A série Planeta dos Macacos sempre mostrou a violência e intolerância humana com espécies inferiores ou diferentes colocando os próprios humanos como inferiores aos macacos, que de alguma forma adquiriram inteligência e dominaram o planeta. Apesar disso, eu nunca conseguia deixar de ter uma raiva tremenda daqueles malditos macacos que tratavam a humanidade como escravos. Para aqueles que também pensavam da mesma forma, Planeta dos Macacos: A Origem chegou para deixar bem claro que a humanidade merece o tratamento dado a ela em uma sociedade dominada por primatas evoluídos.
O filme começa mostrando uma cena onde vários macacos são perseguidos com extrema violência em uma floresta. Quando os perseguidores conseguem capturá-los, eles são simplesmente jogados de qualquer maneira nas gaiolas e caminhões, sem a menor preocupação com o bem estar dos animais. Logo nesse começo já é possível ficar admirado com a qualidade dos efeitos especiais utilizados para criar os macacos, que são todos digitais. É impossível não se comover com um dos macacos que grita desesperado dentro da jaula, como se pedisse ajuda para um outro que conseguiu escapar.
Logo depois desse começo, vemos que o destino da maioria desses macacos é um laboratório de pesquisas, onde o cientista Will (James Franco) trabalha em uma cura para o Mal de Alzheimer, já que seu pai sofre dessa doença. Após alguns acontecimentos, surge o verdadeiro protagonista do filme: o macaco Cesar, interpretado pelo sempre competente Andy “Gollum” Serkis.
A captura de movimentos e das expressões faciais de Serkis é impressionante e proporciona cenas emocionantes, como a preocupação de Cesar com o pai de Will quando ele é atacado, ou quando ele implora para voltar para casa após ir para um abrigo de animais. A cena em que Cesar enfrenta o personagem de Tom Felton e diz um sonoro “NÃO” é de fazer qualquer um vibrar no cinema.
Enquanto vários filmes não gostam de mostrar de perto criaturas em CG para que as imperfeições não sejam notadas, em Planeta dos Macacos: A Origem acontece justamente o contrário. Algumas das melhores cenas são as que mostram o rosto de Cesar em close, sempre cheio de expressões que dizem muito sem uma única palavra e sempre fazendo com que o público acredite que está realmente vendo um macaco treinado.
Se o filme tem uma falha grave é que os personagens humanos não têm o mesmo carisma que os macacos. Will, por exemplo, é o típico cientista que faz de tudo para achar uma cura para o pai, mas acaba se apegando a uma de suas cobaias. O dono da empresa onde Will trabalha é aquele tipo que só pensa em lucros a qualquer custo e acaba fazendo várias cagadas. Não faltam também os funcionários de um centro de animais que não dão a mínima para os bichos, sempre os tratando com crueldade. Enfim, são personagens genéricos que poderiam aparecer em qualquer filme.
O ritmo do filme é muito bom, conseguindo com algumas poucas cenas mostrar coisas complexas, como o drama de Cesar fazer parte de dois mundos e ao mesmo tempo não pertencer a nenhum: apesar da inteligência, para os humanos ele não passa de um animal, e para os macacos normais ele é muito inteligente para ser aceito. A falha realmente grave do filme fica por conta do personagem de David Hewlett, que começa como um vizinho briguento, mas acaba se tornando uma espécie de alívio cômico quando o filme chega em sua parte mais dramática.
O longa metragem apresenta ainda cenas de ação sensacionais, com os macacos atacando a cidade de modo extremamente organizado e com armas improvisadas, mostrando aos poucos a evolução intelectual deles. Impossível não se empolgar com a grande cena de batalha que acontece na ponte Golden Gate, que conta com Cesar montado em um cavalo liderando seu exército, como um típico general.
Planeta dos Macacos: A Origem traz ainda alguns easter eggs para os fãs de longa data da série, como a notícia de que os astronautas estão prestes a viajar para marte, ou um jornal que tem estampada na capa a manchete “Perdido no Espaço”. Mas, felizmente, o filme consegue divertir mesmo aqueles que nunca assistiram a nenhum filme da série. E como eu já havia escrito na resenha sobre X-Men – Primeira Classe, ponto para a Fox mais uma vez neste ano.
Rise of the Planet of the Apes (EUA, 2011)
Diretor: Rupert Wyatt
Duração: 105 min
Nota: 8,5
3 Comentaram...
Numa das cenas o personagem de Tom Felton diz " tire suas patas imundas de mim, seu macaco imundo", também dita pelo astronauta Taylor no filme original de 1968
O que vale mais nesse filme é o fan service.
Assisti o original, de 1968, novamente há uma semana e posso dizer que existem diversas linhas de diálogo, não somente o "You damn dirty ape", tiradas do original. Nomes de personagens, localizações, etc, toda referência que pôde ser feita, foi realizada.
De qualquer maneira, é um bom filme. Melhor um vírus aniquilar os humanos que os humanos serem dominados por macacos-escravos.
A captura de movimentos e das expressões faciais de Serkis é impressionante. O elenco do filme é Tom Felton, que recentemente apareceu no filme Risen, que é uma espécie de sequela do "Paixão de Cristo". Eu não sou um fã deste gênero de filme, mas eu gostei da perspectiva ateísta com uma estrutura narrativa realizada da maneira mais respeitosa, honesta e real. Vale a pena vê-lo como ele é uma adaptação do que acontece depois que Jesus ressuscita.
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