Já diz o Mantra Universal dos Defensores do Copyright: artistas estão ficando pobres com o Compartilhamento, ninguém compra mais CDs, gravadoras estão falindo, e a música está morrendo. Tudo muito catártico, apocalíptico e dramático. Parece bem óbvio: sem CDs sendo vendidos, o dinheiro não vai pros artistas. Mas os mais espertos sabem muito bem que as leis de direitos autorais deveriam se chamar leis de direitos editoriais, já que os publishers levam no mínimo 90% da bolada. Mas o quadro verdadeiro com relação a ganhos na música pode ser bem diferente do o senso comum indica, e ao menos na Noruega ele é, pois por lá o número de artistas cresceu, assim como os ganhos deles!
Os alunos da Escola Norueguesa de Administração, Anders Sørbo e Richard Bjerkøe, fizeram em sua tese de mestrado, um estudo para avaliar rendimentos da indústria musical entre os anos de 1999 a 2009, período em que houveram mudanças radicais na forma de se ouvir e consumir música. Basicamente eles queriam entender na prática como o compartilhamento de arquivos transformou economicamente a rotina dos artistas, que supostamente foram os mais afetados pela gratuidade.
Bom, vamos aos números por que eles falam por eles mesmos - só repetindo: são números da Noruega! O lucro da indústria de um modo geral passou de R$ 390 milhões para R$ 530 milhões (o valor real é em coroas norueguesas, mas tudo bem, esses valores aí estão convertidos), o que dá um aumento de 4% se descontada a inflação. Os artistas individualmente estão ganhando (BEM) mais também, experimentando uma subida de 114% em seus lucros, saindo de R$ 71 milhões, para R$ 153 milhões - individualmente passaram de R$ 22 mil anuais para R$ 38 mil. Se levarmos em conta que a Noruega viu um aumento de 28% no seu número de artistas, perceberemos que são números excelentes. E a lógica prevaleceu também na forma de obtenção de renda dos artistas: 37% deles têm nos shows ao vivo mais de 50% dos ganhos, o que foi comprovado pelos próprios artistas que a dupla de mestrandos entrevistou.
Logicamente que a Noruega é somente um microcosmo, mas cientificamente essa comprovação é bastante importante, indica uma certa tendência, provavelmente. Não duvido nada que números parecidos seriam encontrados em vários países, e o mito de que artistas estão falindo com compartilhamento cairia por terra facilmente. Se tem alguém perdendo com trocas de arquivos são as gravadoras, que se esforçam para desacreditar esse tipo de pesquisa, pois elas desnudam o principal argumento delas e mostram ser ele bastante falacioso. E, ademais, se discos estão vendendo menos (e gravadoras ganham principalmente com vendas de discos físicos, pois eles podem ter valores bem inflados) pode ser tanto por causa do Pirate Bay quando por causa do iTunes.
Mas gravadoras jamais abraçarão essa nova realidade, não enquanto ainda puderem dar alguns suspiros lucrativos!
Torrent Freak [Via Geek]
2 Comentaram...
Não sei como são as coisas por ai, mas aqui no Norte essa tendência é conhecida já há tempos, ainda que em um nincho cultural bastante depreciado, o Brega (eu mesmo não gosto, mas ele existe, funciona e comprova que há alternativas ao modelo comercial tradicional).
Existem alguns sites sobre isso por aqui, mas no http://www.bregapop.com tem alguns artigos interessantes sobre o aspecto comercial da coisa
"...período em que houveram mudanças radicais..."
Pelo amode Deus, "houveram" não!
=)
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