A Arte geralmente fala para o período a qual está vivendo. Pouquíssimas obras conseguem a proeza de ficarem imunes ao efeito tempo. Outras vão ainda mais longe e melhoram com o tempo, mostrando para os filmes de uma geração a frente como o passado pode assombra-los… ou ajuda-los, depende da visão do artista em questão. Três Homens em Conflito e O Poderoso Chefão são dois filmes que se encaixam na segunda categoria sem esforço.
Com a ficção científica, ou sci-fi, seu nome cool, o andar da carruagem tem o ritmo um pouco diferente. Suas obras geralmente apontam o futuro para refletir sobre o presente. Quando o resultado é bem sucedido, como em Blade Runner ou Matrix, vemos obras primas. Não pode haver saudosismo em seus filmes, ou veremos coisas como a nova trilogia de Star Wars, a qual apenas o último filme salvou, e não graças ao Anakin patético. Tudo por causa de George Lucas e sua gana em achar que as crianças gostariam de coisas como Jar Jar Binks.
Se na década de 70, com o mundo mergulhado na Guerra Fria e com a população ocidental com medo que os soviéticos “apertassem o botão”, as séries de ficção científica (não só elas como quase todo o cinema, que mudaria anos depois com Scorsese, Coppola e Spielberg) serviam como escapismo, com tramas épicas, mais para entreter do que para pensar. Hoje as tramas estão mais introspectivas, com contornos mais realistas, e nos apontando um futuro próximo, ao invés de irmos para uma “galáxia muito distante”. Star Wars é bom? Sem dúvida, assim como muitos dos filmes contemporâneos a ele, mas facilmente se encaixa na descrição acima, com seus heróis cheios de poderes e mitologia inspiradas no Japão Feudal.
Hoje as ficções não precisam escancarar sua porção científica para poderem fazer sucesso. Não precisam de armas lasers, naves que voam a velocidade da luz, ou hiper-estradas espaciais. Veja o caso de Filhos da Esperança… um filmaço em todos os sentidos; uma ficção científica sem precisar de seres de outros planetas, ou tecnologias ultra-avançadas. Outro caso é Sunshine – Ameaça Solar, que vai ainda mais além e acrescenta elementos de suspense. Ou quem sabe Matrix, que merece toda uma série de posts só pra ele. O filme pegou um zilhão de referências e juntou tudo num produto tão moderno quanto manjado, escancarando para toda uma geração o futuro guiado pelo cyber espaço, coisa que Wesley Gibson, Philip K. Dick e Bruce Bethke já faziam na literatura, assim como gente como Masamune Shirow fez em Ghost in the Shell.
O momento é especial para falar sobre isso. Temos o encontro de uma ficção à la anos 70, Star Trek, e duas com contornos mais modernos, Moon e District 9. Sobre o primeiro não vou me pronunciar até assisti-lo. Sempre fui indiferente com relação a Star Trek, e pelo que estão falando do filme de J. J. Abrams, ele pode ser um bom ponto de partida para gostar da série.
Diria com mais exatidão que os outros dois chamam mais a minha atenção, embora esteja querendo ver Star Trek. Moon, é estrelado por Sam Rockwell (o protagonista do excelente Choke) e segue a linha filosófica, daquelas que passam pelos festivais de cinema mais indie do planeta como o SXSW, o Sundance e o Tribeca; é algo no estilo A Fonte da Vida talvez. Sam é um astronauta em órbita há três anos, em uma base lunar, na companhia de um computador pentelho no estilo HAL-9000. Quando ele está perto de voltar para casa a coisa começa a ir para o inferno, e o cara começa a enlouquecer. Pela ambientação, o filme promete ser daqueles claustrofóbicos… Abaixo tem um trailer (com a opção de ser assistido em HD) e diversas imagens. A direção é de Duncan Jones, filho de David Bowie.
O segundo, District 9, promete puxar as mesmas cordas do já citado Filhos da Esperança, mas com ET’s, ou algo do gênero. Afinal, vemos ET’s sendo segregados e querendo voltar para caso no distrito do título, que se localiza na África do Sul. Sacou a politização? Existe um paralelismo entre os ET’s do filme, e os negros que passaram pela mesma situação no país na época do apartheid. Frases como "Eles não são bem vindos” pululam todo o filme, mostrando seu caráter social. Mas isso nada importaria se o trailer não fosse brilhante, com efeitos na medida certa e mensagens na medida certa.
E para te deixar empolgado, caso ainda não esteja, saiba que o diretor escalado é Neill Blomkamp, o mesmo que ia dirigir Halo nos cinemas. A produção e supervisão é de Peter Jackson e sua Wignut Films. Promissor!
[Via Slash Film]
4 Comentaram...
Aloha FiliPêra e um salve a todos do Nerds Somos Nozes. Tive que fazer um pausa na minha madruga e ler o texto para comentar.
O blog cada tá cada dia melhor e sempre com informações quentinhas. Mas vamos lá.
Cara tu tirou da minha mente esses filmes, quando lançar quero baixar em qualidade suprema e juntar uma boa graninha pra ter em casa e claro quando chegar aqui no Brasil(se chegar).
Pela premissa dos trailers do Moon e tanto o District 9 são com o perdão da palavra "foda", simplesmente foda.
Eu acho que o sci fi desde Matrix(em especial) ganhou popularidade mas perdeu qualidade, nesses dois vejo o contrário qualidade principalmente na história, o que eu espero é um bom roteiro, boas atuações, uma fotografia soberba e melhor que os efeitos visuais fiquem para o segundo plano, pois eu acho que o melhor do gênero sci fi é ficar intrigado com as possibilidades do inusitado e para finalizar faz você sair do cinema com aquele sorriso enorme do rosto de ter apreciado um bom filme.
Sensação que o mainstream não mostra faz alguns bons anos...
Só isso e nada mais. E é claro essa é minha humilde opinião...
O futuro promete.
Filmasso, sem frescuras e tiros, e super herois presidentes, e toda a baboseira que costuma vir com esse tipo de filme!
ERRATA: em vez de Wesley Gibson, favor mudar para WILLIAM Gibson. Os leitores de Neuromancer agradecem.
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