Por FiliPêra
Paul é um gay que está à prucura de um novo amor. Sean é um traficante de segunda-linha, que está devendo grana para outro traficante de segunda; seu estilo é desregrado e ele transa com todas as mulheres da faculdade Candem, mas tudo muda quando ele passa a encontrar bilhetes anônimos - e amorosos - em sua caixa de correio. Lauren é uma garota virgem e inocente, que está se resguardando para seu ex-namorado, Victor, que está viajando pela Europa. Paul gosta de Sean, mas Sean gosta de Lauren, que gosta de Victor, que transa com Lara, a colega de quarto de Lauren. Pode ter certeza que a interação entre seus personagens principais não terá finais felizes. Muito pelo contrário, terá mentiras, tentativas de suicídio e overdoses.
Esqueça os triângulos amorosos idiotas das comédias românticas, tão comuns do cinema americano, onde ao final, apesar dos desprazeres, todos encontram seu par ideal. Com As Regras da Atração o buraco é mais embaixo, mais próximo da realidade. Esqueça as chatices de Barrados no Baile e As Patricinhas de Beverly Hills, Regras está mais para Trainspotting, que tirava humor mesmo das situações mais absurdas. Mas, infelizmente contar mais de sua trama, além da relação ácida e violenta dos seus personagens principais, é tarefa complicada, além de poder estragar a experiência que é ver o filme.
O filme foi inspirado no romance de Brett Easton Ellis e se passa no mesmo universo do seu outro livro que virou filme: Psicopata Americano. O Sean, personagem principal desse filme, é o irmão de Paul, o yuppie matador e tem o mesmo sobrenome que ele: Bateman. E assim como foi em o Psicopata, Regras se propõe a estilhaçar clichês, mesmo sem abandona-los.
Para os que ainda não se sentiram motivados a ver o filme (ficariam menos ainda se soubesse que Sean é interpretado por James Van Der Beek, o astro da série Dawnson´s Creek) saibam que é dirigido e roteirizado por Roger Avary, que colaborou com Quentin Tarantino em seus dois primeiros filmes: Cães de Aluguel e Pulp Fiction. E ele se utiliza de diversas trucagens bacanas, o que torna a fita ainda mais única: montagem invertida, imagens aceleradas e telas divididas; coisas que tanto fizeram a fama de gente como o diretor inglês Guy Ritchie. É só acompanhar a sequência em que Sean e Lauren se conhecem para entender que Avary não gosta de coisas fáceis. Ou então observe Victor cuspindo mais 500 palavras por minuto, quando ele conta toda a sua vigem pela Europa em quase quatro minutos. Outro destaque está nas longas sequências sem diálogos, às vezes servindo unicamente para acompanhar um personagem em suas andanças, detalhe que me lembrou o filme Elefante, de Gus Van Sant. Sua trilha sonora, cheia de rock e pop dos anos 80 é outra coisa legal, mas pode enjoar os cinéfilos mais "cabeças". E para os que não estão nem aí para o que Eu disse acima, saiba que a faculdade Candem, onde todos os personagens estudam, é um centro hedonista, cheio de festas sexuais e habitado por mulheres do calibre de Jessica Biel e Kate Bosworth.
Enfim, As Regras da Atração ganha pontos por ser cínico, inconsequente e desafiador. Quem diria que falaríamos isso de uma comédia romântica?
The Rules of Attraction (EUA, 2002)
Diretor: Roger Avary
Duração: 110 min
Nota: 8,0
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