terça-feira, 10 de maio de 2011

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Décadas de 40 a 60: a época de êxtase dos testes nucleares

 

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Surpreendentemente (e enganosamente, também), havia na mentalidade de certos cientistas americanos a idéia de que estavam desenvolvendo uma tecnologia pacificadora com a energia nuclear. Eram outros tempos, uma guerra estava em curso contra os aparentemente imortais japoneses, e autoridades militares cuidavam de realizar um pesado trabalho ideológico no sentido de tornar esses cientistas particularmente favoráveis a criação de bombas que iriam torrar centenas de milhares de vidas em segundos.

Havia entre os cientistas mais entusiastas e protagonistas deste início de corrida nuclear, uma sensação de êxtase gerada pelo aparente triunfo do desenvolvimento da energia atômica. É possível constatar essa sensação pelos livros que descreviam esse processo, lançados na época. “As provas mais emocionantes foram as que tivemos enormes dificuldades”, relata o antropólogo Hugh Gusterson no livro Nuclear Rites

Somente através do desenvolvimento de algumas soluções heróicas fomos capazes de salvar os testes [nucleares]. (...) E a sensação de recompensa, então, é enorme, simplesmente fantástico”, corroborou um designer de armas do Lawrence Livermore National Laboratory. Para parte dos cientistas - e a população - era uma confirmação da superioridade do modo de vida americano sobre o modo de vida do restante do mundo, especialmente o dos japoneses, do extremo oriente, quase desconhecido para os estadunidenses.

 

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O momento de euforia em cima da profusão de energia atômica não duraria muito, já que com os soviéticos desenvolvendo a bomba, os dois lados rapidamente entenderam os riscos de espalhar resíduos radioativos pelo mundo (tá bom, entenderam foi meio forçado, mas prossigamos), e provavelmente olharam que a competição terminaria com a mútua aniquilação, caminho que nem os mais aguerridos generais soviéticos desejavam.

A decadência contínua dos testes nucleares, através de acordos cada vez mais frequentes, culminou com a declaração de moratória nuclear de George Bush, em setembro de 1992, coisa que Gorbachev já havia feito poucos anos antes. Ostensivamente, terminaria também as pesquisas de novas tecnologias de armamentos nucleares pela superpotência americana - o que todos sabem que não foi seguido, nem por eles nem por russos, israelenses, chineses e franceses (além das nações consideradas rebeldes pela política anti-terror dos EUA, como Irã, Síria e Coréia do Norte). A tal moratória seria uma forma de impedir que a tecnologia se espalhasse pelo mundo e criasse um caos geopolítico somente comparável aos cenários criados em diversas ficções científicas apocalípticas.

Mas, apesar do risco existir, nada de tão grave relacionado a armas nucleares rolou de lá pra cá, nem o supostamente enforcado Saddam Hussein arrumou a bomba dele - e logicamente não podemos excluir o trabalho de serviços secretos impedindo a proliferação nuclear, como em 2001, quando um destacamento do FSB destruiu um laboratório amador de manipulação nuclear na Chechênia.

Hoje, a maior preocupação de certas autoridades, é tirar aquele incrustrado processo ideológico da necessidade de desenvolvimento de armas nucleares de sua jovem comunidade científica, um fator reverso ao buscado há décadas atrás, quando todos os cientistas envolvidos em projetos militares deviam estar parcialmente aguerridos quanto a necessidade da proliferação de armas atômicas.  Os testes nucleares se tornaram atrasadas ferramentas intimidativas.

 

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A foto acima, que mostra uma explosão nuclear a 50 Km de altitude sobre o Pacífico é uma mostra da permissividade do período. Hoje um governo não faria coisa similar sem ao menos atrair uma série de comentários negativos de grupos de ambientalistas e da opinião pública mundial.

Muito mais sobre o assunto pode ser lido na matéria abaixo, da revista The Atlantic.

 

[Via The Atlantic]

1 comentário

Elton disse...

É bastante interessante quando lemos sobre a corrida armamentista: Já temos tudo o que precisamos para garantir o fim da vida neste planeta pelo menos umas 10 vezes, e já não temos como nos livrar de todas essa armas, mas mesmo assim fazemos mais e mais. Não duvido que logo uma arma nuclear vai cair sim na mão de alguém louco o suficiente para usa-la, e o que será depois é impossível prever, só que fica uma coisa no ar, pra mim pelo menos: Onde ou quando foi que a humanidade decidiu que valia a pena se exterminar por completo? Quando foi que as pessoas começaram a perceber que seria interessante destruir qualquer vida pluricelular deste planeta?

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