segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

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A Nova Ditadura

Por Homem Risonho

 

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"Se fizermos uma comparação com os índios, poderemos dizer que os civilizados são uma sociedade sofrida. (...)

O índio em sua tribo tem um lugar estável e tranqüilo. É totalmente livre, sem precisar dar satisfações de seus atos a quem quer que seja. Toda estabilidade tribal, toda coesão está assentada num mundo mítico. Que diferença enorme entre as duas humanidades: uma, tranqüila, onde o homem é dono de todos os seus atos; outra, uma sociedade em explosão, onde é preciso um aparato, um sistema repressivo para poder manter a ordem e a paz dentro da sociedade. Se um indivíduo der um grito no centro de São Paulo, uma rádio-patrulha poderá levá-lo preso. Se um índio der um tremendo berro no meio de uma aldeia, ninguém olhará para ele, nem irá perguntar porque ele gritou."

Or lando Villas Boas – Exôdo Urbano

 

Um dos maiores medo de George Orwell seria a censura da verdade e do livre pensamento, enquanto o temor de Aldous Huxley era o de que a verdade seria inundada por um mar de bobagens mediante ao condicionamento e aceitaríamos o fútil e conseqüentemente ridicularizando o que é de fato, real. Acredito que os medos de ambos se fundiram e tornou-se algo muito pior, nesta análise vou tentar dar uma breve definição deste tipo de nova ditadura que sofremos, mas não costumamos pensar nisso.

Para aqueles que ainda acham que a ditadura não mais existe ou é papo de pessoas idosas, está muito enganado. Costumamos pensar somente nas torturas físicas, nos exílios e nos desaparecimentos, mas nunca consideramos a idéia da censura e da repressão e opressão, tanto para opinar ou mesmo pensar, que perdura até os dias de hoje.

O ponto de acreditarmos que não existe tal elemento em nossa sociedade é o fato da gama de imbecilidades no qual somos expostos diariamente pela TV e entre outros mecanismos que anestesiam a nossa mente com propagandas ideológicas que gradativamente nos tornam coniventes com regras que reforçam valores básicos sociais como passividade e submissão às autoridades. Somados ao efeito da preguiça mental que muitos sofrem e pelo medo inconsciente, ou não, de ir contra o consenso geral.

Tudo está voltado ao consumo e os verdadeiros valores foram todos invertidos, com o propósito de deseducar as pessoas e torna-las mais manipuláveis, ao mesmo tempo em que se retira o valor pedagógico à educação, acrescenta o componente psicológico com o intuito de “socializar” as pessoas e preparando-as para regras mais opressoras.

Podemos aqui chamar este novo fenômeno de Ditadura da Conformidade e da Etiqueta, onde desde crianças somos doutrinados pelo ensino obrigatório a não desenvolver a nossa capacidade de enxergar o mundo e as pessoas de forma ampla e complexa. E pior, julgar eventos mostrados nos noticiários apenas de acordo com a opinião publica e publicada, sem ao menos entender as motivações, história ou o que está por trás dos bastidores. Isso com certeza faz com que as verdades objetivas sejam tratadas como resíduos supersticiosos de épocas bárbaras.

Não se faz mais necessário os milicos fardados para dar fim a nossa existência em caso de alguma manifestação ou debate sobre algum tema relevante, porque a própria sociedade já está dependente, doutrinada e uniformizada ideologicamente por este sistema de regras agindo como oficiais a paisana. E dificilmente é necessário o uso da força, devido ao uso da reprovação das demais pessoas ao sermos condenados por olhos vigilantes e conformistas quando nos “expomos ao ridículo” ao enfrentarmos este mundo de sorrisos falsos e amarelados, elaborado por um pequeno grupo composto de pseudo-salvadores com chapeis elegantes que deveriam nos temer por sermos a maioria e não ganharem autoridade com falácias e mentiras de que sem eles, nossa sociedade desapareceria.

Quantas coisas as pessoas deixam de fazer em prol da boa educação e bons costumes? Coisas que de fato vemos que estão erradas, mas preferimos nos calar por medo de ser repreendido ou ser taxado de louco pelas pessoas à nossa volta e para assim sustentarmos a nossa aparência de bons cidadãos?!

Acredito que essa é uma herança que infelizmente herdamos em virtude da nossa cultura colonialista, um tipo de hábito, onde nos deixamos ser colonizados e para compensar essa nossa deficiência, exploramos quem está abaixo de nós, gerando um efeito cascata, cuja prática é de que o “fim justifica os meios” e se dá o que chamamos de corrupção, onde a mesma se aplica em todos os núcleos da sociedade, desde a elite com seus jogos e disputas por poder e dinheiro até as massas devidamente domesticadas que se digladiam por migalhas e centavos.

A finalidade das regras seria para expor os principais requisitos quanto à atitude do indivíduo em uma sociedade. Mas percebermos que estamos sujeitos a uma infinidade de sub-regras de bom senso, com o fim de inibir o nosso raciocínio crítico, afinal, não é cool pensar. E assim, aos poucos, somos modelados ao bel prazer daqueles que as impõem através da mídia em geral e converge um padrão único e maciço de opinião que cada vez menos admite divergências e questionamentos, e alardeia a população com notícias tendenciosas e convenientes aos propósitos de empresários, políticos de aventais (Brasília está cheio deles) e militares que costumam usar os meios de comunicação para dar descrédito às pessoas que pensam contrariamente a eles, e nos expõem a informações consensuais e entretenimentos vazios para emburrecer cada vez mais a sociedade com o famoso pão e circo.

O resultado disso são as guerras de torcidas organizadas que depredam patrimônios e deixam muitos feridos, por uma simples e banal partida de futebol; ou tirar a vida por causa de um tênis e entre outras causas que não preciso listar, mas que deixam bem claro o patamar social e intelectual no qual nos encontramos. Se gastássemos pelo menos 10% dessa energia em causas importantes como aprender a refletir e em conseqüência se livrar desses grilhões, nossa sociedade teria um grande salto evolutivo na escala e conseguiríamos sair finalmente do buraco ou das arvores.

Enfim, este show business da propaganda das notícias travestida de “jornalismo” que apenas fabrica e modelam intelectuais, jornalistas, especialistas e escritores que apóiem cada vez mais causas repetitivas, como o direito da mulher sobre seu corpo e a legalização do aborto, união civil entre homossexuais, proteger prostitutas para evitar que sejam objetos de exploração, sexo cada vez mais precoce, infanticidas e consumistas. Isso faz com que a população ande em círculos, porque, aqui pelo nosso país esses são sempre os “assuntos do momento”, mas não necessariamente somos conduzidos a algum lugar. Mesmo aquele que não tenha grande entusiasmo pessoal por essas causas fica desprovido de um critério pelo qual possa julgá-las, devido à carência de dados que reforcem uma opinião contrária, e no fim acaba colaborando com elas, no mínimo, por omissão.

Muitas vezes, pessoas corajosas e cidadãos de bem, enfrentam esses sistemas com protestos independente - pacíficos ou não - para mostrar o descontentamento em causas que de fato são importantes, como a privatização de serviços sociais, mas a mídia acaba usando essas manifestações para fazer com que os direitos humanos se tornem um produto comercial.

Porém, tais movimentos são recepcionados com a força bruta da guarda pretoriana “bem remunerada” do governo (para os leigos, a polícia militar), que precisa manter a ordem, mesmo que essa ordem vá contra a justiça e cabe a mídia apenas fazer o trabalho de abafar os principais motivos de tais reivindicações e marginaliza-los, tornando questionável a existência de uma democracia e liberdade de expressão, e deixando mais evidente a existência de um regime ditatorial discreto.

As vozes que se recusam a vender seu caráter e consciências a fim de se tornarem meras ovelhas deste organismo caótico, massacrante e criminoso estão ficando cada vez mais escassas, pois os poucos que ainda existem acabam por cair no descrédito pelo simples hábito de pensar demais e não se afogar no mar de futilidades que muitos estão chafurdados.
Devemos entender em sua essência o que significou a censura, o golpe militar, a repressão política (acho que o ministro da defesa não vai gostar muito dessa expressão) para podermos entender o que está acontecendo nos dias de hoje e impedir que a história se repita e nos faça cair no mesmo erro.

Não sejamos mais coniventes com a existência do maior monstro criado pela ditadura que perdura até os dias de hoje… a Rede Globo e alguns jornalecos, que cada vez mais distrai e forma a opinião das massas, para que se aceite velhos regimes que nos mantém cativos em uma prisão psicológica que inconscientemente nos tortura, rouba, molesta e nos manipula através do medo de um inimigo real ou imaginário, para assim manter o bom e velho, ordem para o povo e progresso para as elites.

 

[Nota do Editor: Recebemos esse texto anonimamente por email. Pelo que me consta, essa é uma prática do Homem Risonho, identidade do autor, pois uma rápida checada revelou textos dele em blogs como A Nova Ordem Mundial. Como o texto se mostrou muito bom, o publicamos na íntegra, mesmo que alguns trechos possam não necessariamente representar a opinião dos integrantes do NSN]

15 Comentaram...

Yanes "Dromar" T.S. disse...

Complicado,

de um lado temos essa força exposta. e de outro temos que gado continua sendo gado...

então.. quem está certo? aqueles que direcionam a boiada, ou aqueles que nada fazem para mudar a direção?

Alessandro Soledade disse...

É bom citar que esse texto está generalizando o governo e a mídia. Creio sim que os dois possuam interesse em manipular nossa opinião e enfraquecer o nosso senso crítico, mas também acredito que há poucas e boas pessoas nesses ramos que nos mostram a verdade e lutam por um mundo melhor. O que me deixou deveras intrigado é o caso da educação pública ser fraca propositalmente, afim de evitar resistência às ideologias das elites.
Vale lembrar que não devemos esperar o conhecimento bater na nosssa porta, somos nós que devemos buscá-lo, logo, não podemos só culpar o atual jornalismo e política pela ignorância da massa. Por isso que a leitura é boa, ela desperta nosso pensamento.
Btw, o texto me lembra o Zeitgeist. xD

Anônimo disse...

Essas imagens do "Do The Evolution" combinam com tudo...

leo disse...

Segunda acontece o 1º Forum Democracia e Liberdade de Expressão, do Instituto Millenium.

Confiram os palestrantes, os temas, e prestigiem

http://www.libermaneventos.com.br/clientes/forum/

Gringo disse...

Viver em sociedade tem seus benefícios, mas também tem seus preços. Se um indivíduo deseja usufruir desses benefícios, é necessário agradar àqueles que estão ao seu redor (e ser chamado de ovelha por aqueles que só veem um lado da moeda).

Por mais diferentes que as sociedades indígenas possam ser, não há como escapar do sistema de direitos e deveres.

Rogério disse...

A citação sobre as sociedades indígenas é equivocada e força aquela visão idilica e estúpida do bom selvagem liberto e em contato com a natureza. Na verdade nossos indios querem mesmo é tv a cabo. Há diferença?

Quanto ao texto, bem...
a visão do autor pouco difere do que eu mesmo venho alardeando em meu blog, a critica ao consumismo, ao capitalismo, ao conformismo massivo e etc.

Mas...

"é sempre bom lembrar que um copo vazio está cheio de ar" (Chico Buarque)

... tudo é bem mais complicado do que parece. E ao se adotar posições assim tão rigidas erra-se em dobro. Não podemos esquecer que uma sociedade nada mais é que um montão de gente, cada uma puxando pra um lado diferente. É bobagem ficar falando de estereótipos - bem vs mal, mocinhos e vilões e covardes - quando se trata de pessoas.

Eu sei que existe essa coisa paranóica, que todo crítico do capitalismo ou "nova ordem mundial" imagina alguém por de trás das cortinas pronto pra foder o povo sem mais nem menos e a qualquer momento. Quanto a verdade disso talvez ninguém duvide.

Mas é tão dificil acreditar em verdades absolutas.

Alexandre disse...

Independentemente de linha partidaria, de pensamento ou ou que seja, o texto é maravilhoso, e sim, coloca de modo claro uma realidade terrível que só não vê quem não quer, ou já está com a mente tomada.
Concordo que hoje em dia, é dificil se desvencilhar dos grilhões dessa sociedade, e temo muito pelo futuro. Não tem faltado para surgir um AI-5 voltado para a internet, ou aumentar ainda mais o controle sobre a mesma.
Acredito que vai chegar um tempo em que os pensadores dissidentes do sistema terão que voltar a panfletagem como meio de divulgar seu pensamento e idéias.
E o pior de tudo: com os aplausos de uma sociedade cega, burra e dominada.

Unknown disse...

A repressão social é a maneira de manter o sistema atual.
Gostaria de citar o decálogo de Lênin e a obra de Maquiavel, o príncipe, ambos descrevem princípios de manipulação de uma sociedade, como o já citado Zeitgeist.
Acredito que a sociedade indígena é algo perto do devemos buscar como uma nova ordem mundial, onde o homem trabalhe menos de 6 horas por dia, descanse todas suas 8 horas, que as crianças possuam estudo e todos tenham direito de lazer e com toda e qualquer forma de arte livre de censura e necessidade de lucros.
Uma sociedade onde o homem é livre para tomar suas decisões, com uma política de instrução e não manipulação para que este homem busque e incentive o bem comum.

Anônimo disse...

Que chato.

Anônimo disse...

Não disse nada mais que o óbvio.

Alfredo disse...

Bela crítica a algumas coisas, mas convenhamos, o que é liberdade para vc? Ficar andando pelado pela rua? Plantar o que quiser comer?
Temos que também lembrar que a minha liberdade termia quando começa a liberdade do outro, e isso muitas vezes é ignorado.

Criticar o capitalismo, lembrando Lênin é a maior idiotísse que se poder fazer, o capitalismo é a atual forma pois todas as outras formas eram pior.
Temos que começar a dar oportunidades iguais para todos os que estão dispostos, não estou falando em distribuição de renda, estou falando em ensinar a pescar a porra do peixe. Mas quem está disposto a pescar quando colocam a comida na sua boa?
Não falo isso apenas em questões financeiras, mas também na questão da informação, do pensamento.
Enfim, como o próprio texto quiz dizer, pense e critique.

kwhvelasco disse...

Porcaria de internet.
Antes de lerem e babarem, bandos de capitalistas travados, e comunistas atrasados, porque não descobrem que o "gênio -oh" que escreveu o texto (ruim, porco e simplista) apenas leu alguns caras bons como Adorno, zizek e o zygmunt bauman. Expermntem ler "Amor líquido" e depois releiam o texto. Vão ver que ali tem nada demais.
Os fascistas? morram. reclamar da sociedade de capital jogando em seu PS3 é mole. Dizer que aquelas familias pobres que dependem de BF são vagabundos? calma... FHC saiu na frente há uns anos atrás... Não há uma "organização central" dominando o mundo. Há um pensamento único, uma unica idéia de elites econômicas e culturais que predomina - o capitalismo - e um conjunto de ideias que buscam corromper este conjunto estruturado- "socialismo". Você pode ser a favor, contra ou ser neutro, mas todos nós temos de seguir um destes caminhos. A maioria, claro, segue indiferente, não importa quanto gritem em blogs intelectuais.
A pior ditadura é a que mora dentro da gente, a do preconceito, do ódio.
Fascistas, morram.

Thiago disse...

verídico e caústico estamos caminhando para à revelação do apocalipse

Ricardo disse...

Muita teoria e nenhum exemplo prático. Parece um texto escrito por algum militante paranóico do pstu, desses que participam de congressos nos quais se aprovam propostas pedindo o cerceamento da imprensa e da liberdade de opinião. É a velha história: o "bem" (o esquerdismo, óbvio) contra o "mal" (todos aqueles que discordam do esquerdismo). Discurso vago. Cadê as soluções? Cite exemplos práticos do que há de errado. Não existe um comando global de manipulação mental. Aliás, se alguém assaltar ou dolosamente ferir o autor deste texto, o que ele fará? Ora, chamar a "guarda pretoriana"...

Homem Risonho disse...

Olá meu caros,

Eu sou o autor deste texto, sim, o Homem Risonho!

Aqui não defendo em hipótese alguma em vivermos como a sociedade indígena antes da invasão as terras tupiniquins, que consiste em andar pelado e plantar, porém vale uma constatação, nós de fato vivemos rodeados de mecanismo repressores que sequer temos idéias e quando paramos para pensar nisso, consideramos como teoria da conspiração, porque simplesmente nossos queridos jornais nunca divulgaram essa idéia. Preferimos ver a copa do mundo, afinal, quem não gosta de futebol não é brasileiro ou a novela que dita como se deve proceder um "bom" relacionamento.

O que coloco aqui em questão é nós darmos importância demais para coisas que nunca deveriam ser problemas, mas complementos e abordo isso em todas as esferas. Não critico o capitalismo ou o comunismo, mesmo porque não existe economia comunista ou socialista, logo eu seria um idiota em fazer tal crítica.

O que coloco em xeque é que somos uma sociedade burra e conivente com todas estas agruras que contribuem com a ridicularização do livre pensamento. E não, nunca sequer li um desses autores do qual citaram, mas obrigado pela dica.

Sobre a guarda pretoriana, eu apenas coloco aqui o quanto ela é eficiente em impor ordem, mesmo que ela vá contra justiça.

Agora meus caros céticos, achar que não existe manipulação mental, é o mesmo que acreditar que fast-food não faz mal. Pura inocência. Não apresentei soluções porque meu texto propõe ao leitor em pensar,
não me seguir, não sou nenhum guru da verdade.

Homem Risonho

MSN: homem.risonho@hotmail.com

Orkut: http://www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=5408111672909672452&rl=t

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