quarta-feira, 21 de julho de 2010

Avatar FiliPêra

O gênio Warren Ellis, Constantine e os tabus

 

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Final da II Guerra Mundial: 6 milhões de judeus mortos. Final do dia 20 de abril de 1999: 13 membros do Instituto Columbine mortos. Final do 11/9: 2993 mortas.

O que essas três tragédias acima têm em comum é que se tornaram tabus, intocadas, gerando em grande parte da sociedade aquele sentimento de não mexam com isso, é sagrado. Bom, nada é sagrado, como bem mostraram obras de arte que tocaram - às vezes, violentamente - em todas as feridas acima. Temos Maus, que escrutinou a questão do Holocausto com ineditismo narrativo brilhante; Elefante e Tiros em Columbine, que investigaram as possíveis causas e o contexto do medo e loucura inseridos na sociedade americana; e Fahrenheit 11/9, do mesmo Michael Moore, que fez questão de mostrar entrelinhas obscuras dos atentados terroristas mais famosos da história. Sem essas e outras obras, ia ficar somente o tabu, leis patrióticas e heróis vs bandidos. E esse é o problema do tabu, pois limita o ato criar algo imaginativo do artista - e não apelativo - usando assuntos espinhosos como esse de pano de fundo.

E mega empresas centenárias são conservadoras, e logo, sucumbem ao mínimo tabu. Se eles acharem que o povo vai ficar minimamente comovido ou consternado com o que vai ler, simplesmente vetam. É uma mentalidade pueril, idiota, que só tem serventia pra gente medrosa, que pisa em ovos. Pra mim, a arte não tem a missão de passar a mão na cabeça de ninguém, mas sim de desafiar, cutucar, e em alguns momentos, esmurrar de forma inteligente. Mas nem sempre é assim, geralmente por causa do povo que senta no trono e controla o dinheiro todo. Mesmo no mundo dos quadrinhos - repito: a arte pop mais vanguardista e experimentalista que existe - isso rola direto.

Paul Levitz era um desses caras que castrava (no sentido figurado, só pra deixar claro) artistas ao seu bel-prazer. Enquanto era um dos chefões da DC Comics, proibiu Warren Ellis de publicar Shoot, história de John Constantine que falava de… tiroteios em escolas. O pior: no ano de 99. Levitz reforçou a proibição, dizendo que enquanto estivesse no cargo a história jamais seria publicada - como consequência, Ellis pediu demissão do cargo de escritor das histórias do mago mais fodão que existe. Ano passado o Levitz teve a bunda chutada e colocaram a dupla Dan Didio e Jim Lee no lugar… e a história acaba de ser resgatada do limbo.

Essa é a primeira boa notícia. A segunda é que a ressurreição da história não vem sozinha, mas sim em bando e reunida numa nova publicação do melhor selo de quadrinhos de todos os tempos, chamada Vertigo Resurrected. Sim, uma revista só com histórias vetadas, proibidas, canceladas… Veja o que foi dito sobre as outras histórias dessa primeira edição:

 

Também incluídos nesta edição estão histórias raramente vistas antes explorando as perturbadoras profundezes de horror, guerra, romance e ficção científica criadas pelos roteiristas Brian Azzarello, Grant Morrison, Garth Ennis e pelos atistas Jim Lee, Phil Jimenez, Bernie Wrightson e outros. Capa de Tim Bradstreet.

Panini… escolho você pra trazer isso pra cá (tá bom, só uma frase de efeito, já que só ela pode trazer mesmo).

 

[Via Melhores do Mundo]

2 Comentaram...

Aleatório disse...

Velho...

Se ela trouxer esse selo pra cá, eu seire um nerd feliz xD

Tomara que demore menos de 8 meses para ela chegar aqui no Brasil.

Koppe disse...

Se a DC tivesse criado coragem mesmo, o nome do Rick Veitch estaria nessa lista.

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