Gui e Dangu

Por Murilo Andrade, do Humorragia 

 

Cena de Dangu

Manhwas é o nome pelo qual são conhecidos os mangás coreanos. Muitos fãs hardcore discutem em fóruns e no Orkut que só são mangás os quadrinhos feitos no Japão. A verdade é que qualquer um que consiga apreender a estética e a narrativa pode fazer um mangá, independente de morar ou não no Japão. E os coreanos não só conseguiram, como acrescentaram elementos novos à arte. O problema é que os manhwas têm alguns defeitos. Os desenhos são extremamente trabalhados, mas os roteiros quase sempre são fracos e as histórias manjadas. Isso é comum num mercado que ainda não amadureceu. A aposta para o futuro é que eles venham a suplantar os mangás, os quais enfrentam uma crise de originalidade sem precedentes na indústria.

Alguns manhwas já foram publicados no Brasil, mas eu nunca tinha dinheiro o bastante para comprá-los. Recentemente, a Conrad lançou três, e milagrosamente consegui comprar dois. E como depois que se começa a escrever no NSN se quer resenhar até bula de remédio escrevi um pouquinho sobre eles.

 

Gui- O Guerreiro Fantasma Vol.1

Gui é de longe a melhor obra dentre os dois manhwas que eu comprei. A história é clichezenta (não me perguntem se essa palavra existe, inventei agora) e personagens típicos pipocam aqui e ali. Tem até um clone de Wolverine! O autor Orebalgum é talentoso o bastante para prender a atenção do leitor e o traço é de fazer inveja a muito mangaká famoso por aí. Os desenhos são excelentes, perfeitos para aquele clima rápido, pura ação desenfreada.

A história de Gui é fraca, se sustentando mais pela curiosidade do leitor em saber as motivações dos personagens, e pela ação, com corpos desmembrados e sangue já nas primeiras páginas. Eu só não entendi como a classificação indicativa é tão leve, para maiores de 12 anos, com tamanha violência. A censura nos quadrinhos é bem mais leve do que em outros materiais, pelo jeito.

Musang é o típico protagonista chuta-bundas. Ele é um espírito das trevas, um famoso grupo de guerreiros que, de tão excepcionais, não eram considerados humanos, e sim fantasmas. Por algum motivo obscuro, ele busca outros como ele para extermina-los com sua espada Kumkangsa, a única capaz de destruir as armas dos espíritos.

No decorrer da história conhecemos Yosanhwa, companheira de jornada de Musang e a personagem mais simpática da história. Ela é uma excelente guerreira e mais inteligente que o próprio Musang, chegando a salvar sua vida.

Depois se eu tiver dinheiro para comprar os outros volumes, escrevo outra resenha aqui. Até porque quero ver mais gente fatiada até onde essa história vai chegar. Se não tiverem nada melhor para ler e alguma grana sobrando no bolso pode comprar Gui- O Guerreiro Fantasma sossegado. Não vai mudar sua vida, mas você não irá largá-lo até ver o último corpo despedaçado.

 

Editora: Conrad

Autor: Orebalgum

Formato: 14 x 21 cm

Páginas: 184 páginas.

Preço: R$ 12,90

Nota: 7,5

 

 

Dangu Vol. 1

Uma coisa interessante é que existem muitos mangás com um traço simples - até feio eu diria - publicados porque a história é boa o bastante. Nos manhwas parece acontecer o inverso. As ilustrações são incríveis, mas a história sai prejudicada. Dangu sofre muito com isso. Em alguns momentos cheguei a sentir tédio.

É como o Bugman, do Melhores do Mundo, disse em um post. Alguns manhwas parecem querer desenhar quadros e não quadrinhos, inexistindo uma seqüência narrativa. Em Dangu, onde cinqüenta páginas são de lutas e dez de história, isso acontece, o que gera batalhas confusas e nada empolgantes.

O primeiro volume de Dangu é sobre a tentativa de assassinato do manshin (um xamã, consequentemente, um guerreiro do mais alto escalão) Yarang. Ferido por um dardo venenoso, ele pede a seu servo Batu que vá atrás de seu filho, antes que alguém o matasse o bebê. O que é chato é que tudo isso é só uma introdução para o segundo volume, onde a história realmente começa. Como o manhwa ainda tem mais 5 volumes pode ser que a história melhore com o tempo. Eu é que não vou torrar R$ 64,50 numa história mais ou menos como essa.

 

Título: Dangu

Editora: Conrad

Autore: Park Joong-Ki

Formato: 14 x 21 cm, Volume 1 de 9 – 208 páginas.

Preço: R$ 12,90

Nota: 5,0