Assim que terminei a última edição de Capetalismo, tive a certeza que polêmica do final estava lançada. Afinal, não havia exposto dados, ou mesmo mostrado provas, por mínimas que sejam, que a Corrupção não era um mal maior que a dívida interna de um país, principalmente aqui no caso do Brasil. Me limitei a apresentar uma linha de pensamento, uma teoria, não dificilmente refutável. Iria explicar em mais pormenores a questão da Corrupção vs Crescimento Econômico no início da edição posterior de Capetalismo, mas preferi fazer uma edição especial da coluna somente para esclarecer um pouco melhor meu ponto de vista, com mais de embasamento dessa vez.
Primeiro, entendam que estou falando unicamente das implicações econômicas da Corrupção. É necessário que saibam separar a questão puramente econômica da questão jurídica. Juridicamente falando a Corrupção é um dos maiores males que existem num país, pois em quase 100% dos casos é cometido por gente cheia da grana, que quase nunca é punida. Recentemente ficou claro que certos bandidos econômicos têm amigos muito influentes e poderoso no Judiciário, ou o mais influente deles, se preferir. E isso ficou vergonhosamente à mostra nas repercussões do caso da Operação Satiagraha, com um mundo de políticos e veículos de comunicação (que não merecem um minuto de sua atenção) caindo nas costas do delegado Protógenes Queiroz e do juiz Fausto de Sanctis... por mandarem prender gente que já deveria estar apodrecendo na cadeia, como Daniel Dantas e Naji Nahas.
Então está claro a minha visão: juridicamente (e politicamente) corrupção é um mal enorme, e DEVE ser combatido à todo custo. Mas Economicamente existe a dívida interna, e ela deve sofrer controle maior que Corrupção, pois castra muito mais investimentos e dinheiro. Pior ainda; os órgãos noticiosos usam a corrupção como um escudo para colocar todos os problemas em cima dela, enquanto nos bastidores existem políticos fazendo besteiras com muito mais dinheiro público.
Mas, vamos por partes. Entre no site da Transparência Internacional e dê uma boa olhada no Global Corruption Report 2009 (não é nem preciso dizer que a ONG é a maior autoridade do mundo no que diz respeito a estudos de corrupção). É possível constatar que corrupção tem uma ligação com o PIB per capita de um país. Ela geralmente diminui quando o PIB aumenta, o que é natural. Nações mais ricas geralmente possuem povos com mais cultura e educação têm mais possibilidade de fiscalizar e cobrar medidas contra seus líderes corruptos, tornando a política mais transparente. Isso é natural. Então, é correto dizer que quanto mais rico um país, maior é a probabilidade dele não ser corrupto. Mas existem outros fatores mais importantes que devem ser levados em consideração quando se estuda corrupção, e um deles é a tradição de honestidade de um povo.
Me desculpe dizer (mesmo que você já saiba disso), mas brasileiro é naturalmente metido a esperto, nem que seja passando por cima de outros. É claro que não falo de TODOS os brasileiros, mas de um modo geral. Desde cedo acabamos por caçoar da tradição alheia caso ela não seja parecida com a nossa. Já vi muitos amigos de faculdade caçoando de meninas virgens da nossa turma, ou de caras que não bebem e não "saem para balada". Outros ainda mais idiotas chegam a dizer "cara, como alguém que nunca tomou um porre de cerveja acha que está vivendo?!". O que isso tem a ver com Corrupção? Muita coisa. No Brasil (e numa infinidade de outros lugares) ser honesto é ser pateta, idiota, e muito disso se reflete nos esquemas de corrupção, públicas e privadas. Todos querem levar vantagem, ninguém quer ser o pateta da turma. E essas coisas não vão embora com aumento de PIB ou de cultura. Levaria muitas décadas para isso diminuir. Tudo isso é natural do ser humano (tanto que não existe um só país sem corrupção no mundo), mas é mais presente em alguns povos.
Fora isso existem motivos para isso ocorrer de modo especial no meio político. Campanhas políticas são financiadas por empresas privadas ou doadores pessoas físicas. Naturalmente essas empresas querem ter retornos financeiros, e os políticos tiram proveito de suas posições privilegiadas pra fazerem isso ocorrer. É claro que muitos deles também querem um pouco pra si, afinal eles não sabem como vão ser os próximos quatro anos da vida dele, e dinheiro é sempre necessário. Então, mesmo recebendo uma quantia enorme de dinheiro (um deputado federal custa R$ 100.000,00 por mês!!! Fonte), políticos vêem nos seus cargos, uma forma de lucrar. Imagine a seguinte situação: um governador recebe investimentos pesados de uma concessionária da Volkswagen em sua campanha, por exemplo; quando ele for eleito, pra compensar, ele simplesmente resolve mudar a frota da polícia... fazendo todas as viaturas virarem belos Gols ou Santanas (ou outro carro qualquer da empresa); provavelmente com preços superfaturados. Isso se chama corrupção passiva, e não pode ser medida, já que não houve necessariamente um roubo nos cofres públicos.
Outro país que tem cultura parecida são os EUA. Para eles, não ser americano é ser do mal, é estar errado, é estar atrasado, mesmo que TUDO indique o contrário. E eles são naturalmente cachorros sarnentos sedentos por grana... e possuem índices de escolaridade altíssimos. Veja os casos da Enron, de Bernard Madoff, MCI WorldCom, e outros casos de corrupção corporativa. Isso tirando políticos, como Bush e sua gangue. A diferença é uma só: lá eles SÃO punidos, na maioria dos casos! Eles têm seus bens leiloados, passam temporadas na cadeia e geralmente suas empresas jamais voltam a operar. Aqui no Brasil, mais uma vez para provar que o problema é mais jurídico que econômico, a coisa rola de forma completamente oposta, com Presidentes do Supremo Tribunal Federal mandando soltar banqueiros ladrões e fazendo de tudo para punirem juízes federais com vasto histórico de combate a corrupção serem afastados. E o cerne do problema de corrupção brasileiro está naturalmente aí, na impunidade.
E as consequências econômicas dela? Bom, o governo de Lula foi - e é - especialmente corrupto, pelo que você vê nos jornais, mas o país está estável como nunca e surpreendentemente bem cotado no exterior. Passou pela tal crise quase incólume e hoje é praticamente um paraíso para investimentos. Tudo em meio a mensalões, granas em cuecas e meias, e Sarneys da vida (e mais para frente, quando entrar em política cambial, você vai saber como a Taxa Selic pode DESTRUIR uma economia… e Fernando Henrique fez isso).
Quer outra prova? A Itália! O país tem escândalos de corrupção que estouram a todo o minuto - fora que a Cosa Nostra, a Camorra, e a 'Ndrangheta surgiram lá - e mesmo assim ela é a oitava maior economia do mundo, a quarta da Europa (querem caso pior que Berlusconi? Veja um pouco das manobras dele AQUI). Seu índice de crescimento também não vai nada mal em tempos de crise na Europa: 1,7%, à frente do Reino Unido (0,7%) e Alemanha (1,3%).
Outra prova? Venezuela! O país é um dos mais corruptos do mundo, ocupando a posição 162 do índice da Transparência Internacional (Somália é o mais corrupto, com a posição 180), e mesmo assim cresce 6% ao ano (em 2007 cresceu 8,4%), mais que o Brasil e boa parte do mundo. Ah!, sim, Hugo Chavéz e sua gangue criminosa (palavras cuspidas pela Veja) também fazem a Venezuela possuir um índice de desenvolvimento econômico maior que o Brasil. Bonito, não?! [matéria do G1 sobre o índice da Transparência Internacional AQUI]
Outro caso de país altamente corrupto que cresce é a Índia. O país está na posição 84 do ranking, quase dez a mais que o Brasil e seu singelo 75. E mesmo assim o país cresceu, em 2008, invejáveis 9%, o dobro do Brasil, com seu 4,5%. Esse ano eles devem crescer cerca de 7,3%, o que é o pior índice de crescimento do país desde 2003. É MUITO mais que o Brasil, e eles são mais corruptos que a nossa amada terra (Obs: os dados podem variar um pouco, dependendo de onde vocês olharem, mas giram nessa esfera). Outro caso? Irã! O país está na posição 168 (a 12 posições de ser o mais corrupto dos países medidos pela Transparência Internacional!) e cresceu 6,5% em 2008, mais que Brasil, EUA e mais uma cacetada de países europeus.
E a China, razão de parte da discórdia do último post? Primeiramente, quero que entendam que quando disse que a corrupção lá é muitíssimo maior que aqui, disse com base nos histórico comunista. Em um país comunista o governo (ou o Partido Comunista) manda em TUDO. E não precisam prestar contas nada, a não ser à própria cúpula do Partido. E outra: o país é extremamente fechado, sendo virtualmente impossível fazer testes realmente científicos para comprovar que os índices lá são astronômicos. Fora isso, só existe a imprensa oficial, o que faz com que sejam reportados os casos de corrupção que interessam ao governo, e sempre são os que eles vão usar como exemplo em campanhas anti-corrupção. Mas vamos trabalhar com o que temos!
A China ocupa a posição 80 no índice da Transparência Internacional, o que a coloca 5 posições abaixo do Brasil. Segundo um estudo da ChinaWhys (relatado pela BBC AQUI), uma empresa de consultoria que promove a ética e a transparência nos negócios entre multinacionais na China, existe um quadro misto na relação de corrupção na China. Enquanto muitos funcionários do governo querem acabar com a corrupção, existem outros em níveis mais altos do escalão do poder, que preferem acabar com essas medidas. Mas mesmo assim, existem vários políticos corruptos recebendo a pena de morte por corrupção (na China, receber suborno dá corrupção, dependendo do valor). E para se iniciar a investigação de corrupção de altos funcionários do governo, é necessário uma autorização especial do Comitê Central do Partido Comunista Chinês.
Para chegar perto do custo da corrupção chinesa, vamos olhar para o Brasil, que é um pouco menos corrupto. Logicamente tal método de análise é extremamente falho e impreciso, mas é o que temos. O professor Marcos Fernandes, coordenador da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e autor de A Economia Política da Corrupção no Brasil, estimou em 2006 que o Brasil perde cerca de R$ 9,68 bilhões em corrupção (esse mesmo estudo fala um pouco sobre a Tradição da Honestidade do Brasil), em todas as esferas de governo. Contando que naquele ano o Brasil teve um PIB de 1,937 trilhão de reais, pode-se ver que a grana perdida é relativamente pequena (pode ser muito mais, ou menos, não sabemos), 0,5 do PIB. Naquele ano, o pagamento da dívida interna ultrapassou os 80 bilhões de reais, algo muito maior que as perdas com corrupção, segundo o estudo.
Bom, creio que ficou claro que corrupção não é barreira para crescimento econômico, é uma desculpa. Os problemas resultantes dela são mais jurídicos e morais que propriamente impactantes pra economia. Creio que sanei algumas dúvidas, embora outras talvez tenham ficado, afinal, fazer estudos sobre o tema não é coisa fácil. Na semana que vem, voltamos a nossa programação normal, com o papel dos bancos no capitalismo. Vamos aprender que eles não são simplesmente cofrinhos gigantes espalhados por todo o país.
Até lá...
[Com informações do Blog do Luis Nassif]
12 Comentaram...
Muito bom os seus textos, estou acompanhando desde o primeiro e venho aprendendo muito com eles. Com relação a corrupção, existe algum estudo sobre o impacto dela na infraestrutura do país? Quanto que nós perdemos com obras superfaturadas, não só os desvios, mas o que é gasto com reformas e outros eventuais prejuizos ocasionados, como acidentes automobilísticos causados por estradas mal projetadas e com asfalto de má qualidade?
Achei legal que você dedicou uma longa coluna (e obviamente pesquisou o assunto) pra tratar desse tema. Como eu mesmo trouxe objeções no outro post vou apontar alguns aqui de novo, pelo bem de um debate saudável (não me leve a mal, por favor).
O índice de corrupção da TI não é um índice de corrupção real; é um índice de PERCEPÇÃO de corrupção. Ele possui falhas metodológicas sérias, tão sérias que seu idealizador (Dr. Johann Graf Lambsdorff) abandonou o projeto com fortes críticas! Um pouco sobre isso: http://commons.globalintegrity.org/2009/09/johann-lambsdorff-retires-corruption.html
Basicamente: quem "vota" são empresários do primeiro mundo. É a percepção DELES que está sendo medida.
Esse índice vem sendo criticado pela Transparência Brasil, que já foi a representante da TI aqui (não é mais). Um dos artigos é este: http://www.transparencia.org.br/docs/HowMuch.pdf
Assim, associar crescimento do PIB com posição na lista da TI não é significativo.
Outro problema é sua argumentação de que corrupção é algo cultural. Mas cultura pode ser estudada e (até certo ponto) valores culturais podem ser aferidos (de forma bem mais rigorosa do que nossas impressões pessoais). Ora, quando se afere a "cultura" do brasileiro, descobre-se que ele é profundamente contrário à corrupção e ao jeitinho! Uma pesquisa que aponta nessa direção é essa aqui: http://www.transparencia.org.br/docs/compravotos2006.pdf. Podemos até dizer que esses estudos possuem falhas, mas é um indício muito interessante, não?
Pra não falar que, contrário ao que se acha, políticos envolvidos em escândalos tem uma taxa bem BAIXA de reeleição. O melhor exemplo são os "mensaleiros"; pouquíssimos foram reeleitos ou eleitos para outros cargos. Podemos focar em Sarney e Maluf, mas o fato é que existem centenas de milhares de políticos no Brasil sendo rejeitados por esses critérios. Os dados que indicam isso são bem sólidos.
E veja toda a revolta generalizada quando uma nova maracutaia é levada a público. A indignação é só uma fachada social? Acredito que seja um valor cultural genuíno sendo exposto, qual seja, repúdio à desonestidade.
Corrupção tem causas objetivas, passando não só pela impunidade (que você apontou corretamente) mas também pela presença de mecanismos de controle oficiais (no Brasil são poucos, na Suécia são enormes), leis que a cerceiem (as quais são controladas por políticos e não pela população) etc. Se corrupção fosse majoritariamente cultural nem sequer seria ilegal, pois seria vista como algo natural.
Falando em ilegal: Corrupção Passiva (Art. 317), Corrupção Ativa (Art. 333), ambas do Código Penal: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm
[continua, foi mal pelo tamanho]
[continuação, vendo o tamanho to me sentindo envergonhado...]
Aí temos o impacto da corrupção na economia. Novamente, o estudo apresentado não é definitivo. Repito a pergunta de antes: quanto exatamente a corrupção drena dos cofres públicos? A gente sabe HOJE que o Arruda roubou (digamos) 30 milhões. Ano passado a gente não sabia! Como incluir esses números em nossa análise?
A ONG que citei acima, Tranparência Brasil, já publicou diversos estudos e artigos apontando para esse fato. Mas veja um dos artigos arrolados por ela, do mesmo Prof. Marcos Fernandes da FGV, que tem conclusão contrária à sua: http://www.transparencia.org.br/docs/Corr-growth.pdf
Concordo que devemos trabalhar com o que temos, mas informação imperfeita só pode gerar conclusão imperfeita. Não é melhor postergar a conclusão sumária, racionalmente admitir que há uma dúvida que (ainda!) não pode ser razoavelmente respondida?
Por fim, a China. Você mesmo admitiu raciocinar em cima de uma "percepção" comum do "histórico comunista", ao mesmo tempo admitindo que há parcelas dos poderosos chineses que vão contra a corrupção. Aí caímos no jogo de impressões subjetivas.
A mídia chinesa é enviesada? A "ocidental" também é, e nem faz muito esforço para esconder. O presidente chinês é eleito por um processo eleitoral descrito em lei, mas alguns insistem em chamá-lo de ditador. Se isso for ficar para o gosto de cada um aí não tem debate possível. O presidente americano (e qualquer liderança política no mundo todo) também depende da "aprovação" de uma eminência parda por trás dos bastidores, mas sua legitimidade não é quesionada. Enfim, essa é uma questão bem mais complicada, mas espero que seja claro que a sua linha de raciocínio não fechou a questão.
Desculpe o tamanho dos comentários, espero ter contribuído pro debate.
@Caio Abramo...
Obviamente que não levo a mal, estamos aí para contestar e sermos contestados mesmo. Primeiramente, perfeitas as colocações, Caio. Estou ciente quanto a métrica da Transparência Internacional, e de não ser de fato um índice definitivo, o que realmente não existe até o momento, e provavelmente jamais existirá. Mas, como disse, o índice deles é o mais próximo que se tem de algo que se deva levar à sério quanto a confiabilidade na questão da corrupção.
Ora, quando se afere a "cultura" do brasileiro, descobre-se que ele é profundamente contrário à corrupção e ao jeitinho!"
Quanto à parte cultural da questão, não disse exatamente que brasileiro compactua com a corrupção (as fortes reações quanto ao governo Arruda mostram o contrário), mas sim que quando está num ambiente corrupto tende a se aproveitar dele. É muito fácil ser contra a corrupção quando se está distante dela, principalmente na questão política. Como é que Eu ou você podemos dizer que não somos corruptos se nunca fomos submetidos a uma situação (principalmente política, envolvendo muito dinheiro) em que ela estava fortemente presente? É o caso dessas pesquisas. Ou seja, os brasileiros (e diversos outros povos) são fortemente contra a corrupção... quando não são eles os beneficiados.
"Pra não falar que, contrário ao que se acha, políticos envolvidos em escândalos tem uma taxa bem BAIXA de reeleição. O melhor exemplo são os "mensaleiros"; pouquíssimos foram reeleitos ou eleitos para outros cargos. Podemos focar em Sarney e Maluf, mas o fato é que existem centenas de milhares de políticos no Brasil sendo rejeitados por esses critérios. Os dados que indicam isso são bem sólidos."
Quanto à parte política da coisa: políticos que não são reeleitos, são os geralmente abandonados por seus partidos, ou que não possuem uma boa base política e eleitoreira. Veja Collor, que quase ganha para governador e hoje está no Senado. Na verdade, um terço do Senado hoje, responde processos. Se pergunte quantos deles voltarão para mais mandatos. Creio que não serão poucos.
Aí temos o impacto da corrupção na economia. Novamente, o estudo apresentado não é definitivo."
E bom, que país é corrupto (pense em um, ou dois apenas, como a Itália)? Se pergunte, e dê uma boa olhada em seus índices de crescimento econômico. Não estou afirmando que corrupção não diminui o crescimento econômico, mas que a existência dela (em qual grau que for), não impede um país de crescer.
[continuando...]
"A mídia chinesa é enviesada? A "ocidental" também é, e nem faz muito esforço para esconder. O presidente chinês é eleito por um processo eleitoral descrito em lei, mas alguns insistem em chamá-lo de ditador."
E se a mídia ocidental é enviesada (e não duvido nem um pouco que seja, muito pelo contrário), na China só existe a imprensa oficial. Imagine se no Brasil só existisse o Diário Oficial, isso seria um problema. Na China jornalistas são presos por não seguir diretrizes do governo, e a internet é bloqueada (pode ser burlado, mas isso é outra história). Aqui no Brasil e nos EUA (e outros países) existem veículos enviesados com o governo ou outras forças políticas e econômicas? Sem dúvida, mas quem quiser fazer algo independente, que o faça. Nos EUA existe uma revista que trata unicamente da defesa de liberação da maconha (a High Times). Mesmo sendo um assunto pra lá de polêmico e anti-governista, a revista continua lá, sendo publicada. Ou seja, existe uma liberdade, ainda que restrita.
E os presidentes chineses são considerados ditadores porque não tem adversários políticos e só podem pertencer a um único partido. Já reparou que todos os presidentes chineses são também secretários-gerais do Partido Comunista Chinês (exatamente como acontecia na URSS)? Isso simboliza que os presidentes da nação na verdade são eleitos antes, no Comitê Central do PCCh. Em países ditos democráticos, existe ao menos uma eleição, e é daí que parte a percepação sobre ditadores. Mas isso varia, com certeza, depende de quem está analisando.
E claro que minha linha de raciocínio está longe de ser definitiva, sendo um ponto de vista e uma percepção de um assunto tão complexo e difícil. E sou Eu é que agradeço pelos seus comentários, sem problema com o tamanho, a área é sua!
Caro Filipe, suas observações são totalmente pertinentes e ajudam bastante a dar melhor contorno à questão. Entendo melhor suas posições agora. Discordamos em algumas questões de princípio, mas essas não vamos resolver tão facilmente, e mesmo onde concordamos estamos limitados pelo meio (o velho problema da internet...)
Mas fico grato pelo espaço e parabenizo a seriedade dos seus textos e argumentação.
Capetalismo?
Ficou claro para mim que a corrupção é um problema jurídico. Realmente concordo que na perspectiva econômica ela tem pouca influencia. Mais tem algo que realmente me deixou intrigado, e quando uma gestão corrupta desvia verbas da saúde e educação por exemplo [que não dão votos segundo as raposas felpudas] para construção de estradas e edifícios super faturados. Tem um caso aqui no mato-grosso de uma construção que tem uma guarida 3x3, uma cerquinha de madeira, uma balança eletrônica, e um computador que saíram por 240 mil, só pra citar um exemplo.
O questão que eu quero levantar é, segundo as observações que tenho feito a maior parte desses desvios e peripécias, esta concentrada nos serviços vistos como essenciais como segurança publica, saúde, educação, distribuição de aguá, esgoto e drenagem ou seja os serviço que realmente tem impacto na qualidade de vida do cidadão comum e não no bolso de meia duzia de investidores.
A questão é: como a corrupção pode transformar nossa vida em um inferno?
Quais podem ser as conseqüências diminuir um pouquinho a quantidade de cloro na aguá?
Não investir em obras de esgoto e drenagem?
Merenda de baixa qualidade com preços exorbitantes?
Não fornecer fixadores externos para as fraturas nos PS da vida.
Uso da maquina para se perpetuar no poder é corrupção?
Claro que muitos desses casos podem ter raízes na incompetências dos administradores públicos e eu realmente concordo com o FiliPêra no que diz respeito a incompetência, mais até que ponto isso é incompetência ou corrupção. Não poderiam em determinados momentos esses administradores colocarem a culpa na incompetência para se proteger das acusações de corrupção. Não quero dar uma ingenuo longe disso. Posso inclusive citar o caso do concurso publico do estado de Mato Grosso em que o governador do estado cancelou o concurso alegando problemas de logística [incompetência] por parte da UNEMAT [jogando a culpa nos coordenadores o lado mais fraco da corda]quando a fortes indícios de fraude Acredito que o tema Corrupção seja relevante e no futuro merece um especial do nsn.
Bom o que eu digo esta cheio de pontas soltas mais acho que da pra ter uma idéia do que eu quero dizer :D
Pessoal a matéria é realmente muito boa.
E reitero que gostaria de ver um especial sobre corrupção aqui no nsn, seria o ideal para fugirmos do sensacionalismo da mídia convencional e fazermos uma dissecação da coisa toda, o que acham?
Caro FiliPêra...
Tenho acompanhado essa excelente sequência de arquivos, e só posso lhe parabenizar. Prefiro deixar comentários para o final da série, ou ao menos quando estiver mais desenvolvida. Só quero fazer algumas sugestões.
- Seria interessante condensar todo o texto num post único, ou publicá-lo numa página própria. Seguir posts de blogs por vezes confunde, principalmente por estarem dispostos na ordem contrária;
- Falta em seu texto uma coisa que, curiosamente, costuma faltar em quase todo similar. Definição de "Capitalismo" e sobretudo de "CAPITAL"! Elas não são óbvias, e variam de acordo com o ponto de vista do autor. Definí-las pode ajudar no entendimento, e além disso já notei que a falta de definição muitas vezes escondes motivos ideológicos, pois permite englobar outras coisas de acordo com o interesse;
- Enfim, seu texto acaba sendo uma aula de economia, até bem mais amplo do que o mero tema Capitalismo. Parabéns novamente.
.
FiliPêra gostei do tópico, mais eu dei uma olhada em alguns sites pela net e vi que a razão da China e Índia são os tipos de combustiveis que eles usam (pode não parecer ser isso mais é) esses países juntos chegam a quase 50% do uso de carvão mineral do mundo, poluí muito, mais em compensação a indústria produz mais rápido e o PIB vai junto!
acompanho-os há algum tempo, realmente você são muito bons! Sabem como fazer algo sério, instrutivo, às vezes irreverente (claro, precisamos também de humor!). Continuem assim, valeu!
O nível de corrupção atingiu níveis nunca antes vistos na história deste país porque o governo atual, sob proteção do Estado de Bem Estar Social, instalou aqui uma república sindicalista.
A nomeklatura petista, corrupta e corruptora, é símbolo do modelo de Estado intervencionista e salvacionista que a esquerda vende ao mundo.
Na Venezuela, é ainda pior. Os exemplos que citou são produtos de um "revival" da velha esquerda estatisa, autoritária e corrupta.
Por que não citar a corrupção na Escandinávia?
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