sexta-feira, 9 de abril de 2010

Avatar Beatriz Paz

Grau26 – Um monstro chamado Sqweegel

 

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Imagine uma pessoa perturbada. Imagine uma pessoa mentalmente doente. Imagine uma pessoa tão flexível que parece não ter juntas ou articulações no corpo. Imaginou? Agora junte todas essas características e adicione o fato dele ser um serial killer que não deixa vestígios não importa o quanto você vire e revire a cena do crime. Ah sim, tem mais uma coisa: além de ser praticamente onipotente, onipresente e onisciente, ele não se encaixa em nenhum dos 25 graus de perversidade desenvolvidos pela polícia para catalogar os assassinos seriais.

Ele é pior do que isso. Para ele foi criado um novo grau na escala de perversidade. O grau 26.

Esse é o teaser da mais nova, e maravilhosa, obra de Anthony E. Zuiker – tá reconhecendo o nome? Que tal retroceder alguns tijolos amarelos e der uma lidinha nesse post aqui. Cuidado, o conteúdo não é agradável – e tem colaboração de Duane Swierczynski – sabe o Justiceiro, aquela pessoa fofa e delicadinha? Então, foi ele quem escreveu um dos volumes dele - que deu um passo a frente na famosa relação leitor/livro.

Grau26 é o primeiro Digilivro a ser lançado. Não ele não vira um digimon – tá, juro que não faço mais piada infame - , mas sim ele é digital. Agora você fala: “Tá, o ebook não é novidade.” Porém, jovem gafanhoto, quantos livros você conhece quem tem vídeos para complementar a história e um site teaser onde você tem que resgatar uma garotinha das mãos de um assassino em série?

Escala de perversidade

Primeiramente eu vou dar uma breve explicada sobre o que é essa escala de perversidade que eu citei nos parágrafos acima. Basicamente é uma lista que cita os tipos de assassinos já cadastrados nos computadores da polícia levando em consideração fatores neurológios e genéticos para a análise dos mesmos. São 22 tipos de criminosos classificados no total, que variam de desde uma pessoa que mata por auto defesa – que no caso seria o grau 1 -, até aquele que mata mas tortura – muito - antes tendo plena consciência do que esta fazendo, o grau 22. Mas ai vem o porém, se são só 22 níveis, por que diabos então o livro se chama Grau26? Simples, de acordo com a obra de Zuiker e Duane, 4 graus foram escondidos da população e já que o assassino do livro não se encaixa e nenhuma das categorias do índice então, é criado um grau novo de perversidade especialmente para ele. O grau 26.

História

Tom Riggins é um detetive de elite da polícia de Las Vegas e reúne uma equipe altamente treinada para caçar o pior serial killer já existente na história, o contorcionista Sqweegel. Seu nome teve origem logo quando sua onda de crimes teve início. Na verdade, Sqweegel é uma onomatopéia referente ao som de uma pessoa sendo retalhada, segundo uma criança. Vou explicar melhor: um dos primeiros assassinatos do antagonista teve como cenário um lava-rápido num bairro residencial, onde uma mãe foi retalhada e o filho de 4 anos assistiu tudo, pois estava no banco do passageiro. Quando interrogado, o garoto só respondia as perguntas com a palavra “Sqweegel” que seria o som do assassino retalhando sua mãe.

Detalhe, em mais de 20 anos atuando como assassino, Sqweegel nunca deixou sequer uma prova material em todas as cenas do crime. O cara é extremamente ousado a ponto de deixar bilhetes para os policiais, inclusive um deles foi colocado diretamente na mesa de Tom Riggins logo após o caso do lava-rápido, para que seu “jogo” não fosse difícil demais. Sua característica é usar um macacão justo de látex branco contendo somente dois zípers pretos.

Só mais uma coisa sobre o Sqweegel: ele filma todos os assassinatos e manda pra polícia, só que ele faz tudo em rolo de filme e guarda os originais na casa dele. E como todo o bom perturbado, ele assiste os filmes enquanto... Sim, ele faz isso mesmo que você esta pensando.

Os métodos de assassinato - e porque não dizer provocação - do antagonista do livro são ilimitados, vão desde de matar cavalos premiados, estuprar três jovens e os largar nus e sangrando na escadaria do colégio onde estudam, até explodir uma igreja com todos os fiéis, bispos e padres dentro. Tudo isso porque Sqweegel quer “brincar” com Steve Dark, um ex-agente da polícia de elite de Los Angeles, cuja família adotiva fora vítima do contorcionista – todos mortos com um tiro no rosto, o bebê de oito meses foi cozido no forno - e o único que esteve próximo de prendê-lo pois conseguia pensar como ele.

O que acontece é que, depois de um hiato, e de matar uma pessoa próxima do presidente dos Estados Unidos, Sqweegel volta a atacar, e Riggins precisa fazer Dark entrar no caso novamente antes que seja tarde demais. Mas Steve não quer nem ouvir o nome do assassino, o cara já tem uma vida normal com a mulher e seu futuro filho numa casa na praia. Eu não quero dar muitos detalhes da trama pra que vocês se sintam curiosos e leiam, eu recomendo muito, principalmente se você gosta de histórias policiais com antagonistas perturbados.

Uma coisa interessante é que a narrativa não fica somente em Dark e no seu psicológico. É tudo em terceira pessoa, mas Zuiker e Duane conseguem nos colocar dentro da cabeça de Riggins e Sqweegel, o que nos aproxima mais dos personagens, mas não nos entrega o ouro de bandeja. O legal é que ele te permite fazer uma interpretação do porquê o contorcionista de branco age do modo como ele age. Tá, tem clichê no meio, principalmente no final, quando é revelada uma das motivações do assassino, mas o legal é que essa mesma motivação foi usada de um jeito diferente.

Todos os personagens centrais se encontram numa situação “sufocante”! Dark tem que reviver seus traumas e fazer uma coisinha a mais que eu não vou dizer porque sou contra spoiler – relembrando que o caso do mangá do CSI foi uma exceção necessária -; Riggins tem que colocar Dark na investigação ou será morto pelas Artes Negras, uma organização secreta do governo americano que tem como função fazer as pessoas sumirem do mapa literalmente. E Sqweegel fica tomado pela ansiedade quando descobre que Dark voltou a persegui-lo, já que agora ele pode por seu “master plan” em ação.

No entanto eles podiam ser mais elaborados, achei que faltou um pouco de profundidade. Quer dizer, Sqweegel é a estrela do livro, mas eu acho que os demais componentes da trama mereciam ter um passado ou presente mais desenvolvidos. Para não ficarem meio que apagados, tá cada um tem o seu passado, como o Riggins e o seu problema com a família ou a pulada de cerca do Dark, eu só acho que eles não tem tanta presença quanto Sqweegel.

Interatividade e cyber bridges

Grau26 tem uma característica diferente da dos livros policias comuns. Ele possui um site oficial que contém vídeos complementares a história, só que os mesmos precisam de senhas - senhas essas que você encontra no livro e provavelmente na internet agora – para serem desbloqueados. Tudo o que você precisa fazer é entrar no site oficial do livro, mudar a linguagem e colocar os códigos. É interessante porque as cenas são curtas e ajudam no envolvimento com a trama. Fora que ver o Sqweegel se mexendo é bizarro.

Outra coisa que fizeram para promover o livro, foi um blog que retrata fatos não citados em Grau26 sobre Sqweegel, como a sua ambição de ser jogador de futebol, e também casos de psicopatas classificados na escala de perversidade. E trailers do livro foram colocados no YouTube junto de entrevistas com o elenco.

Por último foi criado o Jogo do Assassino onde você precisa salvar uma garotinha por adivinhar os enigmas propostos por Sqweegel. É curto, porém te ajuda a entrar no clima do livro. Claro que já colocaram todas as respostas do jogo na internet, mas se você for como eu e quiser quebrar a cabeça com as charadas, vá em frente. É um bom passatempo.

No geral, Grau26 é ótimo para quem gosta de uma boa história policial, com charadas que me lembraram Agatha Christie em O Caso dos Dez Negrinhos, um assassino totalmente perturbado e gosta de tentar entender o que se passa na mente de um psicopata. E para você que já leu o livro, viu a última cyber bridge, não entendeu nada e esta se perguntando se acaba por ali mesmo. Nada de pânico, o segundo volume de Grau26 vai sair este ano. Finalmente vamos entender qual é aquela do exame de DNA e da roupa preta.

 

Título: Grau26 – A origem

Páginas: 431

Nota: 9

Jogo do Assassino | Trailer do livro | Blog do livro | Site brazuca do livro

7 Comentaram...

Mauro Borba disse...

Incrível, não tem nenhum clichê nessa história. Lendo a resenha, eu lembrei muito do roteiro de "The Three", aquele roteiro que o irmão do protagonista no filme "Adaptação", do Spike Jonze.

iRaFaeuZ disse...

Mew Deus, arrepiou ate os fios de cabelo do pé da nuca que ainda nem nasceram! Vou mais afundo nisso, adorei!

Alan Cosme disse...

Se eu ler somente o livro ignorando o material extra eu consigo entender a história?

Beatriz Paz disse...

Claro que consegue Alan, só que é mais legal com os recursos de intereatividade. Dá a impressão de vc ter a história mais completa ^^

Dalisson disse...

Sem querer ser chato, mas isso seria incrível no iPad e similares.

Anônimo disse...

Li os primeiros capítulos do livro, ví o primeiro filme, e confesso, ainda estou arrepiado com o que vi/li, creio que chocado, seria mais adequado, pois com coisas simples, o autor conseguiu transformar o Sqweegel num verdadeiro monstro. Não terminei, mas já recomendo, pois prendeu minha atenção.

Anônimo disse...

To lendo e to amando! Ñ consigo parar de ler, quase fui suspensa na escola por causa desse livro

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