Por BruNêra
Como vocês ja sabem, sou um puta fã de filmes de terror, de preferencia "não-americanos". Três Extremos se encaixa nas duas categorias. Primeiramente o que chamou minha atenção para esse filme foram seus diretores. Isso aí (!), no plural mesmo. São eles, nada mais nada menos, que: TAKASHI MIIKE (Ichi the Killer), PARK CHAN-WOOK (Old Boy) e FRUIT CHAN (Made in Hong Kong). Esse último eu não conhecia, mas ele me surpreendeu muito, ao conseguir fazer com que sua parte do filme ficasse melhor que a do Takashi Miike. Digo "sua parte do filme" pois, o Três Extremos é dividido em três histórias, que impressionantemente não tem ligação nenhuma entre si, exceto, é claro, pela atmosfera de horror e perturbação presente nos três.
The Box
Takashi Miike inicia o filme com a história de uma escritora que está tendo terríveis pesadelos, em que ela é presa numa caixa e enterrada viva. Com o passar da história vemos que esses pesadelos têm ligação direta com seu passado, que envolve assassinato, incesto e pedofilia.
Estranhamente, mesmo com um tema pesado e uma fotografia belíssima, a história não surpreende nem inova; quando chegamos na metade do filme pensamos "vai acontecer tal coisa" e tal coisa realmente acontece. Não que o filme seja ruim, mas quando lemos TAKASHI MIIKE esperamos algo realmente assustador ou extremamente violento, e nenhum dos dois acontece aqui. Vale a pena assistir, porque mesmo não sendo o melhor dos três ainda assim está bem acima da média do mercado em geral.
Dumplings
Em seguida, Fruit Chan vem com Dumplings. O que chama atenção nesse conto é seu enredo sinistríssimo, pois a parte técnica e artística da coisa meio que deixa a desejar. A fotografia, trilha sonora e atuações não comprometem a diversão, mas tambem não acrescentam nada, exceto a personagem principal vivida por Miriam Yeung, que dá um show.
Ainda na parte técnica, o que eu realmente gostei, foram os enquadramentos. Fruit Chan consegue posicionar as câmeras da forma mais perturbadora possível, ficando sempre "quase lá", mas nunca realmente mostrando. Na verdade têm horas que você torce para ele NÃO mostrar, de tão agonizantes que são algumas cenas.
A história é a seguinte: uma atriz decadente, que já está velha para os padrões comerciais, resolve visitar uma cozinheira que, dizem, conhece "a fonte da juventude". Chegando em seu apartamento, localizado em um condomínio caindo aos pedaços, ela descobre que, a "fonte da juventude" são bolinhos que a cozinheira prepara, usando uma carne muito especial. O tipo da carne é segredo até para seus clientes. Em uma dessas visitas a atriz entra sorrateiramente na cozinha e descobre que tipo de ingrediente é usado nos bolinhos. É aí que a coisa começa a ficar sinistra! Se eu disser aqui qual é o ingrediente, vocês vão perder uma boa surpresa. Por isso só vou adiantar que é dificílimo conseguir o tipo de carne usada, e com o passar da história, a atriz irá fazer algo MUITO doentio para consegui-lo.
Cut
E para finalizar com chave de Ouro, Park Chan-Wook nos brinda com a melhor história do filme! Nesse conto tudo é bem feito e equilibrado; temos até cenas de humor negro (do mais bizarro possivel). Pra quem já assistiu a trilogia da vingança (Old Boy, Mister Vingança e Lady Vingança) sabe que a fotografia de Chan-Wook é impecável. Aqui ela ficou mais puxada para "Mister Vingança", com um visual mais "real" e com cores menos saturadas. A única diferença foram as jogadas de câmera, que normalmente são bem ousadas e que aqui ficaram mais no "padrão". Isso não é um defeito, até porque, se levarmos em conta o ritmo frenético do filme, uma câmera ousada poderia estragar o... "Feng Shui" da história.
Falando em história, vamos a ela. Um produtor de filmes de terror está chegando em sua casa, após um longo dia de trabalho, quando uma forte pancada na cabeça o faz perder os sentidos. Tempos depois ele acorda numa sala muito parecida com um de seus sets de filmagems. Ele está amarrado à parede por um elástico, preso na sua cintura. No sofá, à sua esquerda está uma menina amarrada e amordaçada. À sua direita, está sua esposa, presa a um banco de piano, e com os dedos da mão grudados nas teclas do piano. Na sua frente, um cara gordinho lhe diz que ele deve matar sufocada a menina; a cada 15 minutos que ela permanecer viva, ele irá cortar um dedo de sua esposa. Detalhe: ela é pianista!
Pela história já deu para ver que o conto é bom. Os persongens (principalmente o “gordinho”) são muito esquisitos, mesmo não parecendo no começo. O desenrolar da trama segue numa espiral de violência e perturbação, até culminar na loucura total, que o faz rever suas impressões desenvolvidas até ali. Agora só cabe à vocês assistirem, para descobrirem os motivos que levaram o “gordinho” a fazer isso!
Saam gaang yi (Hong Kong | Japan | South Korea, 2004)
Diretor(es): Fruit Chan, Takashi Miike e Park Chan-Wook
Duração: 125 min
Nota: 8,5
(Como o filme não saiu no Brasil, ficando restrito a festivais de cinema, aí está o link para vocês baixarem o filme, caso desejem.
LINK)
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