segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Avatar Voz do Além

Na Holanda, artistas apóiam os downloads

 

image

Não pensei em como buscar foto pra essa matéria… mas de acordo com o Google Imagens essa é uma modelo holandesa

 

Quando proponho um debate sobre o que seriam os Direitos Autorais (provavelmente farei de forma mais ampla no meu TCC, que escreverei ano que vem) questiono o quanto desse dinheiro ganho pelas gravadoras realmente vai para os artistas. Vejo a questão como extremamente importante, mesmo que esse tipo de pergunta seja usada como “desculpa” por quem realmente pirateia música para livrar a própria consciência. Reconheço a importância das gravadoras e dos publishers no crescimento das carreiras de artistas, mas aparentemente a internet está mostrando que eles não eram tão importantes assim. E pior: mostrou que eles é que eram predadores da música, vide a profusão de artistas independentes surgindo, e que também vivem da música… ganhando mais, em vários casos!

Então, no mínimo, pediria que as gravadoras mostrassem a verdadeira face e renomeassem “direitos autorais” como “direitos editoriais” para mostrar a verdadeira face dessa luta desesperada delas. Assim Eu respeitaria os executivos dessas gravadoras. Berrar conceitos como “os compartilhadores estão matando a arte” é como um exército que está sendo dizimado berrar para o mundo que as bombas atiradas pelo inimigo estão matando os bebês do país deles, e não só eles. Mas expor a verdade não faz parte dos negócios de empresas multibilionárias que estão afundando em areia movediça. E muitos acabam caindo nesse joguinho armado por eles.

 

Na Holanda, um caso bizarro parece quebrar um pouco as regras desse jogo. Sindicatos de artistas se uniram para protestar contra um projeto de lei que torna crime os downloads de músicas e filmes. Para ser mais exato, eles vêem com bons olhos o fato do público ter acesso às obras deles através do download pessoal (não-comercial), inclusive via redes de Torrent e outros protocolos de compartilhamento P2P.

Em troca dessa mamata de baixar à vontade, eles defendem que exista uma taxação sobre as vendas de MP3 players (tô livre, nem tenho um), cujo dinheiro arrecadado seria usado para compensar os artistas. Eles foram além e deram a idéia de taxação de conexões com a internet, cuja a grana serviria para os mesmos fins. Pareceu bizarro pra você (para mim não, pago a quantia com o maior prazer se não for abusiva), mas saiba que a idéia não é inédita, pois taxações semelhantes rolaram com gravadores de fita cassete. Só vejo com maus olhos a possibilidade de praticamente nada desse dinheiro ir pros artistas (tipo a grana do IPVA que é usada em tudo, menos pra consertar estradas).

Nos planos dos sindicatos holandeses, um valor de €5,00 seria acrescentado no valor de todos os modelos de MP3 players… e todo o mundo fica feliz! Quer mais: defendo a mesma taxação para Kindles e e-readers para cessar o falatório de editoras - que supostamente falam em nome dos escritores.

Alguns irão gritar que esse tipo de liberação pode matar negócios gigantes e já estabelecidos de venda de música, tipo o Sonora e o iTunes, mas vejo a questão de modo diferente. Acho que a taxação livra a cara de todo o mundo. Os artistas seriam compensados por supostas perdas em arrecadação por causa de download ilegal - pesquisas de um grupo alemão apontam que uma cobrança de R$ 3 em cada conta de internet brasileira levariam a uma arrecadação de R# 450 milhões, suficiente para compensar os artistas - e os usuários acostumados com a comodidade de uso desses serviços continuarem usando-os. Não creio que os que usam esses serviços pagos o fazem por medo de fazer download “ilegal”, mas sim pela comodidade e qualidade do serviço. E assim a vida continuaria, com o pequeno efeito colateral de que mesmo as pessoas que não fazem qualquer download ilegal pagariam a taxa.

Se na sua cabeça você possui uma solução “melhor”, os comentários estão aí pra isso!

 

Agradecimento a Cristiane Biazin por enviar o link da notícia por email.

[Via Yahoo! News]

4 Comentaram...

Zé da Fiel disse...

Apesar de toda essa baboseira de liberdade oque realmente importa é "quem" e "como" se tá ganhando dinheiro no final das contas. Sendo uma industria, centenas de pessoas ganham direta ou indiretamente, quando a "obra" é comercializada. E quando é pirataria?

Quando eu era moleque, a industria pornô era segmentada, existia os filmes com "historia" e os gonzos mais baratos e tinha só a vara entrando, existiam varias produtoras dos filmes, era invetiido grana pra atrair mais publico e tinham fabricas para manufaturar as fitas de vhs, e duzias as distribuidoras e no final as locadoras. Existiam locadoras especialisadas em filmes X-rated. Hoje existem os sites pagos e uma infinidade de paginas gratuitas gratuitos, existe downloud de qualquer fetishe possivel e sabe qual é a moral da historia? Ninguém investe mais nesse ramo, ninguem gasta dinheiro tentando fazer filmes pornôs com locações e figurinos de epoca, as grandes "empresas" do entreterimento adulto que existiam nos EUA estão fechando as portas e os grandes "astros" como Jenna Jameson e Ron Jeremy não terão sucessores.

Beleza, tu pode dizer, quem liga pros filmes pornô? Traga esse mesmo questionamento pras outras industrias, durante 4 tempradas LOST foi o negocio mais foda do mundo, existia toda uma previsão de quanta grana ganhar, e de quanta grana investir, mas ainda não era conhecida esse fenomeno(brilha muito no curintha) da internet de compartilhamento "gratuito" essa relação entre paginas, sites e usuarios que o proposito aparente é divulgar sem gaanhar nada, mas no qual o cara ganha como os acessos... !!!
Agora que é conhecido os executivos e produtores de holliwood vão gastar menos. Afinal se não existe a possiblidade de eu ficar obscenamente rico e o publico quer imediatismo e aceita qualquer porcaria ao invez de gastar uma fortuna em salarios e produção pra depois baixarem tudo de graça é melhor fazer
realityshows

Zé da Fiel disse...

Eu sou fanatico por HQs, ate meus 20 anos eu era um colecionador compulsivo tinha uma coleção gigantesca, mais de 3000 numeros de todos os tipos e generos e a unica coisa que eu não ttinha era turma da monica. Eu colecionava tudo que a abril e globo publicavam de super-heroi e Disney, tinha de TEX a Mister No passando pelos albuns Europeus. Depois de casar e ter filhos parei de colecionar compulsivamente mas recentemente achei os scans na rede, logico ainda compro uma coisa ou outra, mas sabe oque eu reparei? De todas as coisas que eu baixei ate agora, não li e pra falar a verdade eu não encontrei nada, zero absolutamente nenhum quadrinho legal (bom desenhos e texto) de alguem que tenha desenhado direto pra algum site pra ser compartilhado, engraçado como todo mundo fala de compartilhamento e liberdade em X-MEN e BATMAN mas ninguem ate agora bolou um troço legal e disponibilizou na rede, e não venha falar dessas porcarias feitas em paint, tô falando de quadrinhos como ler um planetary ou um akira, ou mesmo um freceric boilet.

Traga isso pra industria da musica, "Mellon collies and infinites sadness" o melhor disco duplo de todos os tempos, pra que os grandes executivos vão gastar grana com o Billy Corgan, (que durante a gravaçõa do album tocou todos os instrumentos presente nas musicas) na produção, manufatura, propaganda e distribuição se a garotada gosta mesmo é dos sucessos compartilhados e instantaneos da rede como RESTART e NXZERO. Pra que um artista vai se esforçar pra fazer um disco de 12 musicas legais, se ele pode fazer igual o Latino e fazer uma musica "Hit" por ano, jogar no youtube pra ele poder cantar no faustão e nos clubes de playbas? Pra que uma banda consceituada vai gravar um disco com musiccas experimentais e sons altenativos se eles podem disponibilizar seu album inteiro nos blogs e ser um sucesso com a garotada do twitter e da MTV e depois cantar nos bailes? Pra que executivos e produtoras vão atras de desobrir novos talentos na cena de rock altenativo investir em propaganda pra "montar" uma nova banda rock se as pessoas querem mesmo é compartihar as ultimas do funk no site funkputariiaMp3.com?

No final é tudo retorica e demagogia de quem não quer pagar pra ter os CDs do Metallica ou mesmo RESTAR...Gabba-Gabba-hey Porra!!

FiliPêra disse...

@Zé da Fiel (parabéns, sou corinthiano também...)

Eu gostei dos seus comentários, embora os tenha achado um pouco equivocados e apressados. Parte da lógica que você apontou (menos retorno financeiro, menos investimento, logo menos talento... válido pra qualquer indústria, se entendi bem) está correta na minha visão, mas parte não. Você omitiu os excessos cometidos pela mesma indústria quando ela multibilionária e os ganhos dela na era do compartilhamento.

Comecemos com os pornôs apontados por você (e sim, me importo com eles, fui palestrei sobre "Pirataria e Pornografia" na maior Feira Erótica da América Latina, a Erotika Fair. Tem um texto com minhas conclusões aqui: http://www.nerdssomosnozes.com/2010/04/erotikafair-qual-e-salvacao-do-porno.html). Quando as grandes produtoras nacionais e estrangeiras estavam no auge, elas se firmaram em fórmulas de sucesso absoluto: iam para uma casa no fim de semana, gravavam três ou quatro filmes que vendiam pra cacete e tava tudo bem. Aqui eram umas umas quatro ou cinco produtoras realmente grandes com mercados vastos. Era lançar o filme que ele vendia garantidamente. Não significava que eles eram bons (tão pouco estou dizendo que não sejam), mas sim que o público não tinha um grande leque de escolhas. Ou, elaborando melhor: leque de escolhas era unicamente o que as produtoras decidissem lançar. Por motivos como esse existe "A Festa Anal do Rocco 27", que provavelmente não tem nenhuma diferença pro primeiro. O mercado pornô se saturou por uma mesmice, mas como existe muita gente consumindo pornografia, ele continuava seu caminho.

A internet mostrou a esses consumidores de pornografia que existiam outras opções e eles viram que existia filmes (grátis ou não) que se adequavam exatamente aos fetiches deles. Por causa dessa pulverização extrema (aliada a queda vertiginosa de certas qualidades dos pornôs com a estética gonzo com a ascensão de Buttman... mas isso é opinião pessoal) as grandes produtoras viram-se perdidas e seus fênomenos de vendas (que praticamente não mudavam em nada em sua concepção, vide o clássico roteiro oral-vaginal-anal-facial) simplesmente decaíram nos lucros.

E sim, existem filmes pornô caros e de sucesso ainda, vide Pirates I e II, os filmes pornô mais caros da história e outros da Vivid, por exemplo. Aliás, ainda existem diversas estrelas pornôs, como Sasha Grey, Tera Patrick, Jenna Haze, e assim vamos. Da mesma forma que existem mulheres que vendem produtos específicos em sites (como Heather Brooks) ou megaprodutoras especializadas em vendas pela internet, como a Bang Bros Network). Então dizer que o quadro da indústria pornô está decaindo soa meio apressado, diria que ele está sendo sacudido, passando por mudanças. Existe uma indústria pornô bilionária no Leste Europeu, por exemplo, e diria que muitos dos filmes de lá são melhores do que os americanos. A diferença é que hoje você acha pornografia em qualquer canto e não somente na locadora. Até produtora de filme pra celular existe, e com imenso sucesso.

FiliPêra disse...

E sim, existem filmes pornô caros e de sucesso ainda, vide Pirates I e II, os filmes pornô mais caros da história e outros da Vivid, por exemplo. Aliás, ainda existem diversas estrelas pornôs, como Sasha Grey, Tera Patrick, Jenna Haze, e assim vamos. Da mesma forma que existem mulheres que vendem produtos específicos em sites (como Heather Brooks) ou megaprodutoras especializadas em vendas pela internet, como a Bang Bros Network). Então dizer que o quadro da indústria pornô está decaindo soa meio apressado, diria que ele está sendo sacudido, passando por mudanças. Existe uma indústria pornô bilionária no Leste Europeu, por exemplo, e diria que muitos dos filmes de lá são melhores do que os americanos. A diferença é que hoje você acha pornografia em qualquer canto e não somente na locadora. Até produtora de filme pra celular existe, e com imenso sucesso.

A TV é o mesmo caso, vide a HBO, por exemplo, que produz série adultas insanamente caras, mas de sucesso igualmente grande, e o Compartilhamento não tem muito a ver com isso, eles usam modelos tradicionais de marketing e produção.


Com as HQs e música as coisas são um pouco diferentes, mas bem análogas. Não acho que seja necessário substituir a indústria, ela pode coexistir e está coexistindo com o compartilhamento. Eu mesmo compro bastante HQs, mas dificilmente sem lê-las antes. Comprei Sandman completo mesmo tendo lido a série por scan. O mesmo com Watchmen e A Liga Extraordinária. As HQs não precisam ser grátis, indo direto pra internet, acho que gênios como Grant Morrison e Warren Ellis, que escrevem quadrinhos na indústria, ainda são necessários, mas as editoras poderiam adotar políticas um pouco mais visionárias com relação a distribuição online ou melhorar as histórias.

As vendas de revistas vai mal? Invista em coletâneas ou especiais. A DC está fazendo isso e tá ganhando uma grana. A Sagad do Lanterna Verde que o diga: a receita foi somente uma boa história amarrada. Torne as revistas algo um pouco mais do que momentos de leitura, como os gibis se tornaram. O mercado de quadrinhos (digo Marvel e DC) insiste em não se renovar, e aposta demasiadamente em cronologias intrincadas que pouca gente tem paciência pra acompanhar.

O mesmo vale para jornais, por exemplo: se a internet está inundada de notícias, invista em matérias mais elaboradas. As revistas estão fazendo isso, e muitas delas cresceram mais de 30% nos últimos anos (caso da New Yorker e Economist, por exemplo).


A música está um pouco mais madura com relação a questão, pois são as turnês que realmente sustentam os artistas. Então você vê artistas grandes como Nine Inch Nails e Radiohead jogando discos direto na internet, com valor zero, em vários casos. Quando cobram , o dinheiro vai direto pra eles, o que resulta em ganhos mais elevados. A indústria não precisa mais ditar quem fará sucesso ou não, os próprios artistas podem meter a cara no mundo e fazer sucesso. É o caso do Yeah Yeah Yeahs, por exemplo.

E sim, não pago por CDs pelo motivo que os riparia e ficaria ouvindo no PC, mas pago por shows caros e sustento o artista do mesmo jeito. Ademais, preços de CDs por 45 reais me soam mais abusivos do que deveriam, não tenho a obrigação de pagar por eles.

Então acho que a questão não é tão absoluta como você propõe, o quadro é muito mais de transição do que de fim!

Postar um comentário

Mostre que é nerd e faça um comentário inteligente!

-Spams e links não relacionados ao assunto do post serão deletados;
-Caso queira deixar a URL do seu blog comente no modo OpenID (coloque a URL correta);
-Ataques pessoais de qualquer espécie não serão tolerados.
-Comentários não são para pedir parceria. Nos mande um email, caso essa seja sua intenção. Comentários pedindo parcerias serão deletados.
-Não são permitidos comentários anônimos.


Layout UsuárioCompulsivo