sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Avatar Beatriz Paz

Querido e Devotado Dexter

 

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Olá meus queridos! Após o meu pequeno hiato devido a uma urucubaca digital prontamente notificada pelo meu chefinho lindo Filipêra, euzinha aqui, a mascote que você secretamente adora, Beatriz Paz, estou de volta com mais uma resenha sobre o serial killer que, segundo a Publishers Weekly: “É o serial killer mais sombriamente encantador e cativante desde Hannibal Lecter.”

Pra você que pegou o bonde andando e não sabe quem é Dexter Morgan e nem o que ele é, dá uma passadinha nesse post aqui que você vai entender tudinho. Agora, se você já leu a resenha do primeiro livro e está se coçando pra ler a segunda, seus problemas acabaram. Uma coisa que o leitor Chaves Papel comentou no post sobre o primeiro livro: sim, a primeira temporada da série Dexter é baseada no primeiro volume. Já a segunda temporada é completamente diferente, o que não tem impede em nada de tanto devorar o livro e virar a noite assistindo a série. Eu recomendo as duas opções.

Miami continua a mesma, seu trânsito caótico cheio de motoristas refinados e educados na Inglaterra, calor infernal, roupas curtas e muito trabalho para Dexter Morgan. E quando eu digo que o nosso serial killer favorito vai suar a camisa eu não estou fazendo um trocadilho infame. Além do seu trabalho rotineiro como perito em borrifos de sangue na polícia forense de Miami, Dexter tem que se preocupar em alimentar o seu Passageiro das Trevas periodicamente e conseguir concatenar suas atividades superficiais com as que realmente importam, tendo o Sargento Doakes o vigiando 24 horas por dia, e isso está o deixando maluco.

Se você lembra do final do primeiro livro, então vai entender perfeitamente o motivo pelo qual Doakes faz o que faz, e também vai ter muito mais motivos para querer esfregar a cara dele contra o asfalto. Eu tive. Para se manter fiel ao Código de Harry, Dexter precisa fazer o Sargento acreditar que ele é um homem normal, nem que isso signifique passar quase todas as noites de sexta feira tomando cerveja na casa de sua namorada Rita. Sim, Dexter arranjou uma namorada e, para manter o seu disfarce fiel começa a se portar cada vez mais como um humano:

 

“Era isso ser humano? As pessoas eram mesmo tão miseráveis e estúpidas a ponto de desejar isto: passar a noite de sexta-feira, um tempo precioso longe da escravidão em troca de um salário, sentado diante de uma tevê com uma lata de cerveja? Era um entorpecimento imbecil, e, para meu horror, descobri que estava me acostumando a isso.”

Em Querido e Devotado Dexter, Jeff Lindsay explora a descoberta de Morgan a respeito dos seus sentimentos - sim, ele os possui, só opta por não senti-los, é uma coisa meio Vulcan que ele tem – sem deixar de lado o humor negro e ácido que tanto me fez rir sozinha no trem lotado. O fato de ter que se aproximar cada vez mais de uma vida normal para que Doakes não descubra a sua verdadeira identidade, faz com que Dexter veja lados de si mesmo que ele não conhecia e coloca suas habilidades de adaptação em sociedade ao máximo. Sim, o Doakes é um cara MUITO chato, mas sem ele não teria história.

Por culpa da vigilância do Sargento, Dexter precisa parar sua caçada no meio. Logo no começo do livro o protagonista coloca as mãos em mais um pedófilo e precisa ir atrás de seu assistente para que o serviço fique completo. Vou explicar melhor: imagine que você esteja comendo a primeira de duas barras do seu chocolate favorito escondido, ninguém pode saber que você está as devorando, e alguém aparece e você não pode comer a segunda barra mesmo sabendo que ela está pertinho de você. Sentiu a possível agonia? Sentiu o possível desespero gradativo? Agora substitua o ato de comer pelo ato de matar. Bem vindo ao desespero de Dexter.

E pra melhorar tudo, um novo serial killer está na cidade, ele é conhecido pelo nome de Dr. Danco e seu Modus Operandi é no mínimo chocante e intimidador:

 

“Todas as partes do corpo tinham sido removidas, absolutamente todas. Nada restara, a não ser uma cabeça escalpelada e sem rosto pregada a um corpo desmembrado. Não conseguia imaginar como fora possível fazer isso sem matar o paciente. Revelava uma crueldade que fazia pensar se o Universo era mesmo uma boa idéia. (...) Fazia o que o Passageiro das Trevas considerava necessário a alguém que na verdade o merecia, e sempre acabava em morte – algo que, com certeza, a coisa sobre a mesa teria achado uma bênção. (...) Podia sentir um assombro subindo das profundezas, como se pela primeira vez meu Passageiro das Trevas se sentisse um tanto insignificante.”

Devido a gravidade do crime, o FBI entra na jogada e Dexter, além de ter que fugir de Doakes, é escoltado pelo chefe da investigação e agora namorado da irmã de Morgan, Agente Chutsky, para que os ajude a capturar Danco. Tudo isso devido ao fato do protagonista ter um “sexto sentid0” quando o caso envolve assassinos em série. É preciso ser um monstro para entender um, não é mesmo?

O que acontece é que o perito está igualmente interessado em pôr suas mãos no Dr., no entanto não pode deixar seu disfarce ir por água a baixo. Então começa um jogo de gato e rato no mínimo interessante, que resulta num acidente de carro após uma perseguição no melhor estilo filme de ação e no ataque de um pavão furioso que, se não fosse narrado pela ironia e sarcasmo de Dexter, não teria a mesma graça.

 

Como eu já disse na primeira resenha, falar sobre Dexter sem soltar nenhum spoiler da trama é difícil, são detalhes que podem revelar toda uma série de fatos que, por fim, relatam a trama inteira. No entanto, o que eu gostei bastante dessa edição foi que, por culpa de várias coisas acontecendo ao mesmo tempo, você também se sente pressionado com Morgan. Ele tem que pegar um assassino em série, ser um namorado e profissional exemplar, enganar o sargento mais habilidoso da sua unidade e ainda matar um fotógrafo pedófilo. Tudo ao mesmo tempo.

Se afeiçoar por Dexter não é difícil, por ele não possuir os sentimentos tão a flor da pele como as pessoas normais. Morgan – e por que não dizer Lindsay, afinal ele é quem dá vida ao Dexter - apresenta uma visão crítica e fria da sociedade e de seus componentes, mas isso não o impede de ser curioso e ácido. Comentários como “E por que tantas mulheres gordas acham que ficam bem com a barriga de fora?” ou “Eu nada sabia sobre amor, e jamais saberia. Não me fazia muita falta, mas me dificultava entender a música popular.” Te fazem se apaixonar mais por Dexter a cada linha.

Isso faz com que o leitor se apaixone cada vez mais por ele, e releve cada vez mais o fato de que ele precisa matar pessoas periodicamente para conseguir ficar em paz consigo mesmo e com o seu Passageiro das Trevas. Quem viu o final da primeira temporada da série entende perfeitamente o que eu estou falando.

Além de deixar de lado a característica neural de Morgan, você passa a torcer por ele, se angustiar cada vez mais por ele estar sofrendo com a ausência de matança e ri das situações em que ele se mete para que tudo não saia dos eixos. Vide a festa da despedida de solteiro (se eu contar mais vai ser spoiler, desculpem.) ou como a mesma teve origem, é uma coisa que beira o episódio do cubículo com LaGuerta no primeiro livro.

Porém, nem tudo é pressão ou gente sendo encontrada como a coisa que eu peguei a descrição do livro alguns parágrafos acima. Um segundo Evento Traumático ocorre e Dexter percebe que daqui a pouco tempo terá que passar a frente todo o seu código de conduta e que possivelmente terá companhia no seu passatempo favorito. Mais um amigo para o monstro que não sabe sentir. Pra variar Jeff Lindsay nos dá uma trama extremamente viciante e bem elaborada, com piadas de humor obscuro, personagens que têm seu brilho próprio, mesmo aqueles que já estão mortos, e um protagonista que seria o genro predileto de qualquer mãe se não fosse pelo seu segredinho sujo.

Jeff Lindsay trata mais do convívio social de Morgan com aqueles que o circundam do que no primeiro volume onde o foco está em seu passado e no seu outro Eu. Se você leu o primeiro livro e, assim como eu, não descansou até por suas mãos no segundo volume da série prepare-se, você vai matar pelo terceiro.

Querido e Devotado Dexter é mais uma prova de que existe vida inteligente na literatura, numa época em que brilhar te dá status de best seller.

 

Título: Querido e devotado Dexter (Dearly Devoted Dexter)

Autor: Jeff Lindsay

Páginas: 268

Nota: Fucking 10 (Já que o Filipêra é o dono do 11, criei a minha própria nota)

5 Comentaram...

vander disse...

o humor de dexter é foda demais, quer dizer, no ponto de vista dele nem seria humor é só a inaptidao social dele mesmo ahuahuahauh
mas os livros ainda não li, farei o favor de correr atraz

Chaves Papel disse...

Eu ainda não li os livros, mas essa semana eu vou comprar pra ler.

Tem certeza que a segunda temporada não é baseada nesse livro? Pelo texto me pareceu ser. Enfim, me ignore. Eu tenho que ler os livros e assistor a série novamente... rs

Do leitor, Chaves Papel.

Edd disse...

Poxa, essas suas duas últimas linhas foram fodasticamente fodas. Fuck yeah.
Eu também ainda não li os livros, mas vou dar um jeito de comprá-los. Eu sempre tive interesse nesse assunto de serial killer e o Dexter só fez esse meu fasínio aumentar.
Muito bom o texto. ^^

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Adriana diz:
Ok. Li o livro. Amei. A pergunta é: qual é a palavra de dez letras de com duas letras "e" que o Doutor Danco criou para o Dexter e não teve tempo de usar? Terminei o livro hoje, então, utilizando como base uma excelente tradução, além de "felicidade", qual outra palavra sobra? Aliás, só por curiosidade, assisti às 5 temporadas e já li os 2 primeiros livros. Em meros 3 meses...

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