Por FiliPêra
Com a notícia que morreu Klaus Dinger, baterista e um dos fundadores do Kraftwerk, o mais importante grupo de música eletrônica da história, me senti mais que na obrigação de fazer uma matéria com, pelo menos a resenha do último álbum do quarteto.
Mas antes vamos terminar de dar a notícia. Klaus Dinger faleceu no dia 21 de março de parada cardíaca, às vésperas de completar 62 anos. Além de tocar no Kraftwerk, o músico fundou o grupo Neu! e o La Dusseldorf, dois importantes grupos musicais do cenário da música eletrônica dos anos 70/80.
Primeiramente vamos aos fatos! O Kraftwerk pode ser comparado aos grandes nomes históricos da música mundial como Elvis Presley, Beatles e U2; ou para ser mais moderno (coisa que o grupo sempre foi), Radiohead, em termos de inovação e criatividade. Muito da atual música eletrônica deve ao quarteto a inovação, o estar à frente, que é, em última instância, uma das características do gênero. E de fato eles foram os primeiros que levaram instrumentos eletrônicos a base musical. Mas esses elementos serviram muito bem para dar vida a cultura musical que o grupo possuía, que incluía elementos como: punk, metal, rock psicodélico, bubblegum, entre outros. Toda essa mistura pode ser encontrada (um tanto robótica, é verdade) nos dois primeiros álbuns da banda, gravados no começo da década de 70, e batizados simplesmente de Kraftwerk 1 e Kraftwerk 2. Na mesma época o grupo construía o seu lendário estúdio, o KlingKlang, um dos lugares mais misteriosos do mundo da música (foi informado pelo jornal inglês "The Guardian", que ele não possui telefone, fax, ou recepcionista, e toda a correspondência enviada para lá é devolvida fechada)! O dito estúdio possuía uma coleção de aparatos que criavam sons sintéticos, e eram responsáveis pelo hipnótico som do Kraftwerk (cujo nome significa "usina de força).
Nessa época o grupo era composto por: Ralf Hütter e Florian Schneider, o guitarrista Michael Rother e o baterista Klaus Dinger ( o integrante original que morreu); sendo que os dois últimos deixariam a banda após o segundo disco e fundariam o Neu!. Um fato importante é que nesse início de carreira, a banda tinha um som que pendi bastante para o rock, como pode ser comprovado com a presença de um guitarrista e um baterista na composição original.
Mas tal fato mudaria com a gravação de Autobanh, megassucesso do grupo. E a mudança não foi somente no quesito "eles viraram celebriade". Musicalmente o grupo mudou, abandonando todo o conceito rocker do início de carreira e abraçando de vez a música "artificial", com os instrumentos eletrônicos e sintéticos reinando absolutos na sonoridade deles. E cá pra nós, se não fosse por essa absoluta revolução eles não teriam metade da fama que adquiriram; além de não conseguirem o séquito imenso de seguidores e "influenciados" no mundo da música. Quer exemplos de bandas que foram influenciadas pelo quarteto alemão: ouça Nine Inch Nails, Depeche Mode e David Bowie mais ou menos pelos anos 80 e comprove influências dos primeiros dois discos do quarteto (ou quinteto, já que Emil Schultz, responsável por todo o visual da banda, que responde por parte da mítica fama deles; é considerado o quinto Kraftwerk).
Com Autobanh eles abraçaram de vez toda a moderna instrumentação eletrônica e passaram de vez para a vanguarda da música mundial, adiantando conceitos e lançando "modas" e conceitos, muito à frente do seu tempo. Após Autobanh, vieram "Man Machine" e "Computer World", que cada vez mais abraçaram esses conceitos artificiais na música. Se seguiram a esses álbuns: "Techno Pop", que foi responsável por uma produção de cinco anos, com o grupo trancado no estúdio e inúmeros boatos de acidente correndo o mundo. O evento escolhido para divulgar o disco foi o Tour de France, de 1984, e, não coincidentemente traziam ruídos de respirações entre as músicas, uma clara referência ao esporte.
Esses momentos musicais mostraram que o quarteto ainda estava com a criatividade em alta, mesmo após o clásico Autobanh, um épico, que em sua versão original tinha 22 minutos e trazia uma verdadeira homenagem aos carros e os sugeria como hábeis instrumentos musicais, ao mesclar vários sons de automóveis, perfeitamente integrados às músicas.
E pouco depois, outra reinvenção: o grupo começa a atualizar o KlingKlang para a era digital! O primeiro fruto desse trabalho foi "The Mix", uma coletânea que atualizava os grandes clássicos do grupo para as pistas de dança da cultura rave, em plenos anos 90. Esse fato, serviu para mostrar que a importância do grupo continuava incontestável e se espalhava com grupos esparsos, como: Sonic Youth, e Beastie Boys. Mas não pára por aí. Toda a cultura rave, inclusive o movimento psy devem tributos ao quarteto alemão, além de parte da movimento hip-hop e os inúmeros DJ's que invadem as pistas da atualidade.
E a temática dos trabalhos deles são um post à parte: se em Autobanh eles falaram sobre automóveis, nos trabalhos seguintes começaram a desenvolver o assunto que seria uma contanste em suas músicas posteriores. Trata-se da integração do homem com a máquina. Mas não pense que eles pregavam a submissão do homem à máquina, como fez o Radiohead, no superlativo álbum "OK Computer"; a principal mensagem do grupo era a harmonia do homem-máquina, personificado pelos CD's Man Machine e Computer World, que falava mais especificamente sobre a ferramenta mais importante da era atual: o computador.
Mas você deve estar se perguntando: para que todo esse histórico?
Simples; o discaço duplo Minimum-Maximum discorre perfeitamente por todos esses momentos, capturando em grandiosas apresentações ao vivo toda a perfeição sonora da banda. Mesmo sendo ao vivo o álbum consegue mostrar como tão perfeitamente o som do Kraftwerk recebeu um upgrade para a era moderna; e pode ter certeza que todos os seus clássicos receberam uma modernização, mesmo sem abandonar sua excessância. Mas todo o conceito "kraftwerkiano" permanece intocado, mesclando intimismo e grandiosidade em apresentações impressionantes, mesmo com toda a sonoridade atualizada para o século XXI.
O pacote ainda se completa com um DVD (nota do editor: infelizmente até a presente data não consegui o DVD, mas continuo procurando-o e assim que Eu conseguir escrevo uma resenha sobre ele). Pelas imagens que Eu consegui assistir pude notar que visualmente o Kraftwerk continua impressionante, com todo o seu show de luzes e aparatos eletrônicos; apesar dos únicos instrumentos que os integrantes usarem atualmente serem um laptop!
Vídeo de The Machine Man, música de abertura de Minimum-Maximum
Ouça, assista e se perca no mundo tecido pelo Kraftwerk (que pregou há mais de trinta anos o mundo técnológico que vivemos hoje!). Você jamais vai se arrepender, e ainda por cima vai conhecer a maior fonte de criatividade e inventividade da música eletrônica!!!
Obs: Achou o post grande? O Kraftwerk merece muito mais!!!
Nota: 10,0
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3 Comentaram...
Na realidade, apesar das aparências que eles estão apenas checando email, eles tocam tudo o tempo todo e são extremamente detalhistas. Até improvisam, mas nos detalhes das percussões eletrônicas. Acho que só eles mesmo ligam.
DVD é fantástico. O show minimum-maximum que vi na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional foi uma graça alcançada.
Eu nao consegui ver e conferir os dois primeios discos da banda!!!
kraftwerk continua revolucionário mesmo tantos anos depois de sua fundação ,eu particularmente compactuo com a visão do grupo com relação a música concretaque começa a ser idealizada no séc 19 na própria alemanha causando uma verdadeira revolução intelectual e musical no mundo
em suma kraftwerk são os artistas mais visionários de noddo tempo assim como edgar allan poe e julio verne
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