Por FiliPêra
Após um fim de semana de descanso...
O selo Vertigo, para mim é a vanguarda dos Quadrinhos americanos. Todas as formas narrativas, temas pesados, e possibilidades editoriais já foram testados nessa casa dos Quadrinhos adultos. Além disso a Vertigo foi o lar de obras de autores considerados à frente do seu tempo, que possuíam características que as tornariam inviáveis em qualquer outra editora; de lá saíram obras como: Os Invisíveis, Sandman, Preacher, The Filth, 100 Balas, O Monstro do Pântano (uma das obras fundadoras do conceito de Quadrinhos adultos, junto com a própria revitalização de Sandman), entre muitas outras. Autores hoje consagrados lançaram suas obras-primas lá, e tiveram com a Vertigo o ápice de sua inspiração artística, cabe destacar entre eles Grant Morrison, Neil Gaiman, Warren Ellis, Brian Azzarelo e Garth Ennis (Alan Moore é m caso especial, e é difícil destacar qualquer fase sua).
Mas nem só de longas, empolgantes e reflexivas maxisséries vive o selo adulto da DC Comics. Foi com a publicação das Coletâneas Vertigo que autores de menor visibilidade (que dificilmente receberiam a responsabilidade de roteirizar uma maxissérie) tiveram a oportunidade de publicar sua arrojada visão de mundo nas revistas americanas. O resultado não poderia ser melhor e consegue agradar ao mesmo, leitores fanáticos e casuais, com temáticas pesadas, mas geralmente verdadeiras. Um outro ponto importante é que os contos nunca perdem o foco dos personagens, mesmo que eles sirvam para mostrar situações maiores, como acontece várias vezes.
Vol. 1
Uma das coisas que impressionam logo de cara é a diversidade das histórias, isso permite agradar a um público bem amplo, pois grande parte delas causa uma identificação (que nunca chega perto de indicar plágio) com outra história que o leitor mais culto conheça. E esse é outro ponto legal da Vertigo (deveria ter escrito isso na apresentação lá em cima, mas agora já foi), um leitor mais culto (não necessiariamente cultura quadrinística) poderá aproveitar melhor as histórias, pois trazem referências (nunca explícitas) com outras obras.
E o volume um mostra bem isso, trazendo quatro histórias de temática bem diversas, que pouco lembram as histórias tradicionais do selo. O primeiro conto lembra as histórias de do caçador Ken Parker, com ambientes inóspitos, e com relações humanas levadas ao limite. A segunda traz como tema o faroeste (assim como muitas outras das coletâneas posteriores, embora sempre abordando aspectos e situações distintas), mas de uma como você nunca viu. A terceira história é bem característica, lembrando um conto, cujo o nome Eu não me recordo no momento, do filme "Sonhos", de Akira Kurosawa, em que um homem reencontrava o batalhão que ele enviou para morte, durante a II Guerra Mundial. A quarta e última história, traz uma pequena história que se passa durante a queda da União Soviética e a disputa pelo poder por várias facções.
Vol. 2
No segundo volume vemos temas ainda mais variados, como mundos infantis (me lembrando, mais de forma bem ampla, Máscara da Ilusão), que logo na primeira história mostra como uma criança ajudou a encontrar a cura de uma gripe mortal (com pitadas de Teoria do Caos, no processo). A segunda história, mostra um tema bem atual: a guerra nuclear!!! E ainda faz de forma genial, usando a estrutura de tirinhas, e ácidas críticas aos governantes. Na terceira história Bruce Jones mostra como seria um conto de Nelson Rodrigues, caso ele lesse quadrinhos com mais frequência, entregando uma história psico-erótica com qualidade, bem acima do nível daquela porcaria chamada "A Vida como ela é". Destaque para a arte, de Frank Quitely, hoje astro dos Quadrinhos. E por último, "O Sombrero do Diabo" é um conto mediano, um faroeste mexicano, com toques sobrenaturais. Nada revolucionário.
Vol. 3
Esse é o mais pesado dos quatro volumes. Ponto. Logo de cara vemos uma história de terror sobrenatural com toques de histórias de zumbis, mas com pitadas de "O Feitiço do Tempo", aquele filme com Bill Murray (só aí já dá para perceber a genialidade das histórias da Vertigo, que trazem temas dos mais diversos, e de forma coesa).
A segunda, "Ratos de Túnel" é um pesado conto da Guerra do Vietnã, misturando fobias e alucinações e canibalismo (!).
A próxima "Morte Elétrica Chinesa" também traz temas sobrenaturais, mas nada de revolucionário, trazendo elementos de máfia que foram bem aproveitados. Destaque para a arte, com seus corretos tons de verde, muito bem feitos.
Vol. 4
O melhor dos quatro, na minha opinião (apesar de todos se manterem com uma média excelente)!!!
As quatro histórias nunca escolhem caminhos fáceis e nem precisam de temas sobrenaturais ou superheróicos para serem espetaculares. Vemos logo de cara uma fantástica história de tráfico de entorpecentes na América Latina, que usa um bebê como transportador. Pesado, doloroso e verdadeiro!!!
O segundo conto é o mais incomum de todos, e mostra a rotina de um diretor de RH de uma esmpresa de grande porte, com a missão de demitir vários funcionários. Inteligente até o limite.
A próxima história é a melhor da coletânea, com um conto passado na Guerra da Bósnia, na verdade um duelo de atiradores a là "Círculo de Fogo". O impressionante é o nível de tensão que o roteirista Joel Rose consegue colocar nos quadros, com um embate impressionante entre os campers. Obrigatório!!!
Para fechar um conto sobre faroeste, muito bem feito, mas que fica na média dos outros de faroeste, mas com um toque a mais de humanidade e um desenvolvimento maior do persoangem principal.
Como já deu para perceber pelos temas das histórias, a diversidade impera e dá para a gradar a todos.
Se interessou em ler? Colocarei os links para baixar TODAS as Coletâneas Vertigo, disponíveis no Blog dos nossos amigos do Vertigem.
Nota: 8,5
Aguarde as outras (e mais algumas publicações Vertigo) ainda essa semana...
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