sexta-feira, 8 de agosto de 2008

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Era Uma Vez... uma pre-estréia

 

breno 

 

Por FiliPêra

 

Como bom estudante de jornalismo e blogueiro que faz o dever de casa, fui convidado para a pré-estréia de Era Uma Vez... aqui no Espírito Santo. O evento marca o início do IV Festival REC, que reúne vídeos universitários, promovido pelas Faculdades Integradas Espírito-Santenses (FAESA). Como "a mais", a sessão contou a presença do próprio Breno Silveira, diretor do longa.

E foi o próprio Breno que iniciou a sessão, relatando um pouco como é a experiência de ser um diretor de cinema em um páis como o Brasil . E as palavras iniciais do cineasta não poderiam ser mais chatas: "Gente, é difícil competir com Batman e A Múmia." O interessante é que elas fariam sentido com o fim da sessão. Grandes blockbusters (exclua O Cavaleiro das Trevas daí, ou invente um novo conceito para blockbuster, OK Breno?) tendem a afastar o público mais jovem de filmes mais intimistas como é o caso de Era Uma Vez... (bom, concorrência é isso aê).

Com alguns minutos de atraso as luzes se apagam e a sessão se inicia. O início é promissor, com cenas fortes e chocantes, longe do que o título sugere (leia a nossa crítica abaixo). E ao longo do filme todos os presentes realmente tiveram isso: fortes emoções. Era Uma Vez... é um filme para se ver no cinema, ou sozinho em casa; para aprecia-lo corretamente. Foi o que essa sessão demonstrou. Quando as luzes se acenderam várias lágrimas podiam ser vistas nos olhos de alguns. Isso após gritos, risadas e choros audíveis durante a jornada do improvável casal. Após a entrada de Breno novamente na sala, foi a vez de minutos de palmas se sucederem. O diretor não aguentou e teve de se agaixar; disse que ainda não se acostumou com essa recepção!

Pois deveria, com um bom filme como esse, nem entendi porque ele reclamou da concorrência com Batman!

 

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era uma vez

 

Breno Silveira conseguiu de novo! Transformou o que parecia que ia render uma história clichê e enjoada, em um bom filme. E para isso usou um elemento subutilizado hoje em dia (principalmente no Brasil): emoção! E é por se apegar com tanta força no quesito emoção que Silveira transforma Era Uma Vez... em um grande filme. O cineasta sabe quais cordas está puxando; transformou 2 Filhos de Francisco, que à época em que foi anunciado já era dado como fracasso, no filme brasileiro de maior bilheteria em tempos recentes. Tal como o primeiro filme de Breno, esse aqui emociona. E muito! Não se surpreenda se derramar algumas lágrimas em momentos-chave do filme.

A trama é mais do que conhecida. Dé é um menino pobre, morador da favela do Cantagalo, que diariamente desce do morro para trabalhar em um quiosque, onde ele vende cachorros-quentes e côcos. De frente para o quiosque mora Nina, menina rica (com o pai à beira da falência), que Dé observa diariamente, o que acaba por despertar-lhe uma paixão. De sua barraca, Dé pode acompanhar como são diferentes as suas vidas.

"Com uma sinopse dessas fica difícil simpatizar pelo filme. Já vimos essa história de paixões fadadas ao fracasso e encontro de mundos diferentes milhares de vezes", pode exclamar você - com uma certa razão, devo acrescentar. Mas bons filmes nem sempre são feitos de inovação; são feitos de boas atuações, bons roteiros, boas locações, boa fotografia; e de preferência tudo isso junto. É o que Breno faz. Nós já vimos trocentas versões de Romeu e Julieta, já conhecemos dezenas de filmes de amores impossíveis; mas ele consegue, mesmo não sendo "original", fazer um bom filme. É impossível não se emocionar com os encontros e desencontros do casal Dé e Nina (vividos por Thiago Martins e Vitória Frate, respectivamente), principalmente nos fortes momentos em que a violência tenta impedir que o inocente casal fique junto.

 

era-uma-vez

 

As atuações são de primeira, principalmente de Rocco Pitanga, como Carlão, irmão de Dé (somente Vitória começa meio travada, mas logo depois se solta). Tecnicamente o filme também é exemplar; isso em muito deve ao fato de o filme ser todo filmado em locação (incluindo a própria favela do Cantagalo). O clima e a tensão, principalmente na sequência do futebol no começo e o clímax, empreendidas pelo diretor, misturado as doses de comédia, só mostram um diretor equilibrado.

Enfim, não se sinta acanhado para externar suas emoções durante o Era Uma Vez.... A grandeza do filme - que contém ecos dos dois melhores longas nacionais de todos os tempos: Cidade de Deus e Tropa de Elite - supera, de longe seus pequenos defeitos, como o segundo terço da projeção, que pouco contribui para a trama. Esqueça tudo isso e se emocione. Quando é genuíno, é o suficiente!

 

Era Uma Vez... (Brasil, 2008)

Diretor: Breno Silveira

Duração: 118 min

Nota: 8,0

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