Um pouco atrasados - somos preguiçosos e não temos nenhuma pressa - vamos começar a divulgar por todo o mês de fevereiro nossas listas de melhores filmes, HQs e álbuns musicais do ano passado e da década - começando com os rebentos da Sétima Arte. Como toda a lista, cabe ressaltar que essa não é canônica, embora, para nós, seja um pouco mais que pessoal: são nossas indicações do que melhor rolou, em ordem de preferência. É lógico que geralmente vamos nos ater ao mainstream, de forma que talvez fique de fora aquele filme ultracult que você viu no cineclube secreto dos estudantes de filosofia da faculdade federal do seu estado. O lance aqui também é ser abrangente, embora isso não seja necessariamente uma regra. Como poderão ver, o ano não foi especialmente farto de filmaços, mas os escolhidos com certeza vão estar na cabeça dos cinéfilos por muito tempo.
Uma observação é que usamos sistemas de datas diferentes para colocar filmes melhores na lista. Algumas vezes levamos em conta o ano em que eles chegaram ao Brasil, em outros o lançamento americano e em outro o ano em que foi lançado oficialmente (data do IMDb). Mesmo com esse pequeno lapso de coerência, creio que a lista ficou do jeito que a gente queria.
1 - A Origem
Unanimidade quase absoluta em todas as listas de melhores do ano (e algumas da década), o filme de Christopher Nolan mostrou que cinema inteligente, explosivo e mainstream ainda existe fora do cômodo terreno das adaptações e remakes. A história da trupe de Cobb em suas viagens mentais, inserções e distrações de idéias deu nó na cabeça de muita gente, e foi completada com um final que ainda gera especulações e discussões. Somada a história, uma montagem perfeita, campanhas de marketing a moda antiga, efeitos na medida e um inédito clímax de 50 minutos. Ficção científica Para ver e rever por muito tempo.
2 - Tropa de Elite 2
Após protagonizar uma cruzada violenta contra os traficantes do Rio, espalhar uma infinidade de bordões que marcariam nossa cultura e gerar debates sobre liberação das drogas e violência policial, o Capitão Nascimento foi jogado numa sequência. E que sequência! Amplificando o sistema podre que permeou todo o universo policial carioca, o filme ainda tornou o indestrutível Nascimento um personagem sufocado em meio a políticos, ameaças a família e uma horda de policiais corruptos extremamente violentos. Um dos cinco melhores filmes nacionais de todos os tempos!
3 - A Fita Branca
As origens do nazismo - e do totalitarismo em geral - são desnudadas nesse filme singular, em preto e branco e num ritmo lento como uma maré de cinismo que vai aos poucos enchendo e destruindo todos ao redor. A rotina de uma vila do interior da Alemanha à beira da Primeira Guerra Mundial é focada, bem como pequenas situações que caoticamente irão parir algo socialmente grotesco. O resultado é de revirar as entranhas, um espiral de violência psicológica habilmente orquestrada por Michael Haneke, um dos melhores diretores europeus em atividade.
4 - Enter the Void
Esse filme conseguiu algo difícil: entrar no seleto grupo de melhores filmes sobre droga já feitos, junto com Réquiem Para um Sonho e Trainspotting. E ainda foi além e se transformou numa experiência metafísica singular, ao ser um filme todo gravado em primeira pessoa, mostrando a visão de um espírito fora do corpo vagando numa Tóquio maluca.
5 - Sede de Sangue
Numa época em que os vampiros foram colocados em xeque por uma certa série adolescente com dentuços purpurinados, Park Chan-Wook cria um pequeno clássico do gênero justamente respeitando suas origens. Violento, amoral, repleto de oscilações de gêneros e atuações brilhantes, Sede de Sangue é também muito mais do aparenta. A história do padre que, após se submeter a um tratamento experimental contra uma doença letal, se torna um vampiro, é mais uma mostra do poder de Wook e do cinema coreano de uma forma mais ampla. O final, mesmo que culminando um desfile de misoginia, metáforas sexuais, humor negro e momentos grotescos, é uma das coisas mais belas s significativas que o cinema já viu em muito tempo.
6 - Cisne Negro
Darren Aronofsky mais uma vez desce ao seu típico universo de vícios, personagens obsessivos e à beira da loucura e cria uma versão light - e com uma linda protagonista - de O Médico e o Monstro. Natalie Portman dá vida a bailarina às voltas com o maior desafio de sua carreira, o que exige sua liberação artística, sexual e dos seus mais profundos meandros psicológicos. O resultado ainda guarda momentos gore inspirados em David Cronemberg, e um final catártico que faria Freud sorrir.
7 - Toy Story 3
Buzz e Woody já são parte do imaginário popular de toda uma geração, e aqui eles voltam, para fazer todos os que cresceram com eles voltarem a ser criança… incluindo um pouco de derramamento de lágrimas no processo. O filme também é a mostra da perfeição que a Pixar alcançou, derrapando poucas vezes (pouca né, só não gostamos muito de Carros) em sua brilhante carreira.
8 - A Ilha do Medo
Uma narrativa noir clássica, com camadas de loucura mental, mistério a todo momento e um elenco em sua melhor forma. Nada como mais uma pérola cinematográfica de Martin Scorsese, que nos joga numa ilha com um hospício, no meio de uma investigação criminal, e no fim subverte a própria realidade de forma impressionante. O filme ainda é a prova que Leonardo DiCaprio vive seu (provável) auge.
9 - Scott Pilgrim Contra o Mundo
Se esse filmão rechegado de loucura derrapou nas bilheterias americanas, é porque toda a equipe por trás dele não fez concessões ao mostrar as desventuras de Scott na guerra contra os sete ex-namorados da sua namorada: a lindeza que já povoa o imaginário de 11 em cada 10 nerds, Ramona Flowers. Coberto de referências a era 8-bits dos games, mangás, séries de TV e outras formas de cultura fast food, não é difícil de entender porque muitos não conseguiram “entrar na brincadeira”.
Provavelmente uma das mais perfeitas filmagens de um universo infantil. Max é um garoto brincalhão que faz uma viagem a um mundo cheio de monstros que nada mais são do que facetas da própria personalidade hiperativa dele. Adaptado brilhantemente do romance de Maurice Sendak pelo sempre criativo Spike Jonze, Onde Vivem os Monstros era a ponte que faltava para um adulto se sentir criança novamente.
Quem votou:
Meta para 2011: resenhar todos os melhores filmes do ano!
12 Comentaram...
POMBA! De todos da lista, só vi (até agora) A ORIGEM! Rrrassun, frassun! (modo MUTTLEY, ativado) XD
Ótima lista!
Só uma coisa, "Sede de Sangue" não merecer estar nessa lista!
E cade o "Iron Man 2" ai? Eu colocaria o "Deathly Hallows: Part I" também...
Toy Story 3 só em sétimo?
Brincadeira. Eu pessoalmente não colocaria Scott Pilgrim em uma lista de 10 melhores, mas né, nem votei aehuiaehaiueh
Ótima lista, na minha opinião faltou A Rede Social e claro A Origem como melhor filme creio que seja unanime.
Não vi algums da lista, mas um que gostaria de ver, que inclusive ganhou o oscar do fita branca é o argentino Segredo dos seus Olhos que achei fantástico.
Alguem que cresceu na minha geração, com 8 bits, portais de teleportes, zeldas, marios e final fantasy não teria como não se emocionar com scott pilgrim. Eu virei um evangelista do filme, assisti ele 3 vezes em um fim de semana, sempre mostrando para todos os meus amigos. Esse filme é foda.
Essa é a minha opinião....
Sobre o "Sede de Sangue", é um bom filme...mas o "Deixa Ela Entrar" é melhor...me confundi nessa parte, pois esse é de 2008. Por isso eu disse que não merecia estar na lista!
Quanto ao HP e Iron Man 2....continuo com a mesma opinião!
Ceni, Thiago.
Scott pilgrim!! Good Que filme boom!!*o*
E o cisne negro eu assisti um dia desses e também achei ótimo. A atuação da Natalie Portman é tão boa que chega a assustar.
Eu quero ver esse filme coreano poxa!
Discordo de colocar Scott Pilgrim na lista dos dez! Deveria colocar Kick-Ass mto melhor para apreciadores da cultura pop. Hit-girl Rules!
Nossa, putz A origem muito boom. Tropa de Elite dispensa qualquer tipo de comentário.... os outros ainda não vi. Mas uns amigos já viram e disseram ser o Clímax.Mas a lista tá bacana.
Cisne Negro é puro simbolismo Iluminatti, alias, esse diretor sempre mostrou isso nos filmes dele. Com certeza ele é um deles.
para mim a Origem não foi um bom filme, simplesmente pelo fato de se explicar muito, o final era claro desde o primeiro quarto do filme... a ilha do medo por outro lado foi um filme como a muito não se via...
hã! concluímos assim que a culpa não foi do leonardo di caprio - rss
Postar um comentário
Mostre que é nerd e faça um comentário inteligente!
-Spams e links não relacionados ao assunto do post serão deletados;
-Caso queira deixar a URL do seu blog comente no modo OpenID (coloque a URL correta);
-Ataques pessoais de qualquer espécie não serão tolerados.
-Comentários não são para pedir parceria. Nos mande um email, caso essa seja sua intenção. Comentários pedindo parcerias serão deletados.
-Não são permitidos comentários anônimos.