China: o Grande Olho do mundo

 

Desde que o dois caras decidiram que eram de países/dinastias/reinos diferentes, alguns minutos depois um deles já deve ter pensado: “Tô morrendo de vontade de saber o que tá rolando no outro reino”. Basicamente é assim que surgiu a espionagem (mas esse termo só empregado quando a coisa funciona em nível nacional ou internacional, quando é menor que isso é simplesmente fofoca). E a espionagem evoluiu. Hoje não são simplesmente uns caras que vão no país vizinho fingindo que gostam de lá – embora esse método seja ainda bastante eficiente, vide os espiões russos. A China mostrou isso semana passada, com uma rede de espionagem internacional via internet, que não necessitava de nenhum agente secreto no campo.

No total, 1.295 computadores de 103 países haviam sido invadidos, dentre eles países quase sem importância geopolítica, como Bangladesh, Letônia, Indonésia, Filipinas, Brunei (esse, ao menos, tem petróleo) Barbardos e Butão. Agora o dado mais importante: 30% dessas máquinas pertencem a instituições públicas, como embaixadas, ministérios, e ONG’s; com o objetivo de roubar documentos e outras informações importantes. O relatório de onde provém esses dados, divulgado por pesquisadores canadenses da Information Warfare Monitor (IWM), contém 53 páginas, tendo demorado mais de dez meses para ser concluído, e inclui até o Dalai Lama como alvo, o cara mais tranquilo que conheço desde que Gandhi morreu – aliás, foi o próprio Lama que desconfiou que tinha seu PC grampeado, e chamou a galera da IWM para dar uma olhada na situação. Eles colocaram a mão no vespeiro e… deu no que deu.

O bizarro é que ainda não responderam a pergunta óbvia: isso é coisa do governo chinês, ou pior, da Tríade ou de outra organização criminosa de olhos puxados? Pelos países atingidos até parece que não, porém, mais para o final do relatório, países importantes são incluídos, como Índia, Coréia do Sul, Indonésia, Irã, Romênia, Chipre, Malta, Tailândia, Taiwan, Portugal, Alemanha e Paquistão, todos com embaixadas devidamente grampeadas. E a lista não pára por aí, e inclui até organizações como a Associated Press e o Banco Asiático de Desenvolvimento (e o NSN também, creio eu). Uma dica para a pergunta acima: pode ser um serviço secreto de outro país tentando incriminar os chineses.

Os hackers, ainda segundo o relatório, eram capazes de tomar as rédeas da máquina caso quisessem, enviando e recebendo documentos confidenciais. Todos os dados roubados eram armazenados em quatro servidores, três na própria China e um nos EUA, no sul da Califórnia, para ser mais preciso.

 

Agora querem saber a parte legal da coisa? Isso existe há muito tempo. Países como EUA, Rússia, Israel mantém cyber comandos para atacarem e espionarem países inimigos (ou até amigos) no mundo virtual. Essa é só uma ponta pequena do iceberg. Recentemente os russos, no momento em que atacaram a Geórgia, foram capazes de tirar do ar quase todos os sites que tinham servidores na Geórgia, enviando todo o tráfego para servidores russos.

Sabe aquele momento em que seu amiguinho paranóico (ou imaginário, caso seja você o paranóico) te disse que o filme Inimigo do Estado era coisa real e você gargalhou? Esse é o momento para parar de rir…

 

[Via Threat Level]