Russos tentam matar mosquito com mísseis. Ou por que o Twitter e o Facebook foram atacados!

 

Como reportei AQUI (de modo apressado, devo dizer, principalmente pela falta de informações no momento), o Twitter foi atacado por um enxame de requisições DDoS que fizeram o site ir a lona e ficar fora do ar por algumas horas - para alguns usuários, umas 24 horas. Bom, como não era um evento do tamanho da morte de um Michael Jackson, que botou até o Google na zona do arrego, é de se presumir que tinha uma coisa maior por trás (no sentido conspiratório da expressão) desses ataques.

E quando se pensa em ataques DDoS, redes zumbis e esse tipo de evento que leva a banda dos provedores de internet a ficarem mais sobrecarregadas que a Marginal Tietê, logo se pensa em Russian Business Network, o mais poderoso exército hacker já criado. A participação deles, especificamente, no caso é mera especulação minha, mas a hipótese é bastante provável.

Supostamente o ataque que tirou o Twitter e o Facebook do ar foi por causa de um único usuário, Cyxymu, de 34 anos, um blogueiro pró-Geórgia, que usa as páginas dessas redes sociais para falar contra a invasão russa na Ossétia do Sul. Ao menos foi o que disse o próprio Cyxymu a diversos canais de televisão e redes de notícia americanos e europeus, que reiterou que tem certeza de que o ataque foi ordenado por Moscou.

Cyxymu já foi alvo no passado - esses ataques me soam mais como intimidações dos russos, que querem mostrar o tamanho do poder de fogo que possuem na guerra virtual - quando uma multidão de spams com convites para visitarem seu blog, tiraram o LiveJournal do ar.

Olhando bem… faz sentido, mesmo parecendo coisa de pirado, faz sentido. Faz totalmente o estilo “vamos impor respeito e eliminar nossos inimigos com uma cajadada” dos russos. A idéia aqui não era encobrir pistas, ou mesmo acertar o alvo (roubar a conta dele seria mais fácil), mas mostrar o poder que têm em mãos. É como lançar um míssil de meio milhão de dólares em um veículo aéreo não-tripulado: não se quer somente acertar o alvo, mas mostrar aos inimigos que se pode acerta-lo. E com certa facilidade…

 

E, francamente, na guerra virtual o RBN não tem páreo, tanto em poder, quanto em recursos (dizem alguns que é o Kremlin que os paga, o que não é tão difícil de imaginar vendo o estrago que já fizeram em TODA a infra-estrutura de internet da Geórgia).

O episódio também marca um novo parâmetro dos grandes ataques na internet. Se antes o principal motivo por trás de ataques na internet era esvaziar contas (ainda é, mas esses já viraram rotina, e estão em menor escala), hoje é a política que o é, principalmente com a força de grupos muito bem organizados, como o RBN. A figura solitária do hacker romântico, conhecedor de tudo de informática e solitário, está sumindo. Hoje hackers não querem ganhar nome, querem dinheiro. E a principal arma desses grupos são redes botnet com milhões de computadores zumbis na jogada, poderosos o suficiente para colocar offline países inteiros.

 

[Via Epicenter]