. Valeu.
Quem quiser explorar a "zona" tem o jogo chamado STALKER-shadow of chernobyl. Começa meio devagar, mas com o tempo se mostra um jogão. Já o segundo jogo o clear sky eu desisti de jogar por ter mais bug que jogo. Esta ai minha dica.
Gabriel
Sensacional... perfeito para o Dia Mundial do Meio Ambiente...
Abração
Gabi Dread
Eu me lembro do acidente e da comoção geral que a imprensa produziu ao crir especulações sobre o que de fato estava acontecendo.
O artigo está perfeito como sempre Voz, vale ressaltar que Chernobyl não deve ser jamais esquecida, porém, o perigo não está somente do outro lado do mundo, basta também recordar do acidente com CÉSIO-137 em Goiânia em 87.
Parabéns a vocês, exelente post, fiquei comovido ao remeter a este fato.
E incrivel o poder da quimica nos seres humanos.
Se vocês pudessem colocar um link ou indicar um onde explique como esse elementos quimicos são controlados e manipulados seria muito util.
Gostaria de conhecer mais sobre "este mundo".
Parabéns a vocês novamente.
Esse foi o melhor post deste blog até hj... eu já conhecia o trabalho dela (em 2005 fiz um trabalho sobre meio ambiente na faculdade de engenharia à partir dos diários dela), e das poucas coisas que me impressionaram, o relato dessa terra é comovente... na boa, me fez um defensor do uso racional de energia renovável...
as fotos das crianças, junto com as vítimas do agente laranja no vietnã, são realmente tristes...
Bélissimo post Voz ... seus Glassposts estão se superando.
Caraca ótimo post, faz agente refletir ;)
só um adendo: a segunda foto, é montada. Simé em pripyat, mas a mascara é so para dar efeito dramático. Isso, porque este tipo dem máscara não é comum na época do acidente. Muitos punks e grupos de jovens outsiders viajaram para aregião a fim de "marcar" através de grafitagens sua presença, tal... e foram adulterando o espaço abandonado da cidade. Mas de resto, eu já havia visto as fotos da moça antes, coisa profundamente apavorante e que de modo algum pode ser esquecida. Clçaro, não sou contra a energia nuclear, antes, é necessário um melhor uso desta tecnologia.
O post mais interessante da série, que é maravilhosa, parabéns.
Quando comecei a ler o primeiro, não parei e li até esse glaspost. Também me interesso pela história e política soviética.
só uma pergunta, vai escrever sobre as conquistas espaciais soviéticas? esse é o melhor assunto relacionado na minha opinião.
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