terça-feira, 17 de agosto de 2010

Avatar Beatriz Paz

Derby Girl – Patins e Punk Rock de saias

 

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Imagine viver numa cidade onde a principal atração é uma fábrica de sorvete, onde usar chapéus de cowboy e ouvir música country te fazem ser legal e onde namorar uma líder de torcida te promove automaticamente a “O cara mais fodão do colégio todo”. Imaginou? Viu o mundo desabar na sua frente? Bem vindo ao pesadelo de Babe Ruthless.

Bliss Cavendar tem 16 anos, é fã de indie rock, usa camisetas de bandas de Heavy Metal cristão, gosta de Velvet Underground, Hot Hot Heat e Weezer. Tem o cabelo tingido de azul, adora comprar roupas em brechós e esta a ponto de cometer suicídio se não encontrar um jeito de sair da sua cidade natal, Bodeen, Texas, onde simplesmente nada parece acontecer. E, como se tudo isso não fosse o suficiente, sua mãe, Brooke Cavendar, ainda a obriga a participar de concursos de beleza para tentar reviver na filha os seus antigos dias de glória como Miss Bodeen.

Essa é a heroína de Derby Girl, livro escrito em 2007 por Shauna Cross – ou como é mais conhecida nas pistas, Maggie Mayhem. Você vai entender mais pra frente – e que virou filme (muito bom por sinal, a trilha sonora é fantástica e a cena da guerra de comida é memorável) em 2009, estrelado por Ellen Page, Juliette Lewis e pela também diretora do longa Drew Barrymore.

Bliss tenta de qualquer jeito burlar a chatice de Bodeen e do seu emprego como garçonete na lanchonete Oink Joint. Para isso, conta com a companhia de sua também alternativa melhor amiga, a indiana Pash Amini. Juntas, as duas fazem de números musicais trash parodiando “Somewhere over the rainbow”, e até roubam roupa íntima num Wall-Mart, pequenas diversões ilegais para quem nem ir a shows de rock consegue.

Antes que você comece a pensar que o livro é um dramalhão adolescente no melhor estilo Malhação, espere. Sim, Derby Girl lida de questões como sexualidade e descobrimento da própria identidade, mas tudo isso regado ao humor ácido, sarcástico, irônico e satisfatório de uma garota que não suporta mais ver líderes de torcida felizes e pessoas se afundando na própria mediocridade. Quem já se sentiu um peixe fora d’agua alguma vez na vida, seja num colégio novo, seja numa festa ou evento, vai se identificar com a garota na certa.

Ao fazer compras com sua mãe em Austin, o que equivale a Nova York do Texas para Bliss, a garota afana um flyer a respeito de uma competição de Roller Derby, onde uma patinadora durona ilustra o mesmo. É o evento dos sonhos de Cavendar, a luz alternativa e descolada no fim do túnel country e maçante da sua vida. Após mentir para os pais, Bliss e Pash vão para a competição de Roller Derby, que nas palavras de Cavendar, se resume a garotos lindos, música de excelente qualidade, pessoas estilosas e tatuadas, garotas de cabelos coloridos e o jogo em si:

 

“Honestamente, nem tenho certeza de quais são as regras do roller derby, mas do primeiro ao ultimo apito, a noite é um borrão de patinação em altíssima velocidade e manobras de tirar o fôlego. (...) É um paraíso de filme B dos anos 70.”

Se você não entendeu direito, eu te ajudo: o Roller Derby foi criado nos anos 30 e é um esporte misto. No entanto, com o passar dos anos a mulherada começou a dominar os patins – mais de 500 ligas femininas em 16 países - mas isso não significa que os homens pararam de praticar, não, eles até tem uma liga, a Coalizão Masculina de Derby. Basicamente são cinco patinadoras de cada time, que competem por pontos numa pista oval, são elas as três bloqueadoras, um pivô – que fica na linha da defesa – e uma marcadora. O Roller Derby usa da política e da atitude punk rock DIY (Do It Yourself - Ou Faça Você Mesmo), e os uniformes, nomes de time como “Night of the Rolling Dead” – referência ao excelente filme de Romero Night of the Living Dead - e codinomes das jogadoras são um show a parte. Abusam de meias arrastão, tatuagens, maquiagem e os nomes de guerra que sempre são trocadilhos com palavras, conotações sexuais ou referências de cultura pop – como Skid’n Nancy (Sid and Nancy) – só fazem do Roller Derby o paraíso descrito por Bliss para garotas de atitude e que curtem um espetáculo em alta velocidade, banhado a música de qualidade e diversão garantida.

E se vocês acham que as beldades brasileiras ficaram de fora se enganaram! As “Ladies of Hell Town”, são a única liga brazuca de Roller Derby reconhecida internacionalmente.

Embriagada pelo jogo e por Dinah Might, a Marcadora das Holly Rollers e o líder no ranking de Derby, Bliss tenta a sorte grande levando consigo as palavras de incentivo de Malice no País das Maravilhas: “Então leva essa sua bunda pra pista e faça acontecer.” Cavendar então descobre que por mais que sua mãe a matasse quando descobrisse, aquela era a sua chance de viver uma vida só dela, com as pessoas que ela sempre desejou conhecer e fazendo uma coisa que ela adorava.

Aí entra aquilo que eu disse sobre descobrir a própria identidade e a si mesmo: Bliss estava trancada numa prisão monótona chamada de Bodeen e vê no Roller Derby o seu porto seguro, onde ela pode ser ela mesma sem ser julgada pelos demais, onde seu gosto musical é apreciado, onde ninguém é obrigada a participar de concursos de beleza e onde ela pode empurrar garotas em patins sem levar advertências para casa ou ser presa por agressão.

No entanto, nem tudo são rosas: Bliss - ou Babe Ruthless, a nova celebridade e marcadora das Hurl Scouts - começa a levar uma vida dupla, alternando treinos de Derby com concursos da sua mãe, e aos poucos as coisas vão desmoronando. O lado positivo é que ela finalmente consegue arranjar um namorado roqueiro e que gosta de Indie. Mas isso não ajuda muito quando a sua melhor e única amiga não quer te ver nem pintada de dourado.

Se você é uma garota que já teve - ou tem - dezesseis anos, então Bliss Cavendar vai ser sua heroína por um bom tempo. Eu particularmente me identifiquei muito com essa personagem, não pelo fato dela ser praticante de Roller Derby, e sim pelos seus pontos de vista, seu estilo de vida, opiniões sarcásticas sobre o mundo e sobre as pessoas ao seu redor e por estar na busca de ser alguém. Você she-nerd deve entender perfeitamente o que eu estou falando.

Derby Girl é um livro leve, de linguagem rápida e cheia de gírias, afinal a narradora tem 16 anos, é bem negra e acidamente humorado, e com certeza vai te prender até a última página. É o tipo de livro que você devora em um dia e ainda fica com gostinho de quero mais. Eu li em três, devido a duas coisinhas chamadas de Faculdade e Emprego. Tenho certeza de que muitas garotas se enxergarão na pele de Bliss em alguma situação apresentada, ou pensarão seriamente em usar novamente aqueles patins empoeirados que ficaram em cima do jogados no armário por anos.

Se você se interessou por Roller Derby ou pelas Ladies of Hell Town, segue no fim do post todos os links que você precisa para entrar em contato com elas e comparecer nos treinos, (sim! Você pode ser Babe Ruthless por uma noite!) além de ver um pouco de como elas são. Quanto ao filme Whip It!, traduzido nas terras de Brasil como “Garota fantástica”, se você quer pular a parte legal de ler o livro – coisa totalmente NÃO recomendada por mim, acredite – e partir para a adaptação cinematográfica, eu sinto lhe dizer que, como na maioria dos casos de filmes legais, Whip It! Saiu direto em DVD em Abril desse ano.

Agora você pensa, como é que uma mulher conseguiu entrar tão bem na cabeça bagunçada de uma adolescente alternativa e praticante de Roller Derby? Simples, a autora do livro e responsável pela adaptação do roteiro de Whip It!, Shauna Cross, foi essa adolescente. Ela usou suas experiências de Roller Derby da época em que patinava para as TXRD Lone Star Rollergirls, seu nome de guerra nas pistas é Maggie Mayhem e ela atualmente patina para as Los Angeles Derby Dolls. Pra você ver que garotas duronas também podem ser escritoras excelentes.

Título: Derby Girl

Autora: Shauna Cross

Nº de Páginas: 238 (Quem pensar duas vezes antes de ler o livro por causa do número de páginas vai levar um tapa)

Nota: 10

 

Flickr das LHT | Blog das Moçoilas

9 Comentaram...

Le ana requena disse...

Nossa, vou já comprar esse livro! A garota faz bem o meu estilo \o/
Quem pensar duas vezes antes de ler o livro por causa do número de páginas vai levar um tapa [2]

Daniella L disse...

Gostei, parece bem legal a história.
Vai pra minha listinha da bienal (:

Marshall disse...

Não entendi. 238 páginas é muito?

Alan Cosme disse...

Se a personagem principal desse livro existisse acho que ela se interessaria pelo meu Blog:
http://www.tolkienmetal.blogspot.com

Anônimo disse...

Oi, sou a Beki, do ladies fo hell town, e fiquei contente de achar seu post...
pra quem quiser entrar em contato conosco:

- email: ladiesofhelltown@hotmail.com

- twitter: http://twitter.com/rollerderbySP

- facebook: http://tinyurl.com/facebookloht

- orkut: http://tinyurl.com/lohtorkut

- blog: http://ladiesofhelltown.tumblr.com/ (o do wordpress a gente vai tirar do ar)

- flickr: http://www.flickr.com/photos/ladiesofhelltown/

Bárbara Trovão disse...

*happy*

Bruna disse...

Poxa parece ser bem legal a leitura deste livro. Pior que estou lotada de livros para ler como sempre *-*

O filme deve ser bastante legal, goto muito da Ellen Page. ;)

emdjei disse...

Opa!
Gente, só pra dar um toque: Já temos uma liga no Rio de Janeiro também, e assim como as amigas de Sampa, já estamos cadastradas no http://derbyroster.com/!

Meninas do RJ que estiverem interessadas em treinar com a gente, podem procurar a Sugar Loathe Derby girls no facebook (http://www.facebook.com/home.php?#!/pages/Roller-Derby-RJ/127975847224499), no Orkut (http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=87023014) e no twitter (@RollerDerbyRJ).

Beijos!

Bá Lisboa disse...

Isso aí! As cariocas tb estão patinando lindas e tds são bem-vindas em nossos treinos.

Emdjei já disse, mas vale reforçar onde nos encontrar:

*SUGAR LOATHE DERBY GIRLS*

Liga de Roller Derby do Rio de Janeiro

Facebook: http://bit.ly/aihdUM

Orkut: http://bit.ly/cMg6zM

Twitter: @RollerDerbyRJ

E-mail: rollerderbyrj@gmail.com

Let's roll like there is no tomorrow!

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