segunda-feira, 16 de março de 2009

Jogos, Porcos & Guy Ritchie

 

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Quando o Têra estava escrevendo esse post sobre uma certa banda brasileira, ele, sem mais nem menos, me perguntou: "A gente tem alguma resenha do Snatch la no NSN?", qual foi meu espanto quando a resposta se revelou NÂO!. Como um blog de respeito como o Nerds Somos Nozes não tem uma resenha sobre um dos melhores filmes ingleses já feitos? Para resolver essa infame pendência de forma definitiva, eu, Nêra, fiz esse humilde post falando não somente de Snatch: Porcos e Diamantes como também de Jogos, Trapaças e dois canos fumegantes e Rocknrolla, a trilogia (não declarada) criada por Guy Ritchie sobre o submundo inglês.

Quando assisti pela primeira vez Jogos e Trapaças... fiquei impressionado com a narrativa e dinâmica do filme, bem como sua intrincada história. Apesar de na época eu não conhecer os gênios do cinema como Quentin Tarantino, a caráter de comparação, eu notei que havia algo de especial naquele filme. Mais para frente fiquei sabendo que havia sido lançado o novo filme do cara que criou Jogos e Trapaças, ele se chamava Snatch: Porcos e Diamantes. Só pelo nome eu já percebi que se tratava de uma versão bombada e melhorada de seu antecessor. Claro que nomes de peso no elenco como Brad Pitt, Dennis Farina, o ainda desconhecido Jason Statham, Benicio Del Toro e Vinnie Jones só davam ainda mais crédito para o filme. Tempos depois veio à meu conhecimento que o diretor desses dois excelentes filme havia se casado com a (ex) musa pop Madonna, e que ainda por cima iria fazer um filme com ela sobre um casal preso numa ilha, uma bomba na certa.

Depois dessa grande desilusão o nome Guy Ritchie ficou esquecido por min num canto reservados para diretores fracassados. Mas, nem tudo estava perdido. Algo com um nome muito esquisito emergia das sombras, e com ele sinais de uma retomada. Esse algo se chamava RocknRolla e só pelo seu trailer já percebemos que o cara estava voltando a velha forma.

JOGOS, TRAPAÇAS, E DOIS CANOS FUMEGANTES
 

capa jogos

Sendo o primeiro filme de Guy Ritchie, JTDCF carrega o cinturão de clássico. É de longe o melhor dos três filme. Quem conhece um pouco de cinema percebe claramente a influência de Quentin Tarantino com todo seu humor negro, enredo intricado com voltas e reviravoltas, uma pitada de fotografia noir e um estilo visual marcante com cores dessaturadas e bastante contraste.

A trilha sonora é um caso à parte. Todas as músicas do filme são boas, ele já abre com a marcante Hundred Mile High City do Colour Scene passando por The Stooges, James Brown, Dusty Springfield, Robbie Willians (wathafuck?) entre outros. Essa mistura de ritmos tão diferentes é outro ponto que cheira forte a Tarantino.

Outro ponto forte são os atores e atuações, em sua grande maioria  gente desconhecida, mas com muito talento. Só o fato de serem todos britânicos já muito me agrada. O cast conseguiu dar um ar bem caricato e expressivo para os personagens, abusando dos truques de voz e aproveitando o máximo das falas inteligentes escritas por Ritchie, eles acertaram na medida criando personagens memoráveis sem comprometer a seriedade do filme. O grande destaque é sem duvida o estreante Vinnie Jones fazendo o papel de um cobrador da máfia, com o péssimo habito de esmagar a cabeça dos outros com portas de carro (essa cena e fantástica). Toda vez que aparece, ele rouba a cena. 

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Fora todos esses pontos citados acima, o enredo do filme é excelente, mais uma vez, bem Tarantinesco, à começar pelo personagem principal que simplesmente não existe. Ninguém carrega o filme nas costas, e eu diria que no final a estrela do filme é seu próprio enredo, a forma como ele envolve todos os personagens direta, e muitas vezes indiretamente, é bem complexa. Some a isso uma narrativa inteligente que segue um linha de tempo coesa, mas sempre alternando entre os vários núcleos principais no tempo certo. Com tudo isso junto você terá uma obra digna de estar ao lado dos grandes como Pulp Fiction, Cães de Aluguel,  etc... 



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O plot em si não é lá dos mais originais, um típico Heist film com todos seus elementos principais. Um grupo de cinco caras, cujo um dos membros é excelente jogador de cartas, resolve tentar a sorte grande numa rodada altíssima, controlada por um dos mafiosos mais bad-ass-mother-fucker da cidade. Só que um tremendo azar (o dono da mesa estava trapaceando) faz com que eles saiam devendo 500 mil dólares e com uma semana para pagar. É ai que a coisa pega.

Desesperados eles resolvem assaltar um traficante que mora nos arredores. Daí um rolo complicadíssimo envolvendo a grana do assalto, dois rifles antigos, um bar e metade da criminalidade local vem à tona. Antes que pudessem notar todos os mais baixos meliantes da cidade estavam atrás deles, e daí pra frente só assistindo pra vocês entenderem.

Em resumo, um puta filme obrigatório pra qualquer um que se considere cinéfilo.

 

 

SNATCH: PORCOS E DIAMANTES

capa snatch 
Como disse mais acima, Snatch é uma versão turbinada de Jogos e Trapaças. Agora com mais grana e mais fama, Guy Ritchie conseguiu botar todas as suas idéias pra fora. Pra começar chamou um elenco de peso e os colocou nos papeis mais divertidos de suas carreiras. O destaque ficou para Brad Pitt interpretando um ciganos imundo e desbocado. É impressionante como cada ator casou perfeitamente com seus personagens, e, apesar de eu considerar Jogos e Trapaças um filme melhor, é impossível negar que Snatch tem os personagens mais marcantes. Todos eles são memoráveis, seja por seus estranhíssimos nomes ou por suas personalidades ainda mais estranhas. Guy Ritchie estava tão ciente desse acerto, que iniciou  o filme com  um videoclipe apresentando todos os personagens nas situações mais adversas, junto com uma uma música contagiante e uma montagem perfeita.  Você já adora o filme antes mesmo dele começar.

 

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Mais uma vez a trilha sonora é um trunfo à parte e posso dizer que ela é ainda melhor que a de Jogos e Trapaças. A mistura eclética de ritmos permanece, mas dessa vez as faixas, com uma puxada eletrônica estão em maior número. Eu particularmente gosto muito de Dreadlock Holiday do 10cc, Ghost Town do  The Specials, Fucking In The Dushes do Oasis, Hernando's Hideaway dos Johnson Brothers, Angel do Massive Attack e a melhor de todas, Golden Brown do The Stranglers. Essa última música é tão foda que sempre que eu botava o filme nessa parte na minha locadora, alguém o locava, era batata.

Falando do enredo, ele ficou bem mais intrincado que o de Jogos e trapaças, até porque a quantidade de personagens aumentou muito. Junto com eles, os núcleos de acontecimentos também aumentaram demais, deixando o filme mais dinâmico e difícil de acompanhar. Não é nenhum Amnesia, mas é preciso prestar atenção pra não se perder. O plot em si é complexo demais pra eu descrever os pormenores, mas ele basicamente trata de um roubo de diamantes, a compra de um trailer, uma luta clandestina e porcos comedores de gente. Se quiserem saber mais, aluguem.



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Um outro aspecto legal dos filmes do Guy Ritchie, que se intensificou ainda mais em Snatch, são as falas dos personagens. Eles sempre têm uma sacada inteligente ou frase de efeito que acaba virando bordão entre as rodas de conversa dos cinéfilos (nós inclusos).

 

 

ROCKNROLLA

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Fazendo jus à sua nota no Metacritc (5,5), Rocknrolla não consegue passar de um filme mediano. Muitos o chamaram de "um Quentin Tarantino piorado", mas eu discordo; ele está mais para um "Guy Ritchie piorado". Digo isso porque, apesar da clara inspiração no nosso querido queixudo, Guy conseguiu, mesmo que por linhas tortas, criar seu próprio estilo. Seu humor é mais britânico e menos ácido que o de Tarantino, sua narrativa é mais veloz (o que não é tão bom, na minha opinião) e menos inteligente, seus personagens são mais caricatos e menos cativantes. Enfim, ele definitivamente criou seu estilo, se isso é bom ou ruim só os próximos filmes dirão.

 

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Depois dos fracassos que sucederam Snatch, Guy Ritchie começa a esboçar a velha forma. Mesmo que ainda falte bastante chão para percorrer até os áureos tempos voltarem, definitivamente ele está no caminho certo. Rocknrolla traz a clara impressão de alguém reaprendendo a andar, um tropeço aqui, outro ali, mas no final a coisa toda funciona.

Seu plot é terrivelmente desinteressante, sem muitas reviravoltas nem grandes trucagens de roteiro. Ele consegue ser confuso em alguns momentos e superficial em outros. Os personagens também passam meio despercebido pois nenhum mostrou características únicas ou marcantes ao ponto de ficarem guardados na memória, ninguém chega aos pés do Tony Bulletprof ou Bricktop. De todos, o único que realmente convence é One-Two, que deve muito de seu carisma a Gerard “This is Sparta!!!” Butler que o interpretou com bastante descontração. 

 

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A história gira em torno uma grande transação feita por um mafioso londrino com um gangster russo. Acontece que a elevada quantia em dinheiro cria um reboliço em todo o sub-mundo local, envolvendo uma gangue de trambiqueiros, um rock star junkie, uma contadora desonesta e mais alguns personagens bem esquisitos.

Diferente de Snach, o confuso roteiro de Rocknrolla não segura o filme. Em momento nenhum você pensa "caralho, eu não esperava por isso!". Os encontros e desencontros dos personagens não provocam reação alguma. Eu comecei e terminei o filme me sentindo um mero expectador, não consegui me envolver com nenhum dos personagens nem torcer para ninguém em especial. Isso dificulta muito  na hora de avaliar um filme (principalmente nesse estilo), se ele não te envolve na trama, então  em que mais ele vai te envolver?

No finzinho do filme (que eu achei bem fraquinho) ele deixa um gancho para uma possível continuação totalmente dispensável, a não ser que Ritchie trabalhe bastante para melhorar esses personagens, seria melhor começar do zero com um filme totalmente novo e com o gás que ele recuperou em Rocknrolla.

 

É Nozes!

9 Comentaram...

K.B.L.O disse...

pq vc nao junta duas tabuas faz um barraco e vai morar com o Tarantino?


INDIGNAÇÃO [mode on]

Ana Recalde disse...

ADORO Jogos, Trapaças.... assisti bem antes de Snacth... E putz, eu amo a trilha sonora!!!
Muito bom Bruner, como sempre...
Eu até perdoo a enquete meia boca do Filipêra pra ter esse post por aqui.
Vou assistir Rocknrolla!!

Anônimo disse...

Valeu por terem prestado um tributo a dois dos que considero "top 10 filmes de todos os tempos"!
Genial... valeu mesmo...
Rocknrolla não vi ainda, depois dessa resenha, nem quero ver...

Abração
Gabriel Dread

Heverton disse...

Assisti todos os 3 e digo que os 2 primeiros estão no meu top 10 de filmes porém o Rocknrolla eu não curti muito, não sei porque... ritchie tentou refazer a fórmula de sucesso dos 2 primeiros filmes de uma forma mais extravagante e saiu esse filme.. não é ruim.. mas não se compara com snatch e lock stock...

Excelente post!

Anônimo disse...

Não gostei de Rock'N Rolla. Achei parado e sem nexo... Snatch até que passa, mas o melhor dos três, sem dúvida é o JTDCF...

[]'s
Compulsivo

Anônimo disse...

Gostei muito das resenha e concordo com a maioria da sua opniao sobre o Ritchie.

Agora uma coisa que nao concordei foi q o final de rocknrolla nao foi bom... gostei do final e o gancho ficou bom tanto pq pelo q eu sei o filme é o primeiro de uma trilogia e eu fiquei bem empolgado com o gancho.

bom mas é claro q rocknrolla nao se compara com JTDCF nem Snarch

E Parabens pelo Tópico q esta otimo

Anônimo disse...

REVOLVER!?!?!?!
cade??
http://www.imdb.com/title/tt0365686/

Anônimo disse...

Essa "trilogia" é realmente espetácular, concordo com tudo que foi dito e, para mim, nada se compara a Jogos, Trapaças e dois canos fumegantes...
Mas faltou falar de REVOLVER.
Achei bom, infelizmente não tenho a capacidade de fazer uma resenha a respeito dele.
Mas vale citá-lo.
Sou um grande fã desse blog!!!!

paulo disse...

assista revolver, foje do estilo cômico dele e é o filme mais inteligente que vi na vida.
abraço

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