quarta-feira, 17 de junho de 2009

Avatar FiliPêra

Doc Frankenstein

 

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Ficar famoso tem lá suas vantagens. Ficar famoso por fazer por dirigir Matrix têm muito mais. Os Irmão Wachowski desfrutaram dela. Após serem unanimidade pelo mundo afora – mesmo sem colocar a cara no mundo – com a saga de Neo, Trinity e Morpheus, eles resolveram partir para outras mídias. Os quadrinhos, inspiração para muito de Matrix… leia Os Invisíveis e comprove, naturalmente foram a próxima fronteira dos autores. E não foi somente com Matrix Comics, uma antologia de contos publicados na internet capitaneada por gente como Neil Gaiman, Bill Sienkiewicz, Dave Gibbons e Geof Darrow; que eles entraram de cabeça na nona arte. Doc Frankenstein traz o melhor do que foi apenas sugerido em Matrix: histórias de monstros. Os motivos para esse ataque aos quadrinhos não são difíceis de destacar. No papel são possíveis as maiores viagens, as melhores idéias. Não se fica preso a compromissos multibilionários com executivos engravatados, ou atores dando pitis.

E Doc Frankenstein surge como um quadrinho nesse estilo. Mesmo com a gana de Hollywood em alta em cima das obras quadrinísticas, não creio que Doc possa ganhar uma versão cinematográfica. É quadrinhos puro e simples. Basicamente o monstro criado pelo dr. visionário vive (o que não deixa de ser irônico), é rico, desejado e integrante de uma organização poderosa combatente do crime. Nesse futuro alternativo, existe a presença sempre problemática da Igreja Católica, outrora a dona do planeta. Nada muito complexo, mas cheio de nuanças interessantes. Acrescente uma luta contra um clã de lobisomens tão imortais quanto ele, e a festa da garotada que encarar a revista já está garantida.

A história é boa, diverte, envolve no geral, mas é falha. Mesmo com momentos inspirados, como a trajetória de Doc até sua chegada a América (mesmo mais carregada de frases-clichê que Origem, de Wolverine), e ambientações interessantes, como o futuro meio retrô, com a Igreja Católica com um poderoso exército cheio de tecnologia, a trama não parece inédita, e tudo por causa de outro gigante das HQs: Preacher.

Por mais que os Wachowski souberam criar o liquidificador pop-filosófico que foi Matrix, aqui a coisa entrou pelos canos. Não se vê referências, se vê conceitos clonados. Temos uma organização religiosa a ser combatida (em Preacher foi o grupo do Graal e… o próprio Deus, que resolveu dar uma fugida do céu com o rabo entre as pernas), um amigo do herói que é imortal e cheio de humor sujo (o vampiro Cassidy em Preacher, e por aqui um lobisomem chamado Frank) e uma bela garota durona. Só faltou um coadjuvante como Santo dos Assassinos para Doc chegar a outro nível… Fora isso ainda têm homens perdendo sua fé nas organizações religiões instituídas e um grande segredo revelado ao final. Quase um carbono mais pirotécnico e resumido.

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Mas, se tem um motivo que realmente faz Doc Frankenstein valer a pena é a arte perfeita e ultra-detalhista de Steve Skroce. Com ele cada cena de ação ganha vida, movimento. Seus personagens realmente são feiosos (caso da família licans) ou voluptuosos. O uso das cores de Shannon Blanchard também é acertado, principalmente no sombreamento.

Doc Frankenstein não é uma HQ que vai mudar o mundo. Muito menos sua forma de encara-lo. É simplesmente uma boa história de ação, com algumas camadas filosofia que são batidas para quem já fui mais fundo nos próprios quadrinhos (Promethea, alguém?). Repito: nada revolucionário. Mas são 150 páginas de boa leitura. Dependendo do momento é o suficiente…

 

Criação: Geof Darrow e Steve Scroce

Roteiristas: Irmãos Wachowski

Páginas: 150

Nota: 7,5

3 Comentaram...

Pedro Mendes disse...

Mas já tá a venda aqui no brasil?

FiliPêra disse...

Infelizmente não... mas amanhã publico os scans no Anarquia!

Max, O Observador disse...

Oi, essa é uma hq do tipo que vc só vê as figuras, pq somente elas prestam. A estória é tosca, mal acabada e o pior, extremamente clichê em alguns pontos. foi uma das piores estórias que já li nos últimos tempos...( tá, eu já li piores, mas essa...)

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