Resident Evil 4: Recomeço

 

Os filmes de Resident Evil nunca primaram pela fidelidade aos jogos nos quais foram baseados. Desde o primeiro, eles sempre apostaram muito mais na ação do que no terror, que era principal característica dos games, principalmente dos primeiros. Mas parece que, depois que os próprios jogos abraçaram a ação, em Resident Evil 4 e 5, os produtores resolveram chutar o balde e fazer um filme apenas com essa característica. Monstros e mais monstros vão sendo jogados pra cima dos personagens, sem acrescentar nada de novo à história.

Resident Evil 4: Recomeço já inicia com um deus ex machina muito do sem vergonha. Ao invadir um dos laboratórios subterrâneos da Umbrella, todos os clones de Alice acabam sendo exterminados numa explosão. Além disso, a própria Alice acaba perdendo todos os poderes ao ser submetida a uma espécie de cura para o T-Virus. Pronto, problema da personagem superpoderosa resolvido em poucos minutos de exibição, além de jogar no lixo o gancho deixado no final do terceiro filme: os clones. A partir daí, Alice sai à procura de sobreviventes e acaba encontrando um grupo típico de filmes de zumbis: tem o ganancioso, o covarde, o corajoso, a gostosa...e por aí vai.

Muito se comentou a respeito de Chris Redfield e Albert Wesker finalmente darem as caras no cinema, mas a estréia dos dois na tela grande é decepcionante. Wesker nem de longe é carismático como nos games, mas ainda consegue se salvar um pouco, já o Chris é simplesmente patético. A começar pela escolha do ator Wentworth Miller para o papel. Não que eu o ache um ator ruim, mas o cara não se deu ao trabalho nem de mudar a aparência, continua sendo o Michael Scofield, de Prison Break. E o pior é que ele está preso na primeira vez em que surge em cena. Para completar a falta de inspiração na interpretação dos personagens, temos o reencontro entre Chris e Claire (que perdeu temporariamente a memória). Os irmãos não se vêem há anos e Chris consegue ficar numa boa quando Alice conta que Claire não se lembra dele.

Mas se você chegou até o quarto filme provavelmente é porque está interessado mesmo é na ação. Eu achei algumas cenas, como o pouso do avião ou Alice saltando do prédio, exageradas demais, mas há quem goste. O grande problema de Resident Evil 4 é que a maioria dessas cenas foram pensadas para o 3D, com várias coisas sendo arremessadas na direção da tela e em câmera lenta. Para os que não puderam assistir em 3D (meu caso), isso apenas tornou o filme mais chato. Isso sem contar que algumas criaturas foram mal aproveitadas. O cara do machado gigante, por exemplo, fica a maior parte do tempo esmurrando um portão e é derrotado de forma pouco interessante. E os zumbis, apesar de terem uma nova habilidade (uma boca gigante), continuam morrendo facilmente como sempre. Nem pra mostrar umas mortes maneiras eles serviram.

 

Infelizmente, assim como os jogos, a série de filmes Resident Evil se encaminha cada vez mais para a ação descerebrada, com personagens pouco carismáticos e estragando os bons personagens dos games. Mas para os que não ligam para um bom roteiro ou desenvolvimento dos personagens, Resident Evil 4: Recomeço pode servir como diversão em um dia chuvoso. E com o gancho deixado ao final do filme, podem se preparar para a próxima continuação.

 

Resident Evil: Afterlife (EUA, 2010)

Diretor: Paul W.S. Anderson

Duração: 97 min

Nota: 5