domingo, 16 de setembro de 2007

Avatar FiliPêra

HyperEspaço nº 4 (Parte 2)

A Máquina de Fazer Salsichas - Parte 2



Por FiliPêra


E voltamos com a segunda e última parte da nossa matéria sobre a adaptações de Quadrinhos para o Cinema.



A Atualidade

No ano de 2004, podemos destacar uma mega-adaptação: Homem-Aranha 2. Muito, mas muito melhor que o primeiro filme, além de novamente mostrar qual deveria ser o caminha a se seguido pela indústria cinematográfica na hora de adaptar; com respeito aos fãs, mas sempre pensando em adquirir um novo público.
Também vieram na esteira dele, no ano de 2004: Blade Trinity, O Justiceiro, o já citado
Mulher-Gato, e Hellboy.
Tirando Mulher-Gato, as outras adaptações tiveram lá seu êxito, com lucro, apesar de O Justiceiro ser bem ruizinho também. No geral as adaptações form medianas e sem grandes destaques (tirando HA 2).


Mas 2005 traria Batman Begins, que por si só já valeu todos os péssimos dois filmes anteriores.
Dessa vez o roteiro desenvolvia o próprio herói e não apenas os vilões como foi o tom de todos os
outros filmes da série, inchados de vilões com bastante ênfase na comédia. Além disso mostrou uma origem digna do herói, muita acima da fraquíssima gerada pelo Batman de Tim Burton, que tinha uma gritante ênfase em mostrar cenas de ação e não em contar uma boa história.
Também apareceram em 2005: Constantine, Quarteto Fantástico e Sin City.
Na verdade Sin City nem mesmo pode ser chamado de adaptação, como foi dito pelo seu diretor,
Robert Rodriguez, foi uma tradução. E não está errado, nem mesmo foram usados storyboards, e sim os quadros da revista como referência. Todo o jogo de luz e sombra criado por Frank Miller (autor da revista) foi fielmente reproduzido nas telas. Todos os brutamontes e garotas fatais criados por ele para o violento microcosmo chamado Sin City, foram fielmente apresentados na tela, e por um elenco estrelar, que incluiu nomes do naipe de Elija Wood, Benicio Del Toro, Clive Owen, Bruce Willis e Jessica Alba; todos com salários bem abaixo do padrão hollywoodiano (aguarde uma HyperEspaço com absolutamente tudo sobre o universo Sin City para breve).
Se Sin City foi tudo o que os fãs esperavam, o mesmo não pode ser dito de Quarteto Fantástico,
com seu fiapo de roteiro e um clima de comédia "sessão da tarde". Mas a produção do quarteto
heróico seria um sucesso e renderia uma segunda parte um pouco menos pior.
Chegamos a 2006, que teve o caríssimo Superman - O Retorno, e o bem feito (apesar de estar aquém da obra original) V de Vingança, além de X-Men - O COnfronto Final, que após pendengas como a saída do diretor em cima da hora (Bryan Singer, que foi dirigir justamente Superman - O Retorno)teve um bom resultado em bilheteria.
Mas quanto a Superman o resultado não ficou bom. Muitos detrataram dizendo que fazia muita
referência a Era de Prata, mas isso por si só não quer dizer nada, pois Grant Morrison está
fazendo parecido com a sua série de Quadrinhos Grandes Astros Superman e o resultado ficou
excelente. O filme na verdade mais parece uma refilmagem do original, com algumas atualizações.



                        Sin City

Até o vilão Lex Luthor ficou pastelão no filme, com humor rasteiro e planos infantis. Foi melhor
ter assistido o X-Men mesmo, que pode ter ficado abaixo do nível do segundo, mas com certeza não teve a pretensão de ser um filmaço. Mas Hollywood (a Máquina de Fazer Salsichas) não aprende, e Superman vai ganhar continuação, já chamada de Man of Steel (O Homem de Aço).
E, depois de um balanço regular para as adaptações, chega 2007, que tem como principal lançamento a aguardadíssima terceira aventura do aracnídeo.
No mesmo ano chega o Motoqueiro Fantasma, que nunca foi grande coisa nos quadrinhos e não fez melhor no cinema, com roteiro infantil e tudo desenvolvido de maneira bobinha.
Falando de Homem-Aranha 3. Se o segundo foi espetacular, com Sam Raimi despejando humanidade no herói e um Dr. Octopus muito bem construído, sem contar as cenas de ação espetaculares, o terceiro foi fraco, com elenco inchado (três vilões é demais, não é seu Raimi?) e situações que desafiam o bom senso. Mas não deixou de ser um sucesso de bilheteria.
Mas o cinema não estava preparado para outra "tradução dos quadrinhos" (Sin City foi a primeira): 300 mostrou que existe vida inteligente nas adaptações. Com um roteiro e elenco afinado, e praticamente sem defeitos, tanto para quem leu, quanto para os iniciantes, a obra foi perfeita (tirando aqueles monstros persas sem sentido).

O Fator Alan Moore

Se tem alguém que odeia adaptações de quadrinhos para o cinema, com toda a razão, esse alguém é Alan Moore. Dono das melhores obras quadrinísticas de todos os tempos, suas adaptações sempre ficam perto da porcaria completa e descartável.



Vejamos o pior exemplo: A Liga Extraordinária. Você pode argumentar, é um filme mediano, com boas cenas de ação e personagens até que carismáticos. Se quiser continuar gostando do filme não leia a obra em quadrinhos. Se ler compare as duas e veja a preguiça e a sem-vergonhice de um fabricante de salsichas. O pior de tudo foi quando um executivo da Fox (produtora do filme) liga para o escritor, após entregar para ele um roteiro repleto de personagens novos, e diz: Agora escreva uma revista com os personagens do filme!
Moore simplesmente o mandou à merda e encerrou a ligação.
Mas uma outra obra-prima do inglês foi bem adaptada para as telas. Trata-se de V de Vingança, HQ clássica que narra as ações de um anarquista em um Londres futurista e comandada por um governo totalitário (inspirado em Margareth Tatcher). Apesar de ter ficado abaixo da HQ, o filme é muito bom (um dos melhores de 2006).



Mas o futuro parece promissor para aquela que é considerada a maior obra de Moore: Watchmen. A adaptação será dirigida por Zach Snyder, o mesmo da quase perfeita 300.

O Futuro

E para onde nos levará as adaptações? Veremos agora o que o futuro nos reserva.

Homem de Ferro - Com Robert Downey Jr. como Tony Stark e uma aramdura impressionante, essa é a principal da Marvel para 2008.

Wolverine - Programado para 2009, o filme se passará no Canadá, terra natal do mutante, e no
Japão. Hugh Jackman retorna, na pele do personagem-título.



Batman
- O Cavaleiro das Trevas - Esse aqui sairá em julho de 2008 e trará como principal
referência o álbum A Piada Mortal, que entre outras coisas, trazia a origem do Coringa. A imagem divulgada do Coringa mostra que tom sombrio do personagem aparecerá.

The Spirit - Dirigido por Frank Miller, essa adaptação da maior obra do mestre Will Eisner está
sendo bastante aguardada pelos fãs. Samuel L. Jackson, confesso nerd leitor de quadrinhos,
encarnará o vilão Octopus.

Watchmen - Obra-prima de Alan Moore que está na geladeira a mais de quinze anos parece que desta vez chegará as telas e do modo correto. Com Zach Snyder na direção. Estréia em Março de 2009.

30 Dias de Noite - HQ neoclássica de terror, com vampiros invadindo uma cidade do Alaska e
fazendo um banquete. Terá Josh Harnett (Sin City) como personagem principal e David Slade
(Meninama.com) na direção. Estréia em 30 de novembro desse ano!

Procurado - Adaptação da HQ de Mark Millar, já resenhada por aqui. A equipe já aunciou que o
filme terá diferenças com relação aos quadrinhos. Terá James McAvoy (Crônicas de Nárnia) e
Angelina Jolie no elenco e será dirigido por Timur Bekmambetov (Guardiões da Noite). Estréia em abril de 2008.


As principais adaptações de Quadrinhos para o Cinema
Junto com uma nota pro filme e o fator industrialização (que varia de um a cinco asteriscos)



Batman (os dois de Tim Burton)
Nota: 7,5 e 8,0
Fator: ***
Foi um filme cercado de intensas campanhas de marketing e forte esquema de merchandising. Mas
apesar de tudo isso teve seus bons momentos, como a atuação de Jack Nicholson, como o Coringa.
Batman - O Retorno teve desempenho parecido e chegou a ser melhor que o antecessor.


O Maskara nas HQ's: aqui encarando o Lobo

O Maskara
Nota: 7,0
Fator: ****
Mudaram desde o tom das histórias, que foram do terror pra comédia até a ambientação das
histórias. Mas o filme foi bom. Não vou nem falar da sequência.

Batman (os dois de Joel Schumacher)
Nota: 5,0 e 0,0
Fator: *****
Os executivos opinavam até em quantos uniformes diferentes os heróis usariam, e em quantos
bat-carros apareceriam nos filmes.



Homem-Aranha (toda a série)
Nota: 8,0 , 9,0 e 7,0
Fator: **
Aqui Sam Raimi teve uma mão firme em muitas decisões sobre os rumos dos personagens, apesar de isso não ter impedido de Venom aparecer no terceiro filme. O vilão ficou bom e tudo, mas o elenco já estava muito inchado e só prejudicou.



X-Men (toda a trilogia)
Nota: 7,5 , 9,0 e 8,0
Fator: *
Tudo foi bastante fiel aos quadrinhos e nada de muito significativo em termos de industrialização
foi feito.



Sin City
Nota: 9,0
Fator: -
Nada de industrialização foi feito aqui, com uma tradução fidelíssima aos Quadrinhos.



Superman - O Retorno
Nota: 7,0
Fator: *
Bom o resultado foi mediano, apesar quase de nada de industrialização ter sido realizado.

A Liga Extraordinária
Nota: 6,5
Fator: *****
Tudo foi mudado aqui, desde o personagem principal até o vilão e o traidor. Triste exemplo de
trituração hollywoodiana.



300
Nota: 9,0
Fator: -
Seguiu o mesmo modelo consagrado de Sin City. Perfeito!


Nota: O nosso objetivo não foi criar aqui polêmica, sobre Quadrinhos e Cinema, mas unicamente
mostrar o quão mutilado uma obra de arte pode ser quando os tubarões de Hollywood põe os olhos nela. É claro que Hollywood já produziu várias obras-primas, mas às vezes o dinheiro parece ser o único guia dos executivos. Então, na dúvida leia o original e a adaptação!!!
Profundo não?

Até a próxima HyperEspaço.

Pra você que chegou agora a Parte 1 tá aí em baixo.


O que estou lendo: A Voz do Fogo, livro do mestre Alan Moore; Sete Soldados da Vitória, minissérie do também mestre Grant Morrison
O que estou ouvindo: Smashing Pumpkins - Mellon Collie and the Infinite Sadness
 


É NOZES!!!

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