Desde que alguém resolveu que a internet era um ótimo lugar para se obter coisas de graça, as gravadoras, capitaneadas pela tirânica RIAA, iniciaram uma cruzada com o intuito de amedrontar os usuários que cometiam o crime contra a humanidade de baixar músicas de forma gratuita na internet. Desde 2003, eles já acusaram 35 mil pessoas por downloads sem autorização na web, seja via link direto, ou usando a famosa plataforma P2P. Mas, agora eles acabam de anunciar que desistiram da guerra anti-internauta, mas querem usar a lei para colocar outros para combaterem no lugar deles.
Pois é, parece até difícil de acreditar, mas a Associação da Indústria Discográfica Norte-americana desistiu de uma de suas maiores bandeiras: quem baixa sem pagar é criminoso. Mas, para continuar punindo quem não coloca a mão no bolso (eu incluso), eles querem deixar no colo dos provedores de internet a responsabilidade de administrar a luta contra “o saque ao tesouro da propriedade intelectual”.
A coisa funcionaria nos moldes do que Sarkozy quer fazer na França (e em toda a Europa), a “resposta gradual”, como é chamada no Velho Continente. Quando identificar uma atividade downloader ilegal, a RIAA vai notificar o provedor de internet no sentido de enviar uma email, com um “estamos de olho em você” para o responsável pelo IP. Caso a medida não dê certo (e NÃO vai dar), e o internauta baixar músicas novamente, receberá uma carta (de papel) avisando que sua velocidade de internet pode ser diminuída. Se decidir ser reincidente de novo, o provedor tem a liberdade de desligar a conexão do safado.
Dois pequenos problemas com essa nova forma de colocar na bunda (no pleno sentido figurado) dos internautas: ela não possui qualquer critério, sendo tudo feito por baixo dos panos, e por gente que quer ver a caveira dos que usam a internet, e retrocede-la para o que era há 10 anos atrás, simplesmente por não conseguirem lidar com os novos tempos e verem seus lucros diminuírem ano após ano. E o pior, com a ajuda da justiça, já que quem intermediou o acordo RIAA/provedores, foi o procurador-geral do Estado de Nova York, Andrew Cuomo. Ou seja, eles aparentemente não precisam apresentar provas à Justiça para distribuir milhares de email diariamente, é só, presumidamente constatar a ilegalidade da ação do internauta. O segundo problema diz respeito a burrice de tais medidas. Ela, primariamente mata a galinha, ao cortar a internet dos usuários. E não prevê que o capitalismo, principalmente em tempos de crise, é predatório, e até canibal. Quando virem a merda caindo no ventilador (leia-se: meio mundo indo fechar contratos com provedores que não estão aliados a RIAA), os provedores vão esquecer esse lance e preferir ver as coisas de volta a normalidade (junto com o dinheiro).
Outro problema (eles não param): as medidas são ilegais, e podem levar os usuários a processarem seus provedores, por serviços mal prestados. Além de ser justo, como o foi caso da Comcast , que foi processada por um usuário, após ele verificar o uso de traffic shapping, em sua conexão, graças ao uso de torrents. Imagine milhares de processos como esse, ia ser foda de se ver.
E tem gente esperta já comemorando os novos (e idiotas) métodos. É o caso da associação de defesa dos internautas, Electronic Frontier Foundation (EEF), que vê na nova medida, uma quase suspensão da perseguição a usuários de internet. Segundo dados da EEF, 5 BILHÕES de músicas sã baixadas mensalmente no mundo de forma ilegal, o que é 40 vezes mais do que as compradas.
Ainda bem que existem o Radiohead e o Nine Inch Nails, que mandaram às favas as gravadoras…
[Via Remixtures e G1]
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