segunda-feira, 9 de novembro de 2009

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Abara

Por Murilo Andrade, do Humorragia 

 

abara (1)

Aquelas grandes massas existiam naquele lugar há tanto, tanto tempo que praticamente todas as pessoas acreditavam que faziam parte da geografia do mundo. Obviamente, ninguém tinha conhecimento do tipo de mecanismo que elas continham.

O mangá Abara era uma obra que eu ainda não conhecia. Porém, alguns fatores me levaram a não pensar muito na hora de compra-lo. Primeiro por causa da capa, uma das mais bem feitas e atrativas que já vi. Depois porque a história se encerra em dois volumes, permitindo-me comprar a história de uma vez, mesmo que sabendo que esse seria o meu mês de maior penúria: já estava com o salário atrasado e comprei os meus já costumeiros Bleach, Naruto, One Piece e o recém-lançado Honey e Clover. Além disso, o mangá é classificado como adulto, sinônimo de que a história é ultra violenta, com mulheres nuas e palavrões. Impossível ser ruim.

Uma das coisas que mais chama a atenção em Abara é a arte de Tsutomu Nihei. Seus cenários são extremamente detalhados e grandes, influência da época em que cursou arquitetura. Seus personagens são menos caricatos que os de outros mangás, bem próximos do que são os japoneses de verdade. Os desenhos são sombrios, com uma estética cyberpunk, e só eles fazem valer cada centavo gasto nos dois volumes do mangá.

O enredo é intrigante, explicando-se aos poucos, sem a obrigação de dar todas as respostas. Tudo rola de forma sutil e inteligente, ao contrário dos filmes americanos, em que o vilão explica tudo para o protagonista na última cena. Analisando friamente é uma ficção científica até que comum no Japão, explorando o clichê da empresa que deteve grande poder político sob o mundo no passado.

A história se passa em um futuro distante. Cada ser humano carrega sem saber um mecanismo dentro de seu corpo, fruto de pesquisas para novos armamentos. De tempos em tempos, aparecem manifestações shigentai, as pessoas que acabam liberando sua forma de gaunas brancos, e começam a se alimentar das pessoas para ficarem maiores, aproveitando-se do fato de não poderem ser vistos por elas.

Após mais de 600 anos sem manifestações, um shigentai aparece. A agente Tadohomi vai atrás de Denji Kudou, um gauna negro, arma feita especialmente para eliminar qualquer gauna branco que apareça. Ele foi dado como morto e tenta fugir do seu passado trabalhando na refinaria de óleo Aburano. Depois de muito relutar, ele parte para matar o gauna da única forma possível, arrancando-lhe a costela.

 

abara (2)

A luta faz com que a secretaria de vigilância Kegenriyou, responsável pela transformação de Denji Kudou em gauna, descubra que ele não está assim tão morto quanto Tadohomi dizia e enviam para capturá-lo outro gauna negro, Nayuta, que diferente de Denji é uma mulher gostosa pra caramba! O legal é que o Nihei até se esforçou pra imaginar duas cenas em que ela aparece completamente nua.

Isso que contei é apenas o começo, estou me policiando para não entregar nenhum segredo. Logo surge um outro gauna branco ainda mais devastador que o anterior, exterminando milhares de pessoas. O restante da história, sempre entrecortada, mostra as tentativas de Tadohomi, Denji e o oficial Sakijima do Departamento Correcional de impedir que o gauna devore o último mausoléu, e assim liberar todos os demais gaunas brancos, o que seria o fim do mundo. O que mais me dá raiva é que a história podia render muito mais e revelar mais coisas. Quem sabe um dia não surge uma continuação aí.

Quanto à adaptação de Abara pela editora Panini ela foi bem competente, apesar de sofrer um pouco com os neologismos de Tsutomu Nihei e o seu hábito de querer traduzir todos os termos japonês que puder, sendo a exceção a palavra gauna. Alguém se lembra de Naruto em que ela teimou em traduzir sensei por professor, quando até as crianças já estavam familiarizadas com a expressão por causa da exibição do anime no SBT.

 

abara (3)

abara

A Panini também vacilou feio por ter preparado um texto que explicasse um pouco sobre quem era Tsutomu Nihei aos leitores que ainda não conheciam, suas outras obras, esse tipo de coisas. Se alguém da editora um dia passar os olhos por este post fique atento a isso.

Eu pensei em dar nota 6 a Abra, mas sua história é interessante e ele é cheio de boas cenas de impacto, além de dois momentos em que ela merecia uma nota bem superior a 6: o capítulo 10, que revela como Denji Kudou e Nayuta se tornaram gaunas negros (muito foda a parte em que Denji questiona Tadohomi se ela já sabia que aquilo aconteceria com ele) e o Digimortal, que narra o que aconteceu durante o tempo em que nenhum shigentai aconteceu. Só ele merecia 10 e um mangá inteiro só para si. Já pensou gibi inteiro do assassino profissional gauna negro? Não é nada revolucionário, mas extremamente divertido.

 

Arte e roteiro: Tsutomu Nihei
Ano: 2006
Páginas: Vol. 1 200 páginas/ Vol. 2 216 páginas
Formato: 13,7 x 20 Cm
Preço: 9,90 cada

Nota: 7 (6 para o vol. 1 e 8 para o vol. 2)

3 Comentaram...

Anônimo disse...

Comprei também, apesar de achar no 9,90 meio carinho pra um gibi preto e branco

Anônimo disse...

Já leu Berserk?? É o melhor mangá que já li, é sério, tem muita violência (decapitações) e foda!

Purple-Headed Tang Chasa disse...

É um bom mangá, mas não exatamente meu tipo de mangá, daria um 6 mesmo com as partes boas citadas no texto.

E realmente Berserk é foda.

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