domingo, 8 de junho de 2008

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HyperEspaço nº 14: Talento em dose dupla

 

 

 

Por FiliPêra

 

O glamour no mundo musical , e principalmente no rock, só tem duas formações: ou um(a) artista solo que capta todas as atenções e se transforma em um popstar; ou as tradicionais bandas com quatro ou cinco integrantes. Exemplos para ilustrar isso não faltam: Elvis, Beatles, Michael Jackson, Rolling Stones, Madona, Oasis, Radiohead...

Os que quebram essa pequena regra não-escrita são poucos e quase isolados. Nirvana, Muse e Cream são (ou eram) trios. E o Arcade Fire e o Polyphonic Spree são uma miríade de talentosos músicos. Mas fora esses, uma nova e promissora categoria de formações musicais: as duplas!

A primeira dupla que vem à cabeça é naturalmente o White Stripes. Não poderia ser diferente, com um som que ao mesmo tempo, evoca modernidade e um clima nostálgico (ouça e comprove que é possível), inclusive usando instrumentação da década de 60/70, sem samplers e ajustes eletrônicos, a dupla mais do que mostrou que não é apenas uma moda, e tem muitíssimo talento para se manter atual a cada álbum. Mas fora eles, existem diversas outras duplas que muito bem representam qualidade para a música e mostram que vieram para ficar. O "a mais" no caso das duplas é que, em sua maioria, existe uma mulher gostosa na parada. Vejamos o atual Top 5 das duplas rockeiras:

 

rubber

5 - Black Keys - Rubber Factory

 

Com sua mistura de folk rock, com pesadas influências de blues, o Black Keys conseguem ter um som quase que único, mesmo trazendo reciclagens de diversos nomes (desconhecidos) do passado. Esse álbum é um dos melhores da dupla, com canções otimamente bem produzidas e climáticas, a começar pela abertura When the Lights Go Out. Mas não é um álbum para todos os gostos, com inúmeras quebras de ritmo e alteração de musicalidade.

A dupla é formada por Dan Auerbach (vocais, guitarra) e Patrick Carney (bateria), que, ao contrário do que possa sugerir o nome do duo, não tem ligações raciais, sanguíneas e nem amorosas, apenas artísticas. O vocal rasgado chega a ecoar, em alguns momentos, o grunge de épocas passadas; mas com leves misturas de Ben Harper,  com menos viagens. É um som cru, sem firulas ou grandes invenções.

Após algumas músicas e algumas audições o álbum pode ficar cansativo para alguns, devido as poucas grandes mudanças sonoras ao longo do álbum, mas isso é algo secundário. Músicas como All Hands Against His Own estão aí para provar o contrário, com suas belas levadas viajantes.

Uma dica: experimente! Você pode se surpreender.

 

Top 3 do Álbum: All Hands Against His Own, When the Lights Go Out e Stack Shot Billy

 

Nota: 7,0

 

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4 - Blood Red Shoes - Box of Secrets

 

Dance/Pop Rock da melhor espécie e feito com a melhor das intenções. A dupla, formada por Steve Ansell (bateria e vocal), e a lindinha Laura-Mary Carter, que toca guitarra e canta bem melhor do que o parceiro. É basicamente uma dupla de alma adolescentes mandando um som para BRS1 atrair...adolescentes, que, no fim das contas, pode divertir bastante dependendo do seu estado de espírito.

Não tem nada de original aqui. Já vimos isso um monte de vezes, mas no fim das contas música é reciclagem (de preferência bem feita). E é isso que o Blood Red Shoes faz. Ouça as três músicas iniciais do álbum - Doesn't Matter Much, You Bring Me Down e Try Harder - e comprove, mas é impossível não se contagiar com a energia transmitida por eles, principalmente em canções como Take The Weight e This is Not For You.

 Blood Red Shoe - Doesn't Matter Much

 

É para ouvir um mês (bem divertido) e esperar o próximo álbum da dupla...

 

Top 3 do Álbum: This is Not For You, Take The Weight e Doesn't Matter Much

 

Nota: 8,0

 

 

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3 - The Ting Tings - We Started Nothing

 

Sim, o álbum de estréia do Ting Tings está estourando nas paradas (botou Madonna pra correr do primeiro lugar no Reino Unido); e seu primeiro single, Thats Not My Name, é um sucesso estrondoso. O Ting Tings é mais um exemplar de pop rock adolescente, mas com um pouco menos punch e qualidade (a terceira colocação que pus aqui é mais pelo sucesso do que pela qualidade frente à dupla anterior). É uma gatinha loura com um cara com atitude cool. Seu single é divertido e grudento, mas descartável. É daquelas músicas para agradar aquela sua irmãzinha (ou namorada que acabou de sair do segundo grau) que ainda não consegue ouvir o White Stripes.

Mas nem só de That's Not My Name vive a dupla, que é composta  pela loirinha Katie White, nos vocais e pelo alternativo Jules De Martino, nos backgrounds. Great Dj abre magistralmente o álbum e é para deixar qualquer patricinha descabelada; Shut Up abd Let Me Go foi usada até em comercial de iPod.

"That's Not My Name"

Como visto estamos na frente de outro fenômeno de ocasião (provavelmente, afinal o showbizz não é previsível). Aproveite, nem que tenha que esconder o CD dos seus amigos Nerds!

 

Top 3 do Álbum: That's Not My Name, Great Dj e Keep Your Head

Nota: 7,5

 

 

 channelizing

2 - Los Super Elegantes - Channelizing Paradise

 

A mistura mais eclética de todas as duplas que cheguei a ouvir. A começar pela formação dos dois: Milena Muquiz, é mexicana, e Martiniano Lopez- Crozet, argentino. As letras variam entre várias línguas, como: francês, espanhol e inglês, além da mistura sonora ser das mais diversas, passando pelo punk, trip hop e ritmos latinos. E os dois tocam e cantam, ainda por cima.

lossuperelegantes Mas esqueça tudo isso e ouça logo de cara Je Suis Bien. É um hit dos mais duradouros que já tive o prazer de conhecer (apesar de seus curtos dois minutos), que vai te convidar à audição por milhares de vezes (comigo foi assim). As influências latinas do Los Super Elegantes contribuem para a mistura mais estranha-que-funciona que você já viu. Tem horas que você vai achar que está diante da trilha sonora de um filme de Tarantino, como na ótima Por Qué Te Vas?. 

 Los Super Elegantes - Je Suis Bien

 

O passeio musical é belo e se assemelha a uma viagem internacional, com toques cosmopolitas, mas as diversas experimentações sonoras podem acabar por assustar os menos acostumados a esse tipo de sonoridade. Mas o álbum passa longe dos hits fáceis e vai ganhando força a cada audição. Os que não exitarem e derem uma chance a ele não vão se arrepender.

 

Top 3 do Álbum: Je Suis Bien, Por Qué Te Vas? e Sixteen

Nota: 8,5

 

 

midnight bloom_the kills

1 - The Kills - Midnight Bloom

 

Se no álbum anterior, No Wow, o The Kills parecia simplesmente uma dupla em busca de um lugar ao sol e de uma trabalho marcante, nesse Midnight Bloom, terceiro trabalho, Hotel e VV (pseudônimos para Alison Mosshart e Jamie Hince, respectivamente) eles vão ainda mais fundo em suas próprias experimentações garageiras que traçaram a trajetória da dupla até aqui. Mas dessa vez estão conscientes de seus próprios limites e se dão ao luxo de fazerem testes à la White Stripes, com canções de menos de dois minutos grudentas e sem instrumentos.

Parece estranho, mas não é. O The Kills vai ser a melhor coisa que você já ouviu em muito tempo. Sem se render aos modismos de outras bandicas por aí; eles simplesmente usam uma guitarra (tocada por Jamie Hince) kills e uma bateria orgânica, eletrônica, que é programada antes das apresentações. No início foram comparados até aos White Stripes (o que é uma covardia) mas logo logo conseguiram se desvincilhar de tais atrelamentos e foram reconhecidos por seu trabalho único, recheado de experimentações das mais variadas. Ajuda o fato de VV ser a maior gatinha e cantar pra caramba...

Assista ao polêmico clipe de Last Day of Magic, a melhor música do disco, que retrata uma violenta briga entre os dois e entenda porque o trabalho deles é diferenciado!

Obrigatório!

 

 

Top 3 do Álbum: Last Day of Magic, Black Ballon e Tape Song

Nota: 9,0

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