Se tem uma coisa necessária na tecnologia, essa coisa são os padrões. Quando lidamos com redes mundiais, conteúdos produzidos na Rússia são consumidos por aqui, por exemplo, e sem um mínimo de padronização a coisa desanda. Por isso, mesmo que você não goste, agradeça aos docs da vida (aos ppts não), aos mp3 e todos os outros formatos padrões que tornam nossas vidas tecnológicas um pouco mais fáceis.
Mas nessa corrida por padrões temos grandes empresas querendo grandes lucros, e naturalmente construir um padrão - mesmo que seja de código aberto e sem taxas - é muito importante para a imagem de uma corporação. E aí rolam as guerras, como a bem conhecida HD-DVD vs Blu-Ray, que teve uma vitória (pelas metades, pois padrões de disco hoje não têm metade do valor de cinco anos atrás) do segundo formato, liderado pela Sony. Até o momento em que a guerra é limpa, a coisa tá boa, mas imagina quando um pouco de hipocrisia entra em jogo. Pense no caso da Microsoft fazer com que o Windows não mais tivesse suporte ao JPG, ou ao mp3.
Foi mais ou menos isso que o Google acabou de fazer. A empresa retirou o suporte do Chromium (projeto-base do navegador Chrome) ao H.264, padrão de vídeo baseado no MPEG-4. O formato atualmente briga com o WebM/VP8 (do Google) para ser o padrão do HTML 5, e responde por cerca de 60% dos vídeos da web. Agora vamos aos motivos para isso. O Google alegou que seu comprometimento é sempre com padrões abertos, o que é uma verdade. Mas……. quem observou certamente sabe que o Flash vem pré-instalado no Chrome, e o Flash é um padrão fechadão (parte dele, outra parte é open source) e cheio de bugs e lerdeza. Isso certamente mostra uma certa contradição na motivação do Google com relação a decisão.
Quem for esperto certamente vai sacar o(s) real(is) motivo(s) do H.264 ser banido do Chrome: a) o Google comprou a On2 Technologies, proprietária do padrão Ogg (publicado sobre uma licença BSD, recentemente) e pleiteia pro WebM/VP8 ser padrão no HTML 5, b) o Google é parceiro da Adobe nessa empreitada do HTML 5, c) os maiores rivais do Google, Microsoft e Apple, apoiam o H.264.
Ah, o H.264 pode ser proprietário, mas é livre de royalties para os internautas (internautas, não empresas. O contrato para empresas é renovado de cinco em cinco anos, mas por enquanto ele é grátis) eternamente!
[Via MeioBit]
4 Comentaram...
b) o Google é parceiro da Adobe nessa empreitada do HTML 5
Mas o google não é a favor do html5 e a adobe contra, porque reduziria o nicho do flash?
Pior erro de blogueiro é achar que entende de tudo, este blog é bom, porém o texto assim foi escrito sem base alguma.
O H.264 é bom para grandes empresas como Apple e Microsoft. Agora pense um pouco na Fundação Mozilla, eles não tem grana pra ficar pagando a uma empresa pra poder usar um programa que é supostamente livre.
O que o Google fez é um grande passo pra tornar a internet livre de softwares proprietários.
@zemane...
A Adobe é parceira do Google pois o HTML 5, apesar de reduzir o "share" do Flash, acaba por não afetar outras áreas onde ele atua. O Flash não é um player de vídeo somente, mas um encapsulador de conteúdo, como mostram os sites inteiros em Flash (coisa que o HTML 5 ainda não faz). E como o HTML 5 é inevitável, pra Adobe seria melhor ter uma empresa parceira com os codecs-padrão.
@Felipe Autran...
tudo depende. A Mozilla é uma fundação, logo não pode ser cobrada dos royalties, o que não é o caso do Google. Mas não disse que o Google tá errado ou certo, só foi incoerente e hipócrita. O ponto foi esse, a guerrinha suja por trás de coisas que deveriam ser essencialmente técnicas.
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