sexta-feira, 7 de maio de 2010

Avatar Murilo

REC 2

 

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É notória a alta qualidade dos filmes de terror espanhóis. Atores talentosos, diretores consagrados e boas histórias são características comuns a este gênero no país que já lançou Labirinto do Fauno, Orfanato e, sobretudo, REC. REC era o tipo de filme que parecia não ter nada demais. Afinal, eram dois baita clichês juntos, zumbis e a narrativa sendo mostrada pela câmera de um dos personagens. Mas acabou se provando um dos melhores filmes do gênero nos últimos anos, utilizando a técnica de falsa reportagem de forma inovadora e claustrofóbica, produzindo toda a tensão que o filme gera no telespectador. Era como realmente estar entre os infectados. Quando foi anunciada a seqüência era de se esperar um filme à altura do anterior. Só que não é.

O início do filme é uma continuação direta do final do primeiro REC. Só então temos noção do caos que se formou na frente do edifício. Pouco se sabe sobre o que acontece lá dentro, somente é dito que um vírus, semelhante à raiva, se espalhou pelo prédio e que ele está em quarentena para impedir a propagação. Um grupo de cinco policias se prepara para escoltar um médico porque se perdeu o contato com as pessoas lá dentro. De cara achei isso engraçado. Seis pessoas pra durar um filme inteiro de zumbis? No primeiro REC haviam uns quinze personagens e a coisa só começava  pegar fogo lá pela metade do filme. Provavelmente por isso, quando o grupo entra não encontram ninguém. Cadê os infectados?  Eles sobem até o último andar sem maiores problemas. Se bem me lembro, no final do filme anterior o condomínio ficou infestado.

 

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Lembra da Manuela? Olha ela aí

Quando finalmente aparece um zumbi veio a primeira decepção. A técnica do falso documentário não funciona tão bem quanto no filme anterior. Não se sente a mesma desolação. Além disso, no REC fazia sentido a câmera continuar ligada independente do que acontecesse. A protagonista Manoela queria mostrar ao mundo o que ela e as outras pessoas estavam sendo obrigadas a passar porque o prédio foi lacrado. Já nesta sequência, não há explicação. Pelo contrário, a idéia dos personagens ao entrarem ali era evitar que a história do vírus vazasse.

Mas o pior não é isso. Se fosse, eu dava até uma nota 5 ou 6 para o filme. A maior decepção foi quando o médico puxa um crucifixo do bolso e o zumbi para e reage a ele. Aí descobrimos que o médico na verdade ele é um padre (?) e oz zumbis são pessoas possuídas por demônios que pretendem dominar o mundo (???). No primeiro filme é dito que uma menina chamada Medeiros contraiu uma doença misteriosa e se pensou que ela estava possuída, tanto que até tentaram um exorcismo. Para encontrar uma cura, um doutor a manteve presa no prédio sem que os outros moradores soubessem. Ou seja, até se cita a possibilidade de possessão demoníaca, mas o filme explora mais a explicação científica do vírus de fácil contaminação, o que se provou muito mais interessante e condizente com o clima do filme. Em REC 2 descartaram essa idéia por completo e partiram pra uma explicação mirabolante. Se tivessem explorado essa idéia desde o primeiro filme talvez a sequência não me parecesse tão ruim.

 

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O problema de REC foi o de ter repetido o erro de outros bons filmes de terror. Exemplos são Massacre da Serra Elétrica, A Profecia e Poltergeist, que tiveram continuações que só fizeram manchar o que havia de bom nos primeiros filmes. A sequência obriga que se explique todos os acontecimentos, e o que era novidade já parece meras repetições de fórmulas. Mas a sede de grana deve ter falado mais alto.

Há poucos dias foram anunciados mais dois filmes da franquia REC. O primeiro é REC- Gênesis, que será lançado em 2011. O segundo é REC- Apocalipse, que será lançado em (adivinha!) em 2012, claro. Pelos títulos arrisco que um é sobre o caso da doença da menina Medeiros e o outro é a terra tomada pelos demônios. Torço pelo menos para que não explorem mais a narrativa da câmera nas mãos de um personagem. Seria muita falta de imaginação. Se bem que depois de REC 2 não duvido de mais nada.

 

[Rec] 2: En un mundo de infectados (Espanha, 2010)

Diretor: Martin Samper

Duração: 115 min

Nota: 1

11 Comentaram...

Chaves Papel disse...

O já achei o [REC] 1 uma porcaria!

O [REC]2 eu vou achar uma bosta então!

Mesmo assim, por tradição, eu vou assistir o filme. Eu sei que eu vou achar uma merda, mas assisto pra criticar depois.

Marshall disse...

Um adendo. O excepcional "Labirinto do Fauno" é ambientado na Espanha de Franco, mas é uma produção mexicano/espanhola, seu diretor é mexicano e concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro pelo méxico. Penso que isso deveria ter sido mencionado no texto, pois do jeito que está a Espanha leva todo o crédito.

Akira Mistika disse...

Acho que eu vi a outra versão deste filme, que não me lembro o nome agora, mas ambos são puros clichês da mesma forma e não perco mais meu tempo vendo, apesar de ser muito fã de filmes de terror, sinto falta dos clássicos mais inteligentes.

Akira Mistika disse...

Que saudades do tempo em que os personagens tinham cérebros - e arquitetavam seus planos "maquiavélicos" do mal - e não tinham de sair na na rua a procura de um.
Ai,ai, não se fazem mais filmes como antigamente, alias nada se faz bem como outrora, infeliamente.

Fernanda Arantes disse...

Não assisti o filme mas acabei de ver o trailer e posso dizer, por mais que seja ruim, me parece que é exatamente o que Resident Evil deveria ser

victor disse...

vou discordar um pouco dessa resenha.
não sei se foi pq o filme me lembrou um pouco a idéia da hq "legião" (ou é "eu sou legião"?), na qual rolava algo semelhante, no que diz respeito ao domínio pelo sangue; além disso, foi um soco no estômago, pq muitos não esperavam pelo lance demoníaco.
mas, gosto é gosto! =]

Daniela Ferron Carneiro disse...

No final do primeiro filme eles deixaram bem claro que a menina Medeiros estava possuída por um demônio, e que tal possessão gerou uma mudança em uma enzima de seu corpo, sendo que esta, como vimos durante o filme, era contagiosa (possesão por contato físico ?!)
Não digo que achei o fato de uma mordida transmitir um demônio para outra pessoa uma coisa muito coerente, mas acho que ficou claro que eles iam seguir essa linha se houvesse uma continuação do filme!

Murilo Andrade disse...

@Dani Ferron
Aonde isso que eu não me lembro? Até mostram os vários exames que o médico fez na Medeiros e o pavor dele ao perceber que a doença era contagiosa.

Paulo Luz disse...

Discordo completamente da resenha, e explicação para a contaminação não é mirabolante, pelo contrário, desde o primeiro REC a religião já estava intimamente envolvida no caso, terem posto o padre lá pra confirmar a tese só fez aumentar a tensão e tornar maior a nossa sensação de realidade do filme, já que um zumbi é algo sem explicação, ao contrário de pessoas possuidas, tendo em vista que vários casos já foram relatados. O que mais anima é o fato de tu poderes pensar que aquilo poderia acontecer de verdade, tal sensação me é transmitida quando vejo filmes como "Atividade Paranormal." Envolver religião é sempre uma cartada certa no que diz respeito a filmes de terror, não tem erro quando é bem utilizado como no caso de REC 2. É um filme bom, e ao contrário de muitos outros do gênero, eu vejo o 2 e já quero ver o 3!

Murilo Andrade disse...

@Paulo Luz
Demorei pra ver esse comentário, até porque o Blogger não envia comentários por email. Mas vamos lá. Vou fazer de conta que REC 1 realmente deu a entender que os zumbis eram pessoas possuídas pelo demônio. - O que eu disse e repito que ele não faz. Só mostra um mero recorte de jornal colado na parede contando que a Medeiros passou por um exorcismo, o qual obviamente não deu certo, porque até então os roteiristas pensavam numa doença. Se isso é mostrar que a religião estava intimimamente ligado ao caso, deviam ter dado mais atenção - Você esquece que o filme também tem uns furos ridículos. Só de exemplo, há uma cena em que um grupo do lado de fora consegue achar uma entrada para o prédio. Porra, eles devem ser fodas porque nem os próprios moradores conseguiram achá-la no primeiro filme e o prédio ainda estava cercado por todos os lados.

Sério, reveja o primeiro filme e confirme por si só.

Rafa disse...

Pow, a ideia do pessoal gravar os acontecimentos nem é tão estranha, visto que queriam documentar tudo para preparar o antidoto...

o numero gigante de imagens dentro do apartamento da medeiros não é o suficiente pra vc pensar numa causa religiosa? e no primeiro filme não dá nada claro quanto ao que produz a infecção, vc que na sua mente pensou ser científica e quando não foi ficou desapontado...

sem falar que é bem mais provavel os militares filmarem o tempo inteiro... quem é o fdp de um canal pouco conhecido, cinegrafista que vendo zumbis, e coisas bizarras acontecendo e em um perigo mortal vai ficar filmando? no minimo um foda-se a camera, eu quero viver... no maximo ele iria filmar bem mais os zumbis, pegar a fita e foda-se... é uma merda segurar uma camera daqueles entquanto LUTA PRA VIVER. os militares usavam uma camera na cabeça... e o outro tinha que segura-la...bem mais plausível.

a explicação das crianças entrarem é bem furada mesmo....

e o filme é muito bom, até a parte que chega as crianças... melhora quando eles se encontram, e depois fica furadaço quando veem a mulher lá do primeiro.... é OBVIO que ela tinha treta consigo... como ela sabia de tanta coisa? como todo mundo morre menos ela? e pro espectador é pior, quem é o fdp que não percebeu que ela tinha treta, tendo visto o primeiro filme... ou pior, o começo do filme já explica o final 20 minutos antes de ser um final....

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