domingo, 23 de setembro de 2007

Avatar FiliPêra

Sete Soldados da Vitória


"...O DESAFIO NARRATIVO COM QUE SEMPRE SONHEI...PRODUZIR ALGO QUE NINGUÉM FEZ ANTES E MOSTRAR AOS FÃS O QUE ELES NUNCA VIRAM..."




Roteirista: Grant Morrison
Artistas: Simone Bianchi, Cameron Stewart, Ryan Sook e Frazer Irving


É assim que começa o texto introdutório que Grant Morrison, o autor da mega-saga, escreve para a abertura da primeira edição.
Os Sete Soldados da Vitória é um projeto complexo, quase um quebra-cabeça. O plano inicial do
roteirista era lançar mão de personagens obscuros do vasto Universo DC (UDC) e escrever
minisséries novas para cada um deles. Após ler algumas revistas antigas, ele acabou por selecionar sete deles: Frankstein; O Cavaleiro Andante; Klarion, O Menino-Bruxo; Projétil,
Zatanna; Senhor Milagre e o Guardião.
Quando começou a concerber as histórias desse novo projeto uma idéia lhe veio a mente: interligar as histórias dos personagens; mesmo que eles não se encontrassem, as ações de cada um iam influenciar nas histórias dos outros personagens. Por fim o escocês deu ao grupo o nome de um antigo grupamento de heróis do UDC, mas agora em versão remodelada. Por fim ele selecionou um artista para cada personagem e deu início ao seu projeto monumental.
Cada minissérie pode ser lida independentemente, mas ao início e ao fim, a série contém dois
capítulos (um prólogo e um epílogo) que interligam tudo.
Olhando dessa forma parece completamente sem pé nem cabeça...e realmente poderia ter sido assim, caso o escritor da parada não fosse Grant Morrison. O roteirista sabe muito bem lidar com qualquer tipo de situação; desde o mundo mainstream (vide New X-Men, Grandes Astros Superman e Liga da Justiça) até histórias autorais de importância única (como por exemplo: Os Invisíveis, The Filth, Como Matar seu Namorado e WE3). Além de ter ressucitado o capenga Homem-Animal, transformando o título num dos maiores exemplos de HQ moderna e bem escrita.



Vol. 1

A HQ, logo de cara não poupa o leitor, jogando-o em um momento psicodélico que muito lembrou
algumas páginas de Os Invisíveis. Talvez os não-iniciados no estilo Morrison de conceber as
histórias podem ficar um pouco perdidos, mas com um pouco de esforço e paciência (já que a série tem oito edições) se consegue entender tudo.
É apresentado um pequeno prólogo, contando um fato na vida de um importante personagem da saga (pelo menos eu julgo ser importante, já que não terminei de ler a série ainda). Logo depois
chegamos a primeira história propriamente dita, que narra o esforço de Greg Saunders - o herói
Vigilante - para recriar um antigo grupo de super-heróis, com o objetivo de combater uma ameaça (uma aranha gigante) que ele falhou em destruir no passado. Dos sete convocados apenas seis comparecem.
Além da narrativa, que prende até o último segundo, ponto também para a arte perfeita
de J. H. Willian III, que na época que fez a arte dessa HQ havia acabado de terminar a também
superlativa série Promethea, de Alan Moore.
Após esse prólogo empolgante, vamos para a série do Cavaleiro Andante, com todas as suas
referências aos contos de fantasia, com seres mitológicos e personagens místicos. É narrada então a queda de Camelot, lar do Cavaleiro, Justin, da forma mais brutal possível, bem ao modo
Morrison, com uma invasão de seres extradimensionais, que terão papel central em toda a série.
Logo depois somos jogados na mini do Guardião. Aqui a narrativa dá uma guinada em direção ao
realismo e narra a vida do ex-policial que é contratado, como repórter-herói de um importante
jornal de Manhatan. A trama vai seguindo por aí e apresenta elementos que a príncípio parecem
desconexos, como piratas de metrô e um tesouro no submundo de Nova York. A arte parece menos requintada aqui, mas é bastante adequada a minissérie
Os Sete Soldados, logo em seu primeiro número, mostra que é uma série fantástica (em todos os
sentidos) e mostra potencial para se tornar um clássico moderno.
Como extras a edição contém um texto introdutório de Grant Morrison, que explica muito bem como funciona a série e seus esboços para os personagens, que tiveram a arte aperfeiçoada por J. H. Willians III.



Vol. 2

É nesta segunda edição, que eleva ao quadrado a fórmula iniciada pela edição anterior, que
percebemos a completa natureza da quebra-cabeça de Grant Morrison. Toda a série vai se revelando um grande jogo, com pistas (muitas vezes sutis) espalhadas por todos os cantos (para você que já leu alguma edição, veja nosso guia, ao final do texto), lembrando em muitos momentos séries recentes da televisão, como Lost e Heroes, como foi muito inteligentemente levantado por Eduardo Nasi, do site Universo HQ. Então o negócio é ir recolhendo pistas em todas as minisséries e ir elaborando teorias.
As séries de Klarion e Zatanna, que estréiam aqui, também mostram um grau de complexidade maior.E é Zatanna que abre o segundo volume da série. Após invocar o homem da sua vida, num feitiço que deu errado, Zatanna fica sem poderes, além de ocasionar a morte de seus companheiros místicos.
Ela então passa a fazer parte de um grupo de auto-ajuda de super-heróis.
Na mini de Klarion, que também estréia nessa edição, somos apresentados a uma cidade bizarra,
controlada por magos, encabeçados pelo Submissionário Judah. Surge então Klarion, um jovem que passa a contestar o sistema da Cidade-Limbo.
Voltamos então ao Cavaleiro Andante, que está vagando pelas ruas de Los Angeles, e acaba
encontrado Humor 7, um Destruidor Mental Sheeda (guarde o nome Sheeda), que vai aos poucos o consumindo com suas palavras e relatos.
Na mini do Guardião é narrada a aliança do herói com Barba-Rala, para derrotar Barba-Cheia (na verdade para resgatar sua namorada), e acaba entrando na disputa dos dois pela Pedra Fundamental, que de acordo com relatos pode controlar o destino.
Já deu pra se perceber por aqui, que a série de Morrison, não é qualquer uma. É um trabalho
editorial gigantesco, com sete minisséries, cada uma de um personagem diferente, tendo ao todo
quase 800 páginas. Como todo o trabalho de Morrison, o início causa bastante estranheza e tem-se a impressão de se estar boiando. Geralmente, de acordo com o próprio Morrison, os leitores acham que não estão entendo a HQ, quando na verdade estão. Nesta segunda edição já dá pra ficar bastante perdido, principalmente nas séries estreantes, que são mais profundas e complexas que as estreantes da edição anterior. A arte também fica acima da média, principalmente de Simone Bianchi, no Cavaleiro Andante, com desenhos por vezes simples, por vezes detalhistas, que parecem que vão saltar. Frazer Irving, em Klarion também se destaca, dando a mini um clima todo especial.
Surgem dúvidas logo de cara, principalmente quando começa-se a perceber as primeiras intercessões entre as minis. A principal delas, é com relação aos vilões; tudo que se sabe até o momento é que são seres vindos de outra dimensão...
Mas essas dúvidas são um charme a mais pra série, e um excelente gancho para os números
posteriores.



Vol. 3

Zatanna: Perseguida por Gwidion, o arauto do apocalipse liberado por ela, junto com sua aprendiz, Misty, Zatanna se dirige a loja de artigos de magia de uma amiga sua e se prepara para a batalha.
Klarion: Klarion consegue escapar da Cidade-Limbo, com a ajuda de Badde, que o conduz por túneis do submundo novaiorquino.
Cavaleiro Andante: Justin se entrega a polícia e acaba por conhecer duas especialistas do FBI.
Mas uma delas parece não ser quem diz ser.
Guardião: Jake percebe que a vida de um super-herói não é tão fácil assim e vê sua relação com
Carla irem por água abaixo. Ao mesmo tempo em que tem que deter novas ameaças.
Essa edição é pra deixar qualquer um tonto. Após apresentar os personagens, as minis engrenam de vez. As pistas vão aparecendo aos poucos, mas os mais espertos já cataram muitas coisas importantes, principalmente na mini do Cavaleiro Andante, que conta a origem do mal que assolará a terra. Zatanna também continua muito boa, assim como Klarion. Mas quem surpreende nessa edição é o Guardião, que tem um fim espetacular, deixando o leitor com vontade de ler a ediçao 4 ontem.

Nota: 9,0



***ATENÇÃO***
SE VOCÊ NÃ LEU A OBRA AINDA E NÃO GOSTA DE ESTRAGAR SURPRESAS NÃO LEIA O TEXTO DAQUI PRA FRENTE, POIS ELE CONTÉM SPOILERS


Guia de Conexões


Edição 1

A edição começa com um pequeno prólogo, que mostra Thomas Ludlow, que está indo ao Pântano da Chacina sendo transformado por Sete Seres Desconhecidos, justamente os seres que que ele deveria matar.

Greg Saunders, o outrora Vigilante, está convocando uma equipe para deter uma aranha gigante, uma antiga ameaça que ele falhou em destruir no passado. Dos sete convocados, um não aparece (sua identidade será revelada mais adiante). Durante uma conversa com Chicote, uma heróina convocada por ele, ele revela que cavalgou com Johnny Frankestein (pag 19), um futuro integrante dos Sete Soldados da Vitória.
Pag 26: Um dos convocados por Greg é a líder da reuniões que Zatanna frequentou. Isso indica que esse prólogo se passa depois da mini dela, já que ela morre na ceifa promovida pelos Sheedas no final da caçada a aranha. E ela revela isso no primeiro balão da página.
Pag 14 e 26: Aparecem os Sete Soldados da Vitória originais.
Pag 26: O nome verdadeiro do Aranha é Thomas Ludlow, que foi transformado pelos Desconhecidos no prólogo dessa edição.
Pag 29: Thomas revela que os Sete Desconhecidos lhe conferiram poderes.
Pag 42: Os Sete Desconhecidos preparam os itens para os próximos convocados. Aparece no lago seis flores, que, provavelmente representam os seis heróis desaparecidos.
Pag 86: O Senhor Milagre, futuro personagem é citado.

Edição 2

Pag 8: Zatanna cita os pesadelos que todos os místicos estão tendo. Os pesadelos relatam os fatos que ocorreram com os seis heróis desaparecidos. Além de falar da invasão da Rainha Sheeda que ocorrerá na edição 3.
Pag 17: O rosto na árvore é de Gwidion, o arauto do apocalipse que Zatanna liberou, por causa de um feitiço errado.
Pag 32: Mais um pequeno soldado, da mesma espécie que feriu Thomas Ludlow no prólogo, aparece.
Pag 63 e 69: O careca parece ser um Desconhecido.
Pag 67: Mais um ataque Sheeda, só que desta vez na atualidade.
Pag 79: Aparece nos trilhos um monstro da Cidade-Limbo, provavelmente o mesmo que Klarion
enfrentou.
Pag 80: A história relatada por Barba-Rala faz referência a mini de Klarion.
Pag 94: Referência ao Holandês Voador.

Edição 3

Pag 3: Em todos os quadros aparece o rosto de Gwidion.
Pag 5: Misty possui um dado. A pedra fundamental de Nova York, mostrada na mini do Guardião também é um dado. Badde, da mini de Klarion também possui um dado.
Pag 12: O homem procurando Zatanna parece ser um dos Desconhecidos.
Pag 13: Zatanna cita a Legião Jovem, da mini do Guardião.
Pag 35: Klarion também possui um dado.
Pag 41: Klarion e Teekl possuem um elo psíquico.
Pag 46: Os meninos do trenzinho encontram o capacete do Guardião.
Pag 56: A especialista em antiguidades do FBI, Gloria Friday, diz que quando uma civilização
atinge seu ápice chega a época da colheita (isso é uma pista sobre a ceifa dos Sheedas).
Pag 65: Justin veio ao nosso tempo avisar sobre a futura ameaça Sheeda.
Pag 67: Os Sheedas definitivamente invadem o nosso mundo.
Pag 71: Foi o Aranha (Thomas Ludlow) que disparou a flecha que matou Don Vincenzo, na edição 2.



        Grant Morrison

Primeiras Impressões

Após três edições dá pra se ter uma idéia muito boa do jogo armado por Grant Morrison. Mas ainda é cedo pra se chegar a uma conclusão. A mini do Cavaleiro Andante é a mais reveladora, contando (sem entrar em detalhes, é claro) a origem dos Sheedas e como foi seu ataque a Camelot. Esse ataque é de suma-importância para a série, pois ele mais ou menos espelha o que ocorrerá com a nossa realidade. A mini do Guardião traça pistas da formação dos Sete Soldados da Vitória, mas a derradeia revelação é deixada para a edição 4.
Zatanna ajuda com a cronologia da série, traçando um ponto para se apoiar. Dá pra se ter uma
idéia de como organizar cronologicamente a série.
Então é isso. Aguarde para breve uma matéria com as edições 4,5 e 6. E depois o derradeiro final, com as edições 7 e 8.

Obs: Pelo fato desta matéria ter me custado tempo, essa semana não teremos a coluna HyperEspaço, que retorna semana que vem, com mais uma matéria unindo Cinema e Quadrinhos, mas desta vez de uma forma menos séria.

É NOZES!!!


FiliPêra

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