A melhor decisão que a Marvel tomou com relação a seus personagens no cinema foi começar a produzir seus próprios filmes. Com isso, tivemos excelentes adaptações como Homem de Ferro e O Incrível Hulk, que além de ser fiel aos personagens, também começaram a construção do Universo Marvel no cinema. Mas enquanto os filmes do latinha e do gigante verde funcionavam perfeitamente sozinhos (com referencias a outros personagens aqui e ali), Thor parece muito mais um pré-Vingadores do que um filme solo do personagem. O roteiro se preocupa muito mais em preparar o terreno para o vindouro filme da superequipe do que desenvolver o personagem título.
A história começa em Asgard, mostrando o deus do trovão a ponto de se tornar rei no lugar de Odin. O problema é que ele é muito arrogante e acaba cometendo algumas besteiras, fazendo com que o pai de todos os deuses o mande para a Terra, onde Thor deve aprender a ser um rei melhor. A partir daí, a história se divide em duas partes, uma passada no nosso planeta e outra na morada dos deuses, onde vemos as maquinações de Loki, o deus da trapaça meio-irmão de Thor. As partes que se passam em Asgard são geralmente divertidas, seja pelos combates ou pelos belos cenários, apresentando um planeta realmente digno dos deuses.
Um dos grandes problemas do filme é que o protagonista está preso na Terra e as cenas passadas no nosso planeta são meio decepcionantes. Thor é um cara que veio de outra dimensão e tem costumes vikings, mas tirando a cena em que ele quebra uma caneca para mostrar que quer mais comida, o deus do trovão é extremamente civilizado. Sem contar que em pouquíssimo tempo ele já está muito bem adaptado à vida na Terra.
Um personagem em um lugar estranho poderia render boas cenas cômicas, mas elas se resumem basicamente a mostrar Thor sendo atropelado a toda hora, já que ele não está acostumado com carros. Como eu já mencionei, o filme se sai bem mesmo é como um prelúdio d’ Os Vingadores, mostrando vários easter eggs do universo Marvel e com a Shield tendo grande participação na história. Até o Gavião Arqueiro aparece em determinado momento.
Felizmente, as cenas de combate não decepcionam e parecem realmente saídas de uma história em quadrinhos. É realmente empolgante ver Thor girando o Mjolnir e derrotando vários gigantes de gelo de uma vez ou ainda arremessando o martelo e acertando os inimigos à distância. E a cena final, quando Thor vai salvar o mundo, é realmente épica. No lugar de algumas cenas bestas na Terra (Thor e Jane Foster conversando em frente a uma fogueira pra que?), teria sido muito mais interessante colocar mais algumas lutas.
Para os que já assistiram os outros filmes do Marvel Studios, Thor provavelmente vai ser bem divertido, principalmente se você lembrar que ele é um prelúdio para Os Vingadores. Os mais fanáticos pelo universo Marvel – como nosso amigo Voz do Além – vão se divertir procurando todas as referências. Infelizmente, toda essa integração entre os filmes deixa uma dúvida preocupante, será que daqui pra frente para entender o filme de um personagem teremos que assistir as adaptações de todos os outros? Eu sinceramente já estou com saudades dos filmes que funcionam sozinhos e Thor não é um deles.
Um último parágrafo só pra falar do 3D, já que eu não tinha muito tempo disponível e fui obrigado a assistir nesse formato. O 3D convertido é simplesmente uma merda, principalmente quando o filme utiliza muitos cenários em computação gráfica, como é o caso de Thor. Quando os cenários são bem feitos, nós realmente “acreditamos” que eles existem, mas o 3D simplesmente acaba com essa magia em quase todas as cenas de Asgard. Ao invés de proporcionar profundidade de campo, ele simplesmente evidencia que os atores estão na frente de um fundo verde. Bem diferente de Avatar, por exemplo, que foi todo filmado em 3D e não apenas faz parecer que os cenários existem, mas faz com que o expectador se sinta dentro deles.
Thor (EUA, 2011)
Diretor: Kenneth Branagh
Duração: 114 min
Nota: 7,5
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