terça-feira, 6 de julho de 2010

Avatar José Renato

Transformers: War for Cybertron

 

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O Bem contra o Mal. Esse é o tema de uma centena de obras que nerds adoram mundo afora. Basta pegar Star Wars, Lord of the Rings, qualquer um desses RPGs da Bioware, ou até mesmo a série Lost (tá vai... meio mundo odiou a última temporada...). Convenhamos, é um tema mais velho que andar pra frente, e foi a saída que algum pobre roteirista de quadrinhos encontrou para transformar aqueles brinquedinhos de robôs que se transformavam em carros em uma história "épica" e "intergalática". Ele separou os robôs "do bem" e os robôs "do mal" em Autobots e Decepticons, pôs os dois pra saírem em quebra-paus no espaço e na Terra, e assim fez a alegria de muitos nerds fãs de Transformers por aí. Nada contra os fãs, claro, mas eu não vejo graça na história desses robôs-brinquedos.

Para esses mesmos nerds fãs de Transformers, foram feitos uma centena de jogos também, e infelizmente para todos, esses jogos diferiam no nível de qualidade entre terrível e absurdamente abominável. Os filmes de Michael Bay, então, não preciso nem mencionar. O lançamento de Batman: Arkham Asylum, em 2009, inspirou a desenvolvedora High Moon Studios a fazer um game dos Transformers que fosse tão bom quanto aquele que, na minha opinião, foi o melhor jogo de ação do ano. Ou pelo menos essa era a promessa. Bom, fico feliz em dizer que War for Cybertron é, certamente, o melhor jogo dos Transformers que já foi feito. Claro que essa não é uma barreira muito difícil de se transpor, e o jogo não chega nem perto de Arkham Asylum, mas WFC traz aos jogadores um Third-Person Shooter bem old school e divertido, que certamente irá trazer uma sensação de nostalgia à quem gosta de jogos como Serious Sam, Contra ou mesmo o velho Doom.

 

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HISTÓRIA

War for Cybertron se passa antes da série animada Transformers: Prime, que ainda estreará em Outubro de 2010, quando os Transformers ainda viviam em seu planeta natal, Cybertron. Obviamente, Autobots e Decepticons já se encontram em guerra, e o game começa quando Megatron, o líder dos Decepticons, encontra um tipo de energia do mal chamado Dark Energon, e planeja usar esta energia para trazer Cybertron de volta aos tempos de glória. O plano de Megatron é simples: aplicar Dark Energon diretamente no núcleo de Cybertron, mesmo que todos os outros Transformers que ele encontre avisem-no de que isso irá destruir o planeta.

 

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É simples dizer qual o propósito dessa história. Se você é fã de Transformers, você vai adorar saber como Megatron encontrou Starscream, como Optimus se tornou Prime, como os Transformers vieram parar na Terra, e coisas assim. Se você não é fã de Transformers, você não vai dar a mínima pra historinha, e vai se focar no tiroteio e na ação ininterrupta das fases. Eu sei que eu fiz isso. É, de fato, uma história bem rasinha, e é por isso que os filmes são tão ruins, mas como games (principalmente shooters) não têm muita preocupação com história, sinto que os Transformers deveriam ser usados mais em games como este ao invés de filmes.

GRÁFICOS

A idéia para War for Cybertron veio do jogo do Batman, e a engine também. O game utiliza-se da Unreal Engine 3, mas não é tão aparente à primeira vista, já que os problemas característicos da engine não aparecem. As texturas borradas, que carregam conforme você liga o jogo, não estão por aqui, e nem o pop-in constante de objetos à pouca distância (ou o jogo tem tanta ação ininterrupta que ele te engana a não prestar atenção nos detalhes da engine, o que considero um ponto positivo). Outra coisa ótima deste game é que todos os efeitos dessa geração estão por aqui, a iluminação é ótima e possui ótimos efeitos de HDR, as sombras são muito bem detalhadas e bem melhores até do que em outros games na mesma engine, as texturas são geralmente bem definidas (apesar de ainda vermos uma textura borrada aqui e ali), os modelos de personagem (principalmente dos jogáveis) são uma mistura entre o desenho e os filmes, e as animações de transformação e de recarga de armas são bem naturais. Tecnicamente, possui gráficos ótimos. A única coisa que posso notar de ruim é que o próprio cenário das batalhas não propicia grande variedade de terreno, já que Cybertron é um planeta inteiro feito de máquinas. Então você vai ver as mesmas texturas cinzas do começo ao fim do game, e isso atrapalha um pouco o lado artístico.

 

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Agora, vamos aos bugs e problemas técnicos. As sombras muito bem detalhadas, infelizmente, tendem a desaparecer e reaparecer, piscando, como se estivessem com algum tipo de glitch de vez em quando, e é bem perceptível. Os modelos de personagem também parecem não possuir peso, deslizando por sobre o chão, ao invés de andar às vezes, principalmente depois de se transformar de carro para robô. Para você, usuário de PC que tem um computador mais fraco, o game não possui quase nenhuma opção para customização gráfica, se limitando à escolha de resolução, detalhe de texturas e sincronia vertical, apenas. O mundo de máquinas também ressalta a falta de uma opção pra Anti-Aliasing, já que tudo é feito de partes pequenas que são muito sensíveis às "escadinhas" que se formam em objetos 3D. E por último, e a decisão mais estranha pros usuários de PC, é que o jogo é travado a 30 frames. Normalmente jogos vão a 60 frames com sincronia vertical. War for Cybertron é travado nos 30, como nos consoles, e por se tratar de um shooter que requer alta precisão com o mouse, o framerate mais baixo é notável. Por outro lado, eu nunca vi o jogo rodar a menos que esses 30 frames, provando ser um jogo muito bem otimizado e com performance excelente, principalmente quando muita ação está ocorrendo na tela ao mesmo tempo.

SOM

Transformers: War for Cybertron possui uma trilha sonora bem genérica de sons eletrônicos e músicas épicas para os chefões, e o jogador acaba por nem prestar atenção na mesma. Já os efeitos sonoros são ótimos, o som das armas realmente dá um peso e um ótimo retorno, uma impressão de que as armas dos robôs realmente causam dano. As transformações também possuem um sonzinho bem característico, bem como o motor dos carros e as turbinas dos Transformers voadores. Tudo muito bem feitinho. Agora, a melhor (ou pior, isso depende do quão fã de Transformers você é) é a atuação de voz. Peter Cullen continua sendo a voz de Optimus Prime, e é facilmente reconhecível até pra quem só viu os filmes. Os Decepticons são ridiculamente canastrões, principalmente Megatron (com direito a um super discurso bem na primeira fase, com coisas como "Eu sou o dominador, eu sou o destruidor, EU SOU MEGATRON MWAHAHAHA!"). Enfim, creio que a atuação de voz esteja bem... Transformers. Se isso é bom ou não, depende do grau de fanatismo do jogador.

 

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JOGABILIDADE

Pois é... enquanto o Batman tinha múltiplas facetas de ação para poder criar vários estilos de jogo com o mesmo personagem, os Transformers tem apenas um talento. War for Cybertron é um jogo de tiro em terceira pessoa old school. O jogador irá passar por níveis extremamente lineares e explodirá dúzias de outros Transformers no processo. Na verdade, isso não é uma coisa ruim... mas o jogo é como uma montanha russa: ela começa e vai correndo bem rápido e levanta o nível de adrenalina, mas é só isso.

 

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O jogo se divide em duas campanhas: 5 capítulos para os Decepticons, e 5 para os Autobots. Não há muita diferença entre as duas em termos de jogabilidade, a dos Autobots é apenas maior, durando entre 6 e 8 horas, enquanto a dos Decepticons dura por volta de 4 a 5 horas. Ambas são basicamente tiroteio e mais tiroteio quebrado às vezes por uma sequência em que você deve passar como carro ou como jatinho, e no fim dos capítulos pode ou não haver um chefão. No começo de cada fase, o jogador deve escolher uma classe de personagem, entre cinco classes que possuem algumas habilidades e armas diferentes, porém não fazem muita diferença na ação. O tiroteio é bem padrão: você tem uma coleção de armas bem normal, com fuzis de assalto, escopetas, canhões de pulso e foguetes, que você usa em uma porrada de robôs inimigos que vem em quantidade. E a ênfase é na quantidade: a IA é bem simplória pros padrões de hoje. Seus inimigos vão ocasionalmente pular pra lá e pra cá, ou jogar uma granada, mas normalmente eles ficam contentes em ficarem parados num lugar enquanto tentam te transformar em queijo suíço. Alguns inimigos gostam de atacar corpo-a-corpo, e esses vêm em sua direção com uma maça e um escudo enorme sem se preocupar muito com sua sobrevivência. Se você ficar com a vida muito baixa (e ficará, pois os números inimigos às vezes são bem difíceis de se lidar), deve arrebentar umas caixas para conseguir mais munição, recuperar vida ou conseguir um escudo protetor.

De vez em quando (e devo dizer, pra um game que tem como personagens principais uma raça de robôs que se transformam em veículos, é bem decepcionante o "de vez em quando") você irá entrar em alguma seção do jogo no qual você deve usar sua forma de veículo. Essas partes são extremamente simplórias, já que o jogo é muito linear, e sempre haverá uma grande seta apontando pra onde você deve ir. Essas sequências veiculares só existem para quebrar um pouco a repetição do tiroteio, e na verdade, elas acabam fazendo com que você queira que os tiroteios voltem logo. Exceto as partes onde você deve voar. Essas sim são bastante divertidas, com você voando por entre caminhos estreitos e saindo em trocas de foguete com jatinhos inimigos, são realmente as partes onde o jogo se torna excelente.

 

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Ao final dos capítulos, ocasionalmente um chefão aparece. Esses normalmente são, também, padrão old school de design, e me lembram muito da série Contra, do NES e SNES. São chefes enormes, que ocupam arenas inteiras, e que possuem um enorme ponto fraco vermelho no qual só falta aparecer uma plaquinha "ATIRE AQUI". Mas também temos lutas contra Transformers famosos do desenho/filmes, como Starscream e Soundwave, que são bastante divertidas, e tornam a campanha dos Autobots superior à dos Decepticons.

Devo salientar que a variedade é um problema neste jogo. O próprio ambiente no qual o jogo se passa não propicia muita mudança de cenário. Eventualmente o jogador pode se cansar de matar o seu milésimo robozinho idêntico, e as sequências de veículos são muito lineares e também cansam. Porém, para os fãs de jogos de tiro old school, o game é bem legal e com certeza é o melhor game levando a franquia dos Transformers.

FATOR REPLAY

Esse é outro problema do jogo. Assim que você termina War for Cybertron, os créditos rolam e… acabou. A única coisa que resta é tentar uma maior dificuldade, jogar com os personagens que você não selecionou anteriormente (eu basicamente só joguei com os Transformers que conhecia: Megatron, Optimus, Starscream, Soundwave e Bumblebee), ou partir para o modo Multiplayer, o qual não tive acesso e não discutirei nesta resenha. Mas, uma coisa que foi desperdiçada aqui, é que os outros dois personagens que você não escolheu nas missões, acompanham você sempre, e o jogo poderia ter um modo cooperativo split screen (dividindo a tela). Seria muito bom se fosse possível plugar dois controles e chamar os amigos para meter bala em outros Transformers, e pelo que pesquisei, nem mesmo as versões de console possuem suporte à um modo assim, sendo o modo cooperativo limitado à conexão on-line. É uma pena, poderia ter aumentado muito o fator replay de War for Cybertron.

PRÓS E CONTRAS

+/- Feito para fãs de Transformers: se você for um, considere um ponto positivo

+ Gráficos tecnicamente bem trabalhados

- O próprio ambiente de jogo não propicia design artístico variado

- Opções limitadas para usuários de PC

- Framerate trancado a 30 frames

+ Efeitos sonoros bem de acordo com a franquia

- Música eletrônica genérica pros tiroteios e música épica genérica para os chefões

+ Vozes condizentes com a franquia, apesar de ser um Over-Acting extremo

+ Muita ação estilo jogo de tiro antigo

+ Chefões à moda antiga

+ Sequências boas com os Transformers jatinhos

- Sequências fracas com os Transformers carros

- Falta variedade

- Falta fator replay

 

CONCLUSÃO

Não sou fã de Transformers, mas não posso dizer que War for Cybertron me desagradou. É bastante divertido, apesar de ter qualidades que a grande maioria dos jogadores hoje em dia não apreciem, como a ação ininterrupta, os chefões com pontos fracos visíveis, e a historinha manjada. Pra mim, tudo isso faz o jogo ficar bem condizente com os Transformers e até mesmo diria que isso beneficia a história e os personagens, pois num shooter desse estilo, não é necessário preocupar-se muito com a história, e sim com a ação. Apesar deste game não chegar nem aos pés de Batman: Arkham Asylum, ele também não é um lixo do tamanho de Revenge of the Fallen. Provavelmente os fãs de Transformers vão pegar referências aos desenhos e vão tirar mais proveito do game.

NOTA: 7,5

1 comentário

Paulo Cesar disse...

A resenha está para lá de completa. Muitos detalhes e opnião.
Recomendei para o Laguna.

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