100 Balas - Vol. 11 a 14
Por FiliPêra
Nem de longe o início da trama de 100 Balas apontava para caminhos tão sinuosos e sinistros. A série cada vez mais ganha ares conspiratórios e sujos, com o adicional da arte underground de Eduardo Risso, dono de uma das melhores narrativas que já vi! Se no início parecia que a série se limitaria a mostrar como a "maleta" mudava a vida das pessoas, cada vez mais ela vai adentrando no lamacento universo dos agentes que possibilitam o troco com as "100 balas irrastreáveis". Se no arco passado tivemos um vislumbre do que poderia ser um Minuteman (perigosos assassinos que são acionados com uma palavra), agora passamos a saber cada vez mais como funciona o universo dos intocáveis agentes...ou não! Explico: assim como em Os Invisíveis, 100 Balas é cheio de mistérios e, apesar de ainda não dar certeza, possui dois lados conflitantes em uma guerra corrupta e sangrenta. Então é bem razoável não acreditarmos em qualquer história que os personagens contam.
A edição 11, a única fora do arco principal, conta a pequena história de uma mãe que tem sua vida mudada quando recebe a visita de um certo Graves. O que pareceria uma história piegas, que envolve conflitos familiares passados, se transforma numa inteligente trama, apesar da simplicidade. Toda a violência da sociedade moderna é colocada no centro das discussões que Graves tem com a mãe, a Sra. Roach. Ele conta de como sua filha teve uma vida dura, sem esconder os detalhes do seu sofrimento. Após contar tudo, oferece a ela a oportunidade de vingança...que ela abraça sem pestanejar.
Após esse pequeno interlúdio somos jogados no arco Parlez Kung Vouz. Seu principal personagem é Dizzy, aquela da primeira trama de 100 Balas. Ela é mandada à França por Shepherd, para encontrar um tal de Branch, sob a desculpa que ele e ela tem algo em comum. As revelações que ela receberá em Paris (que podem ou não ser verdadeiras) são demolidoras e começam a fazer o leitor desvendar os mistérios dessa inteligente série. Mas com isso a vida de Dizzy parece correr perigo com o aparecimento de um Minuteman (lembra de "croatoa"?).
E é aqui também que Azzarello começa a jogar uma luz nos que estão controlando tudo (o Monopólio) e surge uma possibilidade de Graves não fazer parte dos mocinhos (na verdade isso tá em aberto desde o início e só o nome dele, que quer dizer túmulo, já diz muito). Mas esses são só partes da trama que torna 100 Balas tão impressionantes. Também é perfeito na série como o roteirista consegue colocar personagens no centro da história, sem nunca tirar Graves dos bastidores. Parte dessa capacidade atende pelo nome de Eduardo Risso, que, ao contrário de muitos, consegue valorizar perfeitamente cada quadro, colocando vários acontecimentos por página e mostrando visualmente (e até subjetivamente) o que outros artistas deixariam para fazer com diálogos.
Resumindo: mergulhe de vez no mundo de 100 Balas!
E aguarde que A Voz do Além vai ajudar vocês quanto à isso!
Autor: Brian Azzarello
Artista: Eduardo Risso
Nota: 9,0
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