A Hora do Pesadelo

 

A produtora Platinum Dunes, do diretor Michael Bay, vem se especializando em remakes de filmes de terror antigos. Começou com O Massacre da Serra-Elétrica, mais tarde ela resolveu ousar e recontou a história do clássico personagem Jason Voorhees, no excelente Sexta-Feira 13. E já que a coisa funcionou com o Jason, por que não fazer o mesmo com o bom e velho Freddy Krueger? Mas, infelizmente, o assassino das garras não teve a mesma sorte que o do facão.

Pra começar, faltou ousadia à produção do filme na hora de contar a história. Enquanto em Sexta-Feira 13 o roteiro é original, apenas mantendo coisas básicas da série, A Hora do Pesadelo é praticamente uma refilmagem completa. Mudaram apenas alguns fatos da história original, que eu não vou contar aqui para não estragar a surpresa de ninguém. Muitas cenas existentes no original estão aqui, até alguns ângulos de câmera são os mesmos, como a cena de Nancy na banheira, ou o rosto de Freddy surgindo na parede do quarto. Mas, antes que os fãs comemorem, achando que vão poder rever seu filme favorito com efeitos melhores, eles mudaram a única coisa que não poderia mudar: o próprio Freddy Krueger.

Quem gosta desse tipo de filme, se diverte com as mortes cada vez mais bizarras mostradas na tela. Mas A Hora do Pesadelo sempre teve um atrativo a mais nesse quesito, que era a satisfação com que Freddy matava suas crianças. Jason e Mike Myers eram meio paradões, chegavam, matavam e iam para a próxima vítima. Mas o velho Krueger gostava de brincar com elas, fazer pequenos jogos sádicos antes de matá-las, e quando finalmente desferia o golpe final era sempre com um sorriso no rosto. Talvez tentando fugir da imagem negativa que os últimos filmes da série deixaram (alguém lembra de Freddy x Jason?), o novo Freddy não se diverte, ele se limita a assustar as vítimas com uma voz grave e depois matá-las sem demonstrar nenhuma emoção, a não ser o ódio que sente por elas. Estão lá o moletom listrado, o chapéu, a luva com lâminas, o rosto deformado, mas, ainda assim, o que se vê na tela não é o Freddy Krueger.

 

Outro pecado do filme é que ele deixa de explorar a habilidade do assassino de controlar os sonhos. Com a tecnologia em computação gráfica existente hoje em dia, daria pra fazer sequências divertidíssimas no mundo onírico. Todo fã da série sabe que, no terreno do Freddy, ele pode ter braços gigantes ou transformar alguém em marionete, ele até já transformou uma das vítimas em personagem de videogame. Mas nesse remake, o personagem se limita a usar as garras para matar os jovens. Decepcionante.

O filme pode até divertir os que estão conhecendo o personagem agora, mais realista, interpretado por Jackie Earle Haley (o Rorschach, de Watchmen). Mas eu, que cresci assistindo a série A Hora do Pesadelo, ainda prefiro o Freddy Krueger fanfarrão e sádico interpretado por Robert Englund.

 

A Nightmare on Elm Street (EUA, 2010)

Diretor: Samuel Bayer

Duração: 95 min

Nota: 5