quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Avatar Voz do Além

Um adeus formal a privacidade: acabaram de se inspirar em Minority Report

 

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Ficção Científica nunca é tão viajante assim. Julio Verne, por exemplo, antecipou algumas invenções bastante interessantes, e já dava certos detalhes sobre viagens espaciais, antes de Konstantin Tsiolkovsky dar o pontapé inicial para a corrida rumo ao espaço. Quando melhor concebida, a Ficção Científica consegue antecipar modos de vida e o funcionamento da sociedade de forma brilhante, como os pioneiros do cyberpunk. De certa forma, é natural que certas coisas que a nós pareçam impossíveis e surgem em filmes, já estarem sendo matutadas por cientistas mais doidões.

Parece ser o caso dos cientistas por trás da Global Rainmakers Inc, que está instalando scanners de íris em tempo real na cidade de Leon, no México, no melhor estilo Minority Report. Alguns scanners têm a capacidade de identificar cerca de 50 pessoas por minuto - pessoas em movimento, tudo em tempo real - enquanto modelos menores conseguem capturar de 15 a 30 íris por minuto. A idéia dos políticos que aprovaram a adoção do sistema - e da empresa, que está usando Leon, uma das maiores cidades do México, com mais de um milhão de  habitantes, como cobaia - é criar a “cidade mais segura do mundo”. Sim, tá todo o mundo achando isso lindo, como se fosse a oitava maravilha do mundo. “No futuro, vai ser possível abrir a casa, o carro, obter receitas médicas e baixar seu registro médico usando uma única chave: a íris”, diz um Jeff Carter, diretor da Global Rainmakers, aparentemente exultante. E ele completa: "Cada pessoa, lugar e coisa sobre este planeta estará conectado [ao] do sistema de íris dentro dos próximos 10 anos".

 

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A Global Rainmakers deixa claro que Leon é apenas um primeiro passo, um teste, e o objetivo é encher o mundo de sensores e bancos de dados globais de íris, que teriam criminosos e a população - a direção da empresa fala em opção de entrada no banco, mas duvido muito - bem registrados dentro dele. As aplicações para esse tipo de sistema são ilimitadas e complexas, e inclui colocar identificação por íris em terminais rodoviários, bancos, lojas, aeroportos, hospitais, e toda a sorte de lugar que possa receber um sistema de registro.

Carter ainda faz questão de dar um ar sem falhas ao sistema dele:

 

Nem mesmo os olhos mortos vistos em Minority Report podem enganar o Sistema. Se você tiver sido condenado por um crime, na sua essência, este funcionará como uma letra escarlate digital. Se você é um ladrão conhecido, por exemplo, você não será capaz de ir a uma loja sem ser identificado. Para outros, embarcar num avião será impossível. "

Os que testaram o sistema comprovaram sua veracidade e rapidez, além de afirmaram que essa gana de Carter por registrar todo o mundo é genuína. O engraçado é que o próprio Carter tenta justificar a intromissão compulsiva de sua criação, apontando ainda mais intromissão já existente, como a dos bancos: "Os bancos já sabem mais sobre o que fazemos em nossa vida diária - eles sabem o que nós comemos, quando nós vamos, o que comprar - os nossos segredos mais profundos. Nós não estamos falando de algo diferente aqui - apenas um sistema que é bom para todos nós."

 

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Claro que o potencial publicitário tão intensamente ressaltado em Minority não ficaria de fora do leque de ação desses scanners.

 

"Em dez anos, você pode apenas ter um sensor que é literalmente capaz de identificar centenas de pessoas em movimento a distância e determinar a sua geo-localização e as suas intenções - você será capaz de ver como tantos olhos olharam um outdoor. Você pode começar a trilha a partir do ponto que uma pessoa está navegando no Google e encontra algo que quer comprar, até o ponto que cruzar o limiar de um Target ou Walmart e realmente fazer a compra. Você começa a ver o ciclo de vida dos marketing.

Lógico que com a popularização desses dispositivos, eles ficarão baratos, e milhões de bancos de dados de íris poderão ser criados por aí, tirando as coisas do controle para sempre. A previsão de Carter é que eles custem cerca de US$ 50 a US$ 100 num futuro não muito distante, e que sejam vendidos bilhões dele para qualquer pessoa. Pensou num futuro assim? Imaginou também uma casa no meio das montanhas, calma tranquila e cheia de livros e sem scanners? Eu também…

 

George Orwell, você errou por bem pouco, acredite!

[Fast Company via Gizmodo]

4 Comentaram...

Rafaello disse...

Cada vez pior mesmo...

Muita boa matéria, parabéns!

Francine disse...

Pior seria se inventassem o scanner anal, vá que as nossas "pregas lá embaixo" sejam únicas e individuais tal e qual as nossas impressões digitais...

Aleatório disse...

Eu não usaria esse escanner anal xD
mas eu acho que esse futuro pode ser bem interessante pelo fato de não existirem sistemas a prova de falhas xD

D4N13L_MT1 disse...

Pra burlar o sistema só é preciso um boné, uns 5 leds IR e uma bateria 9V...

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