A L&PM Editores, fundada em 1974 por Paulo de Almeida e Ivan Pinheiro de Machado, foi uma das editoras de maior destaque no passado por sua posição contra a ditadura militar e por ter sido a responsável por publicar alguns dos escritores de maior destaque no Brasil na atualidade. Gente de qualidade como Moacir Scliar, Martha Medeiros, Mário Quintana e Luís Fernando Veríssimo e seu clássico O Analista de Bagé.
Nos anos 90, porém, a L&PM passava pelo seu pior momento. Eram tempos de recessão econômica e as multinacionais entravam com tudo no mercado editorial brasileiro. Nesse momento, 1997, a editora iniciou um projeto de livros de bolso, intitulado L&PM Pocket. A idéia, claro, não era novidade. Só no Brasil os primeiros livros de bolso surgiram no início na década de 30 na Coleção Globo e eram comercializados em bancas de jornal e quiosques de aeroportos. Mas nenhuma alcançou o sucesso e aceitação da L&PM. Se antes livros de bolso eram considerados sinônimos de má qualidade, hoje essa idéia caiu completamente por terra e diversas editoras abriram selos de livros de bolso. Com exceções como a Martin Claret, com traduções ruins e diversas acusações de plágios, chovem boas opções de qualidade por baixo preço.
Atualmente, o selo Pocket representa 80% dos negócios da editora L&PM, com uma média de lançamentos de cem títulos por ano, já tendo hoje mais de novecentos. E gerou um estranho fenômeno. Alguns livros, antes impensáveis em uma lista de mais vendidos, encabeçaram o topo das vendas. Arte da Guerra vendeu duzentos mil exemplares, quando muitos Best Sellers não passam das cinqüenta mil cópias. E estamos falando de um livro publicado por várias editoras.
Se antes era uma tarefa hercúlea encontrar livros como On The Road, de Jack Kerouac, e Hell’s Angels, do revolucionário Hunter Thompson, esgotados há anos no Brasil, hoje não só se pode encontrá-los facilmente como também conseguir livros outrora nunca lançados no país. Já se pode conseguir, por exemplo, trinta livros dos cerca de oitenta de Agatha Christie, quase cinqüenta de Georges Simenon, alguns dos mais importantes livros da chamada geração beat, e muito mais, de Nietzsche a Bertrand Russel. De Dik Browne (Criador das tirinhas do Hagar, o Horrível) a Hans Staden. De Jane Austen ao sinistro Lovecraft.
O aquecimento dos livros de bolso no Brasil prova que não é verdade que brasileiro não gosta de ler. O que ele não gosta de verdade é de livros de baixa qualidade, mal traduzidos e custando uma boa parte de um salário mínimo. Que essa tendência perdure por muitos anos para que continue a nos proporcionar o prazer único de uma boa leitura.
5 Comentaram...
Posso dizer q só descobri editoras de livros de bolso nesse ano, e virei fã de todas!Já li 3 livros da Martin Claret, e sinceramente ñ notei nada demais nas traduções(ñ sou expert no assunto, mas de vez em quando achamos coisas escabrosas q fazem até leigos terem alergias...),e tenho mais uns 6 esperando na fila,incluindo alguns da própria L&PM...Pra mim foi uma alegria achar livros considerados clássicos e que antes eu ñ tinha acesso por preços tão baratos!!!Acho q o preço,aliado ao ótimo acervo das editoras de bolso,é o principal culpado por eu ter uma pilha tão grande de livros adiquiridos em 2010.É mt importante ressaltar que ñ são só os livros caros q são bons,e esse post fez isso mt bem!! ^^
só filé!
Faltou mencionar que a L&PM também publicava quadrinhos, verdadeiros álbuns, em papel de qualidade, do tamanho de livros didáticos, numa época que quadrinhos ainda eram sinônimo de formatinhos da Abril. Foram eles que publicaram "Valentina", de Guido Crepax, e a fantástica "A Guerra Dos Farrapos", de Tabajara Ruas e Flávio Colin.
eu já comprei vários livros da martin claret e nunca encontrei problema algum, até começar a ler Dom quixote, tradução malfeita, muitas frases não fazem o menor sentido, é uma decepção ter que interromper uma leitura e perder dinheiro num livro que ansiosamente esperava ler.
Já comprei vários livros da L&PM, sempre muito bons, mas confesso que o último que comprei, Doutor Sax, a tradução é horrível. Parece que usaram o google tradutor.
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