segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Avatar FiliPêra

[Listas] Os 10 Melhores Álbuns Musicais de 2010

As mesmas regras da Lista de Melhores Filmes tão valendo aqui: todos os álbuns estão ordenados por preferência, mas dessa vez não rolou o lance de trabalhar com diferentes sistemas de datas para tornar a lista melhor. Não coloquei links para download nem vídeos incorporados com músicas porque não eram resenhas individuais, mas é tudo facilmente achável no YouTube e no Pirate Bay.

 

 

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1 - The Suburbs (Arcade Fire)

Depois de um debút falando essencialmente de tragédias próximas - e que conseguiu ir contra a iminente volta do rock de garagem estilo Strokes, em 2004 -, e de um segundo álbum descendo ao lado mais negro das ideologias e das emoções humanas, sempre mantendo uma sonoridade única, cheia de camadas e vagueando entre diferentes estilos… o Arcade Fire encontrou a perfeição e o equilíbrio. Em primeiro lugar a banda mostrou que os tempos do mundo alternativo ficaram pra trás, e conseguiu acessar o mainstream causando um hype ainda maior que o lançamento de Neon Bible. E em segundo lugar conseguiu uma coesão temática intrigante, com um álbum longo que se aproxima do rótulo conceitual.

As músicas do álbum são basicamente inspiradas na infância de Win e William Butler - dois integrantes da banda - nos subúrbios de Houston, Texas. E mesmo se fixando em temas mais “pé-no-chão” e palpáveis - a vida e as crises dos que moram nos subúrbios -, a angústia e sofrimento característicos da sonoridade dos outros trabalhos do Arcade Fire ainda é bastante presente, bem como uma certa continuidade depressiva ascendente ao longo das músicas. O segredo para alcançar de vez a unanimidade foi unir o melhor dos dois mundos da obra que o Arcade já havia construído: uma construção sonora excitante e eclética de Funeral, misturado com o obscurantismo temático de Neon Bible. Daí saiu o equilíbrio!

Como ganhar o mundo mainstream tem o seu preço, alguns fãs logo reclamaram da fórmula mais pop que o grupo impôs a The Suburbs, e da diminuição de canções potencialmente mais instrumentais, caso das explosivas (e lindas) Wake Up e Intervention. Mas a simplicidade - um caminho inverso ao que bandas como o Radiohead e o Muse trilharam em seu terceiro trabalho - do trabalho figura triunfante como uma pérola. É só ouvir musicões como a movimentada Empty Room, a semi-roqueira Month of May e a melhor do álbum, We Used to Wait, que é a melhor mostra da “nova” sonoridade do grupo; e um exemplo perfeito pra sacar que essa masturbação linguística de o “experimentalismo se foi com a chegada do pop” vai embora quando a arte do Arcade Fire entra em cena.

 

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2 - Maximum Balloon

David Sitek pra mim é um dos três produtores mais importantes dos EUA, junto com Josh Homme e Danger Mouse. Enquanto integra o TV On The Radio e produz gente do naipe do Yeah Yeah Yeahs, Sitek decidiu produzir um álbum só dele… bem, mais ou menos. Como alguém que deu idéias pra alguns dos melhores e mais importantes trabalhos musicais da atualidade, Sitek - um produtor, tecladista, guitarrista, fotógrafo - resolveu que não faria uma festa solo e convidou uma trupe de coadjuvantes de primeira. O resultado é uma mistura de rock, blues, eletrônicos… ou seja: um TV On The Radio com ainda mais diversidade e influências sonoras.

O álbum é um passeio movimentado e às vezes excêntrico, provavelmente porque nunca precisará ser executado ao vivo, deixando Sitek livre para encher tudo com experimentações acachapantes com camadas de sintetizadores e bastante força instrumental. Começa suingado com Grooove Me, que apesar de não ser espetacular, é uma excelente abertura; mais pra frente aparece a ótima Abscence of Light, embalada pelos falsetes de Tunde Adebimpe, do TVOTR - o outro vocalista do TVOTR, Kyp Malone, solta a voz na faixa Shakedown. O álbum mostra que realmente não é mais do mesmo na linda e dançante If You Return, cantada com paixão pela japinha Yukimi Nagano, vocalista do excelente Little Dragon. O restante vai seguindo esse ritmo hipnotizante com David Byrne cantando Apartment Wrestling - repare em como Sitek é habilidoso ao emular um som característico do Talking Heads, banda de Byrme -, Karen O. berrando contidamente em Communion e Aku Orraca-Tetteh ajudando a tornar Tiger uma porrada sonora.

O poder instrumental ganha ares de beleza na homenagem de Sitek a lindeza e solidão do trip hop na também ótima Lesson, com vocais de Holly Miranda, e na doce Pink Bricks, embalada pela voz de Ambrosia Parsley, que encerra com chave de ouro a viagem musical mais divertida e consistente de 2010… ideal para esperar um sucessor do excelente Dear Science, último álbum do TV On The Radio.

 

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3 - Happiness (Hurts)

O Hurts é um duo de brit pop com forte pegada eletrônica. É daqueles sons que começam no alternativo, mas quando a grande mídia descobre, cai no gosto de qualquer um, sem exceção. Aqui no caso eles estouraram com a balada retrô-romântica Wonderful Life e logo entraram pra lista de trends musicais da BBC ano passado. A estrutura básica vocal-sobre-sintetizadores aliado a diretores cult a frente de videoclipes artisticamente rebuscados só serviu para espalhar o som do Hurts como o Evangelho em Roma.

Wonderful Life é a mais perfeita mostra do que é Happiness: pode-se dizer que todo o álbum é romântico, bem como levado por uma sonoridade do eletropop oitentista, que ecoa até no visual cuidadosamente trabalhado da dupla. Como disse o vocalista Theo Hutchcraft, a música do Hurts é como um Yin Yang, com camadas pesadas e obscuras aliadas a uma sonoridade cristalina. É tudo bem simples aqui, mas com letras profundas e existencialistas, aliado a um som cheio de influências de primeira.

O álbum é apaixonante do início ao fim. Ouça a épica e semi-sensual Better Than Love e veja como é impossível ficar parado ante ao que o Hurts arranca de camadas de instrumentos escolhidos a dedo. Devotion, por sua vez, traz um duo com Kylie Minogue e o resultado é lindo. Silver Lining conta com vocais quase celestiais de tão bonitos, enquanto Water, levada por um piano inspirado, é perfeita para ouvir a dois. O conjunto de músicas continua com essa pegada melancólica e romântica, e o Hurts se mostra forte até mesmo quando chega perto de um deslize, como por exemplo em Verona, que fecha o álbum de forma parecida com a que um padre termina uma missa.

 

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4 - Treats (Sleigh Bells)

Treats é o álbum mais violento, barulhento e ritmado dessa lista. É daqueles de tirar a concentração de qualquer um, de ferver os ouvidos e chacoalhar o cérebro. Se fosse pra rotular, diria que é um electro-punk, tanto devido a crueza com que a sonzeira sai das caixas, como pela pequena - mas marcante - preocupação estética de cada música, faixas com nada mais do que quatro minutos.

O grupo nasceu da união de Derek Miller - que era integrante do pancadão Poison The Well - e da gatinha Alexis Krauss - que emprestava sua linda voz ao RubyBlue, um grupeco teen praticamente desconhecido. O Sleigh Bells é justamente isso: a doçura da voz de Alexis com uma sonzera de torrar os fones de ouvido tecida por Derek, e é justamente sua curta duração e suas (poucas) variações sonoras que permitem que o álbum escape de ser enjoativo, ou mesmo seja esquecido depois de uma semana nos iPods alheios.

Motivos pra comprovar isso são fáceis. Pra começar, coloque pra tocar a demolidora Crown On The Ground no último volume e tente manter a sanidade. Depois experimente a sensualidade pop estilo-Peaches de Rachel, e depois retorne até Kids, que ecoa influências do som da M.I.A., que produziu o grupo. O restante das músicas vai margeando por diferentes estilos. Enquanto Run the Heart, por exemplo, se aproxima do synthpop, o encerramento do álbum, Treats, é pra lembrar mais uma vez do poder do Sleigh Bells e te fazer pular até a alma pedir perdão.

 

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5 - High Violet (The National)

O The National é um Coldplay que deu certo. Ou seria o inverso: o Coldplay é um The National excessivamente enjoado e com um Chris Martin e sua voz anasalada de cansar qualquer cidadão nos vocais. O som é sombrio, de certa forma classudo, cuidadosamente trabalhado, e acima de tudo romântico. É raro um grupo de torturados pelo amor - e que abrem um álbum com uma música chamada Terrible Love - conseguir fazer algo sonoramente tão rebuscado e de qualidade tão alta, e esse deve ser o principal ponto a favor do grupo comandado por Matt Berninger.

Após Terrible Love vem Sorrow, que já disputa o título de melhor do álbum. A certeza é a de álbum pesado, catártico, mas paradoxalmente melancólico, pra se ouvir sozinho e num estado de espírito adequado - perto da fossa. A próxima música superlativa é Little Faith, mais uma vez lenta e melancólica, com um instrumental arrastado e um baixo mais vivo do que na maioria das outras bandas. As músicas trabalham em conjunto também. Anyone’s Ghost mostra alguém na fossa completa e em crise existencial (Didn't want to be your ghost / Didn't want to be anyone's ghost) enquanto Little Faith mostra a chance de uma volta por cima (I set a fire in a blackberry field / Make us laugh, or nothing will).

Apesar de ser um disco quase solitário, ainda há espaço para a presença brilhante do excelente  Surfjan Stevens, que aparece cantando magistralmente em Afraid Of Everyone. Bloodbuzz Ohio mostra uma bateria contagiante e um clima “pra cima”, ao passo que Conversation 16 é outra que disputa o título de melhor do disco. Tudo se encerra com um otimismo temerário em Vanderlyle Crybaby Geeks, mas High Violet continua sendo um disco triste, parido por um coração magoado e com pouca fé na humanidade. E por isso tão belo.

 

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6 - Hidden (These New Puritans)

Os artistas classificados como pós-punk sempre foram bastante ojerizados, principalmente pelos bons e velhos punks, que aparentemente nunca viram com bons olhos essa explosão de um certo intelectualismo subjetivo nas músicas deles, bem como a negação de um leque de limitadas variações musicais. Mas, assim como seus parentes de jaqueta de couro e calça rasgada, os pós se atêm a uma pegada faça-você-mesmo aliado a um experimentalismo que quase sempre beira o vanguardismo.

O These New Puritans - ou simplesmente TNP - talvez seja o mais próximo que um grupo classificado como pós-punk pode chegar a perfeição na atualidade. Eles e o povo do Snowman, que é menos profícuo do que deveria. Se o álbum anterior do grupo, Beat Pyramid, foi subestimado, justamente por ter caído no pecado de querer atirar para todo o lado, Hidden apara as arestas e o excesso de criatividade e acrescenta uma bem vinda polidez a jogada, tornando o trabalho final coeso e épico, quase apocalíptico. É pra fazer qualquer fã do Animal Collective virar a cara de inveja.

O álbum já começa com a épica We Want War, com batidas poderosas e um clima épico que resume todo o restante do disco. Vocais assustadores, sons indecifráveis e um certo progressismo também se juntam aos mais de sete minutos da música. Three Thousand, a música seguinte, é sombria, além de desaguar na chatinha e quase gospel Hologram. Mas ela compensa pela sucessora: Attack Music, o mais próximo de um hit que um álbum tem, com assustadores vocais infantis e uma pegada próxima do acid das pistas de dança. Fire Power volta com ainda mais energia incendiária e Orion entrega mais uma musicão épico com uma óbvia influência “espacial” e mais back vocais quase gospel. O Radiohead ainda serve como influência na penúltima White Chords.

Som denso, mesclando passado, presente e futuro com uma sonoridade única e eclética, cheia de camadas, excelente pra ouvidos atentos e exigentes. Deve ser o mais próximo que as futuristas batidas eletrônicas vão chegar da música clássica. Coisa de inglês.

 

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7 - Brothers (Black Keys)

Sempre que lança algum álbum, o duo Black Keys é tratado como iniciante, o que é um erro tremendo. A dupla de blueseiros foi formada em 2001 e já lançou cinco álbuns, um melhor do que o outro. Logo que despontaram foram comparados ao White Stripes, o que não de todo errado, principalmente pela estrutura minimalista vocal-guitarra-bateria. Não à toa gente do naipe de Josh Homme (Queens of the Stone Age), Thom Yorke e Johnny Greenwood (Radiohead), e Kirk Hammet (Metallica) são fãs confessos da dupla.

Em Brothers, provavelmente o melhor trabalho da dupla, eles contaram com a colaboração de Danger Mouse, o que só elevou a qualidade de tudo. A sonzera, à primeira audição, parece coisa de uma banda inteira, o que sempre leva à surpresa quando se descobre tratar de dois músicos. Esse poder é logo mostrado na pesadona e arrastada Everlasting Light, a faixa de abertura. São três minutos de um baixo forte, bateria só marcando compasso e um vocal que parece ter saído diretamente dos anos 50.

Next Girl mantém e forma uma dupla perfeita com Tighten Up. Apesar de energéticas, as músicas ainda mantém uma pegada arrastada, quase melancólica, o que as colocam em praias diferentes do White Stripes… tá mais pra um Motown com elementos do T-Rex. Duas faixas depois chegamos a possível melhor do álbum: The Only One. A música é pura sensualidade, com um vocal quase andrógeno e um predomínio de guitarras e um baixo mais apagado. A música é tão linda que merecia uma resenha só dela, misturando rock clássico - especialmente Led Zeppelin - com fortes injeções de black music. O único ponto fraco vai pro tamanho do álbum, que lá pela segunda metade soa um pouco cansativo com suas 15 faixas.

Mas o resultado é por demais coeso, divertido e climático pra ser relegado pelo defeito de excesso de preciosismo. Mas fica para a próxima o Black Keys lançar sua obra-prima inesquecível.

 

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8 - The Monitor (Titus Andronicus)

Em um ano com discões de electro, synthpop, indie e uma variedade de outros estilos, esse The Monitor é o mais true rock de todos os álbuns dessa lista. Coisas de tempos em que o rock absorve cada vez mais influências externas e ganha elementos cada vez mais híbridos e indistinguíveis, uma herança do pioneirismo de OK Computer.

O Titus é o mais próximo que um grupo de rock americano vai chegar do folk rock dos irlandeses que integram bandas como o Flogging Molly. Muito disso pode ser visto de cara na pretensiosa e divertida faixa de abertura: A More Perfect Union. São sete minutos de guitarras matadoras, gravações de rádio e um vocal acelerado narrando batalhas da Guerra de Secessão.

Num primeiro momento, o virtuosismos às avessas do Titus pode incomodar. Desafinadas constantes, microfonias, guitarras fora do ritmo e todo o tipo de estranheza que parece sair de bêbados veteranos tocando numa festa de uma comunidade pobre. Mas os ouvidos logo se acostumam e a vontade é sair batendo cabeça lá pelo quarto minuto da primeira música. O nome do álbum de cara é uma referência ao navio USS Monitor, um dos navios de guerra pioneiros da terra da banda, Nova Jersey.  O disco parece a narração de guerra feita por adolescentes desencantados com a vida e com a decadência da vida nos EUA. Parece uma metáfora para o espírito aventureiro e independente do Andronicus, que usou sua liberdade para tecer canções gigantescas, um álbum longo e com intensas variações de ritmo, além de cimentado por uma temática intensa.

O resultado é um dos maiores petardos do ano, uma espécie de Trail of Dead de raiz. Perfeito para lembrar como o rock ainda mantém-se intacto em sua qualidade.

 

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9 - Crystal Castles

Outro duo na lista. Se o Titus Andronicus é o mais true rock de todos, esse segundo álbum homônimo do Crystal Castles é o mais true electro. O nome é uma referência a um clássico jogo de Ataria de 1983, e a sonoridade parece saída diretamente da mistura do Klaxons com trilhas sonoras de games 8 bits. O resultado é divertido e descompromissado, e às vezes um bate-estaca de tremer os tímpanos.

O peso e a densidade dos samplers deixa pra trás muita bandinha que lambe o título de new rave com vontade. Ouça Doe Deer e Baptism e comprove. Year of Silence, a próxima e uma das melhores do disco, ganha toques sombrios com vocais que mais parecem saídos da boca de um comandante da SS. O conjunto é muito mais maduro que o álbum anterior da dupla. Empathy parece saída diretamente de um jogo de Super Nintendo, com a vocalista Alice Glass distorcendo sua voz até o limite, além de duplica-la com back vocais. Vietnam tem umas batidas tribais e menos aceleradas no melhor estilo M.I.A. e não faria feio num dos primeiros álbuns da cingalesa, e as últimas três pedradas do disco assumem tons mais oníricos e menos marcados.

O intrigante é que pelas aparências algo assim poderia não funcionar ao vivo… mas a verdade se mostra exatamente inversa. Alice parece eletrificada a 220V enquanto pula, e Ethan comanda a picape com vigor - além de um baterista que eles chamam só pra apresentações ao vivo. Ao final, a imagem que se tem é que o Crystal Castles evoluiu com relação ao seu álbum anterior, apesar de na essência continuar com a explosão electro dos tempos do 8 bits.

 

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10 - The Fool (Warpaint)

Quem ouviu o EP Exquisite Corpse do Warpaint provavelmente não levou o quarteto tão a sério como deveria. Apesar das boas intenções e das músicas ótimas, o EP soou por demais cru aos audiófilos de plantão, mas conseguiu chamar a atenção para a banda das meninas de Los Angeles, além de arrancar vários elogios dos blogs mais antenados. Esse The Fool apara as arestas do som de Exquisite, acrescenta uma camada mais pop e abandona a crueza anterior. Parte da evolução se deve a Andrew Weatherall, que trabalhou na mixagem do clássico da psicodelia: Screamadelica, do Primal Scream - se bem que Exquisite foi mixado por John Frusciante, outro excelente músico. Um trabalho mais profissional simplesmente gerou uma melhora sonora e isso foi o bastante pro Warpaint e terminou num resultado logo classificado como art rock.

O som é leve, climático, delicado até, e carregado de uma instrumentação orgânica, algo como uma mistura de Cat Power com Flaming Lips. Os vocais são doces, sobrepostos e os efeitos de pós-produção não transmitem a sensação de superficialidade comum nos dias de hoje. A beleza das canções do grupo começa logo na primeira faixa do disco: Set Your Arms Down. Apesar dos elementos vívidos do rock presentes nos cinco minutos da música, o clima quase chega ao jazz. É daquelas músicas que se ouve num bar mais intimista e se levanta pra perguntar quem tá tocando.

O conjunto é dark e sensual, mas alguns reclamaram de previsibilidade em comparação ao experimentalismo de Exquisite Corpse, o que me parece injusto. Talvez The Fool só sofra da ausência de um hit, aquela música que não desgruda da cabeça - o que é sempre uma faca de dois gumes, no fim das contas. Mas essas especulações se dissipam ao ouvir pérolas lindas como Undertown e Shadows, com seus vocais duplos e guitarras arrastadas.

O Warpaint é a prova definitiva que o coração pode ser colocado acima de virtuosismos técnicos às vezes no rock.

 

Menções honrosas:

Crazy for You (Best Coast)

Broken Bells

Leave Your Sleep (Natalie Merchant)

Sea of Cowards (The Dead Weather)

The Essential (ERA)

7 Comentaram...

Robson Lima disse...

Indie ruleiando no NSN!
(indie = independente/alternativo ok?)

Fora a Arcade Fire (que ouvi e não gostei, mal aí galerê rs), não conheço nada da lista. Valeu pela indicação! =)

Procurando em 10, 9, 8...

Felipe disse...

Só conhecia The Black Keys, chequei todos, e continuarei apenas com TBK. O resto definitivamente não me agradou.

Diego Duarte disse...

Adorei ver Hurts na lista! Eles são maravilhosos, é um estilo músical de outro mundo! Fico feliz de saber que não sou o único no mundo que conhece E GOSTA de Hurts! :D

Tavares disse...

Não conheço nenhuma dessas bandas e algo me diz que não vou gostar delas.

VISTOSO disse...

bom! gosto eh gosto!! na minha opinião nenhum da lista fica nem entre meus top 100 do ano!! o Black keys ate que ficou bom mas nao chega nem aos pes do grande Thickfreakness!! nao pega nem top 150......mas como disse antes... gosto eh gosto

Bruna disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bruna disse...

Indie/Alternative o/

O Arcade Fire, Warpaint e Crystal já conhecia.

Essa banda Sheilg Bells tirando a grungice (aquele som sujão) parece muito a banda The Dead Weather que até foi indicada no final do post.

Primeiro fui escutando o som e depois lendo sobre a banda, ótimo saber que Josh Homme (Queens of the Stone Age), Thom Yorke e Johnny Greenwood (Radiohead), e Kirk Hammet (Metallica) são fãs do Black Keys, porque eu curto muito o som dessa galera e gostei muito do Black Keys. ^^

E não acho eles parecidos com o White Stripes (Jack White \o/), é uma dupla de blues, acho que essa é a semelhança. kkkk

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