Oito de Março

Por Letícia Roese*

 

Seria apenas mais uma data qualquer, se a mesma não fosse lembrada pela reflexão que nos traz (ou pelo menos deveria trazer). Pode-se dizer que a responsável por propor a homenagem foi Clara Zetkin, um política alemã que lutou e ergueu a bandeira por igualdades sociais entre homens e mulheres. A idéia foi lançada em 1910, no II Congresso Internacional de Mulheres Socialistas, como forma de aumentar o apelo do partido para obter o direito de voto e abolir a escravidão sexual.

No Brasil, somente em 1827 as mulheres tiveram o direito de estudar nas escolas,em anos anteriores a esse, nós éramos proibidas de frequentar as instituições de ensino. Mas só em 1879 que tivemos o direito de cursar uma faculdade e ainda assim éramos criticadas pela sociedade.

Lembro-me com isso de uma história que minha mãe conta de quando eu nasci. Há 24 anos atrás, meu pai pediu que ela parasse de trabalhar para cuidar das filhas (eu e minha irmã mais velha, hoje com 28 anos), mas não por machismo e sim por costumes da época. A sociedade “impunha” isso, não se deixava os filhos com “qualquer pessoa”, e as creches não eram tão numerosas antigamente. Logo, minha mãe, professora, decidiu dedicar sua vida ao ensino exclusivo de suas pequenas.

Bom, mas nem por isso hoje minha mãe é uma mulher menos inteligente, menos independente ou menos informada. De lá pra cá mil coisas mudaram e nós mulheres, constantes camaleoas, não tivemos a mínima dificuldade de nos adaptar aos moldes que essa nossa sociedade 99% machista pede. Pelo contrário! Cada dia mais ouvimos que as mulheres dominaram isso e dominaram aquilo. Os próprios meninos d blog NSN já admitiram que não dava mais só pra homens escreverem sobre HQ’s, filmes, jogos, gadgets e outras coisas. Era preciso também um olhar feminino sobre as coisas, que antes eram ditas “exclusivo para meninos”.

O público feminino foi invadindo os comentários, de franjinha do lado, brinco de strass, salto alto, com um olhar único e sedutor que só nós temos e pronto, já tomamos conta do pedaço! Não foi preciso muito para que abrissem um “quarto rosa” e começássemos a discutir lá dentro, entre troca de esmaltes e chapinhas no cabelo a dominação mundial que nem imaginam eles, já estava acontecendo.

Dominação essa que não visa acabar com o “reinado masculino” e sim fortalecer. Frase célebre “A união faz a força” deveria ser o lema do dia de hoje. Homens e mulheres lutando juntos para construir uma história de igualdade, uma história de força e respeito. Respeito mútuo! Já que é sabido que é preciso primeiro respeitar para ser respeitado. E por fim, a tal dominação mundial.

Clichê ou não, essas palavras não deveriam ser lembradas somente no dia de hoje. Deveriam ser lembradas sempre, para uma boa convivência não só entre homens e mulheres, mas entre seres humanos.

Vamos acabar com a história “Eu não preciso de um homem.” X “Eu não preciso de uma mulher.” Fato é que todos nós sabemos que precisamos sim uns dos outros. Pense você (casado ou não) o quão bom não é chegar em casa e ter uma pessoa nos esperando, um homem que sai logo cedo para o trabalho e nos deixa um bilhete no espelho do banheiro desejando um bom dia, um café pronto na mesa da cozinha com uma rosa ao lado… uma mulher ainda que cansada, busca o filho na escola, faz as compras, chega se prepara toda cheirosa e senta-se ao lado dele no sofá, mesmo que seja uma quarta-feira e o programa que irão assistir juntos será o futebol. Sei, claro, que essa parte do texto pode ser uma visão meio romantizada de relacionamento ideal entre homens e mulheres, mas sei também que é uma relação possível e cada dia mais constante.

 

As diferenças estão cada vez mais somente biológicas. E esperamos que continue assim. Homens e mulheres podem viver em perfeita harmonia sim. Independente de cor, religião ou idade, que as mulheres cada dia mais conquistem seu espaço AO LADO do homem na sociedade e que a única diferença seja a maquiagem e o salto alto.

Talvez esse não seja um texto propriamente dito nerd, bom, na verdade não o é mesmo, é só minha singela forma de parabenizar a todas as she-nerds por mais este começo e aceitar com lisonja, gritos histéricos e promessas de “eu vou me esforçar” (yn) para cada dia mais fazer com que essas diferenças sejam diminuídas e os laços estreitados.

Por fim, já que instituíram o dia de hoje somente para nós mulheres, acho que devemos sim ser mimadas. Aceitamos todo tipo de presentes e carinhos. Meninos deixem recadinhos carinhosos para suas melhores amigas no celular, bilhetinhos na mesa do escritório, um bombom, ou um capuccino com pão de queijo no fim do dia, elas vão adorar #fikadika ;)

Vida longa e próspera à todas nós mulheres, nerds ou não. E não só dia 08/03, mas sempre.

Um beijo carinho do lado ‘coração’ das she-nerds,

Letícia Roese

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A @letiroese é publicitária, não tem nenhum interesse definido, é loucamente apaixonada pela sobrinha, gosta de todo tipo de nerdices e tem o lado mais coração do que razão. Quase não deu pra reparar né?