quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Avatar FiliPêra

Avatar - 2D

 

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[Nota: a minha idéia era assistir o filme em 3D, mas como cheguei atrasado e todas as sessões em 3D estavam esgotadas, fui no 2D mesmo. Em 3D viu o Felipe Storino]

O hype atingiu proporções mamutescas, o mistério em torno da obra estava num nível tsunâmico, e a lábia de Cameron quase nos enganou… QUASE! Sabemos como é James Cameron só de olhar para a carreira dele: seus filmes têm como principal qualidade a pirotecnia e os efeitos especiais, nunca o roteiro (talvez um Exterminador do Futuro 2, e olhe lá, seja um roteiro realmente bom). Ele foi um dos responsáveis pelos orçamentos inchados ficarem na moda hollywoodiana e ainda foi capaz de ser dono da maior bilheteria da história (recorde meio inquebrável pelos padrões de hoje). Então, mesmo estando há milênios da genialidade que dizem que ele tem, o cara merece respeito, e muito!

E Avatar acertou em cheio o alvo que queria acertar! James Cameron entregou um filme à altura do que Eu esperava, o que não é muita coisa, pois não esperava nada dele além de um passo à frente nos efeitos especiais. Ele cumpre essa parte com louvor, tem excelentes efeitos, parece até um PlayStation 9 (ou um Mario, no Wii Extra Motion Realistic Plus), com personagens que interagem entre si - e com o fantástico mundo que os rodeia - perfeitamente. Mas você sente que têm coisas faltando aí: uma história de verdade, e um fator humano, e isso praticamente enterrou qualquer possibilidade do filme ser algo mais que um desfile de excelentes efeitos especiais (isso ele TINHA que ter, afinal, 10 anos de produção e mais de 400 milhões de orçamento têm que servirem pra alguma coisa).

Na história, Jake Sully é um fuzileiro paraplégico que está no mundo alienígena de Pandora. A Terra está agonizante, e os recursos do lugar são um chamariz para os sanguessugas terráqueos que só pensam em dinheiro. Eles precisam de um mineral altamente valioso que está no planeta, mas têm um obstáculo: tem um clã dos Na’ Vi habitando o exato lugar da extração. É dada então a Sully a missão de usar um avatar - um corpo de Na’ Vi, alto, azul e magrelo, que ele controla com uma conexão mental meio no estilo Matrix  -  para se infiltrar nos Na’ Vi e convence-los a habitar outro lugar. Se ele não conseguir isso em três meses, vai ser na base da bala que a mudança vai rolar.

Bom, com essa rápida explicação dos acontecimentos, somados aos trailers fraquinhos que você provavelmente já viu, provavelmente já sabe o que vai rolar no restante da história. Por um lado essa parece ser a intenção do diretor, dar foco na questão visual e deixar a história de lado; mas o fato é que isso incomoda muito. Principalmente  quando você começar a ter ataques de sono (no 2D) ou de dor de cabeça (no 3D), lá pelo quinquagésimo minuto dos infinitos rituais de iniciação de Sully, somados aos repetitivos momentos de confrontos dele com seus superiores (especialmente o Coronel Quaritch, o único com genuínos ares de vilão no filme).

 

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É sério, se você não quiser ficar com a impressão de estar diante de um Pocahontas 3D (sim, aqui tem romance de forasteiro com uma nativa, filha do chefe da tribo, assim como um guerreiro poderoso que quer o coração dela também. Nada como a criatividade!), ou um desenho da Disney qualquer, de tão primário e infantil que é a construção do roteiro, feche os olhos no cinema durante metade do filme. Mas a ironia disso tudo, é que se fizer isso, perderá toda a parte técnica brilhante. Som, cores, cenários, expressões corporais… tudo é lindo (tá bom, as Na’ Vi podiam ser mais pegáveis), mas são como cascas vazias, um bolo realmente gostoso de se comer… com os olhos, mas com o recheio de vento. Talvez seja uma forma de Cameron dizer: Olha como evolui meus amigos, saí de uma história absurdamente chata de um casal, e criei mundos inteiros! Mas tem um ponto falho aí, logicamente: humanos e Na’ Vi juntos não funcionam, a não ser em guerra. O humano vai ficar parecendo um Na’ Vi, como acontece com a Grace (Sigourney Weaver).

Mas existem vários filmes visualmente bonitos, mas com histórias fracas, e que mesmo assim são ótimo!, você deve estar pensando. Claro que existem. Irreversível é um deles. São absurdamente fodásticos todos os movimentos de câmera, assim como a brutalidade perturbadora das cenas (sim, um cabeça é esmagada com um extintor… e você VÊ isso), mas existia muito mais do que isso, como atuações realmente impactantes e todo o clima catártico. E Avatar? Bem, é uma excelente mostra de como efeitos especiais podem ser fantásticos e de como Cameron acertou em cheio ao criar um mundo vasto e complexo. Ponto! Talvez o maior problema com o filme seja a união da história fraca, com uma metragem elevada (2:40 min Cameron?! Se tivesse roteiro de gente, tudo bem…), o que deixa o filme com diversos momentos apáticos e que te deixam com vontade de dormir - se ao menos eles acrescentassem alguma coisa a trama, tudo bem!

Ao menos esses momentos te deixam com uma vontade: poder admirar o mundo de Pandora sem medo de perder a história. Os conceitos criados por Cameron para a composição da cultura Na’ Vi são dignos de nota. Temos uma floresta que funciona na base conexões neurais, formando uma espécie de cérebro gigante; animais conectados a humanos por uma espécie de extensão do córtex; montanhas suspensas que funcionam como ninhos de criaturas aladas; plantas que reagem luminosamente ao contato com os azulões; um lugar místico para rituais xamânicos. Enfim, tudo muito bem trabalhado e complexo, mas infelizmente, subaproveitado por Cameron, que além de dirigir o filme, o escreveu também. Em essência, ele preferiu fazer um desfile de conceitos brilhantes soltos, e não os integrou na história de forma interessante, tornando tudo solto, desconexo e chato.

 

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Mas (spoilers até o fim do parágrafo, caso esteja ligando pra eles), é no momento em que Sully “falha” na sua missão, e os humanos partem pra ignorância, que você percebe o motivo para Avatar ter sido feito: Cameron mostra a que veio, com algumas das melhores cenas de batalha de todos os tempos (sabe O Resgate Soldado Ryan, Coração Valente e O Senhor dos Anéis?! É daí pra cima…). Aqui a coisa fica superlativa e soterra os Transformers da vida com um braço nas costas. É com as batalhas que Cameron pode chutar esse lance chato (pra ele) de construir personagens convincentes e história que não precisem de anúncios de revolução no modo de fazer cinema pra funcionar. E ele faz isso bem…

Os longos minutos de batalhas valem o seu ingresso, acreditem, e me fizeram pensar do porquê de Cameron ter demorado tanto pra ter chegado até eles. Eu aceitaria na boa assistir a um filme de uma hora, com meia hora de batalha, já que, pelo visto, ele só se preocupou com isso. Sim, mesmo com todo o lance das mensagens ambientalistas e da chegada da modernidade vs a manutenção da cultura predominante (cheiro de O Último Samurai, ou é impressão minha?!) o recheio do filme é falho e já foi feito inúmeras vezes melhor em outras ocasiões.

 

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Para alguns, ser um orgasmo visual é o bastante, para outros vai ser um saco. Em resumo, Avatar é um filmão, visualmente falando, porém é uma obra de mediana pra ruim no quesito BÁSICO de história e roteiro, soando como um conto da Disney. Pra minha pessoa, foi melhor que a encomenda, mas bem abaixo do que o ego de Cameron apontava… Mesmo assim, faça um favor a si mesmo: veja Avatar, nem que seja pra ver como seria um filme do Mario passado no Reino dos Cogumelos, com smurfs no lugar de toads.

 

Avatar (EUA, 2009)

Diretor: James Cameron

Duração: 162 min

Nota: 7

12 Comentaram...

Vanat disse...

Sobre o filme, concordo no fato de ter fatos desconexos, exemplo como foi descoberto, ou porque os humanos chegaram até lá, porém é óbvio que este não era o foco do filme, tão pouco era necessário. Isso não afetou em nada a compreesão da dimensão criada por Cameron.
Concordo que poderia ter desenvolvido melhor a história, mais combates talvez, mas o filme não foi chato... eu fui extremamente cansado e é difícil eu não sentir no sono se o filme é ruim, cochilo na cara de pau e isso não aconteceu.
Além de mostrar a tecnologia, creio que o objetivo principal era fazer com que as pessoas se sentissem no local, até mesmo que se identificasse com os personagens, que na minha opinião os atores fizeram muito bem o trabalho. Talvez eu seja suspeito pois adoro RPG, e sinceramente me senti num jogo de RPG de tão imerso que fiquei no filme, foi excelente, imaginava toda vez que Sully assumia o Avatar como um player de RPG encarnando seu personagem.
Ahh outra coisa, achei que os únicos Na'vi eram os que o Sully visitava... ficou meio no ar isso até o momento de preparação para o combate, combate esse que foi incrível, no quesito efeitos, desenrolar achei meio fake, só faltou o coronel ter o apelido de The Imortal
ahahahaha

minha nota: 9

Anônimo disse...

Gosto dos seus textos, mas este vc repetiu as mesmas ideias várias vezes, mas com palavras diferentes...

Cris disse...

Ainda não vi o filme mas tô muito curiosa pra saber como será o impacto. O que mais comentam mesmo é sobre as imagens em 3D. Curioso. nunca vi ninguem comentando enredo; só dizem que é fantástico por conta da imagem ;p

Akira Mistika disse...

Como assim ideia desconexas? Acho que a única coisa q está desconexa so pode ser seu cérebro, pera ai, q isso. Esse filme é uma obra prime, que chegou em uma hora muito oportuna, na qual estamos vivendo.
Eu achei o filme d+, a idéia, o roteiro, ótimo, os efeitos então, adorei a ideia psicodélica do mundo de Pandora.
O filme aponta inúmeras mensagens sobre a natureza, e a intereção do ser humano com ela, q alias, como sempre não é boa, enfim, não tenho palavras para demonstrar o quanto gostei desse filme. Inclusive ja foi apontado alguns prêmios para o longa.
Infelizmente esse tipo de filme é apenas para uma parcela das pessoas, sensiveis, amantes da natureza e da tolerância, q admiram filmes com conteúdo inteligente e ambientalista.
FANTÁSTICO !!!!

toumas turbando disse...

achei esse filme muito bobão

Anônimo disse...

Achei interessante o autor da crítica ter dito que só viu o filme em 2D e logo depois dizer que o 3D pode nos dar ataques de dor de cabeça.
Será que ele está lendo as críticas de outros para fazer a dele?
Fora, como já foi dito acima, a repetição da mesma idéia para deixar o texto mais longo.Uma falácia!
E uma dica: treine a concordância verbal, vai deixar seus textos melhores, por piores que sejam!

FiliPêra disse...

@Último Anônimo Avatarfag...

Para chegar a conclusão que o 3D dá dores de cabeça no filme Avatar, me baseei no fato que já vi outros filmes 3D e isso rolou, e nos depoimentos de outras pessoas que viram, como o povo do Gizmodo, que chegou a fazer um guia para não ficar com dores de cabeça vendo o filme.

E engraçado falar de repetição de idéias (os dois anônimos sem nome) sem mostrar exemplos, o que torna a sua crítica mais convincente, com toda a certeza. Quanto a concordância verbal, quando precisar de ajuda com meus textos em portuguès, peço ajuda profissional.

No fim das contas, tenho coisa melhor pra fazer que dialogar com haters baratos sem argumentos.

Anônimo disse...

quando as pessoas vem reclamar de um roteiro “simples” – para não dizer outros xingamentos que tenho visto nos comentários por aqui – lembrem-se que é um texto que tem que ser acessível a todos e que por um lado ou por outro, faz uma crítica severa a política internacional americana, tanto na questão ecológica quanto militar. Uma mensagem dessa atingir bilhões de pessoas no mundo, não é um feito sem mérito… Seja seu roteiro simples ou complexo.
tem pessoas que não gosta do matrix e nem Dark Knight. a historia do avatar tinha que ser simples mesmo para atingir um publico maior. até um burro entende o roteiro.

Jayson'Line disse...

Concordo com o último anônimo.
Creio que o filme tem que cumprir o objetivo que foi proposto.

Eu, particularmente, prefiro um filme como "Clube da Luta" ou "A Princesa Mononoke", mas são filmes que nem todos entendem (ou entendem errado).

Um filme como este tem um objetivo claro: incutir sua mensagem nas mentes da maior quantidade de pessoas possível (de preferência, de qualquer idade), além de ser um entretenimento "fácil" (como qualquer "Harry Potter").

Um filme como este é muito mais eficiente que um "Matrix" (que muitos que conheço já declararam gostar mas não "entender direito"), não podemos negar.

Anônimo disse...

Eu discordo de vocês
Assisti Avatar e adorei o filme
Seus comentários são muito bestas, procuram qualquer coisa para falar negativamente dos filmes.
Se não gostaram do filme, que criem um roteiro melhor.
Mesmo assim se for dentro das críticas que vocês fazem seria uma bosta!
Nota para o filme: 10,0
Nota para vocês com seus comentários bestas: 0,0

Ailton Berti disse...

Foi a primeira vez que entrei nesse site!

E a última também, pois se todos os comentários de filmes forem fraquinhos assim como os do nosso amigo que escreveu, vai ficar no futuro igual o ajudante de servente de picaretagem de crítica, o Rubens Edwald Filho da P***

Meu, na boa, vai se divertir com seus filmes B Iraquianos e contar vantagem para seus amigos estudantes de cinema, tomando seu café na mostra internacional de filmes Irlandeses e deixe nós, público amante de cinema que algumas vezes não possuem tempo de ir ao cinema levar nossos filhos para realmente nos divertir e tentar passar a idéia ambiental para os nossos filhos e para alguns idiotas que não cuidam do nosso planeta.

Não quero aqui denegrir o cinema Irlandês e nem menosprezar os filmes B Iraquianos, pois adoro todo e qualquer tipo de filme de qualquer região que apresente uma manifestação de cultura, seja ela feita com alto ou pouco orçamento, porém não venha você desmerecer o que Cameron fez, com seu papinho alternativo querendo construir defeitos e fazer comparações com outros filmes, dâârr, é claro que o filme pode parecer Disney, uma coisa puxa outra, tem um vilão, olha só que bacana, todos os filmes que eu costumo assistir tem vilôes,Hummm, desfile de conceitos brilhantes soltos, e não os integrou na história de forma interessante, tornando tudo solto, desconexo e chato.
Esse foi um dos comentários mais tristes, pois realmente eu queria perder boa parte do filme com os detalhes, mostrando que matamos a Terra, sendo que o personagem resume toda a parte que nós já prevíamos quando faz seus pedidos, e realmente, pra que ter que anexar o porque das montanhas serem suspensas? porque dos fios neurais, o porque dos rituais xamânicos, isso foi mal explorado por Cameron? Haha, era pra ser um filme 3D com tutariais explicando tudo, Nossa, que coisa mais louca seria.

Bom, eu não sou nenhum tipo de blogger, fanático por Avatar que se veste como um ou compra produtos do filme, porém, eu acho que nossas críticas valem para tudo e para todos, pois eu admito que sim, você escreve bem, porém acho que você não quer escrever para pessoas simples, você só quer escrever para as pessoas que são do contra em tudo que possa ser novidade, ou para as que acham que já viram de tudo na vida e não irão se surpreender com mais nada...mero engano.
Acho ainda que você deveria assistir a sessão 3D, com um balde imenso de pipoca, com seus sobrinhos mais chatos de 7 anos, num domingo de sol, e depois tomar um sorvete bem gostoso, lembrando-se de jogar tudo na lixeira reciclável, para dar um bom exemplo, e nem pense em ligar pro seu amigo e dizer que "Ah, esperava mais", diga somente assim" Meu, é do caralho" pronto, ele vai entender o recado.

Minha nota, foi 10, se eu tivesse assistido em 3D, hummmm, pode ser 20?

pronto, agora pode me esculaxar de Nerd e sem cultura que não pode escrever. Tchau!

Anônimo disse...

É claro que a manjada frase de que nada se cria, tudo se copia não me sai da cabeça!

É claro que em toda obra haverá pinceladas de outras. E qual é o mal disso?

Afinal, é impossível não ser influenciado por ninguém ou por nada! Tudo pode nos trazer uma lição, por mais simplória que a mesma seja.

Por mais que os assuntos tratados no filme não me sejam novos, eu pude extrair valiosas verdades e lembranças que me fazem ser uma pessoa melhor.

Eu amei Batman Begins + Dark Knight + Matrix tb! Contudo não posso dizer que o filme, por mais maçante que seja em algum aspecto, não me trouxe sequer uma reflexão. =]

Ana

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